MAPEAMENTO DE USO E COBERTURA DA TERRA DE CANANÉIA E JACUPIRANGA, SP
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- Gonçalo Clementino César
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1 MAPEAMENTO DE USO E COBERTURA DA TERRA DE CANANÉIA E JACUPIRANGA, SP Bárbara Nazaré ROCHA 1 George Alfredo LONGHITANO 2 1 Geografia/ FFLCH/ USP; ba_nrocha@yahoo.com.br 2 Geografia/ FFLCH/ USP; georgelonghitano@yahoo.com.br I - Introdução: Para o entendimento da evolução da ocupação do espaço, uma das principais bases é o mapeamento de uso e cobertura da terra. Este tem como objetivo caracterizar a ocupação do solo de uma região. É, portanto, subsídio imprescindível para análise têmporo-espacial dos fenômenos geográficos pela sua facilidade de visualização e interpretação e capacidade de integrar de modo sintético vários dados e informações dos elementos constituintes da paisagem. O Sensoriamento Remoto, que consiste na técnica que trata do registro, processamento, transmissão e análise das interações entre a radiação eletromagnética e os constituintes da superfície terrestre e suas manifestações (NOVO, 1989), é hoje, a principal fonte de dados para a cartografia. Seus produtos são amplamente utilizados para mapeamento de uso e cobertura da terra. Dentre estes, destaca-se as fotografias aéreas, as quais foram empregadas neste trabalho por apresentarem resgate temporal maior do que as imagens de satélite, que são bem mais recentes. Fotografias aéreas são capazes de registrar modelos, tonalidades, texturas, formas e associações no terreno. Sua correta análise permite a obtenção de informações inerentes às atividades de uso da terra e sítios topográficos. II - Definição das categorias gerais de uso e cobertura da terra: Segundo Clawson e Stwart (1965) uso da terra é a atividade do homem na terra, que se acha diretamente relacionada com a terra. Outra definição para tal conceito é a vegetação e construções artificiais, que recobrem a superfície da terra (BURLEY, 1969). A expressão uso da terra pode ser compreendida, portanto, como a forma pela qual o espaço está sendo ocupado pelo homem, sendo de significativa importância para fins de planejamento e administração. O termo cobertura pode ser entendido como o revestimento do solo, seja ele florestal, agrícola, residencial ou industrial. Dessa forma, a cobertura pode ser tanto natural quanto antrópica. Na área urbana a cobertura da terra é bastante antropomorfizada, com áreas de uso intensivo, sendo que grande parte da terra é coberta por estruturas. As áreas urbanas podem ser metrópoles, cidades ou simplesmente vilas. Também se inclui nessa categoria áreas de rodovias, serviços de transporte, energia e comunicações, além de outras áreas que podem ser
2 mais isoladas, como as ocupadas por fábricas, complexos industriais e comerciais, shopping centers, entre outros. As cidades são bastante heterogêneas, com diferentes áreas funcionais desempenhando determinados papéis no espaço urbano. A localização destes diferentes tipos de uso do solo obedece a padrões determinados. A área agrícola possui menor número de complexos construídos e menor densidade de redes de estradas e rodovias do que na área urbana. A terra agrícola é utilizada, basicamente, para produção de alimentos e fibras. Nas imagens, os principais indicadores dessas áreas são as formas geométricas características de campos e estradas, além das trilhas feitas pelo gado ou pelo equipamento mecanizado. As áreas florestais apresentam alta densidade de copas, sendo ocupada por mata primária, secundária, galeria ou áreas de reflorestamento, como as de silvicultura. As pastagens apresentam vegetação predominantemente de gramíneas e outras espécies herbáceas. Além das classes aqui apresentadas, também há outras, porém de menor importância para a área de estudo. III - Área de estudo: A área de estudo situa-se nos municípios de Cananéia e Jacupiranga, pertencentes à Bacia do Ribeira de Iguape, inserido no Cinturão Orogênico do Atlântico. Nesta região, predominam baixas colinas de topos convexos e curtas vertentes, com altitudes médias entre 30 e 50m (ROSS, 2002). O clima, segundo Monteiro (1973), é úmido da face oriental e subtropical dos continentes dominados por massa tropical marítima, sendo controlado por massas tropicais e polares. A pluviosidade segue a disposição do relevo e orientação da costa em relação às correntes da circulação atmosférica regional. A Floresta Tropical, cobertura natural da região, encontra-se residualmente em reservas e bosques. Em sua maioria, a área apresenta vegetação em regeneração, pastagens para desenvolvimento da pecuária extensiva e áreas de bananicultura. A população local reside em pequenos aglomerados rurais, ou mesmo isolados, não sendo encontradas áreas urbanas na área. A realização do trabalho de campo (01 e 02/11/04) comprovou que há na região grandes áreas vegetadas, principalmente com mata secundária (capoeira). Foi observado também trechos com mata Atlântica (mata primária). A presença antrópica foi detectada em áreas de pastagem e de cultivo (bananeiras e cana-de-açúcar). IV - Materiais e Métodos: Materiais: Foram utilizadas dez fotografias aéreas pancromáticas (preto e branco) da área de estudo na escala 1:25000 (6229 a 6238), obtidas no levantamento aerofotogramétrico do Estado de São Paulo de 1962, além de estereoscópio de bolso para visualização tridimensional das fotos, canetas para retroprojetor de ponta fina nas cores preto, azul e vermelho para delimitação da área útil da foto, traçado de rios, córregos e meandros abandonados e para delimitação de rodovias, estradas e trilhas, respectivamente. Também se fez necessário o uso
3 de cartas topográficas do IBGE nas escalas 1:50000 (Cananéia SG-23-V-A-IV-3) e 1:10000 (da mesma área), empregadas para o georrefenciamento da carta produzida Métodos: Foi realizado trabalho de campo nos municípios de Cananéia e Jacupiranga, onde foram coletados pontos georreferenciados com uso de GPS. Em cada um dos pontos fez-se uma descrição da paisagem. O trabalho de campo foi fundamental para a caracterização dos elementos existentes na área de estudo, facilitando a elaboração de uma legenda que contenha as classes visualizadas nas aerofotografias. Para cada um dos elementos da legenda foi construída uma chave de interpretação Elaboração da legenda: Para a elaboração da legenda foram consideradas as características principais das categorias e essas associadas a cores. Delimitação da área útil das fotografias aéreas Drenagem Estradas e trilhas Verde Escuro Mata Verde Claro Capoeira Bege Campo e Pastagem Vermelho Solo exposto ou culturas temporárias Chave de interpretação de imagens: As chaves de interpretação são estabelecidas através da análise de padrões existentes nas fotografias aéreas, como cor, textura, forma, dimensão, sombra, sítio topográfico e padrão (MARCHETTI, 1977). As chaves são, portanto, a descrição dos elementos de fotointerpretação que cada uma das classes apresenta nas fotografias aéreas. A interpretação nas aerofotografias dos elementos da legenda pode ser feita da seguinte forma: Rios: Tonalidade: cinza escuro a negro Textura: lisa Aspectos associados: áreas rebaixadas, fundos de vales e mata galeria. Estradas e trilhas: Tonalidade: clara, sendo as estradas de terra, brancas Textura: lisa Aspectos associados: cortes em vertentes e linhas retilíneas que não acompanham a topografia Mata: Tonalidade: cinza médio a escuro
4 Textura: média e/ ou grossa Porte: alto Aspectos associados: telhado desuniforme, geralmente limites irregulares, não geométricos e ausência de carreadores. Capoeira: Tonalidade: cinza médio a escuro Textura: fina e /ou média Porte: médio Aspectos Associados: telhado uniforme ou desuniforme conforme o tipo e idade Solo exposto ou culturas temporárias: Tonalidade: clara, média (solos úmidos ou em aração) Textura: lisa Porte: sem porte Aspectos associados: sem sombras, formas geométricas. Campo sujo: Tonalidade: cinza médio Textura: fina, com granulos Porte: rasteiro a médio Aspectos associados: presença de sombras de arbustos, forma irregular. Pastagem (foi incorporada na legenda à classe Campo) Tonalidade: clara com pequenas variações Textura: fina, homogênea, aveludada Porte: baixo Aspectos associados: bebedouros, aguadas, cercas, currais, trilhas, etc. V- Resultados: A figura 01 apresenta o mapa de uso e cobertura da terra de parte dos municípios de Cananéia e Jacupiranga. Figura 01: Carta de uso e cobertura da terra de parte dos municípios de Jacupiranga e Cananéia SP. Org.: G. A. LONGHITANO e B. N. ROCHA, 2006.
5 A carta confeccionada permite visualizar como se dava em 1962 o uso e cobertura da terra na área mapeada. É possível afirmar que as áreas com maiores intervenções antropomórficas acompanham as principais vias de circulação. Através do trabalho de campo e da comparação com imagens de satélite Landsat de 1999, constata-se que não houve grandes mudanças no uso e cobertura da terra na região. Trata-se ainda de uma das regiões brasileiras com a Mata Atlântica mais preservada. VI- Considerações finais: O trabalho fornece subsídios para o entendimento da evolução da ocupação na área. Destaca-se a importância de preservação da Mata Atlântica, floresta com maior biodiversidade do mundo e diminuída a resíduos e que, a área mapeada faz parte da região mais pobre do estado de São Paulo. O mapa elaborado pode ainda ser digitalizado e integrado a Sistema de Informações Geográficas, os quais fornecem ferramentas facilitadoras para sua análise. VII- Bibliografia: ANDERSON, J. R. et al. Sistema de Classificação do uso da terra e do revestimento do solo para a utilização com dados de Sensores Remotos. Rio de janeiro: IBGE, p. CERON, A. O. e DINIZ, J. A. F. O uso das fotografias aéreas na identificação das formas de utilização agrícola da terra. Revista Brasileira de Geografia, 28 (2): , abril junho de FILET, M. (coord.). Macrozoneamento do complexo estuarino-lagunar de Iguape e Cananéia: plano de gerenciamento costeiro. São Paulo, SMA, p. KELLER, E. C. de S. Projeto do Mapeamento da Utilização da Terra. Aerofotogeografia, KOFLER, N. F. Técnicas de sensoriamento remoto aplicadas ao mapeamento de solos. Revista Geográfica da AGETEO, 18 (2): 1 51, outubro de LEPCH, I. F et al. Macrozoneamento das terras da Região do Rio Ribeira de Iguape, SP. Boletim Científico do IAC, MARCHETTI, D.A.B.; GARCIA, G.J. Princípios de fotogrametria e fotointerpretação. São Paulo. Livraria Nobel, MONTEIRO, C. A. F. A dinâmica climática e as chuvas no Estado de São Paulo. São Paulo, NOVO, E.M.L.M. Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. São José dos Campos. Edgard Blücher, ROSS, J. L. S. A morfogênese da Bacia do Ribeira de Iguape e os sistemas ambientais. Revista GEOUSP, SANTOS, A. P.; NIERO, M. e LOMBARDO, M. A. Interpretação de dados de Sensoriamento Remoto no uso da terra. In: PARADA, N. J. Curso de treinamento: introdução às técnicas de sensoriamento remoto e aplicações. São José dos Campos: INPE, SERRA FILHO, R. et al. Levantamento da cobertura vegetal natural e do reflorestamento no Estado de São Paulo. Boletim Técnico do IF, 1975.
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