CONCEITOS DE SAÚDE & ENFERMIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
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- Emanuel Raminhos Martinho
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1 CONCEITOS DE SAÚDE & ENFERMIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Dr CECIL G. HELMAN Professor of Medical Anthropology, Brunel University & Senior Lecturer, Department of Primary Care & Population Sciences, Royal Free & University College Medical School London, England
2 Atenção Primária em Saúde Que problemas da atenção primária existem tanto no Brasil quanto na Inglaterra?
3 O que é Atenção Primária em Saúde? Primária Atenção primária ocorre na família, e não no hospital ou na clínica Saúde Existem muitas definições diferentes de saúde, entre pacientes, & entre médicos e pacientes Atenção, Cuidado Existem muitas culturas distintas de profissionais de saúde, cada um provendo um tipo diferente de cuidado, atenção
4 Definições de saúde Saúde é um conceito multidimensional: Saúde física Saúde psicológica Saúde social Saúde espiritual
5 Problemas da atenção primária 1. Diversidade dos pacientes 2. Distribuição desigual de recursos 3. Grande ênfase em tecnologia 4. Crenças de saúde de médicos vs. pacientes 5. Cuidados versus Cura 6. Tribos médicas
6 Diversidade Cultural O crescimento mundial da migração significa um aumento da diversidade cultural, social & econômica especialmente em áreas urbanas: Mais de 175 milhões de pessoas hoje vivem fora de seus países de nascimento e muitas outras são migrantes internos Nas escolas de Londres, crianças falam 307 línguas Existe um aumento na diversidade de crenças em saúde & comportamentos de saúde
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8 Problemas de comunicação na Atenção Primária em Saúde Geralmente, existe um conflito entre as culturas e as crenças em saúde de: Médicos & Pacientes Tipos Diferentes de Médicos Médicos & Enfermeiros
9 Crenças de Pacientes sobre o corpo As crenças dos pacientes sobre a estrutura & função de seus corpos podem ser muito distintas daquelas de seus médicos ou enfermeiros.
10 67 pacientes (58.8%) Nenhum médico 22 pacientes (19.3%) Nenhum médico 23 pacientes (20.2%) 35 médicos (100%) c ; D.F. 1; 2 pacientes (1.8%) Nenhum médico P< (médicos>pacientes)
11 Crenças dos pacientes sobre Enfermidade O Modelo Explicatório 1. O que aconteceu? 2. Porque isso aconteceu? 3. Porque aconteceu comigo? 4. Porque aconteceu agora? 5. O que aconteceria comigo se nada for feito sobre isso? 6. Quais são os prováveis efeitos em outras pessoas (familiares, amigos, empregadores, colegas de trabalho) se nada for feito sobre isso? 7. O que eu deveria fazer sobre isso ou quem eu deveria procurar por auxílio?
12 Linguagem do sofrimento Pacientes expressam seu sofrimento para médicos através de várias linguagens: Verbal ( a história ) Somática (somatização, sintomas múltiplos, autoagressão) Comportamental (isolamento, violência, negligência no auto cuidado, má aderência, hiperutilizadores, usuários de substâncias psicoativas) Espiritual (visões, sonhos, presságios, aparições)
13 Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 1 Há sempre um potencial de conflito entre o tempo subjetivo e tempo objetivo entre o sentido de tempo do paciente (kairos) & o tempo externo, padronizado, imposto sobre eles pela sociedade (chronos) & pelos médicos
14 Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 2 Pessoas pobres & pessoas jovens vivem em períodos de tempo muito menores. Isto torna ações de promoção de saúde mais difíceis tais quais reduzir o consumo de álcool e fumo & aumentar o uso de camisinha
15 Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 3 O horário pessoal geralmente é incompatível com o horário de instituições médicas como clínicas e hospitais, e.g.: Horários das clínicas Horários de visita Os ciclos de financiamento & do ano acadêmico
16 Para entender crenças e comportamentos de saúde dos pacientes Sempre considere: Fatores Individuais (gênero, idade, experiência, personalidade, estado físico, estado psicológico) Fatores Educacionais (incluindo escolaridade & alfabetização) Fatores Culturais (incluindo religião) Fatores Socio-econômicos (pobreza, desemprego, habitação precária, discriminação) Fatores Ambientais (densidade populacional, rural ou urbana, habitat físico, clima, infraestrutura)
17 A Cultura dos Médicos A profissão médica é dividida em tribos médicas distintas, cada uma com sua própria maneira de lidar com enfermidades Cirurgiões, psiquiatras, oncologistas, clínicos gerais & enfermeiros, todos possuem culturas diferentes uns dos outros
18 A Hierarquia dos Médicos Médicos estão organizados em uma hierarquia, e cada nível possui um status diferente Especialistas vs Clínicos Gerais Especialistas focais vs Generalistas Agudo vs Crônico Cura vs Cuidado
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20 A Hierarquia dos Cirurgiões Esta hierarquia depende da importância simbólica da parte do corpo operada: Neuro-cirugiões & Cirurgiões cardíacos Neuro-cirugiões & Cirurgiões cardíacos têm um status superior ao dos proctologistas & ginecologistas
21 Médicos vs Enfermeiros A cultura de médicos e enfermeiros é geralmente muito diferente especialmente em relação ao cuidado do paciente
22 O papel da tecnologia A tecnologia pode tanto diminuir quanto aumentar a comunicação entre tribos médicas distintas e entre essas tribos e seus pacientes
23 O Aumento das Doenças Crônicas Doenças crônicas como diabetes, artrite, hipertensão, obesidade, câncer, HIV/AIDS não podem ser curadas Elas requerem um relacionamento diferenciado entre médicos & pacientes Cuidar ao invés de curar; Mais cooperativo, menos autoritário; O paciente deve participar do processo de cura; Há uma maior necessidade de se entender a perspectiva do paciente;
24 SUMÁRIO No século 21, o médico da atenção primária deverá tornar-se um cientista social in loco tanto quanto um cientista médico in loco
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