BiGui Guimarães Bike Sharing As bicicletas conquistam a cidade

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1 BiGui Guimarães Bike Sharing As bicicletas conquistam a cidade Reflexão A bicicleta assume uma presença central e incontornável no planeamento urbano das cidades contemporâneas com repercussões evidentes de novas formas de mobilidade urbana, potenciando não só uma apropriação mais amiga e sustentável do território como, também, o reforço de valores comunitários e importância do espaço público rumo à construção de um território mais qualificado (Anteprojectos, 2016). No final do ano de 2016, comparativamente com o ano de 2015, e de acordo com o Bike Share Map (Demaio, 2017), verificou-se um aumento na ordem dos 55% do uso de bicicletas partilhadas em todo mundo. Só no continente Europeu encontram-se em vigor 524 sistemas de bike sharing. Atendendo às características do Município de Guimarães, nomeadamente o seu número de habitantes e a sua área geográfica, foi efetuada uma pesquisa a cidades com sistemas de bike sharing em funcionamento com características semelhantes. Existe um grande leque de cidades que poderiam aqui ser retratadas pelo seu sucesso na implementação de sistemas de bike sharing, no entanto, apresenta-se a cidade de San Sebastian. Localizada no norte de Espanha, com cerca de habitantes (2015) e uma área de 60,89 km2, que representa uma densidade populacional de 3056 hab./km2 (INE - Instituto Nacional de Estadística, 2015). A cidade de San Sebastian tem 50% da sua população a viver em zonas planas da cidade e os restantes 50% em zonas altas da cidade, sendo que a altitude máxima da cidade é de 120 metros. (Ayuntamiento de San Sebastián, 2014) San Sebastian foi dos primeiros municípios espanhóis a implementar as infraestruturas cicláveis. Desde 2008 que havia na cidade um serviço público de bicicletas, que foi encerrado a 31 de dezembro de O sistema possuía 9 estações com 150 bicicletas. Uma vez que este sistema teve bastante sucesso, um novo foi projetado e instalado na cidade em agosto de 2013, com 12 estações e 100 bicicletas e pretende ser alargado a médio prazo para 25 estações e a longo prazo para 55 estações e é o primeiro sistema no mundo com 100% de bicicletas elétricas (Ayuntamiento de San Sebastián, 2016a) 1

2 Ideia Tendo em conta que o Programa de Promoção do Uso da Bicicleta no concelho de Guimarães tem como objetivo promover a bicicleta como veículo relevante nas deslocações do quotidiano, favorecer o uso da bicicleta em contexto urbano e ligar (por percurso ciclável) a cidade às principais vilas; promover a intermodalidade não obstante da contante valorização dos recursos naturais e patrimoniais através dos percursos cicláveis, bem como, reduzir a carga poluente e promover modos suaves de deslocação (Anteprojectos, 2016), considera-se imperativo que Guimarães acompanhe as tendências mundiais com a criação da sua primeira rede de bike sharing. Os sistemas de bicicletas partilhadas conhecem já três gerações. A 1ª geração de programas de partilha começou a 28 de Julho de 1965 em Amesterdão com as Witte Fietsen, as Bicicletas Brancas. Os veículos eram normais, pintados de branco e eram providenciados para uso público. A 2ª geração nasce em Farsø (Dinamarca) e em Grenå (Dinamarca) em 1991 e é também instalado em Nakskov (Dinamarca), mas só em 1993 (Meireles, 2017). Este sistema tinha melhorias significativas em relação ao primeiro: as bicicletas eram robustas e utilitárias, com uma zona para colocar publicidade, e podiam ser levantadas e entregues em localizações específicas da cidade onde estavam instalados uns depósitos de moedas, quase como se de um parquímetro se tratasse. E é uma Universidade que implementa, em 1996, a 3ª geração de sistemas de bicicletas partilhadas: a Universidade de Portsmouth, na Inglaterra (Meireles, 2017). Este sistema permitia que os estudantes utilizassem uma das suas bicicletas do sistema recorrendo a um cartão magnético. A partir deste sistema foram introduzidas uma série de inovações tecnológicas, desde o bloqueio magnético das bicicletas, telecomunicações entre as estações, as bicicletas e um centro de controlo, entre muitas outras coisas (Meireles, 2017). Atualmente e para implementação a 4ª geração de Bike sharing destaca-se fundamentalmente pela melhoria da sua eficiência, sustentabilidade e facilidade de utilização. As principais novidades da 4ª geração passam, por exemplo, por (Demaio, 2017): Envolvimento dos utilizadores na distribuição das bicicletas atribuindo créditos àqueles que as depositarem nas estações menos usadas; 2

3 Minimização das intervenções físicas necessárias à instalação das estações através da autossuficiência energética e de comunicações com recurso a painéis solares, baterias e comunicações móveis e sem necessidade de recorrer às redes de infraestruturas urbanas; Tracking através da instalação de sistemas GPS nas bicicletas permitindo a recolha e armazenamento de informação relativa aos percursos mais utilizados e deteção das situações de abandono ou roubo; Pedal Assistance através da introdução de uma parcela de bicicletas com algum sistema elétrico de auxílio à pedalagem; Novos modelos de negócio não associados a contratos de publicidade destinados a locais cuja dimensão condicione a sua rentabilização, ou nos casos em que esta não seja permitida. Tomando a consciência de que a promoção para o uso da bicicleta como meio de transporte, passa por um conjunto de políticas de atuação agregadas em diversos períodos temporais e diversos âmbitos, tendo sempre em consideração as características do município e os hábitos de mobilidade dos seus habitantes, nomeadamente ao nível das infraestruturas, da alteração de comportamentos e da associação a outros modos de transporte através da incorporação da bicicleta em redes intermodais. Assim sendo, e relativamente às infraestruturas, Guimarães, consta no seu plano estratégico com uma Rede de Percursos Cicláveis, com uma extensão total de 51,5 km distribuída por toda a cidade, estendendo-se pelas freguesias e concelhos vizinhos (Anteprojectos, 2016). Criar infraestruturas (vias cicláveis, estacionamentos para bicicletas e sistemas de bicicletas partilhadas) bem projetadas e bem desenhadas é fundamental para que se possa incentivar as pessoas a alterar os seus hábitos de transporte. Mas isso pode não ser suficiente. Estão também em curso um conjunto de ações, projetos e programas que visam alterar o comportamento das pessoas, nomeadamente que promovam o uso da bicicleta de forma segura e responsável, como por exemplo o Programa EducaBicla, implementado em todas as escolas do município e para toda a comunidade semanalmente e de forma gratuita. Numa cidade onde durante vários anos se incentivou o uso do automóvel, verificam-se as primeiras consequências desse mesmo incentivo. No Relatório de Atividades de 2016 do EducaBicla, apenas 40% das crianças (cerca de 3

4 585 crianças com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos) afirmam que sabem pedalar. As restantes sentem-se inseguras nesta afirmação (Get Green - Mobilidade Elétrica, Lda, 2017). Relativamente à promoção para uso da bicicleta através da associação a outros modos de transporte através da incorporação da bicicleta em redes intermodais, é neste sentido, que a ideia apresentada se traduz na implementação de um sistema de bike sharing de 4ª geração na cidade de Guimarães. Numa primeira fase, a ideia passará pela implementação de 9 estações de sistemas de bike sharing, disponibilizando um total de 108 bicicletas as quais se chamariam de BiGui Bike sharing Guimarães, e 1 carrinha para logística e manutenção de bicicletas. Respondendo aos constrangimentos sentidos atualmente ao nível da intermodalidade, o bike sharing apresenta-se como uma resolução desses mesmos bem como um promotor da mobilidade ciclável e da descarbonização da cidade. Assim sendo, as 9 estações estariam localizadas nos seguintes pontos: 1. Estação Ferroviária (Urgezes) 2. Central de Camionagem (Creixomil) 3. Universidade do Minho (Azurém) 4. Centro Comunitário de Desporto e Tempos Livres de Guimarães (UF de Candoso S. Tiago e Mascotelos) 5. Castelo de Guimarães (UF Oliveira, S. Paio e S. Sebastião) 6. Parque das Hortas (Largo da República Portuguesa) 7. Parque de Estacionamento do Estádio D. Afonso Henriques 8. Parque de Estacionamento da Feira Semanal/Mercado Municipal 9. Rua da Ramada (Instituto de Design) 4

5 Figura 1- Localização das estações de bike sharing A escolha da localização das estações de bike sharing acima apresentadas, teve em consideração os vimaranenses mas também todos aqueles que visitam ou se deslocam a Guimarães, como caso dos estudantes e dos turistas. Intervenção A intervenção passará pela definição de vários parâmetros do plano de negócios e financeiro. Neste plano estão definidos diferentes cenários de implementação, uma vez que, esta poderá passar pela exploração total por parte do município ou em parceria com empresas privadas. Segundo o relatório Cidades para bicicletas, Cidades de Futuro 5

6 (Comissão Europeia, Direção Geral do Ambiente, 2000) a aplicação de uma política de promoção da bicicleta implica a colaboração de diversos sectores da administração (urbanismo, obras públicas, transportes públicos, ensino, saúde, polícia) e idealmente a colaboração do sector privado (comerciantes, empresas, oficinas de reparação de bicicletas). O custo anual do serviço de bike sharing varia fundamentalmente em função do tamanho do sistema implementado. Estes custos estão relacionados principalmente com a infraestrutura, a aquisição de bicicletas, a reparação e manutenção das mesmas e a sua distribuição entre as estações de bike sharing. Em muitos dos casos, a solução para atenuar esses custos, ou até mesmo eliminá-los, passa pela exploração dos espaços publicitários presentes nas bicicletas e ao longo das suas estações. Trata-se de uma prática muito comum noutros países que desvirtua o valor do custo económico anual. Imagem 1- Estação de bike sharing em Nova Iorque Imagem 2 - Bicicleta partilhada Citibike com suporte publicitário 6

7 Referências Anteprojectos. (23 de novembro de 2016). Rede de Percursos Cicláveis da Cidade Guimarães. Obtido de Anteprojectos: Ayuntamiento de San Sebastián. (2014). la bicicleta es DSS. Ayuntamiento de San Sebastián. (2016a). Campaña seguridad bici y peatones. Comissão Europeia, Direção Geral do Ambiente. (2000). Cidades para bicicletas, Cidades de Futuro. Direção Geral do Ambiente. Demaio, P. (25 de janeiro de 2017). The Bike-sharing blog. Obtido de Get Green - Mobilidade Elétrica, Lda. (2017). EducaBicla - Relatório de Atividades de 2016 e Plano de Atividades de Guimarães. INE - Instituto Nacional de Estadística. (2015). Cifras oficiales de población resultantes de la revisión del Padrón municipal a 1 de enero. Meireles, M. (2017). Como Promover a Mobilidade Ciclável em Portugal. O caso da cidade de Braga. Braga. 7