Efeito da utilização de diferentes protocolos de sincronização de estro sobre a resposta reprodutiva de vacas de corte
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- Eliana Soares Custódio
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1 Efeito da utilização de diferentes protocolos de sincronização de estro sobre a resposta reprodutiva de vacas de corte Effect of differents estrus synchronisation protocols on the reproductive performance in beef cows GOTTSCHALL, Carlos S. Médico Veterinário, Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA RODRIGUES, Paulo C. Médico Veterinário, Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA AGUIAR, Paulo L. Médico Veterinário, Especialista, Professor Assistente da Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA FERREIRA, Eduardo T. Aluno de graduação do curso de Medicina Veterinária da ULBRA Bolsista de Iniciação Científica (PROICT ULBRA) CANELLAS, Leonardo Aluno de graduação do curso de Medicina Veterinária da ULBRA Bolsista de Iniciação Científica (FAPERGS) ROSA, Antonio Augusto G.; MARQUES, Pedro R.; LOURENZEN, Guilherme; GUSSO Francisco; LOPES, Ricardo Mônaco Alunos de graduação do curso de Medicina Veterinária da ULBRA Data de recebimento: 28/07/05 Data de aprovação: 24/10/05 Endereço para correspondência: Av. Farroupilha, Canoas, RS. Bairro São José. Prédio 14 Sala 127. CEP: Carlos Gottschall. carlosgott@cpovo.net RESUMO O trabalho realizado em 2004/05 no Centro experimental da ULBRA envolveu 70 animais, sendo 58 vacas de 1ª cria (VC) e 12 vacas solteiras (VS), com objetivo de avaliar diferentes protocolos de sincronização sobre a taxa de prenhez de vacas de corte. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos: GI-Testemunha; GII-Ovsynch; GIII-dia0- implante intravaginal de progesterona (P4) + 2mg de benzoato de estradiol Veterinária Veterinária em em Foco Foco - v.3, n.1, Canoas maio/dez v. 3 n.1 maio/dez p
2 (BE), dia7-retira implante, dia8-1mg de BE; GIV-dia0-implante intravaginal de P4 + 2mg de BE, dia7-retira implante, dia8-0,5mg de cipionato de estradiol. No dia ZERO (20/12) os animais do GI foram entourados e os demais grupos submetidos aos respectivos protocolos. No dia 27/12, todas VC tiveram seus terneiros removidos por 60 horas. A inseminação em tempo fixo (IATF) ocorreu no dia 29/12. Um dia após a IATF os animais foram reagrupados em lote único permanecendo com um touro até 28/ 02/05. Foram analisados condição corporal (ECC), peso ao início do acasalamento (PI), peso final (PF) em 05/04/05, ganho médio diário (GMD) entre 20/12 e 05/04 e taxa de prenhez (TP). A TP foi de 58,6% para a categoria VC e 83,3% para a VS (p= 0,11). A TP foi de 68,4%; 70,6%; 66,7% e 43,8%, respectivamente para GI, GII, GIII, GIV (p= 0,35). O ECC, PI e PF entre vacas prenhes e vazias foram de 3,0 x 2,5; 433,55 Kg x 360,73 Kg e 431,77 Kg x 365,12 Kg; respectivamente (p<0,01). Entre as categorias VC e VS as variáveis ECC, PF e GMD foram de 2,7 x 3,3 (p<0,01); 396,76 Kg x 456,58 Kg (p<0,05) e -0,044 Kg x 0,241 Kg (p<0,01), respectivamente. Conclui-se que os diferentes protocolos de sincronização de estro não influenciaram na taxa de prenhez. As fêmeas que emprenharam apresentaram maior escore de condição corporal e foram mais pesadas ao inicio e final do experimento. Palavras-chave: desempenho reprodutivo, acasalamento, estro, inseminação artificial. ABSTRACT The experiment was conducted during 2004/2005 at the Centro Experimental da ULBRA with 70 animals. The study evaluated the reproductive performance in beef cows according to the estrus synchronization protocols. The primiparous cows group (PC) was composed of 58 females and the open cows group (OC) was composed of 12 animals. The cows were distributed randomly in 4 treatments groups: GI-Control group; GII-Ovsynch; GIII-day0-progesterone (P4) intravaginal implant + 2mg of estradiol benzoate (EB), day7-take the implant out, day8-1 mg de EB; GIV-day0-P4 intravaginal implant + 2 mg de EB, day7-take the implant out, day8-0,5 mg of estradiol cypionate (EC). On the day ZERO (12/20), the animals belonging to the GI were put with a bull and the other groups were submitted to the respective estrus synchronization protocols. On the day 12/27, whole VC group had their calves apart during 60 hours. The Fixed Time Artificial Insemination (FTAI) was done in 12/29 and one day latter, the animals were put together at the same place, staying all groups with one bull untill 02/28/05. It was analyzed body condition score (BCS), weight at the beginning of mating (WBM) and at the end of mating (WEM), avarage weight gain (AWG) between 12/20 and 04/05 and pregnancy rate (PR). The PR was 58,6% to the PC group and 83,3% to the VS group (p= 0,11). The PR was 68,4%; 70,6%; 66,7% e 43,8%, respectively for the treatments 56 v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
3 groups GI, GII, GIII, GIV (p= 0,35). The BCS, WBM and WEM, between the pregnant and not-pregnant cows, were 3,0 x 2,5; 433,55 Kg x 360,73 Kg and 431,77 Kg x 365,12 Kg; respectively (p<0,01). Between the PC and VS groups, the variables BCS, WEM and AWG were 2,7 x 3,3 (p<0,01); 396,76 Kg x 456,58 Kg (p<0,05) e -0,044 Kg x 0,241 Kg (p<0,01), respectively. Therefore, it is possible to conclude that the different estrus synchronization protocols did not influence the PR. The females that got pregnant showed higher body condition score and they were heavier at the beginning and at the end of mating. Key words: reproductive performance, mating, estrus, artificial insemination. INTRODUÇÃO A baixa rentabilidade apresentada pela pecuária de corte atual tem forçado o pecuarista a buscar melhores índices reprodutivos em seu rebanho (RESTLE et al., 2002). Desta forma, elevados índices de produção, associados à alta eficiência reprodutiva, devem ser metas que norteiam os técnicos e criadores a alcançarem melhor produtividade e satisfatório retorno econômico na atividade (BARUSELLI e MARQUES, 2002). A biotecnologia da sincronização de estros se torna assim uma ferramenta importante no processo de otimização da eficiência reprodutiva de vacas de corte. Através da sincronização de estros em bovinos consegue-se concentrar mais animais em estro em um curto espaço de tempo, inseminar um grande número de animais em período de tempo estabelecido, reduzir o período de parição, padronizar terneiros facilitando práticas de manejo e comercialização, adequar períodos de lactação na vaca de leite e adequar a utilização de alimentos disponíveis de acordo com a época de ano e categorias animais (GREGORY, 2002). Atualmente existem numerosos protocolos de sincronização de estro e de ovulação e cada um deles tem suas vantagens e desvantagens. Por isso, o médico veterinário deve ter um conhecimento profundo sobre a fisiologia reprodutiva do bovino para determinar qual é o método mais adequado para os diferentes ambientes e animais com que se irá trabalhar (BÓ et al., 2004). De uma maneira geral, dentre os programas existentes, podemos dividir os protocolos para sincronização da ovulação visando a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em aqueles que utilizam a combinação entre hormônio liberador de Gonadotropina (GnRH) e prostaglandina F2á (PGF), chamados protocolos Ovsynch (PURSLEY et al., 1995); e os que utilizam dispositivos com progesterona (P4). De acordo com Cutaia et al. (2003), a seleção do protocolo mais adequado para um determinado rodeo dependerá não só de fatores fisiológicos, tais Veterinária em Foco - v.3, n.1, maio/dez
4 como vaca com cria, solteira, novilhas primíparas, animais em anestro ou ciclando, etc, mas também de outras variáveis como destreza do veterinário na palpação retal, dinheiro disponível por fêmea para gastar no tratamento, disponibilidade de mão de obra qualificada, instalações e, principalmente, o objetivo do programa de manejo do estabelecimento. Entretanto, independente do protocolo que será utilizado, o objetivo sempre será o mesmo: otimizar a eficiência reprodutiva do rebanho bovino. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito dos diferentes tratamentos para sincronização de estro sobre a eficiência reprodutiva de vacas de corte inseminadas em tempo fixo. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na Estação Experimental da Universidade Luterana do Brasil (CE-ULBRA), localizada no município de Montenegro (RS), durante as datas de 20/12/04 à 05/04/05. Foram utilizadas 70 fêmeas manejadas em campo nativo, sendo 58 vacas de 1ª cria (VC) e 12 vacas solteiras (VS). Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos: GI-Testemunha; GII-Ovsynch; GIII-Benzoato de estradiol (BE) e GIV- Cipionato de estradiol. O número de animais para as diferentes categorias e tratamentos se encontram na Tabela 1. Tabela 1. Distribuição dos tratamentos, com respectivo número e categorias po grupo. TRATAMENTO Testemunha Ovsynch Benzoato Cipionato Total Categoria Vaca com cria Vaca solteira Total O GI (formado por 19 vacas) não recebeu tratamento hormonal, sendo as fêmeas entouradas no dia ZERO (20/12). Os demais animais foram submetidos aos seus respectivos protocolos, como segue abaixo: Ovsynch: No dia ZERO foi administrado ao GII um análogo do GnRH, seguida de uma injeção de PGF 7 dias depois e uma injeção de GnRH 36 a 48 horas depois da PGF (prostaglandina F2á), sendo realizada a IATF após 15 a 24 horas após a segunda aplicação de GnRH. Benzoato de Estradiol: O tratamento para o GIII constou na aplicação de 2 mg de Benzoato de estradiol (EB) por via intramuscular (IM) junto com a colocação do dispositivo intravaginal de progesterona (P4) (Cronipress Biogenesis), ambos no dia ZERO. Após 7 dias foi retirado o implante e administrado PGF e um dia após foi aplicado 1 mg de EB. A IATF foi realizada entre horas após a remoção do dispositivo. 58 v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
5 Cipionato de Estradiol: No dia ZERO, o GIV recebeu um implante intravaginal de P4 mais 2mg de BE. Após 7 dias foi retirado o implante e no dia seguinte foi aplicado 0,5mg de cipionato de estradiol (ECP) por via IM. No dia 27/12, todas VC tiveram seus terneiros removidos por 60 horas. A IATF ocorreu no dia 29/12. Um dia após a IATF os animais foram reagrupados em lote único permanecendo com um touro até 28/02/05. A análise estatística foi realizada a partir do software SPSS 10.0, sendo a taxa de prenhez (TP) testada pelo qui-quadrado. A comparação das variáveis escore de condição corporal (ECC), peso ao início do acasalamento (PI), peso final (PF) em 05/04/05, ganho médio diário (GMD) entre 20/12 e 05/04 entre os diferentes grupos de tratamento foi avaliada pela Análise de Variância (one-way ANOVA). Essas mesmas variáveis (ECC, PI, PF e GMD) também foram analisadas entre animais prenhez e vazios através do teste t de Student. O diagnóstico de gestação foi realizado por palpação retal 70 dias após o término da estação de acasalamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO As taxas de prenhez referente aos diferentes protocolos de sincronização de estro se encontram na Tabela 2. Tabela 2 - Taxa de prenhez (TP) dos diferentes grupos submetidos a seus respectivos tratamentos de sincronização de estro. Grupos N TP (%) GI (Testemunha) 19 68,4 GII (Ovsynch) 17 70,6 GIII (Benzoato de estradiol) 18 66,7 GIV (Cipionato de estradiol) 16 43,8 TOTAL 70 62,9 Não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre os tratamentos. Não houve diferença estatística significativa da taxa de prenhez (p>0,05) entre os diferentes grupos submetidos à sincronização de estro e inseminados em tempo fixo. O mesmo ocorreu quando foi comparado o desempenho reprodutivo dos diferentes grupos de tratamento em relação ao grupo testemunha (Tabela 3). Veterinária em Foco - v.3, n.1, maio/dez
6 Tabela 3 - Comparação da taxa de prenhez (TP) dos diferentes grupos em relação ao grupo testemunha. Comparação entre Grupos TP (%) Valor de p GI X GII 68,4% x 70,6% 0,999 GI X GIII 68,4% x 66,7% 0,999 GI X GIV 68,4% x 43,8% 0,185 Não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre os tratamentos. Resultados diferentes ao deste trabalho foram reportados por Martinez et al. (2000), onde utilizando Progesterona (P4) e Benzoato de estradiol (EB) em fêmeas lactantes, o autor encontrou diferença na taxa de prenhez entre o grupo testemunha e os animais tratados com seu respectivo protocolo, sendo a TP de 38% e 76%, respectivamente. A TP obtida pelo GII foi de 70,6%. Este resultado é superior ao encontrado por Stevenson (2000), que encontrou taxas de prenhez entre 26 e 55% em gado Bos taurus utilizando GnRH e prostaglandina F2á (PGF). Outros estudos usando o protocolo Ovsynch, porém em vacas zebuínas com cria, também apresentaram taxas de prenhez inferior ao do presente trabalho, oscilando entre 42 e 48% (BARROS, 2002; WILLIAN et al., 2002). Com relação ao tratamento com EB, a TP apresentada pelo GIII foi de 66,7%. Esta prenhez está acima da verificada por Colazo (1999), onde avaliando o uso de P4 e estradiol em vaquilhonas cruza Bos taurus x Bos indicus com CIDR -Controlled internal drug release-(1,9 g de P4), verificou uma TP de 54,1%. Resultado semelhante ao verificado neste experimento é apresentado por Martinez et al. (2000) em um estudo com 84 vacas de corte lactantes sincronizadas com P4 e EB e inseminadas em tempo fixo. Este autor atingiu taxas de prenhez em torno de 63 %. Maiores taxas de prenhez, utilizando o mesmo protocolo do GIII, foram encontradas por Lammoglia et al. (1998), onde a TP foi de 86% em novilhas que receberam 0,38 mg de benzoato de estradiol. Martinez et al. (2002) também relata melhor resposta reprodutiva em um experimento com novilhas tratadas com CIDR e EB, sendo a TP dessas novilhas de 78,8%. De acordo com Cutaia et al. (2001) os animais ovulam aproximadamente após 66 horas da remoção do dispositivo (implante). Por isso, a IATF no GII foi realizada entre horas após a remoção do implante. Uma menor resposta reprodutiva expressa por animais tratados com ECP em relação ao EB foi verificado por Ogando et al. (2005). Entretanto, em um experimento para comparar o desempenho reprodutivo de vaquilhonas tratadas com Cipionato de estradiol (ECP), Cutaia et al. (2005) reporta resultados superiores. Este autor obteve uma TP de 63,2% quando utilizou o ECP 24 horas após a retirada do DIB (dispositivo intravaginal com progesterona). Em outro estudo, Giacusa et al. (2005) também alcança melhores taxas de prenhez (54,0%) em fêmeas com ECC de 2 a 2,5 tratadas com ecg (gonadotrofina corionica eqüina) no dia da retirada do DIB, 60 v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
7 mais 0,5 mg de ECP após 24 horas. No presente trabalho o GIV apresentou uma TP de 43,8% Como podemos notar através dos resultados obtidos no presente trabalho e da literatura citada, existe uma vasta revisão citando diferentes tipos e técnicas de protocolos para sincronização de estro com suas respectivas respostas reprodutivas, sendo algumas satisfatórias e outras não. Com isso, conhecer os diferentes fatores que afetam a porcentagem de prenhez na IATF é fundamental e essencial. Segundo Gottschall (2002), o estado corporal do animal está intimamente ligado à fertilidade do mesmo. Com isso, os benefícios da sincronização de estro visando a IATF só serão atingidos caso o estado corporal das fêmeas não esteja comprometido. Logo, um correto manejo nutricional na propriedade é imprescindível, uma vez que as características reprodutivas são de baixa herdabilidade e, conseqüentemente, são muito mais influenciadas pelo meio (VASCONCELOS, 1999). Humblot et al. (1996) sugerem que os animais tenham um escore de condição corporal mínimo de 2,5 (escala de 1 a 5) para obter bons resultados de prenhez. A Tabela 4 mostra as diferentes variáveis produtivas de cada grupo tratado. Tabela 4 - Avaliação do escore de condição corporal (ECC), peso inicial (20/12/2004) e final (05/ 04/2005) e ganho médio diário (GMD) no período entre os diferentes grupos de tratamento. TESTEMUNHA OVSYNCH BENZOATO CIPIONATO N Média N Média n Média N Média ECC 19 2,8 ± 0, ,7 ± 0, ± 0, ,8 ± 0,500 Peso ,21 ± 57, ,24 ± 76, ,00 ± 50, ,50 ± 67,99 20/12/04 Peso ,68 ± 61, ,70 ± 76, ,33 ± 50, ,31 ± 67,53 05/04/05 GMD 19 0,033 ± 0, ,052 ± 0, ,063 ± 0, ,002 ± 0,331 Não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre os tratamentos. Nota-se que não houve diferença significativa do ECC, PI, PF e GMD entre diferentes grupos submetidos ao tratamento de sincronização de estro. No entanto, quando essas variáveis são comparadas apenas entre animais prenhes e não prenhes (Tabela 5), a diferença estatística passa a existir em nível de 1%. Como é possível observar na Tabela 4, os animais que emprenharam foram justamente aqueles com um ECC superior (p<0,01), revelando uma relação entre ECC e desempenho reprodutivo de vacas de corte. Veterinária em Foco - v.3, n.1, maio/dez
8 Tabela 5 - Comparação do escore de condição corporal (ECC), peso inicial (PI) e final (PF) e ganho médio diário (GMD) no período entre vacas prenhes e não-prenhes. Variáveis Prenhez N Média Desvio-padrão ECC Não Prenhes 26 2,58 a 0,524 Prenhes 44 3,02 b 0,429 PI (20/12/2004) Não Prenhes ,73 a 55,84 Prenhes ,55 b 48,55 PF (05/04/2005) Não Prenhes ,12 a 53,47 Prenhes ,77 b 55,78 GMD Não Prenhes 26 0,041 0,199 Prenhes 44-0,017 0,278 a,b. Médias na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, diferem significativamente entre si (p<0,01). O resultado apresentado neste e em outros trabalhos (HUMBLOT et al., 1996; SHORT et al., 1990) sugerem que animais provenientes de cruzas Bos taurus x Bos indicus tenham um ECC em torno de 3 para apresentarem uma resposta reprodutiva satisfatória. Esses resultados vão ao encontro dos obtidos por Cutaia (2003), o qual também verificou uma melhora no desempenho reprodutivo com o aumento do ECC. Além disso, como podemos verificar na tabela 4, o PI (433,55 kg) e o PF (431,77 kg) das vacas prenhes também foram significativamente maiores (p<0,01) que o PI e PF das vacas não prenhes (360,73 kg e 365,12 kg, respectivamente). Esta mesma relação entre peso e taxa de prenhez encontrada neste estudo foi constatada em vários outros trabalhos, mostrando que quanto maior o peso ao início do acasalamento (neste caso, o PI), maiores serão as taxas de prenhez alcançadas pelos animais (BERETTA e LOBATO, 1996; PEREIRA NETO e LOBATO, 1998; ROCHA e LOBATO, 2002; ROVIRA, 1996). Entretanto, é importante salientar que embora o manejo nutricional e o estado corporal exerçam forte influencia sobre o desempenho reprodutivo, existem outras variáveis que também são determinantes na eficiência reprodutiva de vacas de corte, tais como raça, idade, genética e estado fisiológico (vaca seca, vaquilhona, vaca com cria, etc) (Short et al., 1990). Fernades et al. (2001), em um experimento avaliando a TP de vacas de corte em anestro, reforça claramente a idéia de que o estado fisiológico do animal é extremamente importante quando se quer sincronizar cio em vacas de corte. O estudo revelou uma TP de 14,9% em 67 vacas tratadas com o protocolo Ovsynch, mostrando que este tipo de tratamento não é eficiente para fêmeas em anestro, devendo ser usado somente em animais com altas taxas de ciclicidade. O mesmo ocorreu no presente trabalho, onde as vacas com cria ao pé (as quais geralmente se encontram em anestro devido ao efeito da amamentação e mal manejo nutricional do gado de cria) apresentaram uma TP inferior às vacas solteiras, sendo de 58,6% e 83,3%, respectivamente (Tabela 6). 62 v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
9 Tabela 6 - Taxa de prenhez de vacas de cria (VC) e vacas solteiras (VS). CATEGORIA N TP (%) VC (Vaca com Cria) 58 58,6 VS (Vaca Solteira) 12 83,3 TOTAL 70 62,9 Não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre os tratamentos. Esses resultados diferem dos encontrados por Cutaia et al. (2003), em que utilizando a IATF em fêmeas cruza britânica e zebuína obteve uma TP de 48% para vacas solteiras e 55,9% para vacas com cria. Outro fator importante para o sucesso de protocolos de sincronização de estro em vacas com cria é a realização do desmame temporário. Estes autores, em um estudo avaliando o efeito do desmame temporário na taxa de prenhez de vacas nelore lactantes inseminadas em tempo fixo e com um ECC de 3,0 (escala de 1 a 5), encontrou uma TP de 52,9% contra 44,8% para as fêmeas que permaneceram com sua cria ao pé, mostrando que a utilização do desmame temporário quando associado a um tratamento hormonal com dispositivos de P4 e estradiol, são ferramentas muito valiosas para melhorar a resposta reprodutiva de vacas com cria. A Tabela 7 vem a complementar a Tabela 6 através da comparação de variáveis produtivas entre as vacas com cria e as vacas solteiras. Tabela 7 - Comparação do escore de condição corporal (ECC), peso inicial (20/12/2004) e final (05/04/2005) e ganho médio diário (GMD) no período entre vacas com cria ao pé e vacas solteiras. Variáveis Categoria n Média Desvio-padrão ECC VC (Vaca com cria) 58 2,740 a 0,477 VS (Vaca solteira) 12 3,317 b 0,478 PI (20/12/2004) VC (Vaca com cria) ,414 60,579 VS (Vaca solteira) ,083 66,052 PF (05/04/2005) VC (Vaca com cria) ,759 A 58,351 VS (Vaca solteira) ,583 B 66,225 GMD VC (Vaca com cria) 58-0,044 a 0,231 VS (Vaca solteira) 12 0,241 b 0,218 a,b. Médias na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, diferem significativamente entre si (p<0,01). A,B. Médias na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, diferem significativamente entre si (p<0,05). Analisando esta tabela, pode-se notar que as vacas solteiras obtiveram melhor ECC (p<0,01), maior PF (p<0,05), maior GMD no período (p<0,01) e maior taxa de prenhez do que as vacas com cria ao pé. Rovira (1996) explica este melhor desempenho por parte das vacas solteiras através das Veterinária em Foco - v.3, n.1, maio/dez
10 exigências nutricionais dos animais nas diferentes fases produtivas, ou seja, a vaca seca é uma categoria que apresenta uma exigência nutricional menor, sendo mais fácil atingir melhor desenvolvimento que fêmeas com cria ao pé, as quais são altamente exigentes do ponto de vista nutricional. CONCLUSÕES O desempenho reprodutivo dos animais não sofreu influencia dos diferentes protocolos de sincronização de estro utilizados. Vacas com melhor escore de condição corporal e maior peso ao inicio do acasalamento alcançaram maiores taxas de prenhez. Vacas solteiras apresentaram melhor escore de condição corporal e maior ganho médio diário durante o período de estudo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a DASPPET Distribuidora de produtos Veterinários, BIOGENESIS BRASIL e TORTUGA pelo apoio através da doação de Prostaglandina F2alfa, GnRH e implantes intravaginais de progesterona para o uso experimental. REFERÊNCIAS BARROS, C. M. Sincronización del estro y ovulación em cebuínos. Disponível em < Acesso em 28 de setembro de BARUSELLI, P. S.; MARQUES, M. O. Programas de sincronização da ovulação em gado de corte. In: Anais do I Simpósio de Reprodução Bovina. Porto Alegre, p.41-60, BERETTA, V.; LOBATO, J. F. P. Efeitos da ordem de utilização de pastagens melhoradas no ganho de peso e comportamento reprodutivo de novilhas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.25, n.6, p , BÓ, G. A, CUTAIA, I.; BARUSELLI, P. S. Programas de inseminación artificial y transferência de embriones a tiempo fijo. In: 1º Simpósio Internacional de Reprodução Animal. Biotecnologia da Reprodução em Bovinos. Londrina, Paraná, Outubro, p.56-81, v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
11 COLAZO, M. G.; BÓ, G. A.; ILLUMINANT, H.; MEGLIA, G.; SCHMIDT, E. E.; BARTOLOMÉ, J. Fixed-timed artificial insemination in beef cattle using CIDR-B devices, progesterone and estradiol benzoate. Theriogenology, v.51, p.404, CUTAIA, L.; MORENO, D.; VILLATA, M. L.; BÓ, G. A. Synchrony of ovulation in beef cows treated with progesterone vaginal devices and estradiol benzoate administered at device removal or 24 hours later. Theriogenology, v. 55, p. 408, CUTAIA, L.; VENERANDA, G.; TRÍBULO, R.; BÓ, G. A. Inseminación artificial a tempo fijo utilizando dispositivos intravaginales com progesterona: Critérios para la elección del tratamento y factores condicionantes. In: II Simpósio de Reprodução Bovina. Porto Alegre, Setembro, p.28-40, CUTAIA, L.; BALLA, E.; BÓ, G. A. Efecto del momento de la administración de benzoato o cipionato de estradiol para inducir la ovulación em vaquillonas tratadas com DIB e inseminadas a tiempo fijo. In: VI Simposio Internacional de Reprodución Animal, Córdoba, Argentina, p 394, FERNANDES, P.; TEIXEIRA, A. B.; CROCCI, A. J.; BARROS, C. M. Timed artificial insemination in beef cattle using GnRH agonist, PGF2á and estradiol benzoate (EB). Theriogenology, v.55, p , GIACUSA, N.; CUTAIA, L.; BÓ, G. A. Efecto de la utilización de cipionato de estradiol como inductor de ovulación aplicado al momento Del retiro de um dispositivo com P4 o 24 h mas tarde sobre los porcentajes de preñez em vacas com cria. In: VI Simposio Internacional de Reprodución Animal, Córdoba, Argentina, p. 404, GOTTSCHALL, C. S. Desmame de terneiros de corte. Como? Quando? Por quê? Ed. Agropecuária, Guaíba. 2002, 139p. GREGORY, R. Métodos de sincronização de estros em bovinos. In: Anais do I Simpósio de Reprodução Bovina. Porto Alegre, p.41-60, HUMBLOT, P.; GRIMARD, B.; MIALOT, J. P. Sources of variation of postpartum cyclicity, ovulation and pregnancy rates in suckled beef cows treated with progestagen and PMSG. Proc. Soc. Theriogenology Meeting, Kansas City, USA, p MARTÍNEZ, M. F.; ADAMS, G. P.; BERGFELT, D.; MAPLETOFT, R. J. Induction of folicular wave emergence for estrus synchronization and artificial insemination in heifers. Theriogenology, v.54, p , MARTÍNEZ, M. F.; KASTELIC, J. P.; ADAMS, G. P.; COOK, B.; OLSON, W. O.; MAPLETOFT, R. J. The use of a progesterone-releasing device (CIDR- B) or melengestrol acetate with GnRH, LH, or estradiol benzoate for fixedtime AI in beef heifers. J. Anim. Sci., v.80, p , Veterinária em Foco - v.3, n.1, maio/dez
12 OGANDO, P. P.; SCHLABITZ, P. E.; OLIVEIRA, G. H.; MACHADO, T. M. P.; BORGES, J. B. Avaliação de protocolos de IATF utilizando CIDR, Benzoato de estradiol ou Cipionato de estradiol em vacas de corte. In: VI Simposio Internacional de Reprodución Animal, Córdoba, Argentina, p. 411, PEREIRA NETO, O. A.; LOBATO, J. F. P. Efeitos da ordem de utilização de pastagens nativas melhoradas no desenvolvimento e comportamento reprodutivo de novilhas de corte. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.27,n.1,p.60-65,1998. PURSLEY, J. R.; MEE, M. O.; WILTBANK, M. C. Synchronization of ovulation in dairy cows using PGF2á and GnRH. Theriogenology, v.44, p , PURSLEY, J. R.; WILTBANK, M. C.; STEVENSON, J. S.; OTTOBRE, J. S.; GARVERICK, H. A.; ANDERSON, L. L. Pregnancy rates per artificial inseminations for cows and heifers inseminated at a synchronized ovulation or synchronized estrus. J. Dairy Sci; v.80, p , RESTLE, J.; NEUMANN, M.; BRONDANI, I. L.; FILHO, D. C. A.; DA SILVA, J. H. S.; GONÇALVES, J. M.; KUSS, F. Produção do superprecoce a partir de bezerros desmamados aos 72 ou 210 dias de idade. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.31, n.4, p , ROCHA, M. G.; LOBATO, J. F. P. Avaliação do desempenho reprodutivo de novilhas de corte primíparas aos dois anos de idade. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p , ROVIRA, J. Manejo nutritivo de los rodeos de cria em pastoreo. Ed. Hemisfério Sur Montevideo, Uruguay. 288p SHORT, R. E.; BELLOWS, R. H.; STAIGMILLER, R. B.; BERARDINELLI, J. G; CUSTER, E. E. Physiological mechanisms controlling anestrus and infertility in postpartum beef cattle. J. Anim. Sci. v.68, p , STEVENSON, J. Sincronización de celos y ovulaciones en ganado bovino de carne y de leche. Disponível em < congresos> Acesso em 28 de setembro de VASCONCELOS, J. L. M. Avaliação do protocolo de sincronização de ovulação ovsynch e de fatores relacionados à associação de produção de leite e taxa de concepção. Jaboticabal, 1998, 128p. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. WILLIANS, S. W.; STANKO, R. L.; AMSTALDEM, M.; WILLIANS, G. L. Comparison of three approaches for synchronization of ovulation for timed artificial insemination in Bos indicus influenced cattle managed on the Texas gulf coast. J. Anim. Sci. v.80, p , v.3, n.1, maio/dez Veterinária em Foco
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