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Transcrição

1 BÍBLIA Esta palavra Bíblia, que em Latim e em Grego se escreve da mesma maneira, significa originariamente papiro que era uma forma de papel na antiguidade, feito com as folhas de uma planta que se criava em terrenos inundados. Portanto quando se fala em Bíblia entendemos que é o Livro por excelência, ou o conjunto de livros que contém a História da salvação, isto é, as Sagradas Escrituras. Estes Livros chamam-se Sagrados porque foram escritos sob a Inspiração de Deus, e chamam-se Canónicos porque estão devidamente organizados numa lista a que se dá o nome de Cânon. A Bíblia está dividida em duas grande partes principais : Antigo Testamento que vai desde a história da criação do mundo até ao nascimento de Cristo. Ver : Antigo Testamento. Novo Testamento que começa com o nascimento de Cristo e nos conta a sua missão na terra, a fundação da Sua Igreja e a sua expansão pelo mundo, começada pelos Apóstolos. Ver : Novo Testamento. A Bíblia não é apenas um livro, mas uma colecção de livros, escritos especialmente em hebreu ou grego por vários autores e em diversos tempos. A Bíblia é a Revelação de Deus ao Seu povo, escrita sob a inspiração do Espírito Santo e comunicada em ordem à providência de Deus, que destinou o homem para um fim sobrenatural. De harmonia com os decretos divinos, era necessário que a vontade de Deus fosse sobrenaturalmente revelada, que Deus fosse conhecido, e se manifestassem a bondade e o amor de Deus. Deus falou aos homens e falou-lhes pela boca de homens escolhidos para esse fim. A palavra de Deus tornou-se, portanto, linguagem humana sem deixar de ser Palavra de Deus, como o Filho de Deus se fez homem sem deixar de ser Deus. E, como Cristo, também a Palavra de Deus se sujeitou às limitações e condicionamentos da palavra humana, excepto no erro formal : l)- Condicionamentos de tempo. Os Livros da Bíblia são fruto do seu tempo. Por isso, se quisermos conhecer e interpretar a mensagem de Deus, temos de conhecer o tempo e as circunstâncias históricas em que foi escrito cada um desses Livros. 2)- Condicionamentos de espaço. Uns nasceram na Arábia e outros na Palestina; uns no mundo helénico e outros no Império Romano; cada qual com o ambiente próprio, e o livro é filho também do ambiente que o viu nascer. 3)- Condicionamentos de raça. Os Livros da Bíblia procedem quase todos da raça semita e mais concretamente do Povo Judeu, que tem um modo de pensar e de se exprimir muito diferentes do nosso, que é preciso conhecer para entender a Palavra de Deus. 4)- Condicionamentos de cultura. Além da cultura, também da mentalidade e da ciência dos autores que trabalharam na composição dos Livros sagrados. Alguns livros levaram séculos a formar-se e são obra de muitos autores com mentalidades e cultura diferentes, e embora estivessem inspirados, não foram privados da sua personalidade. Nesta ordem de ideias, ocorrem-nos à mente muitas perguntas a respeito da Bíblia. Os Textos da Bíblia A Palavra de Deus no A. Testamento foi transmitida através da Tradição e da Sagrada Escritura. Com Cristo, a Palavra em pessoa, começa uma Nova Revelação : o Evangelho. E os encarregados de transmitir esta Palavra são os Apóstolos, que dão origem à Tradição Apostólica e que os Evangelistas, mais tarde, inspirados pelo Espírito Santo, recolhem e fixam por escrito, dando assim origem à Sagrada Escritura do Novo Testamento, através da qual a Palavra chega até nós. Por isso, diz o Concilio Vaticano II :

2 - A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas elas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim.(d.v.9). À Igreja compete guardar este depósito da fé contido na Sagrada Tradição e na Escritura, interpretá-lo autenticamente e expô-lo fielmente, A Bíblia influenciou toda a história da civilização. Das suas leis evoluíram e se desenvolveram os códigos legais de muitas civilizações do Médio Oriente e do Ocidente. O seu tema principal é a História da salvação, em que todos nós temos a nossa parte. Porque esta história está impregnada da história de Israel, não há civilização mais estudada e mais conhecida do que a do Médio Oriente, Hoje milhões de pessoas lêem a Bíblia, na procura de orientação para os seus descendentes através dos tempos. O próprio mundo moderno com toda a sua sofisticação, precisa de um aumento espiritual que só lhe vem da leitura da Palavra de Deus. A Bíblia é um dos mais bem preservados manuscritos da Tradição que se conhecem. Enquanto o mais antigo manuscrito da literatura Greco-Romana ( Júlio César, por exemplo), datam do século IX ou X, o Santuário do Livro em Jerusalém, guarda o mais velho texto de Isaías com, aproximadamente anos Comparado este texto de Isaías de mais de dois milénios antes de Cristo com os rolos do século X da nossa era, logo encontramos a diferença. Milhares de Escribas, durante dois milénios e meio consideraram a Palavra de Deus tão altamente sagrada, que se deram ao trabalho de fazer dela cópias com a maior exactidão possível. Os antigos escreveram as suas cópias em Papiros que eram folhas de plantas coladas. Depois os Gregos e os Romanos, colaram-nos uns aos outros para fazerem os rolos maiores. Que dificuldade havia, portanto, para preservar tais documentos sagrados... Depois apareceu a alternativa das peles de cabrito e de outros animais como base de escrita. O manuscrito de Isaías atrás citado está escrito em dezassete faixas de peles, - ligadas umas às outras e que perfazem um total de seis metros e meio de comprido por vinte e seis centímetros e meio de largo. O texto está escrito em colunas. No século XX fizeram-se importantes descobertas. A mais importante foi a dos rolos do mar morto. São reminiscências de uma biblioteca completa, e foram encontrados acidentalmente em 1947 por um pastor beduíno. Esta descoberta foi feita ao lado das ruínas do mosteiro de Qumran, onde viviam os monges de uma seita judaica chamada "os Essenos". Entre estes rolos há fragmentos de seiscentos manuscritos do A. Testamento, com excepção do livro de Ester. O mais importante deles é um rolo completo de Isaías. E todos estes manuscritos são mil anos mais antigos do que a mais velha cópia descoberta até então. Antes destes rolos de Qumran, tinham sido encontrados outros, cerca de duzentos, perto da Judeia, na fortaleza de Masada. Textos de manuscritos de um século a.c. e outros do século VI da nossa era, são cópias do mesmo texto Masorético, o que prova a fidelidade dos Escribas na transmissão da Palavra de Deus através dos tempos. Todos os Livros do A. Testamento têm uma longa história do seu desenvolvimento. Cada sinagoga tinha um conjunto completo de manuscritos, copiados do mesmo original em peles de animais e em forma de rolo. No século I, depois da queda de Jerusalém, um grupo de Judeus, em conjunto, deu a forma final ao texto, a partir dos manuscritos que escaparam à destruição do templo no ano 70. O texto de Isaías, do rolo de Qumran é o mesmo que chegou ao tempo de Cristo.

3 Este e outros textos estão de acordo com o texto Masorético que é o texto oficial dos Judeus ainda hoje. O texto Masorético é assim chamado, segundo uma palavra hebraica masoret que significa Tradição. Quando a comunidade judaica passou para o Helenismo, o hebreu caiu em desuso e tiveram que fazer uma tradução em aramaico que se chama Targums que significa Versão. O hebreu sagrado ficou para o culto e o Targums era usado diariamente. Os Setenta (LXX) é uma tradução grega do Hebreu do A. Testamento, do segundo século a.c. feita, segundo a Tradição, por setenta peritos da Alexandria, no Egipto. Além destes textos havia ainda outros em outras línguas, como o Pentateuco samaritano e outros manuscritos usados no Médio Oriente. Modernamente, quando se fazem traduções da Bíblia, consultam-se todos os manuscritos, no sentido de poder dar a cada palavra o mais verdadeiro sentido que for possível. Quem escreveu a Bíblia? A Bíblia é um conjunto de livros e a respeito de muitos deles nada se sabe do seu autor; não sabemos quem foram os seus autores. E para alguns a quem a Tradição atribui autores, têm surgido muitas dificuldades. É o caso, por exemplo, dos cinco primeiros livros hebreus, o chamado Pentateuco, ou conjunto de cinco Livros, a que os Judeus chamavam também Torah, ou livro da Lei. Não conhecemos o seu autor, mas a Tradição atribui-os a Moisés. Contudo, Moisés é sempre referido na terceira pessoa. Além disso, no último destes cinco livros, no Deuteronómio, descreve-se a morte de Moisés. Fica portanto ainda a dúvida de quem teria sido o seu autor. Os modernos intérpretes e peritos em temas bíblicos, confirmam a grande antiguidade de muitas das Tradições do Pentateuco. Acredita-se que os seus livros são de autoria de mais que um escritor. Na verdade, muitos intérpretes e peritos nestes assuntos argumentam que o texto, tal como chegou até nós, é uma composição ou mistura de antigas Tradições. O processo de combinar essas Tradições começou nos fins do segundo milénio a.c. e acabou cerca de 500 anos mais tarde. No N. Testamento o Pentateuco é apenas referido como o livro da Lei: - Maldito aquele que não cumpre todas as prescrições do Livro da Lei.(Gal.3/10). E, às vezes, simplesmente com A Lei : - Mas agora, é sem a Lei que está manifestada a justiça de Deus testificada pela Lei e pelos Profetas. (Rom. 3/16). Torah : uma palavra que tem dois significados distintos : 1)- A Lei, preceito ou revelação divina incluída na literatura judaica. 2)- Lei de Moisés, contida no Pentateuco. No seu sentido mais vulgar significa a revelação contínua (sem fim) de Deus através da Tradição judaica e da sua interpretação. No sentido mais estrito significa apenas os Livros do Pentateuco que foram atribuídos a Moisés. Bíblia Hebraica A Bíblia Hebraica compreende muitos e diferentes géneros de literatura. Tradicionalmente é dividida em três grandes secções : * Torah, A Lei. * Neviim, Os Profetas. * Ketuvim, Os Escritos, isto é, os outros géneros literários. As primeiras letras destas designações deram origem ao tradicional acrónimo judeu TANAK, para as Escrituras. Os três grupos reflectem o processo de "canonização" (ou inserção em Cânone) em que estes escritos foram reconhecidos como Escritura. Os cinco livros do Torah foram universalmente reconhecidos por meados do século V a.c. Mas foi só durante o século I da nossa era que a versão final dos Profetas e dos Escritos foram "canonizados".

4 A Igreja Cristã continuou a agrupar os cinco livros do Torah num só conjunto como Pentateuco, mas estabeleceu uma ordem diferente, como livros Históricos, Profetas e Escritos Na versão cristã, as narrativas desde o Génesis até ao Livro de Ester, foram agrupadas numa imperfeita ou irregular ordem cronológica. Todavia, os livros Poéticos e Proféticos não foram ordenados cronologicamente. Esta falta de sequência histórica pode causar uma certa confusão ao leitor dos Profetas, uma vez que as suas palavras fazem referência muitas vezes a acontecimentos históricos. Por exemplo, o livro de Amós aparece como oitavo entre os Livros dos Profetas. Mas cronologicamente ele precedeu Isaías mais de uma geração, e precedeu Jeremias, Ezequiel e Daniel várias gerações. Quando o leitor chega ao N. Testamento, dá-se também com algumas das mesmas confusões de cronologia. Embora os quatro Evangelhos descrevam o primitivo período da Cristandade, eles não foram escritos em primeiro lugar no N. Testamento. As cartas de S. Paulo foram os primeiros escritos do N. Testamento, datando de cerca dos meados do primeiro século da nossa era, enquanto os Evangelhos e os outros escritos foram, evidentemente escritos entre 70 e 100 da nossa era. Desde o terceiro século a.c. muitos Judeus, especialmente no Egipto, desejaram ler as Escrituras, mas conheciam mal a língua hebraica. Para satisfazer os seus desejos, começou então a árdua tarefa de traduzir o texto hebreu para o grego, que era uma língua largamente difundida e falada por todo o mundo helenista. Foi por essa altura que apareceram várias lendas a respeito da tradução, chamada dos Setenta. (LXX). Quando apareceu ao público a tradução dos Setenta, já o texto hebreu era muito pouco usado. Muitos trabalhos de História, de Sabedoria e Profecias das Escrituras, não apareciam nos Cânones Judeus; todavia, as primitivas comunidades cristãs aceitaram os Setenta como forma oficial do A. Testamento. Quando no século IV S. Jerónimo fez a tradução para o latim e que ficou conhecida como Vulgata ele fez a tradução dos textos hebraicos (manuscritos), deixando os textos dos Setenta para segundo lugar. Chamou a esses textos Apócrifos, isto é, postos de parte ou afastados da autoridade canónica. Dada a importância da Bíblia e dado o cuidado que é preciso ter na sua leitura e divulgação, há vários departamentos relacionados com a Bíblia : Comissão Bíblica O título oficial deste grupo é, em Latim Pontifícia Comissio de re Bíblica, isto é : Pontifícia Comissão Bíblica (Comissão Pontifícia para os assuntos Bíblicos. Foi fundada pelo Papa Leão XIII quando publicou a Carta Apostólica Vígilantiæ em 30 de Outubro de A sua finalidade é a de que : A Sagrada Escritura em toda a parte entre nós receba o mais elaborado tratamento que os tempos requerem e seja preservada intacta, não só de qualquer espécie de erro, mas também de qualquer temerária opinião. Com base neste departamento há muitos outros espalhados pelo mundo, com a mesma finalidade. Sociedades Bíblicas Foram fundadas por toda a parte Sociedades Bíblicas, com a finalidade de promover a leitura, o estudo e meditação da Bíblia. A Encíclica Divino aflante Spiritu foi dedicada ao estudo moderno da Bíblia. Estes grupos devem estar sob a direcção de competentes e religiosas autoridades. Instituto Bíblico de Jerusalém É uma Escola Bíblica fundada em Jerusalém pelos Dominicanos, especialmente Lagrange, em 1889 e publica quatro vezes ao ano uma Revista Bíblica. Instituto Bíblico Pontifício

5 Foi fundado pela Carta Apostólica Vinea Electa de 7 de Maio de 1909 de Pio X. A sua finalidade é a de promover a leitura e o estudo da Bíblia ao mais alto nível. Publica quatro vezes ao ano a revista BÍBLICA e a ORIENTÁLIA, e duas vezes por mês o Boletim de Teologia Bíblica. Este Instituto é o centro dos altos estudos da Escritura e promove as ciências Bíblicas dentro do Espírito da Igreja. Pretende sobretudo a formação de professores para o ensino das Escrituras nos Seminários e outros Institutos religiosos, faz um trabalho especial dentro da arqueologia e estuda também os campos orientais. Este Instituto pode conferir o Doutoramento em Sagrada Escritura, depois de um estudo intenso durante cinco anos. Está radicado em Roma, com acesso à Biblioteca do Vaticano e tem também uma biblioteca especializada com mais de volumes. Algumas Curiosidades Bíblicas A maior parte destes factos, um tanto curiosos, é geralmente aceite por todos os intérpretes e peritos da Bíblia, embora alguns estejam ainda em debate. * Número de Livros da Bíblia hebraica * Estes livros são tradicionalmente divididos ou catalogados em três partes principais : Torah (ou Lei), Profetas, Narrativas. * Número de Livros de versão Protestante pertencentes ao A. Testamento 39 * Número de Livros de versão Católica do A. Testamento. 39 * Número de Livros Apócrifos * A Bíblia nunca foi apenas um livro mas sim uma colecção de livros ( rolos de Papiro ou Pergaminho) até ao século IV. * A Bíblia foi dividida no século XVI, após a sua publicação em letra de imprensa, em capítulos e versículos, como existe ainda hoje. * Número de Capítulos dos 39 Livros do A. Testamento 929 * Número de Versículos * Número de palavras (Este número refere-se à língua inglesa porque, noutras línguas será sensivelmente diferente). * Número de Livros do N. Testamento * Capítulos do N. Testamento * Número de Versículos * Número de palavras (em inglês) * O mais pequeno Livro do A. Testamento é o livro de Abdias, com um só capítulo e 21 versículos. * O mais pequeno livro do N. Testamento é a 2 a Carta de S. João com um só capítulo e 13 versículos. * O mais curto versículo da Bíblia é do Evangelho de S. João, capítulo 11, versículo 35 : Jesus chegou. * O mais longo versículo da Bíblia é do livro de Ester, capítulo 8, versículo 9, em que descreve o Império Persa : - Foram, então, chamados os secretários do rei, no dia vinte e três do terceiro mês, que é o mês de Sivan. E eles, conforme as instruções de Mardoqueu, escreveram aos judeus, aos sátrapas, aos governadores e aos chefes das cento e vinte e sete províncias situadas entre a Índia e a Etiópia, a cada província na sua escritura e língua, e aos judeus na sua própria escritura e língua.(est.8/9).(74 palavras na versão portuguesa). * O mais antigo versículo da Bíblia, é de uns fragmentos do Cântico de Débora. * Os mais recentes versículos da Bíblia são do Evangelho de S. João que foram escritos cerca do ano 100. * O nome Yahweh (ou Lord), aparece 865 vezes na Bíblia. * O nome Jesus aparece 700 vezes nos Evangelhos e nos Actos dos Apóstolos. * Nas Epístolas Jesus aparece apenas 70 vezes. * O nome Cristo aparece 60 vezes nos Evangelhos e nos Actos dos Apóstolos e 240 vezes nas Epístolas e no Apocalipse. Eis o que nos diz, entre outras muitas coisas, o Catecismo da Igreja Católica sobre a Bíblia :

6 58. - A aliança de Noé esteve em vigor enquanto durou o tempo da gentilidade, até à proclamação universal do Evangelho. A Bíblia venera algumas grandes figuras das "nações" como "o justo Abel", o rei-sacerdote Melquisedec, figura de Cristo, ou os justos "Noé, Daniel e Job" (Ez 14/14). Deste modo, exprime a Escritura o alto grau de santidade que podem atingir os que vivem segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo "reúna, na unidade, todos os filhos de Deus dispersos"(jo.ll/52). A Bíblia não é um Livro para se ler de ponta a ponta como quem lê um romance ou um livro de História, porque isso faria logo perder todo o interesse e se tornaria uma leitura muito maçadora e fastidiosa. Para quem nunca leu a Bíblia deve começar por ler um bom resumo em que se apresentam ou contam as linhas gerais, em ordem mais ou menos cronológica os acontecimentos bíblicos. Modernamente há boas publicações de livros sobre a Bíblia, que ilustram cada um dos factos, tanto do Antigo como do Novo Testamento com pinturas ou desenhos muito sugestivos. Isto serve para os leitores identificarem os factos com as ilustrações e depois, pelas ilustrações, identificarem e reproduzirem os factos. Para começar é preferível ler primeiro o Novo Testamento, porque, se o leitor frequenta a Igreja, tem oportunidade de ouvir muitas vezes na homilia da missa, contar algum dos factos de que fala a sua Bíblia ilustrada. E depois de estar um pouco familiarizado com os factos do Novo Testamento, começará então a familiarizar-se com os do Antigo Testamento da sua Bíblia ilustrada. Finalmente, depois de bastante familiarizado com os factos referentes às ilustrações da Bíblia completa, já pode fazer um aprofundamento, lendo a descrição completa da Bíblia referente a cada uma das ilustrações, e, neste caso, ou começa pelo princípio ou dá preferência aos factos que mais o impressionam, ou que vêm a propósito por qualquer motivo. Esta caminhada leva o seu tempo, mas será muito proveitosa porque desperta cada vez mais interesse pela leitura da Bíblia, e assim, pouco a pouco, adquire-se um conhecimento muito mais profundo. Resta apenas uma pergunta : * Qual a Bíblia que se deve possuir para uma boa leitura? Deve ser uma boa edição Católica, porque a edição católica tem ao funda da página notas explicativas, que interpretam o verdadeiro sentido de alguns textos difíceis. Para se poder ler a Bíblia com proveito, é preciso ter em conta várias coisas, que estão apresentadas no seu devido lugar, e por ordem alfabética, como : * Inspiração da Bíblia. * Interpretação da Bíblia. * Inerrância da Bíblia. * Sentido Alegórico da Bíblia. * Sentido Literário da Bíblia. * Sentido Místico da Bíblia. A Bíblia é o Livro de Deus, que é o seu Autor, e é também o livro da Igreja, a cuja guarda e interpretação Deus a confiou, e é também o Livro do Cristão. A sua leitura não é indispensável para a salvação, senão não se podiam salvar os que não sabem ler. O Magistério da Igreja é que é fundamental. Mas isso não diminui o valor dos textos sagrados, nem deve fazer diminuir o amor dos cristãos pela Palavra de Deus, contida na Bíblia. Ela é uma carta que o Pai celeste nos envia com a sua mensagem que são as suas exortações, conselhos e ensinamentos. Por esta razão a Santa Igreja nos exorta a sua leitura e meditação. S. Jerónimo, Santo Agostinho e todos os grandes luminares da Igreja foram leitores e estudiosos assíduos da Bíblia. A Bíblia deve-se ler : * Com espírito religioso.

7 * Ler a Bíblia deve ser entrar em contacto com Deus; é, portanto, uma oração. Daqui se conclui que as disposições devem ser as mesmas que se recomendam para a oração : humildade, recta intenção, pureza de coração, desejo de praticar a virtude e de maior união a Deus. * Para formação religiosa. Longe de nós, ao ler a Bíblia, a vã curiosidade de buscar novidades. Longe de nós o espírito crítico, que se prende a ninharias e despreza o que verdadeiramente importa, que é a formação religiosa. * Para receber a mensagem de Deus. Não nos preocupemos com questiúnculas formais, mas busquemos antes entender o melhor que pudermos a doutrina que Deus nos quis comunicar, e aceitar as orientações da Igreja para podermos melhor conhecer e receber a Mensagem de Deus. Lugares da Bíblia O Cristianismo foi uma nova ideia ou uma nova realidade que surgiu em certa altura da história antiga de modo que, pela sua importância, deu origem a um novo Calendário, baseado no nascimento de Jesus Cristo. Aconteceu no tempo e desenvolveu-se através das cidades e dos lugares antigos que já existiam. Portanto a história do desenvolvimento da Cristandade é muitas vezes feita pela história das cidades, isto é, os factos mais importantes do Cristianismo tiveram lugar em cidades que, por isso mesmo passaram a ser o lugares importantes da Bíblia. Vamos denominar as cidades mais importantes mas, sobre elas, algo mais desenvolvido aparecerá no seu lugar por ordem alfabética. Temos, portanto: Acco, o antigo porto da cidade de Ptolomaida, era um dos melhores portos da Palestina. Alexandria, centro espiritual do mundo helénico. Antioquia, capital da província romana da Síria foi, segundo a tradição, a cidade onde o Cristianismo e o Judaísmo se começaram a separar. Atenas, hoje capital da Grécia, foi a cidade que Paulo visitou na sua segunda viagem missionária cerca do ano 50, e que nessa altura era apenas uma sombra do que tinha sido 500 anos antes. Azoto, tal como a sua cidade irmã Ascalon, foi um importante centro de comércio do Leste do Mediterrâneo. Betânia, era um lugar nos subúrbios de Jerusalém, como o é ainda hoje, perto do Monte das Oliveiras, e onde viviam Lázaro e as suas irmãs, Marta e Maria. Belém, uma aldeia ao sul e Jerusalém, onde nasceu Jesus, mas que era já sagrada para o Judeus de muitos séculos. Cafarnaum, a cidade de Jesus durante o seu ministério na Galileia. Corinto, cidade onde Paulo permaneceu por mais de um ano e onde fundou uma importante comunidade cristã. Cesareia, uma nova cidade da Judeia, fundada no primeiro século por Herodes o Grande. Cesareia de Filipe, aldeia para onde foi Jesus com os seus discípulos no fim do seu ministério da Galileia. Damasco, um importante centro da Síria, profundamente ligado com a conversão de Paulo. Éfeso, cidade famosa pelos seus mágicos e fabricantes de santuários pagãos, um esplêndido porto do mar Egeu e um lugar de uma esplêndida missão. Emaús, a aldeia onde Jesus se deu a conhecer a dois discípulos logo depois da sua ressurreição. Esmirna, uma cidade na Ásia Menor e de que fala João no seu Apocalipse com um porto no mar Egeu, extremamente perigosa para os primeiros cristãos. Filipe, a primeira cidade da Macedónia visitada por Paulo. Gadara, um centro da cultura grega na Palestina, antes do tempo de Jesus e onde se deu a cura de um possesso. Herodium, onde o rei Herodes o Grande construiu uma luxuriosa cidadela no topo da encosta a sudeste de Jerusalém.

8 Jericó, segundo reminiscências arqueológicas, era uma das mais antigas cidades do mundo, fundada cerca de anos antes. Jerusalém, cidade conquistada por David cerca do ano a.c., tornou-se a capital do Reino de Israel. Jope, há evidências de que a sua fortaleza data do século XVIII a.c. e foi conquistada pelos egípcios em 1468 da nossa era. Lida, antigo nome helénico de Lod e cidade antiga fundada pela tribo de Benjamim. Listra, fundada anos a.c., e cidade Licaónia na Ásia Menor, foi a primeira fortaleza romana contra as tribos da região. Malta, antiga ilha do Mediterrâneo, antes chamada Melita pelos fenícios, e onde esteve Paulo. Masada, o planalto onde se formou a mais dramática resistência dos Judeus contra os Romanos. Megido, cidade ao norte da Palestina onde, segundo o Apocalipse, se deu a catástrofe final da batalha do bem contra o mal. Nazaré, aldeia onde viveu a Sagrada família durante toda vida oculta de Jesus, mesmo depois da morte de S. José. Pafos, a capital de Chipre Romana, famosa como centro de culto à deusa Afrodite, a deusa do amor. Patmos, lugar das visões místicas de S. João, descritas no seu Apocalipse. Pérgamo, talvez a mais espectacular e formosa das cidades helénicas da Ásia Menor, tornou-se a base do poder Romano da Ásia. Pisídia, cidade montanhosa que nunca foi inteiramente subjugada pelos exércitos que invadiram a Ásia, através da história. Qumran, as grutas onde um beduíno encontrou em 1947 importantes documentos da Bíblia: Roma, a cidade que já existia 500 anos a.c. e se tornou o centro da vida Católica. Samaria, aparentemente a maior cidade fundada pelos Hebreus, na pessoa do rei Omri cerca do ano 880 a.c.. Sardes, dramaticamente colocada no pináculo de uma montanha da Ásia Menor, tornou-se famosa como capital do reino da Lídia no tempo de Croesus. Sidónia, tal como Tiro na Fenícia, foram importantes portos de comércio e de política. Tarso, cidade onde nasceu Saulo que se converteu em Paulo e onde voltou 10 anos depois. Tessalónica, a capital da Macedónia e onde Paulo fundou uma dais suas muitas comunidades. Tiberias, a maior cidade da Galileia e que se tornou um grande centro da cultura hebraica. Tiro, um porto marítimo da Fenícia, a 30 Km de Sidónia, cujos navegadores chegaram a Espanha e à Bretanha. Relacionado com a Bíblia, ver também : - Antigo Testamento. Cânon das Escrituras. Como ler a Bíblia. Criação. Copistas. Escritores Sagrados. Escrituras. Exegese. Hermenêutica. História Literária do A. Testamento. História Literária do N. Testamento. História da Salvação. Inerrância. Inspiração. Interpretação. Livros da Bíblia. Lugares da Bíblia. Novo Testamento. Pontifícia Comissão Bíblica. Revelação. Sagrada Escritura na Igreja. Sagrada Escritura do Antigo Testamento. Sagrada Escritura do Novo Testamento. Sentidos das Escrituras. Setenta(LXX). Testamento. Torah. Tradição. Transmissão da Palavra de Deus. Verdade (na S. Escritura). Vulgata.