Vices CAPA. Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas/BA, é símbolo de luta no mês da mulher STJ PRÊMIO ANPV/2010

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1 Prefeitos Ano II - Edição Nº ANPV - Associação Nacional dos Prefeitos e Vices do Brasil Vices CAPA Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas/BA, é símbolo de luta no mês da mulher PRÊMIO ANPV/2010 Prefeitos vão ser homenageados no Senado Federal STJ Tribunal da cidadania é virtualizado Presidente da API aborda intervenção no DF Prefeitos & Vices nº02 04/2009 1

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4 ÍNDICE Paulo H. Carvalho / Casa Civil PR Mr. Lula Abordagem positiva sobre a inserção brasileira no cenário das grandes decisões mundiais, através da ousadia do atual presidente Especial O PAC sem Dilma vai desacelerar? Governo garante que programa vai até o fim, e já lançou a Versão II do Projeto 11 Royalties Cariocas e Gaúchos contra a nova lei dos royalties do petróleo. 16 Senadora Serys Slhessarenko 2010 é o ano da mulher na política 20 Senador Osmar Dias Pelo fim da política do Pires na Mão 22 Senador Heráclito Fortes A difícil missão de colocar ordem no Senado 26 Senador Paulo Paim Orçamento para todos 29 Deputado Federal Narcio Rodrigues Sonhando e realizando a transformação de uma região 32 Deputado Federal Washington Luiz Bombeiros terão Piso Nacional 34 Especial Deputada Federal Aline Corrêa. Ações voltadas para mulher 37 Deputado Estadual Samuel Moreira Nasce uma nova liderança para o Estado 42 Justiça Militar da União Planejamento Estratégico Apamagis e TJ/SP têm posse conjunta 47 A Justiça Eleitoral do Brasil em ano de eleição 50 TJM/SP tem novo presidente 52 Projeto APREV Mais uma arma para prevenir a dependência química 55 Especial Dr. Raul Canal Municípios tem vitória no STF 56 Senador Sergio Zambiasi Pec/36 Passa na Comissão de Justiça 58 Especial Dr. Sérgio de Azevedo Redó avalia a possível intervenção no DF 61 ANPV Sistema Genese. Parceria pela educação 4 Prefeitos & Vices nº

5 40 62 Superior Tribunal de Justiça Brasil terá primeiro tribunal nacional totalmente virtualizado REPORTAGEM DE CAPA Lauro de Freitas (BA) Especial Mês da Mulher. Prefeita é símbolo de luta na boa política 68 Alegre (ES) Cidade Digital une Distritos 70 Barreiras (BA) Equilíbrio e determinação 72 Belo Horizonte (MG) Linda e boa para se viver 75 Bertioga (SP) Petróleo, Gás e Turismo Alavancas para o seu desenvolvimento 77 Brusque (SC) De volta ao seu lugar de destaque 79 Camaçari (BA) Cidade é um dos maiores orgulhos do estado 82 Concórdia (SC) 15ª economia estadual bate recorde 84 Conde (BA) Educação Infantil Prioridade máxima 87 Cristalina ( GO) Um gigante se levanta no cerrado 89 Formosa do Rio Preto (BA) Vivendo um novo tempo 91 Japaratuba (SE) Modelo de gestão pública e criatividade 67 Jundiaí (SP) Vice-Prefeito é braço direito do titular 93 Mogi Mirim (SP) De cara nova 96 Salto (SP) Programas inovadores 98 Potirendaba (SP) Cidade feliz e bem administrada Santa Barbara d Oeste (SP) Na rota do desenvolvimento São Gonçalo (RJ) Perfil de uma guerreira Sumaré (SP) Vice-Prefeito cuida do desenvolvimento do município Homenagens e planos marcaram a 100ª reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas/sp Vinhedo (SP) Tradição, qualidade de vida e progresso ANPV Fundação Universa. Juntas pela capacitação profissional e grandes projetos Prêmio ANPV/2010 Pesquisa sobre boas práticas administrativas e sustentabilidade urbana consagram os 100 melhores prefeitos do Brasil Prefeitos & Vices nº

6 Editorial Até aqui tem nos ajudado o Senhor e por isso estamos alegres A Revista Prefeitos & Vices é uma publicação corporativa da Associação Nacional dos Prefeitos e Vice-Prefeitos da República Federativa do Brasil, registrada sob o número de ISSN ANPV/DIRETORIA PRESIDENTE Arnaldo Acbas de Lima DIRETOR EXECUTIVO Luiz Alberto José Corrêa DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro DIRETOR DE LOGÍSTICA E PARCERIAS Francisco Além PRES.DO CONSELHO POLÍTICO E RELACIONAMENTO GOVERNAMENTAL Francisco Rodrigues Corrêa (Prefeito Quico) REVISTA PREFEITOS & VICES DIRETOR RESPONSÁVEL/EDITOR Dantas Filho MTb: dantas@anpv.org.br CONSELHO EDITORIAL Antonio Fernando Pinheiro Pedro, Arnaldo Acbas de Lima, Dantas Filho, Francisco Além, Francisco Rodrigues Corrêa (Quico), Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro, Kito Mansano, Luiz Alberto José Correa, Omar Vitiello, Raul Canal, Sergio de Azevedo Redó, Sergio Sanches PUBLISHER Sergio Sanches MTb: REDAÇÃO Eliana Grazina MTb: REPORTAGEM/FOTOGRAFIA Cristovan Grazina Revisão Maurício Mellone (MTb: ) PLANEJAMENTO E MARKETING Kito Mansano PROJETO GRÁFICO Fernando Lenci Simone Estevão MKT/COMERCIAL (55 11) (55 11) CONTATOS: São Paulo: Av. Casper Líbero, 390-6º Andar - Sala 602 Centro Cep São Paulo/SP - Tel: Brasília: SHS Q Bloco J - Salas 101/102 - Bonaparte Hotel/Mez Cep Brasília/DF - Tel: contato@anpv.org.br redacaorpv@anpv.org.br REPRESENTANTE PARA TODO BRASIL Conceito Comunicação Integrada (19) Fica proibida a reprodução das matérias sem a expressa autorização da ANPV. Deus seja 2 sempre Prefeitos louvado & Vices nº E Arnaldo A. Lima, Presidente da ANPV Essa frase extraída das escrituras sagradas, representa a síntese de nosso pensamento ao comemorar neste primeiro semestre de 2010, 5 anos de fundação da ANPV Associação Nacional de Prefeitos e Vice-Prefeitos do Brasil, nascida do meu sonho pessoal de ver existir uma entidade de classe dos executivos municipais, que correspondesse expectativas durante e após seus mandatos. Sonho transformado em realidade, a ANPV já nasceu grande, como disse certa vez o Deputado Federal Luiz Carlos Hauly do Paraná, Presidente da Frente Municipalista no Congresso e grande incentivador de nossas ações desde o início. Essa grandeza decorre em primeiro lugar do fato que ela representa agentes públicos eleitos e atuantes que são os prefeitos e vice-prefeitos brasileiros. Poucas são as associações que podem registrar tamanho peso institucional. Outra grandeza da ANPV tem sido a celebração de importantes parcerias. Para não voltar ao passado, citemos apenas duas das atuais ações que desenvolvemos em conjunto com outras organizações junto ao Poder Público em todas as esferas. Para começar, são destaques nesta edição, o convênio feito com a Fundação Universa e com o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal - SINDEPOL. Na primeira ação com a Universa, vamos realizar pelo Brasil todo, cursos à distância e presenciais de capacitação para funcionários públicos municipais da saúde. Já, com a respeitada entidade representativa dos chefes de Polícia Federal, iremos desenvolver um programa inédito de prevenção às drogas, aproveitando a experiências dos melhores profissionais brasileiros da área que são os agentes federais, muitos com formação antidrogas no exterior. Além dessas realizações, outra grandeza da ANPV está no espírito de luta de seus voluntários, funcionários, conselho político e associados, já que juntos estão construindo dia a dia, uma associação sólida, acreditada, ética e atuante. No caminho desse estilo de trabalhar e, para comemorar esses 5 anos de vitórias, em maio agora, no Auditório do Senado Federal em Brasília ocorrerá a entrega do PRÊMIO ANPV /2010, para prefeitos, representantes das 100 CIDADES MAIS SUSTENTÁVEIS DO BRASIL. Vão ser homenageados também personalidades e cidades que contribuíram para o sucesso da Associação e da Revista Prefeitos & Vices, um dos carros chefe dessa nossa atuação. Com esse prêmio, esperamos estar proporcionando um singelo reconhecimento aos que estão cumprindo o dever junto às suas populações nos municípios, a outros que muito fizeram pela cidadania como um todo, e aos que ajudaram a viabilizar uma entidade com milhares de associados interessados, representantes diretos e legítimos de outros 180 Milhões de cidadãos, beneficiários de suas ações. Assim sendo, superadas as lutas iniciais, lembrando também as incontáveis vitórias e mirando no futuro de mais êxitos para a ANPV, só nos cabe repetir o que ao início expressamos Até aqui tem nos ajudado o Senhor e por isso estamos alegres. Nós da diretoria, todos os associados, demais prefeitos, prefeitas e vice-prefeitos do Brasil, entre outros que sabem que a construção de um país melhor passa pelo município, forte e organizado. Muito obrigado. Deus lhes abençoe.

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8 Nacional Lula fazendo a diferença. Apoio declarado à soberania Argentina sobre as Malvinas, onde a ocupação inglesa quer explorar riquezas submarinas Yes, nós temos mr. Lula Presidente brasileiro surpreende comunidade internacional e se coloca no cenário das grandes decisões mundiais como opção confiável e independente para mediação de conflitos, até hoje não solucionados por protagonistas tradicionais Dias atrás, quando o presidente Lula declarou em alto e bom som que as Ilhas Malvinas pertencem a Argentina e que a ONU precisa melhorar sua dinâmica para solucionar pendências pelo mundo afora, todos puderam perceber que nos tempos atuais muita coisa mudou. Na década de 80, durante a guerra entre Argentina e Inglaterra, nossa posição foi outra. Ficamos entre, em cima do muro, até uma certa ajuda a Real Força Aérea de Sua Majestade, quando aviões britânicos envolvidos no conflito pousaram no Brasil, por questões técnicas ou por desorientação, claro. Hoje, felizmente, graças à presença de Lula no poder é possível perceber que a atuação do país no âmbito de suas relações externas é outra. Todas essas ações têm também como objetivo Lula reconhece mostrar prestígio e autonomia do Estado brasileiro em e homenageia sua luta para ingressar como membro permanente do as vítimas do Holocausto Judeu na 2ª Guerra Mundial Texto: Agência ANPV Ricardo Stuckert/PR 8 Prefeitos & Vices nº

9 seleto clube de nações, no Conselho de Segurança da ONU. Desafiar comercialmente os Estados Unidos, prestigiar o regime dos aiatolás do Irã, elogiar a qualidade de caças franceses e dizer com clareza o que pensa no Oriente Médio ajuda muito a concretizar esta idéia de independência. E nesse jogo LULA é um craque. É o CARA, como disse outro desenvolto líder mundial - Barack Obama. De origem modestíssima, o atual dirigente da nação já assombrou as elites existentes, ao sair fugindo da seca do nordeste, para sem estudo formal que se exigia e outras referências, chegar ao posto mais alto da República. Isso sem tocar no aspecto de sua vida como liderança sindical, que leva a outra história permeada de acontecimentos marcantes, numa quadra difícil da nação brasileira. Neste ano de 2010, prestes a terminar o segundo período à frente do Governo Federal, a impressão que se tinha é de que Lula se daria por satisfeito com tudo o que conseguiu, mas não é o que começa parecer. Com a economia arrumada, com as instituições funcionando bem, obras do PAC por todo lado, conquistas registradas como a da Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016, Lula dá sinais de que deseja mais. Se não pôde sonhar com um terceiro mandato, pois iria contra seus princípios e desrespeitaria a Constituição. Se não consegue garantir em 100% que sua candidata preferida vá vencer a eleição de outubro, o presidente parece estar apostando num plano alternativo à aposentadoria imposta a exchefes de Estado, naturalmente, na história recente. Nas últimas semanas, ao estrear com brilho no cenário da participação brasileira visando a resolução de conflitos, Lula já registrou a marca histórica de ter sido o primeiro presidente a visitar oficialmente Israel, nação que ajudamos criar ao final da segunda Guerra Mundial, uma etapa de seu giro pelo explosivo Oriente Médio. Por lá, ao seu estilo inconfundível que mistura uma certa dose de irreverência e franqueza, falou o que pensa e só foi onde quis ir. Não adiantou chanceler boicotar o presidente brasileiro, ou fazer gracinha, como diria ele mesmo, ou a Hebe Camargo. Em outros episódios recentes, relacionados à política externa, o considerado antes, despreparado Lula, deu extraordinárias lições, aos que tiveram inicialmente que se render a sua competência no plano interno e agora lá fora também. Quando se julgando a única dona da verdade no caso da expulsão do terrorista Cesare Battisti, a Itália quis bater na mesa, Lula segurou o ímpeto dos acintosos e apesar de decisões judiciais que favoreceram o posicionamento deles, só vai anunciar se entrega ou não o ex-ativista quando não houver mais pressão externa. Acabou a subserviência que sempre caracterizou nossos governantes. Certo ou errado, Lula mostra atitude e autoridade. Na ridícula quartelada Hondurenha, Lula de novo demonstrou que tem pulso, segurando a onda do presidente deposto até o fim, enquanto outros afinaram com os golpistas, depois que perceberam que Manuel Zelaya não teria chances de voltar ao poder. Na tumultuada relação do Irã com o mundo, o Brasil através do comando de Lula, age diferente do que se via no passado. Ao invés de apresentar alinhamento compulsório com os grandes, o chefe de Estado brasileiro optou pelo pragmatismo responsável, ou seja, de levar em consideração que se o Irã deseja obter o domínio da energia nuclear para fins pacíficos, o Brasil apoia. Se for para fins bélicos, a Constituição Brasileira não permite. Ponto final. O recado é que até que provem o contrário, até hoje o país dos Aiatolás não contrariou essa norma, logo não há razão para condená-lo por um crime que ainda não cometeu. Aliás para reforçar esta tese, basta lembrar que a invasão do Iraque foi feita sob o argumento de que aquele país possuía Com o presidente Mahmoud Abbas, em território Palestino, do outro lado do muro e sem ficar em cima dele, Lula disse, na viagem ao Oriente Médio, que deseja a criação de um Estado independente para aquela população segregada em sua própria terra. Prefeitos & Vices nº

10 Fidelidade conta no jogo político internacional. Enquanto muitos mui amigos de Manuel Zelaia Presidente deposto de Honduras, o deixaram na mão, Lula manteve-se fiel ao inquilino forçado da Embaixada Brasileira até o fim Na visita a Israel, presidente brasileiro mostra-se à vontade e seguro durante conversações com seu colega judeu, o veterano Shimon Peres, que havia estado no Brasil recentemente armas de destruição em massa, o que se verificou depois, ser uma farsa para justificar a ocupação. Antenado, o presidente brasileiro não é do tipo que se deixa influenciar pelas opiniões alheias, caso não seja de seu agrado. Para sustentar ainda mais a diferença de comportamento pessoal do mandatário brasileiro ao longo de seus dois mandatos, pode-se citar o uso positivo da diplomacia no caso do gás boliviano, nas inúmeras presepadas do bolivariano Hugo Chaves e na complicada situação criada pelo Governo do Equador que não queria pagar dívida assumida com o Brasil por causa de obra mal feita por uma construtora nacional. O Presidente foi hábil também quando houve o anúncio de um pacto militar entre Estados Unidos e Colômbia para combater o tráfico e a guerrilha com a construção de bases militares no país vizinho. E tem mais, apesar de suas boas relações pragmáticas com o Irã, na recente viagem ao Oriente Médio, Lula não deixou de reconhecer o Holocausto, que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nega. Essa é uma evidente demonstração de inteligência social, aprendida pelo ex-metalúrgico nas negociações com patrões, polícia e repressores da ditadura. Ao final, quem venceu? A lição é simples, não se apaga incêndio com gasolina. Só com muita conversa e compreensão se pode caminhar para a solução, quer seja na fábrica ou num conflito secular como este no Oriente Médio. Em razão desses exemplos, não é preciso ser um expert em relações internacionais para perceber que aliada à elevada capacidade da diplomacia oficial brasileira, as diretrizes do atual presidente, na convivência com outros países, resultaram em benefício para o Brasil, em todos os sentidos. Todos esses fatos reforçam a ideia de que o presidente deve estar preparando terreno para ser, depois que deixar a presidência em dezembro, uma espécie de conselheiro ativo da nação, viajando pelo mundo, para usar sua popularidade e perspicácia de bom negociador em situações de confusão que o mundo enfrenta, com atuais negociações, conversações prolongadas e que não chegam à lugar nenhum. É verdade que até agora ele nada conseguiu, mas Lula acredita em si e no impossível. Se não fosse assim, talvez hoje ele seria apenas mais um sessentão aposentado como operário do ABC. Finalmente é razoável afirmar genericamente, que, depois de Rui Barbosa, recebido inicialmente com incredulidade pelo mundo, para depois ser consagrado como Águia de Haia, no campo da diplomacia, surge agora, 100 anos depois, outro nordestino, que com seu jeito despretensioso, busca ocupar lugar de destaque no universo das relações internacionais, como fez o consagrado jurista, político e diplomata baiano, embora a comparação só possa ser feita em termos gerais, jamais quanto ao conhecimento e inteligência do primeiro, considerado um sábio. Sobre essa possibilidade, muitos rirão, mas que não se espantem, pois com a sorte e coragem que tem. Por conta do que já fez ou vai fazer, Lula não seja também o mais novo provável candidato ao Nobel da Paz. Quem o considerou O Cara, já ganhou o dele. Quem viver, poderá ver! Alguém duvida? 10 Prefeitos & Vices nº

11 royalties Oldenburg/ SECOM Imbé Prefeito de Imbé Darcy Luciano Dias, liderou protesto no sul, contra a emenda dos royalties Cariocas e gaúchos se unem contra a nova Lei dos royalties do petróleo Presidente do stf diz que medida tem origem em lei inconstitucional Tanto os cidadãos do Rio de Janeiro, Estado mais prejudicado com a proposta, quanto os do Rio Grande do Sul, terra natal de um dos autores da emenda, condenam com protestos ruidosos sua aprovação na Câmara dos Deputados. Esse fato comprova a total improcedência da proposta feita pelo Deputado gaúcho Ibsen Pinheiro, assinada também por outros dois colegas. Medida considerada ineficaz e demagógica prejudica também municípios paulistas e capixabas. Prefeitos & Vices nº

12 Ministro Gilmar Mendes com José Sarney no Senado Federal MINISTRO DIZ QUE EMENDA DE IBSEN FOI CONSTRUÍDA EM CIMA DE LEI INCONSTITUCIONAL O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministro Gilmar Mendes, ao comentar o imbróglio criado pela proposta da Câmara dos Deputados de alterar a divisão de royalties do petróleo, afirmou que a lei que serviu de base para a emenda aprovada foi considerada inconstitucional pelo STF em fevereiro último. Trata-se da Lei Complementar 62 de 1989, que em seu artigo 2 define os critérios do FPE (Fundo de Participação dos Estados), considerado em última instância como inconstitucional por ferir a Constituição. Apesar disso, o STF deu prazo até o fim de 2012 para a correção do problema. Porém, havendo jurisprudência a respeito, pouco ou nada pode se esperar de uma medida que teve sua origem numa lei condenada pela Suprema Corte do país. Gil Ferreira SCO/STF O deputado federal Ibsen Pinheiro voltou a ter seus 15 minutos de fama ao protagonizar, como nunca se viu antes, uma guerra verbal entre Estados chamados produtores de petróleo e as demais unidades da Federação. Antes ele já tinha ficado muito famoso por ter tido seu nome envolvido com o escândalo do mensalão na década de 90. Retirado da vida pública por conta daqueles fatos, após interminável batalha jurídica, acabou inocentado. Ele e quase todos os outros. Chamado de ordinário pelo conterrâneo Darcy Luciano Dias, prefeito de Imbé no Rio Grande do Sul, ele também colecionou referências do tipo em ano eleitoral, tem muita gente querendo fazer gracinha, feita pelo presidente Lula, e muitos outros impropérios impublicáveis que partiram de todos os lados, principalmente dos cariocas, cujo Estado será o mais prejudicado, se a medida vier a ter validade. Não se pode deixar de reconhecer que a maioria dos municípios brasileiros tem razão de querer receber mais do que a União arrecada e distribui, porém tentar resolver isso sem levar em consideração o direito adquirido de outros é inaceitável dentro de uma Federação vivendo no regime democrático. Depois de todo barulho causado pela votação da proposta do deputado na Câmara Federal, parece que começam a surgir alternativas que poderão equilibrar os interesses de todas as partes envolvidas na polêmica. Encaminhada para votação no Senado, a emenda já recebeu a primeira trombada. O presidente da casa José Sarney, do alto de sua longa experiência na administração de conflitos, já avisou que os senadores vão achar uma saída que contemplará o interesse de todos. Quer dizer, a proposta como está não será aceita. Já os municípios produtores de petróleo e seus Estados, amparados por pareceres jurídicos se preparam para recorrer aos tribunais onde vão discutir a inconstitucionalidade da emenda, caso seja completamente aprovada. 12 Prefeitos & Vices nº

13 Resta ainda a possibilidade do Veto Presidencial à medida, pois Lula, publicamente, se mostra visceralmente contra a emenda Ibsen. A questão é que ele só poderá vetar essa lei parlamentar aprovada, ainda em 2010 quando termina seu mandato. E assim mesmo, com enorme desgaste político em ano eleitoral, junto aos municípios e Estados que levariam alguma vantagem. No campo das medidas práticas, a exgovernadora do Rio, Rosinha Garotinho, hoje prefeita de Campos, que fatura 900 Milhões de reais por ano com os royalties do petróleo retirado da Plataforma Continental em frente a sua cidade, na condição de atual presidente da OMPETRO Organização dos Municípios Produtores de Petróleo do Rio de Janeiro, já avisou que vai engrossar o jogo e usar todos os meios para impedir a aprovação da proposta. Para tanto, ela conta com o apoio irrestrito dos demais prefeitos das 9 cidades que compõem a entidade. Em São Paulo, os prefeitos de São Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e Bertioga, integrados na AMPROGAS Associação dos Municípios Produtores de Gás, também prometem ir à luta para impedir uma perda anual de receita na casa dos 120 milhões de reais, segundo o presidente da entidade, Toninho Colluci, prefeito de Ilha Bela. No Rio Grande do Sul, após protestarem usando roupas pretas e exibindo cartazes com frases de efeito, população e prefeitos de Osório, Cidreira, Imbé e Tramandaí exigem pelo menos que os políticos lhes concedam uma equivalência para a receita que poderão perder, com a nada simpática idéia do deputado federal do Estado que também deveria representá-los, mas não o fez. Cerca de cinco mil pessoas, vestidas de preto e vindas de diversos municípios do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, se reuniram na ponte Giuseppe Garibaldi, que liga as cidades de Imbé e Tramandaí para protestar contra a proposta aprovada na Câmara dos Deputados que altera a distribuição dos royalties doa petróleo de maneira uniforme para Estados e municípios. Um boneco de Ibsen Pinheiro, um dos autores da emenda, foi pendurado no palco e, depois, arrastado pela cidade amarrado em um jipe. Durante o ato, empresários, estudantes, lideranças e políticos alertaram os manifestantes sobre os problemas financeiros que serão causados aos municípios caso a emenda seja aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente Lula. A ANPV, que se manifestou em Nota Oficial pedindo diálogo e bom senso para resolver o impasse, deve acompanhar o movimento que os prefeitos vem realizando e dar aos mesmos em Brasília suporte para que através de amplas negociações se possa alcançar um acordo, que ofereça o melhor resultado dentro do que é possível numa questão polêmica como essa. Nesta situação está em jogo além do dinheiro das cidades, a própria governabilidade e harmonia entre Estados e municípios de diferentes regiões do país. Nesse caso, nenhum dinheiro vai compensar os males que uma proposta impensada como essa pode causar. Afinal, justiça seja feita, em casos assim para alguns ganharem, outros não precisam perder! Prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, presidente da OMPETRO, presença representativa na passeata O Rio contra a covardia, organizada pelo Governador Sergio Cabral. Divulgação/Pref. Campos Gerson Gomes Prefeitos & Vices nº

14 PAC Paulo H. Carvalho/Casa Civil-PR Dilma Roussef - Ministra gerenciou o PAC, que passará para outras mãos, mas o Governo garante que programa vai até o fim, e já lançou a Versão II do Projeto dias atrás O PAC sem Dilma vai desacelerar? Governo garante que não Texto: Agência ANPV Considerada a mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra chefe da Casa Civil Dilma Roussef deixa o governo nos próximos tempos para concorrer à presidência da República em outubro de Neste contexto de muitas implicações de natureza eleitoral, solução de continuidade ou de vontade política de fazer, inúmeros prefeitos estão preocupados com o que possa acontecer em relação às obras desse programa federal em suas cidades. A ANPV recebeu nos últimos dias dezenas de questionamentos a respeito e por isso o presidente da entidade Dr. Arnaldo Acbas Lima se dirigiu às figuras importantes ligadas a ministra e ao próprio Presidente Lula, para levar a preocupação dos executivos municipais, que se justifica pela saída de Dilma do gerenciamento pessoal do PAC, pelo clima de eleição que toma conta dos meios políticos, pelas limitações legais impostas pelo próprio período e até pelo ambiente de final de governo que acaba em dezembro, o que obriga certas providências antecipadas para quem vai sair sem saber com certeza quem será vencedor. As fontes consultadas pela direção da ANPV se mostraram confiantes numa eventual vitória da provável candidata da situação ao Planalto, o que garantiria e até ampliaria as obras do PAC, criado 14 Prefeitos & Vices nº

15 pelo Governo Lula em 2007 e que teve nos últimos dias o lançamento de sua versão número 2. Apesar do otimismo em relação a uma vitória no pleito, essas mesmas fontes admitem que em caso de derrota, os investimentos projetados não sofreriam nenhuma interrupção porque já estão consignados em orçamento, o que obriga qualquer um que vença executá-los. Até porque dizem seria o mesmo que ter interrompido o Bolsa Escola, quando vencemos em 2002, só porque era obra iniciada pelo grupo anterior. Neste caso, como era para o bem da sociedade não só mantivemos o programa, como melhoramos seus valores e aplicação, afirmam as mesmas fontes à ANPV. O Presidente da entidade, Dr. Arnaldo Lima, neste contexto de preocupação, admite que embora seja procedente a preocupação de alguns prefeitos com relação ao PAC, após a saída da ministra Dilma do governo, é preciso reconhecer que esse governo foi na história o que mais trabalhou em benefício direto dos municípios e agora não vai comprometer essa marca por causa de mudanças causadas pela eleição. Até porque se Dilma for mesmo candidata e tiver seu nome relacionado ao PAC, certamente o governo não só vai garantir a continuação das obras, como também transformar esse feito em registro positivo de suas ações para impulsionar a campanha de sua virtual candidata. Sem a preocupação eleitoral, para assegurar o cumprimento de metas do PAC e outros programas em curso, seja lá quem for candidato ou vencer na eleição de outubro, enfatiza o presidente da ANPV, vamos promover no começo de julho um grande encontro de prefeitos em Brasília, onde exigiremos dos principais interessados em disputar a presidência compromissos de manter e ampliar as atuais conquistas dos municípios, como é o caso das que foram trazidas pelas obras do PAC. Em parte atrasadas, por causa das chuvas, demora nas licitações, burocracia e outros entraves, as obras do PAC dividem opiniões, o que evidencia a sua importância independentemente de resultados ou posicionamentos ideológicos. Para algumas entidades de fiscalização política, dentro do atual quadro, o atual governo deixaria para a próxima administração uma conta de 30 bilhões de reais para pagar em razão das obras em andamento. Dilma Roussef, se confirmar sua saída da Casa Civil, não poderá inaugurar mais que 6 delas, até sua desincompatibilização, pois o cronograma de execução não vem sendo cumprido. Depois como convidada, no máximo até junho, Dilma poderá estar presente em mais 52 inaugurações das 96 previstas para serem concluídas em Neste caso, sem poder fazer discursos ou campanha explícita, já que poderia ter seu registro de eventual candidatura cassado. Há quem garanta que melhor é que nem aparecesse, para evitar ataques da oposição. Indiferentes a estas questões, populações de municípios e prefeitos em sua maioria consideram essenciais as obras do PAC em suas comunidades e aplaudem a iniciativa do Governo Federal. No Rio Grande do Norte, a população de Natal, capital do Estado, está eufórica com as melhorias da BR 101, que passa pela cidade, já que há muito essa obra era reivindicada por causa dos acidentes que ocorrem na rodovia em seu traçado atual. No Vale do Paraíba, São Paulo, no município de Jacareí, com habitantes, as obras do PAC são percebidas pela população que afirma que as mesmas estão mudando o cenário urbano para melhor. Esse reconhecimento também é sentido em cidades governadas pela oposição, como é o caso de Poços de Caldas em Minas Gerais, cujo prefeito é filiado do PPS. Lá, placas indicando a realização de obras do PAC tem mudado a paisagem do lugar, atestam os moradores. Ao contrário, também há críticas, justamente onde não seria provável que houvesse. Em Joinville, Santa Catarina, que é administrada pelo PT, a população reclama que não vem sendo dada à cidade nenhuma importância em relação a obras do programa. Em Itaobim - Minas Gerais, cidade com 47 anos de fundação e habitantes, o PAC tem representado uma grande alteração na vida da cidade, com a chegada do saneamento básico, benefício esse com o qual os moradores não poderiam contar se dependesse da baixa arrecadação municipal, que mal tem dado para despesas com obrigações básicas e folha do funcionalismo local. Já em Anisio de Abreu, cidade no sudeste do Piauí, com habitantes, estão sendo entregues no Projeto Habitacional Minha Casa, Minha Vida, que se insere no PAC, 450 novas moradias que além de zerar o déficit habitacional, produziu outro efeito colateral interessante, a deflação no setor imobiliário. Lá os aluguéis despencaram mais de 70%. Em Sumaré, São Paulo, considerada a segunda maior economia da poderosa região de Campinas, os efeitos do PAC vão numa direção pontual. O Governo Federal está investindo pesado na cidade para resolver um problema crônico que afeta a vida dos moradores há 20 anos. É a escassez de água. Sede da montadora Honda no Brasil e de outras dezenas de multinacionais, ainda hoje em determinadas regiões do município é possível encontrar pessoas com latas de água na cabeça, ou lavando roupa e tomando banho só algumas vezes por semana. Com o dinheiro do PAC, que a cidade recebeu e está investindo em saneamento, os seus dias de sofrimento com a falta do precioso líquido vão acabar. Prefeitos & Vices nº

16 Artigo Senadora Serys Slhessarenko* 16 Prefeitos & Vices nº

17 2010 é o ano da mulher na política O mês de março é simbólico para nós mulheres, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher 8 de março uma data peculiar, de lutas e simbolismos. A Mulher tem sido tema de discursos e artigos, principalmente em virtude de 2010 ser um ano eleitoral, em que teremos várias mulheres disputando potencialmente a vaga a Presidente da República do nosso País. Com base nisso, resolvi fazer uma pesquisa simples na internet sobre a relação mulher e eleições e deparei com manchetes, no mínimo, questionáveis, como: Fulana é a única candidata mulher a concorrer às eleições, Representatividade pequena de mulheres nas eleições da cidade tal, Cotas de mulheres não é preenchida e muitas outras. É lastimável ler este tipo de notícia, em tempos que a mulher conquista espaço na área profissional e familiar. E por que não ocupar no meio político? A resistência feminina na política é antiga, desde 1922 quando Bertha Maria Júlia Lutz, uma das pioneiras nessa batalha pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, representou as brasileiras na assembleia-geral da Liga das Mulheres Eleitoras nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Ao regressar a nosso país, Bertha Lutz criou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino a fim de continuar a luta pela extensão de direito de voto às mulheres, até o decreto ser sancionado por Getúlio Vargas. Na política, já fomos tardias. O voto feminino no Brasil só passou a ser obrigatório a partir de Um momento que deve ser lembrado, uma vez que até hoje as mulheres ainda encontram dificuldades de serem inseridas na área. As poucas que conseguem politicar, muitas vezes, encontram obstáculos de se manter. Precisamos alterar esta lógica de que política é coisa de macho neste país. Estamos às vésperas do pleito e os partidos começam suas convenções e escolhas de candidatos e candidatas. Quero conclamar mulheres e homens para conscientizarem que este é o ano feminino na política. Temos que levar este quadro para Estados e municípios. O voto feminino foi garantido, no entanto a cidadania não. Muitas mulheres são excluídas do processo eleitoral simplesmente pelo preconceito ainda teimoso em existir. Não se candidatam, não ousam entrar neste meio. São desestimuladas a participarem dos pleitos. Aquelas que rompem a barreira para serem "O voto feminino foi garantido, no entanto, a cidadania não" Prefeitos & Vices nº

18 Defensora da maior participação feminina na política, a senadora avisa: "as eleições estão aí e felizmente temos muitas mulheres que vão concorrer com chances, aos cargos em disputa" candidatas, sofrem com a falta de apoio, falta de estrutura e recursos financeiro e humano. Soa paradoxal que sejamos maioria na hora de votar (somos mais de 50% do eleitorado brasileiro) e minoria na hora de representar e sermos representadas nas diferentes esferas de poder. Algumas pesquisas revelam que as mulheres nem sempre votam em mulheres. O motivo, muitas vezes, é cultural. Não estamos acostumadas a ver mulheres candidatas e muito menos, no exercício do poder. Soa preconceituoso, mas nossa cultura paternalista nos impede de enxergar que a mulher pode comandar, gerir e executar política. Este é um desafio que costuma mover o segmento feminino, mostrando sua capacidade de superação de limites. Com base nos meus mais de 20 anos de vida pública e outros 25 de vida universitária, convivendo com vários tipos de pessoas, posso garantir que a mulher se supera a cada dia. Nada melhor que uma mulher no poder para entender as necessidades humanas. Afinal, somos mães de homens e de mulheres, sem pré-conceitos. Conscientizar-se de que somos pouco representadas na vida pública é um começo. Projetos de lei para garantir nossa permanência no poder político do país estão em andamento, mas é preciso que a cultura seja modificada. Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), de cada cinco assentos nos parlamentos do mundo, apenas um pertence a uma mulher. O ideal é que se atinja o equilíbrio: que não menos de 40% e não mais do que 60% das vagas pertençam a um mesmo sexo. Em alguns lugares isso já acontece, como em países nórdicos e europeus. Suécia e Noruega, por exemplo, as mulheres participam com 40% das cadeiras do Legislativo e 50% dos Executivos. Ou seja, metade dos ministros é do sexo feminino. No Brasil, é bem diferente. Dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados, 45 são mulheres (8,77%). Nenhuma delas, mesmo em mandatos anteriores, jamais ocupou cargo titular na Mesa Diretora. No Senado, não é muito diferente. Somos 81 senadores e apenas 11 mulheres (13,58%). No entanto, conseguimos avanços. Na mesa diretora atual, dos 11 cargos disponíveis, o segmento feminino ocupa dois deles. Mas ainda é pouco. Em Mato Grosso, o Partido dos Trabalhadores se tornou referência, já que foi emblemática a minha eleição. Em um Estado dominado por homens, elegeu a primeira mulher Senadora. Uma mulher de história feminista, vinda das bases, coisa rara em nosso país. Hoje, represento a luta da mulher no Congresso e no mundo, que agora conhece Mato Grosso como um Estado que rompeu com o machismo que, por vezes, ainda teima em ressurgir das cinzas e inviabilizar candidaturas femininas. Pequenos avanços diante de um caminho tortuoso e longo, mas que é preciso fazê-lo. Em pleno século XXI, o sexo feminino tem de sair de sua condição secularmente oprimida e marginalizada para entrar para a história dos direitos humanos. Como disse o Presidente Lula durante o 4º Congresso Nacional do PT recentemente, a verdade é que a mulher ainda é tratada no submundo de cada residência como se fosse um objeto de segunda classe, ela não participa da política, é impedida, uma vez que não é um setor considerado próprio DELAS. A lei de igualdade de voto ajuda, a Constituição Federal também ajuda, mas o que é necessário, o que é preciso, é a quebra do preconceito, a quebra de uma cultura machista. Há tempos nós mulheres lutamos por isso, por uma posição na política brasileira. Este ano, as eleições estão aí. A mulher na política tem sido o tema principal, já que teremos, pela primeira vez, várias candidatas potenciais do sexo feminino concorrendo à vaga de Presidente da República. É a chance de fazermos a diferença. É uma conquista! As mulheres estão chegando... * Serys Slhessarenko é 2ª Vice-Presidente do Senado Federal e Senadora da República do PT por Mato Grosso 18 Prefeitos & Vices nº

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20 Artigo gmagela_17_fevereiro_09 Senador Osmar Dias* Pelo fim da política do pires na mão Há tempos os municípios vêm sofrendo com dif iculdades em honrar seus compromissos financeiros e realizar investimentos. Em 2009, particularmente, as dificuldades aumentaram em virtude da crise financeira mundial, que forçou o Governo Federal a baixar impostos e, consequentemente, diminuiu os repasses do Fundo de Participação de Municípios (FPM). No meio do ano passado, 80% das prefeituras dos municípios paranaenses fecharam as suas portas num dia de protesto, em virtude da falta de recursos pela queda nos repasses do (FPM). Foram 320 das 399 cidades paranaenses com suas administrações paralisadas pela falta de dinheiro. A crise está passando, mas não é de hoje que os prefeitos sofrem com a falta de recursos. E são os pequenos e médios municípios, com até 40 mil habitantes, os que mais dependem de recursos do FPM. A paralisação das prefeituras serve mais uma vez de alerta ao governo federal para que sejam feitas ações concretas para mudar este quadro, porque o desenvolvimento do Brasil depende do equilíbrio das cidades que movem a economia do nosso País. No final de 2009 estive em Japira reunido com 26 prefeitos que comandam os municípios filiados à Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi). E na oportunidade ouvi 20 Prefeitos & Vices nº

21 as reivindicações dos prefeitos, especialmente nas áreas de saúde, segurança pública e infraestrutura rodoviária. Mas a principal queixa de todos eles era sobre a escassez de recursos por que passam a maioria das cidades brasileiras. As prefeituras estão com dificuldades para honrar seus compromissos básicos com a população. Algumas delas, inclusive, estão com dificuldades para pagar o 13º salário dos funcionários públicos municipais. Nós sabemos o quanto é importante serviço público de qualidade. E atualmente os municípios não conseguem oferecer essa qualidade porque a arrecadação está demasiadamente concentrada. O Governo Federal fica com 63% de tudo o que se arrecada e sobra pouco para os municípios terem a liberdade de decidir onde investir. Por isso propus a Emenda Constitucional 50/05, que está tramitando no Senado. Se aprovada, os municípios vão receber 10% das contribuições sociais, o que representa 20 bilhões a mais para as prefeituras brasileiras. E não haverá nenhuma perda, pois esses recursos continuarão sendo aplicados em saúde, educação, construção de creches e muitas outras finalidades. Mas de forma direta, chegando mais rápido à comunidade. Estamos lutando para a aprovação urgente da proposta, pois é uma prioridade de prefeitos de todo o País que reclamam da queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios. A PEC 50/05 tramita há quatro anos, já passou por todas as comissões e está pronta para ser votada para colocar um fim na política do pires na mão que tanto penaliza os prefeitos. Em abril passado, o governo federal promoveu o repasse de R$ 51 bilhões aos municípios para fazer frente à crise financeira. Foi uma medida emergencial e necessária, mas para resolver esta questão de forma definitiva é preciso a aprovação da PEC 50/05. A PEC 50/05 altera o artigo 159 da Constituição Federal e descentraliza para os Estados e também para as cidades os recursos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a Contri- buição Social sobre a Receita ou do Faturamento e tributos criados a título de intervenção no domínio econômico, todas hoje destinadas à União. Pela proposta, 10% dos recursos dessas contribuições serão destinadas aos Estados e outros 10% aos municípios, ficando a União com 80% da arrecadação restante. Atualmente, Estados e municípios só têm direito a uma parte do que a União arrecada com os impostos (Imposto de Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados). Nos últimos anos, o governo federal criou contribuições, cuja arrecadação é destinada exclusivamente à União. O governo arrecada hoje R$ 200 bilhões com essas contribuições. Está na hora de dividir esse bolo. Desde 1994, 20% dos valores arrecadados, a título de contribuição, foram desvinculados da Seguridade Social, o que fez com que perdessem sua natureza jurídica de contribuição, passando a ser considerados automaticamente como imposto de renda. Foram, assim, submetidos ao regime de distribuição normal de imposto. Num momento em que vemos o aumento crescente das áreas urbanas, é fundamental que as prefeituras tenham condições financeiras para promover o desenvolvimento sustentável dos municípios; por isso é importante garantir mais recursos. É necessária a liberdade econômica das prefeituras em relação aos governos estaduais e dos governos dos Estados em relação ao governo federal. A partilha maior da receita dos tributos da União com Estados e municípios é um anseio de longa data e a aprovação desta proposta, que há quatro anos tramita no Senado, vai reforçar os entes federativos com a divisão de recursos tão fundamentais ao desenvolvimento de nossos Estados e de nossas cidades. É uma solução que visa ao benefício de toda a população brasileira para acabar com a política do pires na mão que coloca os prefeitos de joelhos ante aos governos estaduais e federal. * Osmar Dias é líder do PDT no Senado Federal Senador luta pela aprovação da PEC/50, que pretende acabar com a política do "pires na mão", melhorando, e muito, a arrecadação dos municípios Prefeitos & Vices nº

22 Artigo Senador Heráclito Fortes 22 Prefeitos & Vices nº

23 A difícil missão de colocar ordem no senado A boa governança administrativa é hoje uma das maiores preocupações de qualquer gestor, seja ele um prefeito, um governador ou o dirigente de uma empresa privada. No âmbito da administração pública, os estudos do problema têm se intensificado bastante, mas a aplicação de normas modernas e eficientes, por exemplo, nos municípios, ainda é uma realidade escassa. Não basta ao governante ser honesto, ele tem que estar sempre atento à eficiência no gasto e na boa utilização dos recursos públicos, cada vez mais escassos. Tive a honra de ser prefeito da capital do meu Estado, Teresina, no final da década de 80, quando muitos dos atuais problemas não estavam colocados. Enfrentamos crises, mas hoje elas assumem características diferentes. Desde então, dediquei-me exclusivamente à atividade legislativa. Fui deputado federal por várias legislaturas e hoje estou no final do meu primeiro mandato de senador. Pois eis que me deparei com um dos maiores desafios e uma das maiores dores de cabeça de minha vida pública. Por indicação partidária, assumi a Primeira Secretaria do Senado, que é uma espécie de prefeitura da Casa, à qual estão afetas todas as questões administrativas. Ocorre que sobreveio uma crise, fruto de administrações passadas, que primavam pela centralização e pela falta de transparência. A crise, que teve origem política na eleição da nova Mesa Diretora, acabou por ganhar enorme repercussão na mídia, com o aparecimento de um sem número de denúncias, envolvendo as mais diversos instâncias e setores do Senado Federal. Desde então venho repetindo exaustivamente que não tenho compromisso com o erro e não vou jogar fora quase 30 anos de vida pública, como forma de demonstrar que os desafios seriam enfrentados sem medo. Sem compromisso com os erros, para garantir a credibilidade dos seus 30 anos de vida pública exemplar Prefeitos & Vices nº

24 Redução de custos, transparência e modernização para colocar ordem na casa Desde o início do ano de e graças a iniciativas tomadas logo que assumimos, dando mais transparência às informações na Casa -, muitos escândalos e irregularidades vieram a conhecimento público. Coisas, diga-se de passagem, que existiam há anos, e que nem a imprensa, nem os membros da Mesa Diretora, nem qualquer senador denunciou, ao longo dos últimos anos. Muitos dos quais, hoje, fazem um mea culpa por terem se descuidado da administração do Senado. Tivemos como meta de trabalho a racionalização, a redução de custos, enfim, o compromisso com a modernização na gestão da Casa. A crise sobretudo sua face na imprensa durou todo o ano de Infelizmente, as notícias boas não têm o mesmo espaço das ruins, mas não temos persistido até dotar o Senado de normas mais claras e transparentes, seja para funcionários, para os contratos, seja para os próprios senadores. Entre dezenas de providências, nos últimos seis meses já houve mudanças na regulamentação do uso de passagens e da verba indenizatória; contingenciamento de despesas na área de saúde; redução da taxa de juros dos empréstimos consignados; redução de cotas de telefone e de ramais; restrições na impressão de material gráfico; extinção de diretorias e nomeação de uma nova equipe; mudança nos registros de hora extra. Isto apenas para ficar em algumas delas. Mesmo antes da implementação da proposta de reforma apresentada pela Fundação Getúlio Vargas, muito já tem sido feito. Inclusive com a inauguração do Portal da Transparência, com praticamente todas as informações sobre o Senado disponíveis na internet, e a regularização dos chamados atos secretos. Várias auditorias e sindicâncias foram abertas para apurar irregularidades e responsabilidades. A reforma administrativa, que teve como ponto de partida o trabalho da FGV, tornouse uma imposição urgente e inadiável para nos adequar aos preceitos da moralidade, racionalidade, economicidade e ética que a sociedade exige de uma instituição pública. Uma das medidas de execução mais complexa tem sido o estabelecimento de regras para licitações dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada. Eram 34, quando a nova Mesa assumiu, no mês de fevereiro. Este número já caiu significativamente, com a unificação de alguns contratos, mas, o mais importante, é a economia de mais de R$ 110 milhões somente em 2009, alcançada com as medidas moralizantes adotadas. Destaco ainda o fato de, pela primeira vez nos últimos anos, o Senado não ter necessidade de pedir suplementação de verbas orçamentárias. Há problemas - inclusive de natureza cultural, pois estamos falando de normas e costumes que existem há anos - que persistem ou que são de solução mais complexa. A nova equipe que toca a administração do Senado está vivamente empenhada em terminar seu período dando a esta centenária Casa uma nova feição. Em 2010, já com os principais focos de tensão serenados, estamos nos concentrando, com mais calma, em atacar algumas destas questões, entre elas, um novo plano de cargos e salários para os servidores. É um trabalho árduo, que me faz ficar distante do que mais gosto, que é fazer política, estar no plenário, nas comissões, trabalhando pelo povo do Estado do Piauí. Mas valerá a pena, sobretudo se a sociedade reconhecer o enorme esforço que temos feito. * Senador Heráclito Fortes (DEM/PI) 24 Prefeitos & Vices nº

25 PROTEJA SUA MARCA Assessoria Jurídica e Empresarial - Assessoria e Consultoria Jurídica Preventiva e Defensiva - Registro de Direito Autoral e Propriedade Intelectual - Registro de Marcas e Patentes - Registro de Software e Desenho Industrial - Transferência de Tecnologia - Licenciamento de Marcas e Patentes Identidade Visual e Comunicação A NC também desenvolve projetos completos para a comunicação de sua marca. - Criação de logotipos - Materiais de divulgalção como folders, flyers e banners - Produção visual para mídia digital - Vídeos institucionais - Planejamento de eventos - Ações de marketing em diversas plataformas Além de Assessoria completa para desenhar o seu negócio e posicionar a sua marca no mercado, o Grupo NC também contribui para a construção de uma sociedade melhor, apoiando culturalmente o Projeto Prata Viva no desenvolvimento da produção visual para a mídia out-of-home. ATENDEMOS TODO O BRASIL! São Paulo: Rua Barão de Itapetininga, andar cj 712 -CEP Fone: (11) Rio de Janeiro: Rua Alcântara Machado, 36 Sobreloja- sala 204- Centro -CEP Fone: (21)

26 Artigo Senador Paulo Paim* 26 Prefeitos & Vices nº

27 Orçamento para todos Os ideais republicanos, especialmente os de equidade, sempre permearam a minha trajetória política e refletiram nas proposições legislativas apresentadas. Não poderia ser diferente em relação às emendas ao Orçamento Geral da União. Ao iniciar este mandato parlamentar, em 2003, elenquei como diretriz o atendimento de todas as prefeituras gaúchas, com a indicação de pelo menos uma emenda ao Orçamento da União, seguindo os preceitos democráticos de igualdade e de justiça social. Para tal, minhas primeiras indicações privilegiaram as prefeituras com menor IDH no Estado do Rio Grande do Sul. Com as indicações que aloquei na Lei Orçamentária Anual 2010, sancionada recentemente pelo Presidente Lula, cumpri na totalidade a meta inicial. Todas as prefeituras gaúchas receberam em meu mandato de senador da república pelo menos uma indicação de recursos federais. Acredito que esta é uma meta histórica no Estado. Qualquer cidadão pode acessar meu portal e conferir uma a uma, cada indicação realizada, faço questão de disponi- bilizar na internet, com total transparência, pois entendo que esta deva ser a postura de todo homem público. Tenho certeza que esses recursos são determinantes na administração das prefeituras, especialmente para os pequenos municípios que contam com uma disponibilidade muito pequena de realizar investimentos. A atual repartição de receitas, concentradas nas mãos da União, cria uma dependência muito grande dos Estados e municípios em relação ao poder central. Percebemos que tem ocorrido ano a ano uma diminuição da participação dos municípios no bolo tributário nacional. Faz-se necessária uma urgente reforma tributária capaz de construir agendas sociais focadas na melhoria de vida e bem estar de toda a população. Os municípios estão carentes de recursos, haja vista que é exatamente na ponta que ocorre a implementação de políticas dirigidas ao cidadão. Reflexo desta nossa posição ensejou uma propositura legislativa, que se confirmou em 2005 quando apresentamos a Proposta de Emenda Constitucional nº 23, estabelecendo normas voltadas à elaboração e à execução das leis do Indicações feitas no orçamento de 2010 privilegiaram todos os municípios gaúchos, principalmente os com IDH mais baixo Prefeitos & Vices nº