Capítulo I 1 - INTRODUÇÃO Bíblia / Formação do Cânon / Citações / Subdivisões
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- Esther Palhares Dreer
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1 1 - INTRODUÇÃO Capítulo I Bíblia / Formação do Cânon / Citações / Subdivisões Bíblia fruto da experiência entre Deus e o Povo Hoje qualquer pessoa pode ir a uma livraria e comprar o Livro mais famoso do mundo: a Bíblia Sagrada. Ela foi traduzida para quase todas as línguas, sendo que há quem afirme existir tradução impressa em mais de línguas diferentes. Bíblia não é uma palavra que tem origem na língua portuguesa. Ela vem da palavra grega biblos (papiro/livro=coleção de livros). De fato, num único livro chamado Bíblia temos uma coleção de 73 livros. Eles foram escritos por muitos autores humanos inspirados por Deus. A Bíblia nasceu da união entre Deus, que se comunica e o povo, que o descobre nos acontecimentos da vida, na história. Dois Testamentos, a herança de Deus para nós A Bíblia é formada por dois grandes blocos, chamados Testamentos. Nós conhecemos a palavra testamento. E o que é um testamento? É um ato pessoal, unilateral, gratuito e solene, pelo qual alguém, com observância da lei, dispõe de seus bens após a morte, em favor de filhos ou outra pessoa. A palavra testamento aplicada à Bíblia aparece na Carta de São Paulo Apóstolo aos Gálatas (Gl 3,15-17) e na Carta aos Hebreus (Hb 9,15-17), para dizer que somos herdeiros de uma promessa que foi feita por Deus diretamente a Abraão e seus descendentes. Abraão faz parte do Primeiro Testamento e Jesus Cristo, do Segundo Testamento. Convencionou-se chamar o Primeiro Testamento de Antigo Testamento desde o tempo de Paulo (2Cor 3,14), por volta do ano 54 a.c. A maioria dos livros dessa parte da Bíblia é aceita por judeus e cristãos, enquanto o Segundo Testamento é aceito somente pelos cristãos e é conhecido como Novo Testamento. O Antigo Testamento constitui a primeira e maior parte da Bíblia. É formada pelos livros que foram escritos antes do nascimento de Jesus, aproximadamente entre os anos a.c. e 50 a.c. Sendo que o livro da Sabedoria foi o último a ser escrito. Na Bíblia usada pelos cristãos de confissão católica, foram mantidos 46 (quarenta e seis) livros no Antigo Testamento. Como será visto mais adiante. O Novo Testamento é a segunda parte da Bíblia, traz os escritos feitos depois do nascimento de Jesus, os quais falam sobre este e as primeiras comunidades cristãs. Começaram a ser escritos cerca de vinte anos depois da morte de Jesus Cristo e concluídos por volta do ano 100 d.c. São 27 livros, aceitos por todas as igrejas de denominação cristã. Lugares onde foi escrita a Bíblia De fato, os livros da Bíblia foram escritos não só em lugares diferentes, mas às vezes o mesmo livro começou a ser escrito em um lugar e foi completado, copiado ou revisado, muitas vezes recebendo acréscimos em outro. Grande parte dos livros do Antigo Testamento foram escritos na terra de Israel, onde se formou e viveu o povo de Israel, lugar onde Jesus nasceu, viveu, ensinou, morreu e segundo a fé cristã, ressuscitou. Porém alguns livros foram escritos fora de Israel: na Babilônia, no Egito, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, lugares onde se espalharam os judeus e as comunidades cristãs primitivas. Pela diversidade de autores e lugares, podemos imaginar a variedade de riquezas, costumes, culturas, situações socioeconômicas, políticas e religiosas que se refletem em cada livro. Estes autores por sua vez sofreram influência de outros povos na maneira de viver e transmitir a mensagem de Deus à humanidade, com um novo olhar e uma nova forma. Se os autores eram de lugares diferentes, muitos falavam e escreviam em línguas diferentes. Entre elas destacamos o hebraico, o aramaico e o grego que costumamos chamar de línguas bíblicas. No Antigo Testamento, foram escritos em hebraico todos os livros chamados protocanônicos; algumas pequenas partes foram redigidas em aramaico: Jr 10,11; Dn 2,4b-7,28; Esd 4,8-6,18; 7, E em grego, apenas os Livros da Sabedoria e o Segundo Livro de Macabeus. Porém foram conservados em grego os Livros de Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico e o Primeiro Livro dos Macabeus, Todos esses livros foram escritos originalmente em hebraico ou aramaico, mas chegaram até nós, apenas as suas traduções gregas. No Novo Testamento, todos os livros foram escritos em grego. Nota: Protocanônicos são os livros que estão nas três Bíblias (hebraica, católica e protestante). Isto é, aqueles livros que foram considerados inspirados por Deus, sempre e por todos. Deuterocanônicos são os livros cuja inspiração foi objeto de debate e que são aceitos por uns e rejeitados por outros. Encontram-se somente nas Bíblias católicas.
2 Cânon Bíblico é a lista de todos os livros da Bíblia. A palavra cânon vem de cana que era usada como metro, medida. Depois a palavra passou a ser usada também para significar norma, regra de verdade ou de fé. Os livros da Bíblia foram chamados de canônicos a partir do século IV porque foram reconhecidos como normativos para a fé e a vida dos fiéis. Existem para o AT dois cânones: Cânon Alexandrino com 46 livros, presentes na Bíblia Católica; Cânon Palestinense com 39 livros presente nas Bíblias Hebraica e Protestante. 2 Materiais utilizados para escrever a Bíblia A Bíblia muito antes de ser escrita foi vivida. Os fatos e as experiências do povo foram guardados na memória e recontados pelos pais e filhos, de geração em geração. Isso ocorreu no chamado período das tradições orais, que durou aproximadamente mil anos. Quando a Bíblia começou a ser escrita, ainda não existia o papel impresso como nós o conhecemos hoje, pois ele é uma descoberta de pouco mais de 500 anos atrás (acredita-se que Gutemberg por volta de 1455 tenha imprimido a primeira Bíblia, sendo que 01 (um) dos 46 exemplares desta época se encontra na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro). Porém no início os livros da Bíblia eram escritos em placas de argila, papiro e pergaminho. O Papiro: Já era conhecido no Egito anos antes de Cristo, era usado não só para escrever, como para fabricar cestos e barcos (Ex 2,3 e Is 18,2). Papiro é uma planta que cresce na água, em regiões quentes, tem caules longos que podem chegar a 4m (semelhante a nossa tabôa ). Seu caule é cortado em tiras, colocada uma do lado da outra prensadas e trançadas. O Pergaminho: Foi inventado na cidade de Pérgamos, na Ásia, da qual vem o nome. Era feito do couro de animais, cordeiros e ovelhas, depois de seco e raspado, era preparado para a escrita em rolos. Na segunda Carta a Timóteo (2Tm4,13), Paulo refere-se aos pergaminhos, também por exemplo em Lc 4, Outros materiais: No tempo em que a Bíblia começou a ser escrita, usavam-se outros materiais, como tabuinha de argila,chapas de pedra, paredões de pedra, jarros de cerâmica. O povo antigo registrava nestes materiais os fatos importantes da sua história. Escrita cuniforme em placa de barro. Planta que se extrai papiro Pedaço de Pergaminho Os manuscritos hebraicos mais antigos que se conheciam, datavam do século IX e X d.c., e eram cópias dos primeiros cinco livros da Bíblia, isto é, do Pentateuco. Em 1947, ocorreu a grande descoberta dos manuscritos do mar Morto, provenientes da biblioteca de um grupo religioso judaico que floresceu em Qumrã, junto ao mar Morto, mais ou menos no tempo de Jesus. Estes documentos são, portanto, cerca de mil anos mais antigos que os manuscritos antes conhecidos do século IX -X d.c. Contém cópias de todos os livros do Antigo Testamento hebraico, exceto o livro de Ester. Os manuscritos do mar Morto são muito importantes porque contêm essencialmente o mesmo texto dos manuscritos dos séculos IX-X d.c. Isso mostra que o texto do Antigo Testamento mudou pouquíssimo no decorrer de mil anos. Os copistas fizeram bem poucos erros e alterações. Naturalmente em algumas poucas passagens usam palavras e expressões diferentes e às vezes não é mais possível saber exatamente o que as palavras hebraicas queriam significar. Mas, de qualquer modo, podemos confiar que o Antigo Testamento, tal como o temos hoje, é substancialmente idêntico ao que foi escrito pelos seus autores há muitos séculos. Como se formou o Antigo Testamento? Não é possível saber com certeza como o Antigo Testamento veio a constituir a coleção de livros que hoje conhecemos. Mas sabemos que livros incluía, pouco antes do nascimento de Jesus, e os livros que Jesus e os apóstolos consideravam como sua Bíblia.
3 ~1.800 ac Abraão Os Judeus distribuíam seus livros sagrados em três grupos: Tanak Lei (T), que compreendia os primeiros cinco livros do Antigo Testamento. 3 Os Profetas (N), que continham não só as mensagens de homens tais como Amós, Jeremias, Isaías e outros, mas também os livros históricos isto é Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel etc. Foram incluídos nesta seção porque não apresentam só os fatos e também o sentido da história como Deus a vê. Os Escritos (K), compreendiam os livros sapienciais como Provérbios, Eclesiastes, Jó, e alguns livros históricos escritos em época posterior, como Esdras, Neemias e Crônicas, além de um livro profético, Daniel. Como se formou o Novo Testamento? Sabe-se que entorno ao ano 200 d.c. a Igreja usava oficialmente os quatro evangelhos e não outros, embora circulassem lendas fantasiosas sobre Jesus, escritos de outros líderes cristãos que sucederam aos apóstolos (os chamados Apócrifos). A grande tradição da Igreja aceitou claramente só os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João como autoridade sobre a vida e os ensinamentos de Jesus. Linha do tempo com os escritos Bíblicos: Jesus Cristo ac 50 ac 50 dc 100 dc Composição do A.T. Composição do N.T. Como encontrar uma citação em um dos 73 Livros da Bíblia Ao virar as páginas da Bíblia talvez tenha chamado a atenção a grande quantidade de números maiores e menores espalhados nelas. Os números são muito importantes para ajudar a encontra um texto da Bíblia. Porém não nasceram com ela. Foram colocadas mais tarde para facilitar o manuseio. Quando os textos foram escritos não traziam títulos, subtítulos e divisão em capítulos e versículos. Nem havia notas de rodapé e as introduções em cada livro. Em 1.226, Estevão Langton, arcebispo de Cantuária e professor da Universidade de Paris, teve a idéia de dividir os livros em capítulos numerados. A divisão em versículos foi feita por volta do ano dc. Antes de prosseguir pegue a Bíblia, abra-a e verifique as informações dadas. Procure localizar: A introdução de um livro; Os títulos e subtítulos do livro cuja introdução você localizou; As notas explicativas no pé da página; O primeiro e o último livro do Antigo e do Novo Testamento; Quantos capítulos traz o livro de Isaías e quantos versículos têm o capítulo 42 de Isaías. a) Abreviações: Todos os livros da Bíblia têm sua abreviatura. Por exemplo, Mc corresponde ao livro de Marcos, ou Evangelho de Marcos, que está no Novo Testamento. Veja no final ou no início da Bíblia a relação das abreviações dos livros. Exemplo na carta de São Paulo aos Colossenses (da Bíblia Pastoral): Procurar as coisas do alto 1 Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. Explicando: O número grande (3) corresponde ao capítulo, e os pequenos ( 1 e 2 ) correspondem aos versículos, o escrito em negrito é o título, que também não faz parte do texto sagrado e varia em cada edição/tradução. Como citar e interpretar uma citação:
4 4 (, ) A vírgula separa o capítulo dos versículos. (. ) O ponto indica a citação de um versículo apenas. ( s ) Indica a leitura do versículo citado e o seguinte. ( ss ) Indicam todos os versículos até o fim do capítulo, a partir do versículo citado. ( - ) O hífem indica o espaço da citação (de tal versículo/capítulo a tal). ( ; ) Usado par separar citações diferentes. (a / b / c ) Quando se indica apenas uma parte de um versículo longo, acrescenta-se uma letra ao número que indica o versículo: a início, b meio. c final. Baseados nestas informações analisemos a seguinte citação: Mc 8, ; 9,42-10,12. Deve-se ler no capítulo 8 do Evangelho de Marcos os versículos 27, 28, 29 e 31, e continuar com a seqüência que vai do versículo 42 do capítulo 9 até o versículo 12 do capítulo 10. Salientamos que o modo de fazer citação apresentado, é o usado nas Bíblias de tradução católica, sendo que as traduções usadas por nossos irmãos separados diferem um pouco no modo de citar por exemplo: Mc ou Mc 8:27-29 ou Mc 8, Partilha afetiva: Tínhamos uma Bíblia em casa na nossa infância? O que os adultos falavam sobre ela? Quais histórias bíblicas nos eram contadas, e qual mais nos marcou na infância? Quando você adquiriu ou ganhou sua primeira Bíblia? Breve história do povo de Deus Gênesis significa nascimento, origem. No livro podemos distinguir duas partes: 1. Origem do mundo e da humanidade (Gn 1-11). Os dois primeiros capítulos narram a criação do mundo e do homem por Deus. São duas composições que procuram mostrar o lugar e a importância do homem e da mulher dentro do projeto de Deus: eles são o ponto mais alto (Gn 1,1 a 2,4a) e o centro de toda a criação (Gn 2,4b-25). Feitos à imagem e semelhança de Deus, possuem o dom da criatividade, da palavra e da liberdade. Os capítulos 3-11 mostram a história dos homens dominada pelo mal e, ao mesmo tempo, amparada pela graça. Não se submetendo a Deus, o homem rompe a relação consigo mesmo, com o irmão, com a natureza e com a comunidade, reduzindo a história ao caos (dilúvio) e a sociedade a uma confusão (Babel). 2. Origem do povo de Deus (Gn 12-50). Nesta parte encontramos a história dos patriarcas, as raízes do povo que, dentro do mundo, será o portador da aliança entre Deus e a humanidade. O início da história do povo de Deus é marcado por um ato de fé no Deus que promete uma terra e uma descendência. A promessa de Deus cria uma aspiração que vai pouco a pouco se realizando em meio a dificuldades e conflitos. A missão de Israel é anunciar e testemunhar o caminho que leva a humanidade a descobrir e viver o projeto de Deus: ter Deus como único Senhor, conviver com as pessoas na fraternidade, e repartir as coisas criadas, que Deus deu a todos. Os capítulos apresentam a história de José, preparando já o relato do livro do Êxodo, onde se apresenta a mais grandiosa ação de Deus entre os homens: a libertação de um povo da escravidão. Dois temas ajudarão o leitor a compreender melhor o livro do Gênesis: 1. O bem e o mal: Tudo o que Deus cria é bom (Gn 1 e 2); o mal entra no mundo através da autosuficiência do homem (Gn 3), e se desenvolve e cresce até afogar o mundo, salvando-se apenas uma família (Gn 4-11). Com Abraão inicia-se uma etapa em que o bem vai superando o mal até que, por fim e através do próprio mal, Deus realiza o bem, que é a vida (Gn 12-50). 2. A fraternidade: Através de um fratricídio, a fraternidade é rompida (Gn 4,1-16), desvirtuando o projeto de Deus para os homens. Com isso abrem-se as portas para a vingança sem fim (4,17-24), a dominação (6,1-4), a desconfiança (12,10-20; cf. 20,1-18), a falta de hospitalidade (19,1-29), a concorrência desleal (25,29-34), que gera o medo do irmão (32,4-22), a exploração e a escravidão (31,1-42; 37,12-36). Para essa humanidade ferida Deus repropõe a restauração da fraternidade através de uma comunidade que será bênção para todos os povos (12,1-3). Desse modo, o homem deixará de ser egoísta (13,1-18), aprenderá a perdoar (18,16-33; 33,1-11) e a deixar suas próprias seguranças (22,1-19) para viver de novo a fraternidade (45,1-15). Só assim os oprimidos poderão lutar contra a exploração e opressão, formando uma sociedade justa, na qual haja liberdade e vida para todos (livro do Êxodo). Fonte: Bíblia Edição Pastoral
5 Cenário da maioria dos eventos narrados na Bíblia o Crescente Fértil. 5 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA HISTÓRIA DO POVO DE DEUS Os descendentes de Abraão, por causa de uma grande fome, foram obrigados a emigrar para o Egito, no final do século XVIII a.c. (~1800 a.c.). Instalaram-se nas férteis planícies do rio Nilo. Lá prosperaram e se multiplicaram, realizando a promessa de Deus a Abraão. No início do século XVI a.c., os egípcios conseguiram expulsar muitas tribos invasoras, porém as que permaneceram no Egito, foram escravizadas. Essas tribos que permaneceram, foram obrigadas a trabalhar na construção de muitas cidades e templos. Sendo libertadas por Moisés, aproximadamente no ano 1250 a.c. Fugindo do Egito estas tribos se reuniram nas regiões do monte Sinai, onde celebraram uma Aliança com Deus. Após um ano de permanência
6 6 no Sinai, as tribos que agora formavam um povo, partiram em direção a Canaã, terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes. Os israelitas permaneceram por quarenta anos no deserto, só depois conseguiram tomar a terra que era habitada por muitos outros povos, sobretudo pelos cananeus. A invasão ocorreu na região de Jericó. Moisés como a maioria dos que saíram do Egito, não entrou na terra prometida. Moisés morreu no monte Nebo, na região de Moab. Durante a estadia no deserto do Sinai, muitas leis foram criadas, muitos fatos do passado foram lembrados e recontados às novas gerações. Toda a história da libertação do Egito, o caminho pelo deserto e as leis estão contidos nos livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Josué o sucessor de Moisés, liderou a conquista da terra. A ocupação do território foi um processo longo. Os cananeus ocupavam as regiões mais férteis. Os israelitas foram obrigados a se estabelecer nos espaços livres, isto é, nas montanhas, que não eram tão férteis. Ao entrar no país, Josué renovou com as tribos a Aliança do Sinai, nos montes Ebal e Garizim. (ver o texto de Js 24, 1-28). Provavelmente ali foi criada uma espécie da confederação das tribos israelitas. Ao estabelecer-se em Canaã, os israelitas tiveram que mudar seu estilo de vida. De nômades, tornaram-se sedentários, de pastores transformaram se em agricultores. Além disso, passaram a conviver com outros povos, com culturas e religiões diferentes (politeístas vários deuses; Culto dos Cananeus do deus Baal e deusa Astarte, por exemplo). Estátua de Astarte Do final do séc. XII, até meados do séc XI a.c., os israelitas mantiveram sua organização de tribos confederadas. Cada tribo era independente, mas se reunião nos antigos santuários dos patriarcas (Betel, Siquém, Hebron) para refazer a Aliança e celebrar o Deus que caminhava com o povo. Nos momentos de perigo para uma das tribos, se constituía um chefe militar que organizava uma exercito com homens e algumas outras tribos para combater o inimigo. Estes chefes receberam o nome de Juízes. O Livro de JUÍZES conta a história de doze deles, sendo os mais importantes Gedeão e Sansão. Até aproximadamente o ano a.c, as tribos de Israel permaneceram autônomas, unidas apenas por um passado comum entre elas e pela religião. Mas a ameaça cada vez maior dos Filisteus fez com que procurassem por uma maior unidade. Diante dessa necessidade e vendo que os povos vizinhos possuíam um rei, nasce o desejo de ter um rei. Nasce assim a monarquia de Saul, da tribo de Benjamim, foi escolhido por Deus e ungido pelo Profeta Samuel como o primeiro rei de Israel (1.030 a.c. a a.c.). A princípio Saul foi bem sucedido contra os Filisteus e os Amonitas, as guerra ocuparam quase todo o seu tempo, os textos bíblicos os apresentam como um homem infeliz, ofuscado pelo Profeta Samuel e pelo jovem guerreiro Davi. Com a morte de Saul, os Filisteus retomaram o território, e praticamente dividiram o reino de Israel. Era necessário um monarca que resgatasse a unidade. Davi (1.010 a.c a 970 a.c.) foi escolhido rei, primeiro pelas tribos de sul, em Hebron, e sete anos depois pelas tribos do norte. Davo dominou os Filisteus e ampliou as fronteiras de Israel. Transformou a cidade de Jerusalém a transformou na capital do reino. Sucedeu-lhe o trono seu filho, Salomão (970 a.c a 930 a.c.) homem sábio, político e administrador, construiu o Templo de Jerusalém em 960 a.c. Com a morte de Salomão, as tribos se dividiram em dois reinos independentes político e religiosamente. O Reino do Sul (ou Reino de Judá), com apenas duas tribos, com capital em Jerusalém; e o Reino do Norte, (ou de Israel), com capital na cidade de Samaria. O Reino de Israel durou de 931 a 721 a.c. Durante 210 anos de existência, Israel foi governado por 19 reis, pertencentes a 9 dinastias. Ali viveram e pregaram os Profetas Elias e Elizeu e mais tarde os Profetas Amós e Oséias. Em 721 a.c., o Reino de Israel foi destruído por Sargon II, rei da Assíria, toda a população foi levada para o exílio, como escravos. O Reino de Judá existiu de 931 a 586 a.c. Todos os reis foram descendentes diretos de Davi. No Reino de Judá profetizaram Isaías ( a.c.), Miquéias, Sofonias (630 a.c.), Naum (612 a.c.), Habacuc (600 a.c.) e Jeremias ( a.c.). Suas pregações deram origem aos livros bíblicos que levam seus nomes.
7 7 Em 586 a.c., Nabucodonosor, rei da Babilônia, conquistou Jerusalém. A população foi levada para o exílio, o Templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos. São dessa época as Lamentações. O exílio na Babilônia durou até 538 a.c. Durante esse tempo os sábios judeus releram a história do povo à luz dos acontecimentos, os exilados foram confortados pelo Profeta Ezequiel e depois por um segundo Isaías. Neste período surgiram as Sinagogas, como lugar de encontro e oração, os textos sagrados se tornaram mais importantes. Os sacerdotes reuniram diversos escritos, com as tradições patriarcais, do êxodo e da conquista da terra e redigiram o Documento Sacerdotal, dividindo toda a história em quatro etapas: a criação, a aliança com Noé, a aliança com Abraão e a aliança com Moisés. A história do documento Sacerdotal, bom como a Javista e a Eloísta, encontra-se nos Livros do Gênesis, Êxodo e Números. Em 539 a.c., Ciro, Rei da Pérsia, conquistou a Babilônia. Em 539 a.c., permitiu aos exilados judeus voltarem para sua terra e reconstruir Jerusalém e o Templo. Aqueles que voltaram com muitas dificuldades e incentivado pelos Profetas Ageu, Zacarias, reconstruíram Jerusalém e reconsagraram o Templo em 515 a.c. O domínio Persa durou dois séculos (539 a 332 a.c.). Surgiu então Alexandre Magno (Grego) da Macedônia, que conquistou toda a Ásia, com sua conquista a cultura grega se espalhou, durante todo o século III a.c. (~300 a 200 a.c.) a palestina ficou sob o domínio dos Gregos que estavam sediados no Egito. Nesta época foram escritos os dois livros de Crônicas, Esdra, Neemias, Jó, Eclesiastes, Rute, Jonas. Nesse período pregou o Profeta Joel. Em 198 a.c., os Selêucidas da Síria tomaram o território da Israel. Os judeus, liderados pelos Macabeus, iniciam a luta contra o domínio Sírio. Os dois livros de Macabeus narram a história da revolta e da conquista da independência. Pelo ano 165 a.c. foi escrito o livro de Daniel e entre os anos de 150 a 100 a.c. os livros de Macabeus. O Livro da Sabedoria é o último livro a ser escrito da AT, por volta do ano 50 a.c. O período de independência foi muito curto, marcado por brigas internas entre os descendentes dos Macabeus. No ano de 63 a.c., Israel passou para o domínio Romano. Em 40 a.c. Herodes Magno foi declarado por Roma Rei de Israel, assumindo no ano 37 a.c., reinando até o ano 4 a.c. Durante seu reinado, nasceu Jesus em Belém da Judéia. Jerusalém O Novo Testamento ou Nova Aliança é a parte da Bíblia onde encontramos o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Sua mensagem central é o próprio Filho de Deus, que veio ao mundo para estabelecer a aliança definitiva entre Deus e os homens. Sendo Deus-e-Homem, o próprio Jesus é a expressão total dessa aliança: ele mostra que Deus é Pai para os homens, e como os homens devem viver para se tornarem filhos de Deus. Através de sua palavra e ação, Jesus inaugurou a nova aliança ou, em outras palavras, o Reino de Deus. Esse Reino não é mais aliança com um povo só. É aberto a todos os homens, todos os povos de todos os tempos e lugares. Em Jesus, Deus quer reunir toda a humanidade como uma família em que todos são chamados a viver como irmãos, repartindo entre si todas as coisas. Essa grande reunião, onde tudo é partilha e fraternidade no amor, é o Reino de Deus que, semeado na história, vai crescendo até que se torne realidade para todos. Jesus não deixou nada escrito. Ele pregou, ensinou e praticou o projeto de Deus. Isso fez com que ele entrasse em conflito com a estrutura da sociedade, que o perseguiu, prendeu e matou. Mas Jesus ressuscitou, enviou o Espírito aos seus seguidores, chamados apóstolos e discípulos, e eles continuaram sua missão pregando, ensinando e fazendo como Jesus fazia. Foram eles que escreveram o que encontramos no Novo Testamento. Não pretenderam fazer uma biografia de Jesus, nem história ou crônica da ação dos seguidores dele. Quiseram, em primeiro lugar, anunciar Jesus para que os homens tivessem fé e se comprometessem com Jesus. Fé e compromisso que significam continuar sua palavra e ação, constituindo o Reino. O Novo Testamento agrupa vinte e sete livros, conforme temas e estilos diferentes: Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Cartas e Apocalipse. Os evangelhos são quatro formas de anunciar Jesus, escritas no ambiente de comunidades diferentes. Por isso tratam da pessoa, das palavras e das ações de Jesus de modo ao mesmo tempo semelhante e diferente. Não são biografia ou história, e sim um anúncio para levar à fé em Jesus, isto é, ao compromisso de continuar sua obra, pela palavra e ação. Os Atos dos Apóstolos são a segunda parte do evangelho de são Lucas. Mostram como o anúncio de Jesus e a formação das comunidades cristãs se expandiram, chegando a Roma, centro do mundo naquela época. Aí vemos o sentido da missão cristã: levar a boa nova do Evangelho a todos os homens, para que todos possam tomar conhecimento de Jesus e pertencer ao povo de Deus.
8 8 As cartas ou epístolas são escritos dirigidos às primeiras comunidades cristãs. Elas não só nos dão uma idéia dos problemas dessas comunidades, mas nos ajudam também a ver e superar os problemas em nossas comunidades atuais. O Apocalipse de são João é livro escrito em linguagem figurada, porque se dirige aos cristãos em tempo de perseguição. Apresenta Jesus Ressuscitado como Senhor da história, e mostra como os cristãos devem anunciálo e testemunhá-lo sem medo, enfrentando até mesmo a própria morte. A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS É difícil tirar todo o proveito da leitura dos Evangelhos, se não conhecermos alguma coisa da terra, ambiente e mecanismos da sociedade em que Jesus viveu, há dois mil anos. Isso porque a encarnação do Filho de Deus aconteceu em tempo e lugar determinados, dentro de circunstâncias precisas e bem concretas. Assim, conhecer o contexto em que Jesus viveu não é apenas questão de cultura, mas também, e principalmente, dado necessário para conhecer e avaliar com mais objetividade o que significou a vida, palavra e ação de Jesus. Só assim poderemos perceber melhor o que sua vida, palavra e ação podem significar hoje, no contexto em que vivemos. 1. A TERRA DE JESUS Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil km 2, com 240 km de comprimento e máximo de 85 km de largura (ver mapa). Corresponderia aproximadamente à área do Estado de Sergipe. Do lado oeste, temos o mar Mediterrâneo. A leste, o rio Jordão. A Palestina é dividida de alto a baixo por uma cadeia de montanhas que muito influi no seu clima. Com efeito, na parte oeste, o vento frio do mar, ao chocar-se com a parte montanhosa, provoca chuvas freqüentes, beneficiando toda a faixa costeira. O lado leste das montanhas, porém, não recebe o vento do mar e, conseqüentemente, apresenta clima quente e região mais árida. As terras cultiváveis estão na parte norte, na região da Galiléia e no vale do rio Jordão. A região da Judéia é montanhosa e se presta mais como pasto de rebanhos e cultivo de oliveira.
9 9 A cidade de Jerusalém conta com 50 mil habitantes, e está situada no extremo de um planalto, a 760 m acima do nível do mar Mediterrâneo e m acima do nível do mar Morto. Por ocasião das grandes festas, chega a receber 180 mil peregrinos. 2. A SOCIEDADE DO TEMPO DE JESUS Toda sociedade humana é formada por pessoas e grupos de pessoas unidas entre si por uma rede complexa de relações econômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a pessoa e a ação de Jesus, é necessário examinar as relações sociais que existiam na sociedade daquele tempo. I. Economia As atividades que formam a base da economia no tempo de Jesus são duas: a agricultura e a pecuária (junto com a pesca) de um lado, e o artesanato, de outro. II. Política O poder efetivo sobre a Palestina está nas mãos dos romanos. Mas, em geral, estes respeitam a autonomia interna das suas colônias. A Judéia e a Samaria são dirigidas por um procurador romano, mas o sumo sacerdote tem poder de gerir as questões internas, através da lei judaica. Este, porém, é nomeado e destituído pelo procurador romano. O centro do poder político interno da Judéia e Samaria é a cidade de Jerusalém e o Templo. Com efeito, é do Templo que o sumo sacerdote governa, assessorado por um Sinédrio de 71 membros, composto de sacerdotes, anciãos e escribas ou doutores da Lei. O Sinédrio é o Tribunal Supremo (criminal, político e religioso) e sua influência se estende sobre todos os judeus, mesmo os que vivem fora da Palestina. Nas cidades também existe pequeno aparato político (conselhos locais), dominado de início pelos grandes proprietários de terras e, mais tarde, pelos escribas ou doutores da Lei. Da mesma forma, nos povoados encontramos um conselho de anciãos, que se reúne tanto para decidir sobre questões comunitárias, como para casos de litígio ou transgressão de lei, funcionando como tribunal. Além disso, no campo, as relações de autoridade permanente são as relações familiares. III. Grupos político-religiosos Na sociedade do tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos, que se diferenciam no modo de se relacionar com a política, economia e religião, e que têm grande importância no quadro social da época. 1. Saduceus O grupo dos saduceus é formado pelos grandes proprietários de terras (anciãos) e pelos membros da elite sacerdotal. Têm o poder na mão, e controlam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). Embora não se relacionem diretamente com o povo, são intransigentes em relação a ele, e vivem preocupados com a ordem pública. São os principais responsáveis pela morte de Jesus. Os saduceus são os maiores colaboradores do império romano, e tendem para uma política de conciliação, com medo de perder seus cargos e privilégios. No que se refere à religião, são conservadores: aceitam apenas a lei escrita e rejeitam as novas concepções defendidas pelos doutores da Lei e fariseus (crença nos anjos, demônios, messianismo, ressurreição). 2. Doutores da Lei (escribas) O grupo dos doutores da Lei vai adquirindo cada vez maior prestígio na sociedade do tempo. Seu grande poder reside no saber. Com efeito, são os intérpretes abalizados das Escrituras, e daí serem especialistas em direito, administração e educação. A influência deles é exercida principalmente em três lugares: Sinédrio, sinagoga e escola. No Sinédrio, eles se apresentam como juristas para aplicar a Lei em assuntos governamentais e em questões judiciárias. Na sinagoga, eles são os grandes intérpretes das Escrituras, criando a tradição através da releitura, explicação e aplicação da Lei para os novos tempos. Abrem escolas e fazem novos discípulos. 3. Fariseus Fariseu quer dizer separado. Inicialmente aliados à elite sacerdotal e aos grandes proprietários de terras, os fariseus deles se afastam para dirigir o povo, embora mantenham distância do povo mais simples (que não conhece a Lei). São nacionalistas e hostis ao império romano, mas sua resistência é do tipo passivo. O grupo dos fariseus é formado por leigos provindos de todas as camadas da sociedade, principalmente artesãos e pequenos comerciantes. No terreno religioso, os fariseus se caracterizam pelo rigoroso cumprimento da Lei em todos os campos e situações da vida diária. São conservadores zelosos e também criadores de novas tradições, através da interpretação da Lei para o momento histórico em que vivem. A maior expressão do farisaísmo é a criação da
10 10 sinagoga, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus. Desse modo a sinagoga, com a leitura, interpretação dos textos bíblicos e oração, torna-se expressão religiosa oposta ao sistema cultual e sacrifical do Templo. 4. Zelotas Os zelotas se constituíram a partir dos fariseus. Provêm especialmente da classe dos pequenos camponeses e das camadas mais pobres da sociedade, massacrados por um sistema fiscal impiedoso. São muito religiosos e nacionalistas. Desejam expulsar os dominadores pagãos (romanos), e também são contrários ao governo de Herodes na Galiléia. Querem restaurar um Estado onde Deus é o único rei, representado por um descendente de Davi (messianismo). Nesse sentido, os zelotas são reformistas, isto é, pretendem restabelecer uma situação passada. Enquanto os fariseus se mantêm numa atitude de resistência passiva, os zelotas partem para a luta armada. Por isso, as autoridades os consideram criminosos e terroristas, e são perseguidos pelo poder romano. Entre os apóstolos de Jesus, provavelmente dois eram zelotas: Simão (Mc 3,19) e Judas Iscariotes. Simão Pedro parece adotar certos métodos dos zelotas. 5. Samaritanos Apesar de não pertencerem ao judaísmo propriamente dito, os samaritanos são um grupo característico do ambiente palestinense. Mais ainda que os judeus, observam escrupulosamente as prescrições do Pentateuco. Mas eles não aceitam os outros escritos do Antigo Testamento, nem freqüentam o Templo de Jerusalém. Para eles, o único lugar legítimo de culto é o monte Garizim, que fica perto de Siquém, na Samaria. Esperam o messias chamado Taeb (= aquele que volta). Esse messias não é descendente de Davi, e sim novo Moisés, que vai revelar a verdade e colocar tudo em ordem no final dos tempos. Os samaritanos são considerados pelos judeus como raça impura por serem descendentes de população misturada com estrangeiros. IV. Religião A religião dos judeus no tempo de Jesus está centrada em dois pólos fundamentais: o Templo e a sinagoga. 1. O Templo O Templo é sem dúvida o centro de Israel. É nele que todos os judeus, também os da Dispersão, devem se reunir para prestar culto a Deus. No Templo habita o Deus único, santo, puro, separado, perfeito. Por natureza, os seres humanos e as coisas são profanos, impuros, banais, imperfeitos. A única forma de se purificar é aproximarse de Deus. O homem se torna mais puro quanto mais perto estiver de Deus; quanto mais distante, mais impuro. Percebe-se, então, o poder dos sacerdotes na sociedade judaica: são eles que estão mais perto de Deus e, conseqüentemente, cabe a eles decidir sobre o que é puro e impuro e também o que fazer para se purificar. Essa autoridade dos sacerdotes sobre o povo acaba legitimando e reforçando o Templo, que se torna não só o centro religioso, mas também o centro econômico e político. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possui imensas riquezas (o Tesouro) e toda a cúpula governamental age a partir daí (o Sinédrio). Desse modo, a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso banco e lugar de poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo.
11 11 2. A sinagoga O Templo é o centro de toda a vida de Israel. É o lugar de culto e o povo o freqüenta principalmente por ocasião das grandes festas. Na vida comum, o centro religioso é constituído pela sinagoga, presente até mesmo nos menores povoados. Sinagoga é lugar onde o povo se reúne para a oração, para ouvir a palavra de Deus e para a pregação. Qualquer israelita adulto pode fazer a leitura do texto bíblico na sinagoga, e pode escolher o texto que quiser. Depois da leitura, também qualquer adulto pode fazer a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outros textos. Em geral, exalta-se a Deus e procura-se dar uma formação para a fé do povo, convidando-o o viver segundo a Lei. Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do contexto histórico do séc. I. Quando lemos o texto dos Evangelhos, devemos estar atentos para avaliar corretamente a sua atividade dentro da formação social, econômica, política e religiosa do seu tempo. Só assim a palavra e a ação de Jesus adquirem o relevo concreto para que nós as entendamos melhor e possamos transpor toda a significação que há na pessoa de Jesus para os nossos dias. Não se trata de reduzir toda a mensagem de Jesus ao nível sociopolítico. Mas nem de cair no oposto, reduzindo a mensagem de Jesus ao nível individual e intimista. Margem do Lago de Tiberiades ou Genesaré História do Povo de Deus Linha do tempo Impérios Períodos Eventos Profetas Hegemonia Egípcia Abraão mudou-se de Ur, na Caldéia, para Haran, que fica entre os rios Tigre e Eufrates Atendendo ao chamado de Deus, Abraão foi morar na Palestina, ou Terra de Canaã, a terra que o Senhor lhe havia prometido Jacó e seus filhos foram para o Egito, onde já estava José, que tinha sido vendido pelos irmãos. No começo, enquanto José era Vice-Rei do Egito, os israelitas gozavam de liberdade. Mas, depois de 400 anos, o Povo de Deus estava submetido à dura escravidão na terra dos Faraós O povo de Israel vive em Canaã e no Egito Moisés Êxodo: Moisés liberta o povo da escravidão do Egito e faz Aliança com Deus (decálogo) Conquista das cidades cananéias e organização Juizes das tribos Josué / os Juízes Os Juízes eram líderes que assumiam a defesa de uma ou mais tribo de Israel. Samuel foi o último dos juízes de Israel Início da Monarquia: Saul / Israel Samuel
12 Hegemonia Assíria Domínio Babilônico Domínio Persa (Edito de Ciro) O primeiro Rei de Israel foi Saul, ungido por Samuel. Mas Saul não mereceu a confiança do Povo nem as bênçãos de Deus Davi / Judá e Israel Davi foi ungido Rei e marcou a história do povo de Israel 970 Salomão é sagrado Rei. Tonou-se célebre pela sua grande sabedoria. Foi ele quem começo a 933 cisma político construção do templo de Jerusalém Constituiu-se o Reino do Norte (Samaria) tendo como capital a Samaria e o Reino do Sul (Judá). Tendo com capital Jerusalém (esta cisão vai até o ano 722). 933 Reino do Norte (Israel) Jeroboão I Reino do Sul (Judá) Roboão 886 Reino do Norte (Israel) Omiri Reino do Sul (Judá) Roboão 875 Reino do Norte (Israel) Acab Reino do Sul (Judá) Roboão 841 Reino do Norte (Israel) Jeú Reino do Sul (Judá) Átila 787 Reino do Norte (Israel) Jeroboão II Reino do Sul (Judá) Ozias 746 Reino do Norte (Israel) Manaém Reino do Sul (Judá) Roboão 732 Reino do Norte (Israel) Oséias Reino do Sul (Judá) Acaz 722 Queda de samaria (povo deportado tribos Perdidas os remanescentes são reconhecidos como samaritanos Com o fim do Reino do Norte, começa a haver um só Reino em Israel Natã Aías Elias Elizeu Amós Oséias Miquéias Isaías 716 Reina Ezequias o rei piedoso (por este tempo mais ou menos é fundada a cidade de Roma). 640 Reina Josias, o rei zeloso da Lei de Deus. Sofonias Naun Habacuc Jeremias 609 Reina Joaquim 598 Reina Jeconias 597 Reina Sedecias 586 Queda de Jerusalém, predita pelo profeta Jeremias e destruição do templo. Milhares de Israelitas são deportados para a Babilônia. EXÍLIO 538 Ciro, rei da Pérsia, derrota os babilônios e decreta a volta dos exilados de Israel. O povo hebreu chora ao ver a cidade e o templo destruídos. PÓS-EXÍLIO 520 Reina Zorobabel Ageu e Zacarias unem o povo e o templo é reconstruído segundo templo 458 Reina Esdras Esdras dedica-se a reconstrução da comunidade dos judeus em Jerusalém. Era também escriba e consegui realizar a nova promulgação da lei (Gn, Ex, Lv, Nm, Dt). Ezequiel 2 Isaías Abdias Daniel 3 Isaías Ageu Zacarias Malaquias 12
13 Domínio Grego Domínio Egípicio Domínio Sírio Domínio Romano 445 Reina Neemias Neemias reergue os muros de Jerusalém. 330 Começa um breve período de dominação grega 323 Israel fica sob o domínio dos Egípcios (Dinastia dos Ptolomeus) 200 Começa a famosa tradução do Antigo Testamento para o grego, feita pelos 70 sábios de Alexandria 198 Os judeus ficam sob o domínio dos sírios. (Dinastia dos Selêucidas). 175 Antíoco IV promove forte perseguição religiosa contra os Judeus 167 Os Macabeus oferecem grande resistência 63 Esse ano marca a tomada de Jerusalém por Pompeu 40 Herodes, o grande, é feito rei dos judeus, por vontade dos romanos. Reina até o ano 4 antes de Cristo 20 Nova reconstrução do templo 04 Reina Herodes Antipas Jesus de Nazaré Comunidades cristãs de Jerusalém Joel Jonas Cristãos da diáspora (Antioquia / Roma) Cartas de Paulo Mc 70 Destruição do templo Cartas Pastorais / Hb Cartas católicas MT Lc - At 90 Sínodo rabínico (Jâminia) Ap e Jo BÍBLIA ANTIGO TESTAMENTO Nas Bíblias católicas o Antigo Testamento costuma ser dividido em Livros Históricos, Livros Didáticos ou Poéticos, e livros proféticos. Razões de ordem prática aconselham a conservação desta divisão; considere-se, porém, que ela não corresponde exatamente nem à forma nem ao conteúdo dos livros dentro daqueles grupos. Acontece que entre os Livros Históricos figuram obras que em nada representam uma história no sentido genuíno da palavra, sendo antes «histórias» ou contos edificantes, do gênero de narrações ligeiras, como por exemplo Judite e Tobias. Aqui deveriam formar também Jonas e a maior parte de Daniel, constando ambos de prosa edificante pouco condizente com os autênticos Livros Proféticos. Os Salmos e o Cântico são c1âssificados entre os Livros Didáticos embora contenham muito pouco de didática, mas sim manifestações de sentimentos. Portanto, de um lado, conservará as grandes linhas da divisão da Bíblia greco-latina; nos casos particulares, entretanto, estabeleceremos um agrupamento mais realista. Teremos oportunidade de reunir maior número de «livros» em unidades literárias mais largas, desde que sejam componentes de obras maiores. No agrupamento a ser adotado serão também levados em conta os pontos de vista cronológicos.
14 OS LIVROS DE MOISÉS OU O PENTATEUCO 14 Os primeiros cinco livros da Bíblia não são livros isolados, antes constituem um conjunto único de tradições, sendo considerados, por judeus e cristãos, herança de Moisés. O mesmo segue do título que os judeus costumam impor a esta coleção: Torá (hebr. Toráh = doutrina, lei; grego: nomos = lei). Os.cristãos chamam-na de Pentateuco(pentateuchos biblos = livro de cinco rolos, volumes). O Pentateuco se apresenta qual história contínua da salvação divina exercida_ em relação à humanidade inteira, _e especialmente no tocante a Israel, a partir da Criação do Mundo até a conquista de Canaã. A legislação extensa contida no Levítico e em longos trechos do Êxodo, Números e Deuteronômio acha-se entremeada na história sagrada de tal maneira que, como um dom gracioso de Deus, forma um bloco sólido com os demais eventos salvífícos, principalmente com a celebração da aliança do Sinai. Do estudo dessas grandes linhas resulta uma divisão relativamente clara do Pentateuco inteiro: a) Pré História A Pré-história (Gn 1-11) expondo por que razão Deus se viu obrigado a começar tudo de novo, celebrando um novo convênio salvador com Abraão. O homem tinha sido criado qual coroa da criação e imagem de Deus, destinado a viver em comunhão íntima com o seu Criador (Paraíso); submetido, porém, à prova, o homem fracassou. O primeiro pecado acarretou morte, sofrimentos, egoísmo e dissolução, capazes de perder os homens não apenas moral, mas também fisicamente. Todavia, Deus não entregou o homem ao poder do Mal revelado no pecado, antes lhe fez vislumbrar a vitória sobre o Mal (Gn 3,15). b) História dos Patriarcas A História dos Patriarcas (Gn 12-50) demonstra como Deus, escolhendo Abraão e a sua «semente», isto é, a posteridade transformou em história de salvação e bênção aquilo que parecia uma sucessão de desgraças e maldições causadas pelo pecado do homem. Abraão e sua posteridade são cumulados de bênçãos tais que delas possam participar todos os homens que procuram comunhão com os portadores das promessas confessando-se solidários com eles (Gn 12,1-3; 18,18; 21,18; 26,4; 28,14). E o plano salvador aludido nas promessas dirigidas a Abraão começa a realizar-se já nos patriarcas de Israel. c) Redenção de Israel da servidão Ex 1-18 passa a descrever como a «semente» dos patriarcas se tornou o povo de Israel; como depois este povo é escravizado pelos egípcios e ameaçado de perecer; Deus porém lhe enviou um salvador e medianeiro na pessoa de Moisés que o tirou da servidão para encaminhá-lo ao Monte Santo (Sinai, Horeb). d) A Aliança do Sinai O terço central inteiro do Pentateuco (Ex19,1 - Nm 10,11) registra a celebração do convênio entre Deus e o povo de Israel, bem como o estabelecimento da vivência específica do pacto durante o tempo do Antigo Testamento. Em virtude do pacto com Deus, Israel deve ser seu «povo santo», sua «propriedade particular», um «reino sacerdotal», sendo ele mesmo o Deus de Israel (Ex 19,3-8; Lv 26,12; etc.). Depois que Javé libertara o povo da servidão, ele reclama em troca amor e obediência da parte de seu povo. É pelo mesmo motivo que ele deu a Israel normas sagradas para regulamentar do povo entre si (Decálogo, Ex 20,1-17; Livro da Aliança, Ex 21-23;Lei da Santidade, Lv 17-26; os vários regulamentos concernentes ao culto e ao sacerdócio em Nm). Essas normas ( A Lei ) não deveriam pesar sobre Israel como um fardo, e sim constituir um meio de exprimir a gratidão para com o Deus da Aliança e o fundamento de sua existência nacional, distinguindo-se de todas as nações pagãs, conservando a sua posição religiosa singular. e) Em viagem pelo deserto Nm 10,11-36,13 evoca os itinerários de Israel pelo deserto até a ocupação da Transjordânia; os malogros do povo; as punições e as mercês do Deus da Aliança, terminando tudo com as medidas preparatórias para a conquista da Palestina.
15 f) Moisés se despede 15 O Deuteronômio _consiste numa coleção de discursos de despedida; em vésperas da morte, Moisés lembra ao povo as proezas e as exigências divinas para incutir-lhe fidelidade e amor para com o Deus da Aliança, sancionando as normas por meio de bênçãos e maldições. O capítulo final do Deuteronômio versa sobre o problema da sucessão (Josué) e a morte de Moisés. Moisés e o Pentateuco As tradições judaica e cristã, até o tempo moderno, atribuíram à autoria de Moisés essa obra tão bem disposta e ordenada. Entretanto, de uns 200 anos para cá, dúvidas sempre mais insistentes surgiram contra a autoria mosaica juntamente com a unidade literária do Pentateuco. Uma pesquisa minuciosa das questões críticas, literárias e históricas resultou em apresentar o Pentateuco como ponto final dum processo complexo de tradições orais e escritas, datadas entre os séculos XIII e V ac. É ainda Moisés quem chefia o cortejo das ditas tradições. Dele provém o núcleo do Pentateuco, isto é, os antecedentes e o desenrolamento da celebração do pacto com as suas normas básicas de religião e mora. Diversos documentos misturados? O estudo da composição literária do Pentateuco mostra que certos trechos são repetidos com variações mais ou menos importantes. 1) Gn 1 e Gn 2-3: narrativas concorrentes? A história da criação do homem, em Gn 1,1-2,4a, no quadro da criação do universo, não combina com a história de Adão e Eva em Gn 2,4b-3,24. Em Gn 1, Deus cria primeiro o universo e a terra, já bem organizada, regada com chuva, etc., e depois coroa sua obra pela criação do ser humano, varão e mulher. Em Gn 2,4b, parece que tudo recomeça: ainda não tinha chovido e a terra nada podia produzir, porque ainda não havia homem para a cultivar... 2) Os nomes de Deus. Em Gn 1, Deus é chamado simplesmente "Deus", em Gn 2,4b-3,24, ele é chamado "Javé Deus". E nas histórias subseqüentes, alternam-se as designações "Deus" e "Javé". Mais: às vezes são repetidas as mesmas histórias, uma vez com o termo "Deus", outra vez usando o nome de "Javé" (é o caso de Gn 12 e 20, cf. infra, 3). Quanto à revelação do nome de Javé, observe-se que, segundo Gn 4,26, Enós, filho de Set, filho de Adão, foi o primeiro a invocar o nome de Javé. Bem mais à frente, porém, em Ex 3, temos a narração da manifestação do nome de Javé a Moisés, na sarça ardente. Enfim, o texto parece "costurado": Deus é chamado ora de Javé, ora de elohim ("deus"). Em 3, onde se usa elohim - Deus revela a Moisés o seu nome, Javé, aparentemente sem se lembrar de Gn 4,26... Esta "distração" Se torna compreensível quando se admite que originalmente existiram duas narrações: uma, que usa o nome de Javé desde o início, e outra, que acha que o nome foi revelado somente no Sinai, a Moisés. 3) Duplicatas. Constatamos, p. ex., em Gn 12 e Gn 20, uma repetição da mesma história, mas com enfoques diferentes. Em ambas as narrações trata-se do mesmo assunto: Abraão corre o risco de ser morto porque o rei local se interessa por sua mulher Sara (naquela civilização, não se tomava a mulher de outro cavalheiro sem primeiro eliminá-lo). Em ambos os casos, ele se salva fazendo Sara passar por sua irmã. Mas aí termina a semelhança. A maneira de narrar é bem diferente nos dois casos: - Em Gn 12, o rei local é ninguém menos que o faraó do Egito. Ele recebe bem a Abraão, por causa da linda Sara, supostamente sua irmã. Porém, começam a cair desgraças sobre ele. Então ele descobre que Sara não é irmã, mas esposa de Abraão e que, portanto, sem o saber, ele cometera coisa digna de castigo. Amedrontado, manda Abraão e Sara de volta e ainda lhes oferece escolta. Nesta versão, Deus é chamado "Javé". -Já em Gn 20, Deus é chamado de "deus", em hebr. elohim, e a narração é diferente nos detalhes. O rei não é o faraó, mas Abimelec de Gerara, na fronteira do Egito. Num sonho, Abimelec é advertido de que será castigado por ter tomado a mulher de Abraão. Mas o texto acrescenta logo que ele não tivera relações com ela. Por isso, o castigo não se efetua, e Abimelec resolve o caso virtuosamente, não porém sem pedir satisfação a Abraão. Este explica que, por um lado, estava arriscando ser morto, mas que, por outro lado, Sara é realmente sua irmã, pois é do mesmo pai (meia-irmã). Conclusão: nem Abimelec, nem Abraão cometeram algo censurável; e terminam celebrando um sacrifício e rezando. Nota-se imediatamente que a segunda narração é bem menos espontânea e mais moralizante que a primeira.
16 16 Poderíamos multiplicar os exemplos - a dupla expulsão de Agar e Ismael por Abraão e Sara, em Gn 16 e Gn 21,8-20; etc. -, mas estas amostras são suficientes para sugerir que antes da Bíblia atual talvez tenham existido documentos parciais, versões provisórias, etc., como é costume acontecer na literatura, sobretudo coletiva. O PROFETISMO A literatura profética Os profetas eram, antes de tudo, pregadores que pronunciavam oralmente os seus oráculos e sermões, com o caráter oral ainda impresso no registro escrito dos seus ditos. Em casos excepcionais, os profetas escreviam (d. Is 8,1-4; 30,8; Ez 43,l1s; Jr 36,2.28). Pode ser que a obra do Segundo Isaías seja uma composição literária sustentada - ainda que mais pareça ser, ela própria, uma coleção de oráculos proferidos a princípio oralmente, porque apesar de uma notável unidade, há uma certa falta de seqüência na disposição. Não resta dúvida de que a última parte (os capítulos 40-48) do livro de Ezequiel é uma composição literária. São, porém, exceções e, via de regra, os profetas eram certamente mais oradores que escritores. O que significa que as unidades que formam as coleções proféticas são breves e numerosas, e que as formas literárias são variadas. É absolutamente essencial para uma leitura inteligente dos profetas que os limites dessas unidades sejam determinados e identificadas as suas formas literárias. Ao enumerarmos as mais notáveis dessas formas literárias, devemos ter presente que a maior parte da profecia veterotestamentária está em forma poética. COMPOSIÇÃO DOS LIVROS Tornou-se manifesto que os oráculos e sermões dos profetas foram preservados pelos seus discípulos e finalmente editados por eles. Essas palavras devem ter sido logo lançadas por escrito, e podemos imaginar uma literatura profética primitiva circulando na forma de escritos breves e separados. No trabalho gradual de colecionar e editar, acrescentaram-se elementos: fragmentavam-se às vezes coleções mais antigas, e o material era finalmente disposto segundo um plano - muito vago, às vezes - que deve ser determinado (se possível) para cada livro. A gênese complexa dos livros proféticos (ou de muitos deles) ajuda muito a explicar o desconcertante desalinho que pode confundir e exasperar o leitor. Dar-se conta, por exemplo, de que o livro de Isaías se estende por vários séculos e é, na realidade, uma antologia de sermões e oráculos, põe o leitor de sobreaviso e capacita-o a seguir a obra inteligentemente. Os livros proféticos em ordem cronológica Profetas do século VIII a.c.: Amós Oséias Isaías 1-39 Miquéias; Profetas do século VII a.c. e começo do século VI a.c. Sofonias Naum Habacuc Jeremias ; Profetas do Cativeiro: Ezequie1 Segundo Isaías (40-55) ; Prcfetas do 1:éculo VI a.c.: Isaías Ageu Zacarias 1-8; Profetas do século V ac.: Isaías ;24-27 Malaquias Abdias ; Profetas do século IV a.c.: JoeI Zacarias 9-14 ; Profetas do Século VIII: Amós; O PROFETA Amós é o mais antigo dos profetas veterotestamentários cujas palavras nos foram conservadas em forma de livro O cabeçalho desse livro (Am 1,1) nos informa que Amós era um camponês de Técua (cerca de seis milhas ao sul de Belém) e que exerceu atividade durante o reinado dos reis contemporâneos Ozias, de Judá, e Jeroboão li, de Israel. Como o seu ministério se instaurou claramente no apogeu da prosperidade de Israel, deve ter-se prolongado pelo reinado de Jeroboão II ( a.c.), em outras palavras, em torno do ano de 750 a.c. A passagem de Am 7,10-15 nos fornece uma descrição mais pormenorizada dos precedentes de Amós. Passava parte do seu tempo como pastor e parte como "cultivador de sicômoros" esta expressão se refere à perfuração do fruto semelhante ao figo, para deixar sair os insetos que se formavam lá dentro 14. A missão de um profeta de Judá em Israel é uma flagrante indicação de que uma tradição religiosa comum ligava os reinos divididos. Quando Amasias, sacerdote de Betel, advertiu Amós de que devia ganhar o seu sustento em Judá (aceitando um salário como os profetas profissionais [cf. 1 Sm 9-8; 1 Rs 14,3; 2Rs 8,8]), Amós respondeu que
17 17 ele não era um nãbí daquele gênero, nem era tampouco um dos "filhos dos profetas": recebera uma vocação especial. Isaías 1-39 O PROFETA Isaías parece ter sido um aristocrata e, ao que tudo indica, natural de Jerusalém. Em 740 a.c., o ano da morte do rei Ozias, teve a sua visão inaugural no Templo. Iahweh apareceu-lhe como um monarca oriental, cercado de um corpo de serafins que proclamavam a santidade de Deus. A primeira reação do profeta foi de temor e tremor (ls 6,5); em seguida, porém, purificado dos seus pecados, ele respondeu sem hesitação ao chamamento divino (ls 6,8). Sua missão' ia ser difícil, porque o povo se recusaria a ouvir a sua pregação (Is 6,9s). Havia, contudo, um raio de esperança: um "Resto" ficaria fiel (Is 6,13). Judá prosperara sob Ozias e continuava a prosperar sob Joatão ( a.c.). Como Amós antes dele. Isaías atacou o luxo e os abusos sociais; este é o fardo de muitos dos oráculos dos capítulos 1-5. A missão do profeta continuou sob Acaz e até o final do reinado de Ezequias. Parece, no entanto, ter-se retirado da vida pública durante a maior parte do reinado de Acaz (de 734 a.c. em diante). Diz a lenda judia que ele foi martirizado sob Manassés. Isaías foi um dos mais dotados poetas de Israel e homem de profunda sensibilidade religiosa. Uma medida de sua estatura é o fato de que mais do que qualquer outro profeta ele inspirou os seus discípulos, de modo que uma "escola ísaiana" promoveu as suas idéias e produziu oráculos em seu nome até o século V a.c. O LIVRO No livro de Isaías a crítica moderna distinguiu uma porção de diferentes agrupamentos ou seções, que datam de épocas diferentes. As três partes principais são: Isaías (capítulos 1-39), o Dêutero-Isaías (capítulos 40-55) e Isaías Embora o livro tenha sido dividido, a crítica moderna leva também em conta certos elementos constantes que permeiam toda a obra. Assim, por todo o livro Deus é o "Santo de Israel", e sua transcendência é energicamente salientada. Todo o conjunto é permeado de uma atmosfera messiânica e escatológica, que faz do livro o clássico da esperança. PROFETAS DO SÉCULO VII E COMEÇO DO SÉCULO VI Sofonias O PROFETA O pouco que sabemos de Sofonias é respigado do seu breve escrito. Sua genealogia (Sf1,1) vai dar num certo Ezequias, que pode ser o rei deste nome. O objetivo da genealogia é provavelmente esclarecer que, não obstante o nome do seu pai (Cusi quer dizer "o etíope"), o profeta era judeu. Profetizou sob o reinado de Josias. O tom de sua pregação indica que sua missão caiu durante a menoridade desse rei e antes da reforma; com toda a probabilidade, entre 640 a.c. e 630 a.c., justamente, antes do ministério de Jeremias. Seus oráculos nos dão uma idéia do estado de coisas em Judá às vésperas da grande tarefa de Josias: o culto das divindades estrangeiras (Sf 1,4s); costumes estrangeiros (Sf 1,8); falsos profetas (Sf 3,4); violência e injustiça social (Sf 3,1-3; 1,11 ). Sua obra deve ter preparado o terreno para a reforma que se aproximava. O LIVRO Hoje é quase universalmente reconhecido que o escrito, no seu todo - com exceção de dois ou três pequenos retoques - é autêntico. Jeremias O PROFETA Jeremias, como indivíduo, nos é mais bem conhecido que qualquer dos outros profetas, porque seu livro contém muitas passagens de confissão pessoal e autobiografia, bem como extensas seções de biografia. Ele se destaca como uma figura isolada, trágica, cuja missão parece ter fracassado inteiramente. Esse "fracasso", no entanto, foi o seu triunfo, como haviam de reconhecer as épocas posteriores. Jeremias veio de Anatot, aldeia situada a quatro milhas ao nordeste de Jerusalém. Seu pai, Helcias, era um sacerdote (Jr 1, 1), de sorte que Jeremias pode ter sido um descendente de Abiatar, sacerdote de Davi, exilado para Anatot por Salomão (1Rs 2, 26). Sua vocação profética sobreveio em 626 (Jr 1,2), quando ele era ainda muito jovem, e sua missão vai de Josias ( ) a Sedecias ( ), prolongando-se para além do reinado deste último; ou seja, viveu durante os fagueiros e promissores dias do jovem rei reformador, Josias, e os trágicos anos subseqüentes que levaram à ruína da nação.
18 18 São muito discrepantes as avaliações da atitude de Jeremias quanto à reforma de ]osias, porque é muito pouco o que se sabe da sua carreira primitiva. Afirmam alguns que ele foi um partidário entusiasta da reforma, e outros que ele lhe fora hostil. Parece que a princípio ele simpatizasse com seus objetivos, mas que se desiludiu com o seu resultado final. Não há dúvida que tivesse o rei em grande conta e estivesse convencido da sua sinceridade (22, 15s), mas não tardou a compreender que "não se pode tornar bom um povo por um decreto do parlamento". O que ele pedira foi um vivo e sincero arrependimento, uma mudança interior, e o que encontrou foi uma liturgia mais elaborada que encorajava a autocomplacência e convidava à hipocrisia (7, 21-28;5,26-31). Seu papel era tentar, em vão, reduzir o povo a uma verdadeira mudança de coração, e arvorar a esperança e lançar um fundamento para essa mudança, para além da severa prova do desastre nacional. O livro de Jeremias é uma coleção feita por muitas mãos. O que é típico de todos os livros proféticos. Tem-se, efetivamente, a impressão de que é uma coleção de "livros" mais breves, acrescida de algum material variado. O LIVRO Em Jr 36 lemos a respeito de um "rolo" que continha uma seleção ou digesto das palavras do profeta, proferidas entre 627 e 605. Não podia ser muito longa, uma vez que se lia três vezes num só dia (36, ) com notáveis intervalos de permeio. O rolo, destruído por Joaquim, foi posteriormente re-escrito e suplementado por Baruc, sob ditado do próprio Jeremias (36,32). Temos aqui o primeiro passo na composição de Jeremias, mas é ocioso tentar extrair o núcleo original do livro existente. O que podemos dizer confiantemente é que esse núcleo está contido em Jr Os capítulos 46-51, que consistem em oráculos dirigidos contra nações estrangeiras, formam outra coleção separada. Não há razão para achar que o grosso desse material não seja autêntico, mas houve alguma ampliação. A coleção é uma tentativa bem tardia de reunir uma série de oráculos de ameaça contra o maior número possível de povos circunvizinhos. Um terceiro agrupamento inclui os capítulos 30 e 31 e, talvez, também 32 e 33; é a mensagem de esperança de Jeremias e se chama Livro da Consolação. PROFETAS DO CATIVEIRO Ezequiel Durante a primeira parte do seu ministério, a mensagem de Ezequiel era muito parecida com a de Jeremias. Poderíamos resumi-ia deste modo: O povo de Judá é gravemente culpado. Deus é justo, e prepara-se para puni-ia. Muito em breve o cerco de Jerusalém e a grande deportação mostrará o que significa uma intervenção de Iahweh. Procura o profeta justificar a ação de Iahweh insistindo na culpabilidade de Israel. O relato da vocação de Ezequiel (1,4-3, 15) revela muita semelhança com o da vocação de Isaías (Is 6). Também Ezequiel viu a "glória de Iahweh" - alguém sentado em um trono. Como embaixador do Rei, ele recebeu um volume enrolado que trazia as suas instruções: "palavras de lamentação e dor e calamidade". Como Isaías, também, é avisado da dificuldade e até desesperança da sua posição: deve pregar sem resultado, "porque toda a casa de Israel tem a fronte inflexível e o coração empedernido" (Ez 3,7). O ministério de Ezequiel distribui-se em dois períodos: vai de 593 até o fim de Judá, com a queda de Jerusalém em 587; e da queda da cidade até 571, data da última profecia sua de que se tem registro (29,17-20). Segundo a forma presente do livro, toda a missão de Ezequiel se endereçava aos judeus exilados em Babilônia, embora os oráculos da primeira parte (capítulos 124) se dirigissem aos moradores de Jerusalém, e Ezequiel dê a impressão de estar presente na cidade (cf. 11,13). Todavia, distingue suficientemente entre os exilados (aos quais fala na segunda pessoa) e os de Jerusalém (aos quais ameaça na terceira pessoa), e a descrição esquemática que faz da cidade não é a de uma testemunha ocular. O grande interesse com que seguiu o curso dos acontecimentos de Jerusalém, em que pese a viva preocupação de um exilado, dá por vezes a impressão de que ele está vivendo entre os de sua gente e na sua própria pátria. O LIVRO Ezequiel era vidente por temperamento, e quatro grandes visões dominam o seu livro: o "carro de Iahweh" (1-3), os pecados de Jerusalém (8-11), os ossos secos (37), e a nova Jerusalém (40). A ardente
19 19 imaginação que se desdobra nessas descrições é também evidente nas alegorias: as irmãs Oola e Ooliba (23), o naufrágio de Tiro (27), o crocodilo do Nilo (29 e 32), o grande cedro (31), os habitantes do Xeol (32). Ao mesmo tempo, as coisas simples de cada dia despertavam a sua inspiração: uma sentinela montando guarda (3,17-21), um muro em construção (13,10-16). Emocionam-nos vivamente as suas próprias experiências: a morte de sua esposa (24,15-24), certa enfermidade misteriosa e prolongada (4,4-17). Ezequiel usa a técnica do gesto profético mais vezes e com mais requinte que outro qualquer por exemplo, os símbolos de Jerusalém sob o cerco (4,1-3.7), dos anos de cativeiro (4,4-8), do cativeiro e do assédio (12,1-20), da união de Judá e Israel (37,15-28). Paradoxalmente, sua poderosa imaginação e suas artificiosas alegorias encontram expressão num estilo geralmente duro e seco. O Servo sofredor de Iahweh Freqüentemente, ao longo do Segundo Isaías, Israel é denominado o "Servo de Iahweh". Há, porém, quatro passagens (Is 42,1-7;49,1-6;50,4-9;52,13-53,12) onde o título tem um sentido à parte e não pode mais ser considerado como designando Israel da mesma maneira que alhures. Não temos intenção de enveredar pela controvertida questão da relação desses poemas entre si e seu contexto, nem tencionamos fazer um levantamento do imenso campo de interpretação. Limitar-nos-emos a traçar duas linhas mestras de interpretação após termos indicado algumas características da figura do Servo. O Servo dos cânticos contrasta com o Israel-Servo encontrado alhures no Segundo Isaías. Israel é surdo e cego (Is 42,19s); o Servo ouve (Is 50,4s) e ilumina (Is 49,6). Israel é pecador (Is 42,18-25;43,22-28); o Servo é justo (Is 53,9-11). Israel precisa de consolação (Is 41,95); o Servo tem uma fé corajosa (Is 42,4). O Servo deve restaurar Israel (Is 49,5s). O Servo é um personagem misterioso que foi escolhido por Iahweh e cumulado do seu Espírito (Is 42,1) e que desempenha um papel ao mesmo tempo nacional e universalista. Por um lado, embora pareça inseparável do Israel de cujo nome é portador, do Resto "em quem Deus será glorificado" (Is 49,3), ele deve reconduzir Jacó (Is 42,6), reunir (Is 49,5s) e ensinar (Is 50,4-9) Israel. Por outro lado, ele deve ser a luz das nações. Paciente (Is 50,6) e humilde (Is 53,7) realizará, pelos seus sofrimentos e sua morte, o plano de Iahweh: a justificação dos pecadores de todas as nações (Is 53,8.11 s ). Conquanto a identificação do Servo Sofredor é, e sem dúvida continuará a ser, um problema amplamente discutido, quase todos os exegetas acham que se trata de uma figura messiânica. Ninguém que reconhece a unidade dos dois Testamentos e aceita o papel messiânico de Jesus pode duvidar disso por um momento. Isaías AUTORIA Conforme a teoria geralmente aceita, Is é obra de um ou vários profetas pós-exílicos, da escola de Isaías, e foi produzida na Palestina logo após a volta do Cativeiro (538 a.c). Várias razões indicam que esses capítulos são distintos de Is O tema de dissertação não é mais a libertação e a restauração; em muitas passagens se considera que o povo já está instalado na Palestina e a injustiça social teve tempo para se fazer sentir (1s 58,3-6;59,3s; 56,10-12). Em 1s 40,55 a atenção do profeta se fixa no futuro imediato - a queda de Babilônia e a libertação, mas não é mais esta a perspectiva de 1s É igualmente opinião geral que esses capítulos são obra de diversos escritores. Zacarias 1 8 Os exegetas são unânimes em afirmar que os capítulos 9,14 de Zacarias não são autênticos; são, efetivamente, muito posteriores ao tempo do profeta. o PROFETA Zacarias, foi contemporâneo de Ageu, e afora as menções feitas em Esd 5,1 e 6,14 não dispomos de informações independentes sobre ele. Obviamente, foi grandemente influenciado por Ezequiel, e era provavelmente um sacerdote-profeta. Seus oráculos datam de novembro, 520 a.c., a dezembro, 518 a.c. Como Ageu, preocupava-se Zacarias com a reconstrução do Templo, e também, mais ardorosamente, com a restauração nacional e as exigências da pureza legal e a moralidade.
20 PROFETAS DO SÉCULO - V 20 Isaías 34-35;24-27 Is 34-35: O PEQUENO APOCALIPSE Não é rigorosamente exato descrever estes capítulos (e o mesmo se diga de Is 24-27) como um apocalipse - posto que alguns traços da forma apocalíptica estejam presentes (por exemplo, o juízo universal, o triunfo do povo de Deus). 1. Autoria e data. Os dois capítulos, que formam uma unidade, inspiram-se em Is (d. Is 34,6-8 e 63,1-6;35,10 e 51, 11). O capítulo 35 está todo escrito no estilo do Segundo Isaías: A salvação final de Iahweh é pintada como um novo f:xodo. Os capítulos são manifestamente um produto da escola de Isaías, e embora a impossibilidade de fixar uma data precisa, parece provável o começo do século V a.c. 2. Idéias. "Os dois capítulos, provavelmente do mesmo punho, constituem uma espécie de díptico: um Inferno seguido de um Paraíso" 24. O capítulo 34 descreve o Dia de Iahweh, o juízo final de Deus - porque Edom é o tipo dos inimigos do povo de Deus. O capítulo 35 é a redenção de Israel. Destacam-se a transformação da natureza e o caminho sagrado por onde Deus conduz para casa o seu povo. Um vasto retorno da Diáspora é apresentado como uma solene peregrinação em demanda de Sião. Is 24-27: O GRANDE APOCALIPSE 1. Autoria e data. Esses capítulos são uma coleção de profecias escatológicas, originariamente independentes, e hinos reunidos para formar uma composição unificada. Devido a esse arranjo não é fácil postular unidade de autoria para as várias perícopes. No pensamento, no estilo e na linguagem a seção é pós-exílica, mas é impossível fixar uma data preclsa. Não é impossível uma data do século IV a.c., mas parece melhor estabelecê-ia no século V a.c. Como quer que seja, 1s é o último produto daquela fecunda escola isaiana que por tanto tempo sustentou o espírito do grande profeta do século VIII. Idéias. Hinos e oráculos diferem quanto à visão. O tema dos hinos é o triunfo final da Cidade de Deus. Os oráculos apocalípticos têm em vista toda a humanidade e a totalidade do universo: Deus punirá as hastes do céu e os reis da terra (ls 24,21), e destruirá Leviatã, símbolo das forças do mal (Is 27,1). Em seguida todas as naçôes serão convidadas ao grande banquete messiânico (Is 25,6-8) e os dispersas de Israel serão reunidos (Is 27,12s). Malaquias AUTORIA E DATA O livro de Malaquias é realmente um escrito anônimo, porque o nome "Malaquias" vem de Ml 3,1, em que a palavra é um substantivo comum cujo significado é "meu mensageiro". O título do escrito (Ml 1,1) corresponde a Zc 9,1 e 12,1; é provável que originalmente houvesse três coleções anônimas. Malaquias é posterior a 516 a.c., a data da renovação do culto no segundo Templo (cf.. MI 1,13) e parece ser anterior à interdição de casamentos mistos por Neemias em 445 a.c. (d. Ml 2,10-12). É provável uma data ligeiramente anterior a 445 a.c. PROFETAS DO SÉCULO - IV Joel AUTORIA E DATA Joel não é mencionado em nenhum outro lugar; o que sabemos dele é que foi um profeta pós-exílico de Judá. Como no caso de Abdias, as duas partes do livro (capítulos 1-2 e 3-4) poderiam indicar dupla,autoria, mas a data da obra não é afetada por essa possibilidade, uma vez que ambas as partes estão intimamente associadas. O livro é, com toda a probabilidade, um produto dos começos do século IV a.c. Esta data é indicada por empréstimos feitos a escritos tardios (por exemplo, Jl 2,11 e Ml32; Jl 3,4 e Ml 3,23), e pela mentalidade particularística e cultual do escrito. O estilo apocalíptico dos capítulos 3-4 milita também a favor de uma data tardia. Por outro lado, a mudança de perspectiva destes capítulos não exige outro autor: a descrição de uma calamitosa praga de gafanhotos podia facilmente levar a um quadro da praga final de Deus, o seu juízo sobre os pecadores. Embora não possamos ter certeza disso, é razoável considerar o livro como obra de um único autor.
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