URGENTE!!! EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA CíVEL DA COMARCA DE SANTA MARIA-RS: Processo n. 027/
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- Edson da Rocha Botelho
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1 -I EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA CíVEL DA COMARCA DE SANTA MARIA-RS: I Processo n. 027/ URGENTE!!! MASSA FALIDA DE LOJAS CÓDIGO CALÇADOS E CONFECÇÕES LTOA ME, neste ato representada por sua Administradora Judicial FRANCINI FEVERSANI, já qualificada nos autos, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., dizer e requerer o que segue: Conforme se observa da sentença de fls. 1332/1337, a recuperação judicial convolou em falência, o que faz com que as atribuições a serem cumpridas por esta Administradora Judicial sofram substancial alteração. Com efeito, a decretação de falência de uma empresa faz com que seja necessária a arrecadação, avaliação e venda dos bens da falida, tudo com o objetivo de se satisfazer os credores da melhor forma possível. Assim, em ato contínuo à assinatura do Termo de Compromisso, esta Administradora Judicial e sua auxiliar passaram a diligenciar para acompanhar a situação da melhor forma possível. Em contato com a Oficiala designada para realizar o lacre, informou que tal deverá ser acompanhado pela signatária ou por sua Auxiliar, bem como ser direito da devedora estar presente em tal ato.
2 No entanto, em que pese o mandado em questão ainda não ter sido cumprido pela Sra. Oficiala, algumas questões merecem esclarecimento e deslinde desde já. Desse modo, e com o objetivo de garantir que os desideratos da Lei /2005 sejam respeitados, passa-se a analisar as medidas necessárias ao cumprimento das atribuições desta Administradora Judicial. II _ DAS ATRIBUiÇÕES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL E DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA A ARRECADAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ATIVO o processo de falência pode ser considerado sui generis na medida em que além de questões técnico-jurídicas, seu principal objetivo é a realização do ativo de maneira eficiente, permitindo-se que o maior número de credores seja satisfeito. É por esta razão que se diz que enquanto em um processo de recuperação judicial a função primordial do Administrador Judicial é a de fiscalizar, em um processo de falência a função essencial é a de gerenciar. Nesse sentido, ao explicar a figura do Administrador Judicial na Lei /2005, Gladston Mamede' afirma: A condução da falência e da recuperação judicial pressupõe a prática de trabalhosos atos de fiscalização, acompanhamento e gestão, cujo volume e complexidade, de per se, inviabilizam sua realização pelo próprio Juiz. Para auxiliar o magistrado nesses atos, institui-se a figura do administrador judicial, cuja escolha é de competência do Juiz, que o nomeará na sentença que decretar a falência, ex vi do artigo 99, IX, ou no mesmo ato que deferir o procedimento, segundo o artigo 52, I, ambos da Lei / MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro - Falência e Recuperação de Empresas. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 66.
3 E é com base nesse panorama que o artigo 22 da Lei /2005 especifica quais são as atribuições do Administrador Judicial em processo falimentar,in verbis: Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: I - na recuperação judicial e na falência: a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de credores de que trata o 2 do art. 70 desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; [...] III - na falência: a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do devedor; c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará
4 a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados; h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; I) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos; n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10 (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. Como se percebe das atribuições acima grifadas, os atos imediatamente posteriores à decretação da falência são de suma importância para que a futura realização do ativo seja realizada de forma eficiente, razão pela qual a signatária está a diligenciar no sentido de levantar quais seriam as melhores perspectivas para o caso concreto. No caso sub judice, está-se diante de empresa de confecção, cujo estoque é volumoso e de difícil verificação in loco. Além do mais, a conservação dos bens móveis, por logicidade, mostra-se extremamente dispendiosa e arriscada, visto 4~
5 que podem ser objeto de furto e avarias. Além disso, sabe-se que quanto maior o lapso temporal, menor será o seu valor de mercado. Nesse aspecto, perceba-se que a Lei /2005 permite a venda antecipada dos bens em processos falimentares em seu artigo 113: Art Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. A situação dos autos é exatamente a prevista no artigo 113, visto que a conservação dos bens se mostra extremamente dispendiosa (o valor dos aluguéis somado importa em R$ ,002) e a sua desvalorização é premente. Ademais, retirar os estoques de tais lojas mostra-se igualmente dispendioso e arriscado: não restou localizado guarda-volumes com capacidade de guardar tais bens, não se tem ativos à disposição para pagar pelo transporte de tais bens e, além disso, locar nova sala (uma com valor mais acessível e com capacidade para guardar todo o estoque) esbarra em questões como fiador e encontrar algum proprietário que esteja disposto a locar para uma massa falida. Assim, e embora a venda antecipada dependa de oitiva da devedora (não há Comitê de Credores constituído), a sua necessidade é flagrante!! Em que pese não se ignorar a ordem indicada no artigo 140 da Lei /2005, o que se tem é que a manutenção de tais bens é dispendiosa e/ou arriscada! Diante disso, e considerando que se está diante de bens peculiares, observa-se que a sua venda deverá ser estudada com bastante cautela, especialmente para não se onerar ainda mais a massa neste ato de disposição. Nesse sentido, a signatária está contatando alguns possíveis interessados, tudo com o objetivo de que a venda seja realizada o mais rápido possível e de acordo com o mercado. 2 Conforme informação extraída da fi. 614 dos autos, com referência a 11/2014.
6 É nesse sentido - e por intermédio do Advogado da falida - que as signatárias realizaram contato com o Sr. Paulo Roberto Lutz Coelho (CRECI 9734 e enai 1965) e sua esposa, tendo sido informado em um primeiro momento que haveriam empresas interessadas em adquirir o estoque da empresa. No entanto, tais perspectivas não se confirmaram, em especial a se considerar a realidade de mercado neste momento. Assim, para que a venda antecipada seja possível, sugere-se a nomeação como leiloeiro do Sr. Luiz Fernando Moraes da Cruz (matrícula JUCERGS 185, telefones e ), o qual já foi contatado pela Administradora Judicial e se comprometeu em auxiliar na realização do auto de arrecadação sem ânus direto, mas em contra partida por sua nomeação como leiloeiro no caso em apreço. Seja como for, a perfeita apreciação da situação em apreço depende da análise de outra questão fundamental: a existência de grupo econômlco e a necessidade de extensão dos efeitos da falência, como se passa a analisar. III _DA EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO E DA EXTENSÃO DOS EFEITOS DA FALÊNCIA: A falida gira sob o título de estabelecimento (nome fantasia) de LOJAS CÓDIGO, conforme demonstra a fotografia de seu estabelecimento situado na Rua do Acampamento, n Ocorre que a empresa individual registrada em nome da única "sócia" da empresa trabalha com o mesmo título de estabelecimento, passando a nítida impressão a todos que se relacionam com essa que ambas se tratam da mesma empresa. Com efeito, a análise conjunta da fotografia já constante a fi. 768 e do Cartão de CNPJ bem demonstram a igualdade de nomes fantasias e o fato de se estar diante da mesma empreendedora: a Sra. SOHA IZZAT YUSUF BAKRY. 6~
7 Assim, outra alternativa não resta que não a extensão dos efeitos da falida à empresa SOHA IZZAT YUSUF BAKRY ME. Em situação análoga a dos autos, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu pela extensão dos efeitos, como se vê do acórdão de lavra da Ministra Nancy: PROCESSO CIVIL. FALÊNCIA. EXTENSÃO DE EFEITOS. POSSIBILIDADE. PESSOAS FíSICAS. GRUPO ECONÓMICO. DEMONSTRAÇÃO. AUSÊNCIA. CITAÇÃO PRÉVIA. NECESSIDADE. 1. Em situação na qual dois grupos econômicos, unidos em torno de um propósito comum, promovem uma cadeia de negócios formalmente lícitos mas com intuito substancial de desviar patrimônio de empresa em situação préfalimentar, é necessário que o Poder Judiciário também inove sua atuação, no intuito de encontrar meios eficazes de reverter as manobras lesivas, punindo e responsabilizando os envolvidos. 2. É possível ao juízo antecipar a decisão de estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas na hipótese em que, verificando claro conluio para prejudicar credores, há transferência de bens para desvio patrimonial. Não há nulidade no exercício diferido do direito de defesa nessas hipóteses. 3. A extensão da quebra a pessoas físicas que participem desses grupos demanda que se demonstre a efetiva participação de cada um a quem os efeitos da falência serão estendidos. 4. Na hipótese em que as pessoas físicas se limitaram à constituição de uma empresa, com sua posterior transferência a sociedades integrantes do grupo econômico falido, sem qualquer ingerência posterior demonstrada, a extensão da quebra demanda prévia citação, possibilitando-se o exercício, pelos destinatários da ordem, de seu direito de defesa. 5. Recurso especial conhecido e provido. (Recurso Especial n , Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, julgado em 09/08/2011). Perceba-se, Excelência, que a publicação do edital de decretação da falência sem que a situação que envolve a empresa SOHA IZZAT YUSUF BAKRY ME seja apreciada levará a um verdadeiro pandemônio processual. Isso porque sendo empresas integrantes do mesmo grupo, não há razões para se passar por dois períodos diversos de verificação e habilitação de créditos - até porque os pagamentos deverão obedecer a um único quadro geral de credores. 7~
8 ANTE O EXPOSTO, requer: a) seja a empresa individual SOHA IZZAT YUSUF BAKRY ME citada, no endereço acima indicado para, querendo, apresentar defesa quanto ao pedido de extensão dos efeitos da falência; b) observado o contraditório e a ampla defesa, requer sejam estendidos os efeitos da falência decretada neste feito para a empresa SOHA IZZA T YUSUF BAKRY ME, com as anotações de praxe. c) sejam a devedora e o Ministério Público intimados sobre o pedido de venda antecipada dos bens; d) seja autorizada a venda antecipada dos bens da falida. N. Termos; P. Deferimento. Santa Maria, RS, 18 de novembro de FRANCINI FEVERSANI OAB/RS T-.../)I~R{QJQ*~ OAB/RS
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