PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GERÊNCIA DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO - GSSM EQUIPE DE PERÍCIA TÉCNICA - EPT
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1 PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GERÊNCIA DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO - GSSM EQUIPE DE PERÍCIA TÉCNICA - EPT LAUDO COMPLEMENTAR 04/ SMS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE TÉCNICO EM HIGIENE DENTAL LAUDO PERICIAL DE INSALUBRIDADE E/OU PERICULOSIDADE Nº 004/ IDENTIFICAÇÃO ÓRGÃO: Secretaria Municipal da Saúde - SMS DIVISÃO: Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde ENDEREÇO: Gerências Distritais TÉCNICOS QUE REALIZARAM A PERÍCIA: Suzy Maria Possapp Rocha - Médica do Trabalho DATA DA PERÍCIA: Fevereiro/2013
2 2. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO Estamos complementando os Laudos das UBS e Centros de Saúde da SMS, com o objetivo de analisar a atividade de TÉCNICO EM HIGIENE DENTAL, especialmente nos aspectos relacionados com atividades e operações insalubres e perigosas. As informações sobre os locais de trabalho estão especificadas nos laudos referenciados. 3. ANÁLISE QUALITATIVA 3.1. DA FUNÇÃO DO TRABALHADOR Atividade de Técnico em Higiene Dental com execução de Raios-X odontológico: preparar a sala, auxiliar o dentista durante o trabalho no gabinete odontológico, instrumentar o dentista cirurgião, realizar a lavagem de material com água e sabão e a esterilizar com autoclave, embalar material, realizar marcação de consultas odontológicas, auxiliar na orientação de saúde oral, realizar Raio X odontológico conforme solicitação, revelar e empacotar, agendar pacientes e participar de palestras e cursos. Atividade de Técnico em Higiene Dental sem execução de Raio X odontológico: preparar a sala, auxiliar o dentista durante o trabalho no gabinete odontológico, instrumentar o dentista cirurgião, realizar a lavagem de material com água e sabão e a esterilizar com autoclave, embalar material, realizar marcação de consultas odontológicas; auxiliar na orientação de saúde oral, agendar pacientes e participar de palestras e cursos. 3.2 DOS POSSÍVEIS RISCOS OCUPACIONAIS Atividade de Técnico em Higiene Dental com execução de Raio X odontológico: o servidor está exposto a riscos biológicos pelo contato com pacientes em estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana e riscos físicos pela exposição à radiação ionizante. Atividade de Técnico em Higiene Dental sem execução de Raio X odontológico: os servidores desempenhando esta atividade estão expostos a riscos biológicos pelo contato com pacientes. 4. EPI Para realização de procedimentos odontológicos são fornecidas luvas para procedimentos, luvas cirúrgicas, máscaras, gorro e avental. A utilização dos equipamentos depende da iniciativa dos servidores, visto que não existe um programa de informação e acompanhamento. 5. CONCLUSÃO 5.1. FUNDAMENTO LEGAL As condições para definição de insalubridade nos locais de trabalho ou atividades dos trabalhadores estão estabelecidas na Legislação Federal que considera como insalubres as atividades ou operações que: a) se desenvolvem acima dos limites de tolerância, no que se refere a ruídos contínuos ou de impacto, calor, radiações não ionizantes, vibrações, determinados agentes químicos e poeiras minerais; b) se desenvolvem sob pressões hiperbáricas, determinados agentes químicos ou biológicos;
3 c) através de inspeção no local de trabalho, verifiquem o estabelecido em lei no que se refere às radiações não ionizantes, frio e umidade. O exercício de trabalho em condições insalubres assegura ao trabalhador a percepção de adicional de acordo com a classificação de grau máximo (40%) e médio (20%).As situações a que se refere à legislação quanto aos riscos químicos, físicos ou biológicos são as seguintes: Anexo 1: ruído contínuo ou intermitente Anexo 2: ruído de impacto Anexo 3: calor excessivo Anexo 4: revogado pela Port 3.751/90 Anexo 5: radiações ionizantes Anexo 6: pressões hiperbáricas Anexo 7: radiações não ionizantes Anexo 8: vibrações excessivas Anexo 9: frio excessivo Anexo 10: umidade Anexo 11: agentes químicos (av. quantitativa) Anexo 12: poeiras minerais Anexo 13: agentes químicos Anexo 14: agentes biológicos Atualmente, na legislação vigente, quatro são as hipóteses de enquadramento de periculosidade aos trabalhadores em geral: Anexo 1 da NR-16: Atividades e Operações Perigosas com Explosivos Anexo 2 da NR-16: Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis Decreto 93412/86: Trabalhos no Setor de Energia Elétrica Portaria 3393/87: Radiações Ionizantes ou Substâncias Radioativas. Nestes casos é obrigatório o pagamento de adicional de periculosidade no valor de 30% do salário básico. AGENTES BIOLÓGICOS: 5.2. FUNDAMENTO CIENTÍFICO Os trabalhadores da área da saúde, pessoas que recebem treinamento para atendimento de emergências extra-hospitalares e funcionários de laboratórios de pesquisa estão sujeitos à exposição a agentes biológicos infecciosos. Considera-se como sendo agentes biológicos animais, plantas e outros seres vivos (bactérias, fungos, protozoários etc.) que potencialmente podem causar doenças ou lesões, em graus variados, aos seres humanos ou a outros organismos. Os agentes biológicos são também denominados patógenos. Para a avaliação de risco dos agentes biológicos consideram-se alguns critérios, entre os quais se destacam: Virulência é a capacidade patogênica de um agente biológico, medida pela mortalidade que ele produz e/ou por seu poder de invadir tecidos do hospedeiro. A virulência pode ser avaliada por meio dos coeficientes de letalidade e de gravidade. Modo de transmissão é o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. Estabilidade é a capacidade de manutenção do potencial infeccioso de um agente biológico no meio ambiente. Deve ser considerada a capacidade de manutenção do potencial infeccioso em condições ambientais adversas como a exposição à luz, à radiação ultravioleta, às temperaturas, à umidade relativa e aos agentes químicos. Concentração e volume a concentração está relacionada à quantidade de agentes patogênicos por unidade de volume. Quanto maior a concentração, maior o risco. Origem do agente biológico potencialmente patogênico deve ser considerada a origem do hospedeiro do agente biológico (humano ou animal) como também a localização geográfica (áreas endêmicas) e a natureza do vetor.
4 Fatores referentes ao trabalhador devem ser considerados o estado de saúde do indivíduo, assim como, idade, sexo, fatores genéticos, susceptibilidade individual, estado imunológico, exposição prévia, hábitos de higiene pessoal e uso de equipamentos de proteção individual. Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de risco assim definidas: Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios. Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. As principais vias envolvidas num processo de contaminação biológica são a via cutânea ou percutânea, a via respiratória, a via conjuntiva e a via oral. De maneira geral, as medidas de segurança para os riscos biológicos envolvem: Conhecimento das Normas de Biossegurança A formação e informação das pessoas envolvidas, principalmente no que se refere à maneira como essa contaminação pode ocorrer, o que implica no conhecimento amplo do microrganismo ou vetor com o qual se trabalha O respeito das Regras Gerais de Segurança A realização das medidas de proteção individual Uso de avental, luvas descartáveis, máscara e óculos de proteção (para evitar aerossóis ou projeções nos olhos) e demais Equipamentos de Proteção Individual necessários A utilização de procedimentos adequados nos processos de atendimento e assistência a enfermos, material utilizado sem aproveitamentos ou arranjos, e a utilização de todas as ferramentas da Segurança Laboral para alcançar esses propósitos. AGENTES FÍSICOS RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES: radiação é a emissão e transmissão de energia através do espaço e da matéria, através de partículas (radiações e corpusculares) e ondas eletromagnéticas. As radiações corpusculares são provenientes de desintegrações nucleares naturais (radioatividade natural) ou provocadas por meios artificiais (radioisótopos), transmitindo energia cinética por meio de suas pequenas massas e movimentando-se em altas velocidades São exemplos as radiações alfa, radiações beta e raios catódicos. A radiação eletromagnética é a conseqüência do movimento de energia através do espaço, não possuindo massa, como a luz visível, onda de radio e de radar, raios-x, gama e microondas.
5 As radiações de menor comprimento de onda têm o poder de ionização, consideradas como ionizantes, ou seja, aquelas que ao atingir um átomo têm a capacidade de subdividi-lo em duas partes eletricamente carregadas (par iônico). Radiações Ionizantes As de maior interesse são: gama, raios-x, beta, alfa e nêutron. As três primeiras são as mais comuns, sendo as fontes de alfa e nêutron mais freqüentes em processos industriais. O Raio-X é utilizado em medicina para identificação, localização e combate de doenças. Na indústria o uso comum é na verificação de falhas em estruturas metálicas e na identificação de soldas defeituosas. Os efeitos da Radiação Ionizante dependem da dose recebida pelo organismo: a) Efeitos Somáticos: são alterações que ocorrem no organismo atingido gerando doenças e danos que se manifestam apenas no indivíduo irradiado, não se transmitindo a seus descendentes. Os efeitos somáticos podem ser crônicos ou agudos: - efeitos crônicos: causados em indivíduos submetidos a baixas doses de radiação por um longo período de exposição, podendo ocasionar catarata, anemia, leucemia, câncer de tireóide ou de pele. - efeitos agudos: ocasionados por exposição a grandes doses de radiação em curto espaço de tempo. Podem ocorrer sinais e sintomas como dor de cabeça, náuseas e vômitos, perda de apetite, fadiga, apatia, fraqueza geral, sangramentos, diarréia, queda de cabelo e, se a dose for muito elevada, pode ocasionar a morte. b) Efeitos Genéticos: os efeitos genéticos são mutações ocorridas nos cromossomos ou genes das células germinativas que podem causar alterações nas gerações futuras do indivíduo exposto. A probabilidade de ocorrência de malformações congênitas em descendentes de indivíduos irradiados se dá em função da dose de radiação acumulada nas gônadas, masculina ou feminina. Como exemplo pode-se citar: aniridia (ausência de íris do olho), surdo-mudez e certos tipos de cataratas. Raios - X Os raios-x são produzidos através de dois processos, pela energia de conversão quando um elétron com alta energia cinética colide com um alvo: 1) Radiação Bremsstrahiung (radiação primária): produzida quando elétrons acelerados são freados bruscamente contra um alvo ou anteparo. Quando elétrons acelerados passam perto dos núcleos de átomos de tungstênio, a carga positiva do núcleo interage com a carga negativa do elétron desviando-o da sua trajetória original. Este desvio do elétron ou deflexão é acompanhada de perda de energia cinética que se transforma em radiação. 2) Radiação Característica (radiação secundária): ocorre quando um elétron acelerado remove um elétron das camadas do átomo que constitui o alvo, consequentemente ionizando este átomo. Com a remoção do elétron, outro de uma camada mais interna, ocupará o lugar vazio para restabelecer o equilíbrio. Com este salto do elétron teremos a produção de um fóton cuja energia cinética será a diferença das energias de ligação entre as duas camadas. A radiação característica, também conhecida como radiação secundária, é emitida em todas as direções e absorvida pelo meio, constituindo-se numa menor porção da fonte de radiação emitida em tubos de raios-x.
6 Em radiologia odontológica a dose de radiação denominada profissional, por dizer respeito ao profissional e ao auxiliar, é formada principalmente pela radiação secundária e por fuga de radiação que chega ao corpo destes. Nos casos em que, por negligência ou falta de conhecimento, ocorra a exposição total ou parcial à radiação primária, o perigo aumentará. Sobre a distribuição de doses (paciente-profissional) devemos salientar que o paciente representa um fator transitório (exposição aguda) ao contrário do profissional e do auxiliar que são fatores permanentes (exposição crônica) e, em ambos, se acumulam as sobre doses não eliminadas; por este fato pequenas quantidades de radiações secundárias representam risco considerável ao profissional e seus auxiliares. 6. BIBLIOGRAFIA - Riscos Físicos, São Paulo, FUNDACENTRO, Segurança e Medicina do Trabalho, Manuais de Legislação Atlas; 70ª Edição, São Paulo, Editora Atlas S.A, 2012 ( Lei 6514/77 e Portaria 3214/78) 7. CONCLUSÃO FINAL Atividade de Técnico em Higiene Dental com execução de Raio X odontológico: aos servidores desempenhando as atividades referentes a esta função é devido o adicional de insalubridade em grau médio 20 %, pela exposição a agentes biológicos e adicional de periculosidade 30%, pela exposição à radiação ionizante, de acordo com a NR 16 e anexo n.º 14 da NR 15, conforme a Portaria nº. 3214/78 e Portaria nº. 518/2003. Atividade de Técnico em Higiene Dental sem execução de Raio X odontológico: aos servidores desempenhando as atividades referentes a esta função é devido o adicional de insalubridade em grau médio 20 %, pela exposição a agentes biológicos de acordo com o anexo n.º 14 da NR 15, conforme a Portaria nº. 3214/78. Porto Alegre, 07 de fevereiro de Suzy Maria Possapp Rocha Médica do Trabalho - Mat EPT/GSSM/SMS
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