DROGAS VETERINÁRIAS E ANTIBIÓTICOS. UM PANORAMA GERAL EM CARNES
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- Luna Casqueira Neiva
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1 1 DROGAS VETERINÁRIAS E ANTIBIÓTICOS. UM PANORAMA GERAL EM CARNES Rodrigo Granja Microbioticos Laboratories - microbioticos@microbioticos.com Introdução Antibióticos são substâncias que inibem o crescimento de bactérias e microorganismos correlatos interferindo em funções metabólicas essenciais. Surgiram na década de 50, e sua contribuição marcante foi a redução do número de pessoas que sofriam ou morriam de enfermidades causadas por infecções bacterianas. Os antibióticos também são usados em animais, primeiro porque, como os humanos, os animais também adoecem e segundo porque, quando aplicados à produção, permitem aos produtores criarem seus animais de tal forma para produzir alimentos saudáveis. Cerca de 87% do emprego dos antibióticos em medicina veterinária, são para fins de tratamento, controle e prevenção. Outros 13% são usados para o aumento da eficácia nutricional, com o ganho de peso como indicador de resposta. Essa prática é proibida no Brasil e em muitos outros países. Dos antibióticos empregados na produção animal, 47% são de uso exclusivo em medicina veterinária e somente poderão ser usados depois de aprovados por órgãos oficiais. A aprovação depende da apresentação de resultados de estudos quanto à dose, duração e carência do tratamento na espécie de interesse. É fundamental a orientação profissional na aplicação de tratamentos com antibióticos em animais. Os tratamentos podem ser individuais ou em grupo, quando, por exemplo, todos os animais de um lote foram expostos à mesma infecção. Resistência aos Antibióticos É a defesa biológica natural que as bactérias usam para sobreviver na presença dos antibióticos. A resistência é obtida através dos genes e pode ser transmitida a outras bactérias. Além disso, em determinados seres, já pode existir uma resistência intrínseca e natural. A grande polêmica no uso de antibióticos é que pode haver a diminuição da eficácia dos antibióticos empregados na medicina humana por um fortalecimento da resistência bacteriana. A conseqüência imediata deste fato seria o aumento permanente das doses empregadas aos humanos, com uso de antibióticos cada vez mais potentes e tóxicos. Este ponto de vista é defendido entre outras comunidades, por associações de consumidores em todo o mundo. No entanto, os fatos cientificamente provados demonstram que, até o momento, não existem evidências reais e concretas que os antibióticos usados em medicina veterinária podem comprometer a eficiência dos antibióticos usados em medicina humana.
2 2 De acordo com estudos de avaliação de risco, a chance de haver uma resistência em humanos causada pelo tratamento de animais de produção com o uso de antibióticos é extremamente baixa e nenhuma informação epidemiológica sugere qualquer incremento nas doenças infecciosas. Em países onde o uso de alguns antibióticos foi proibido em produção animal, houve um incremento de aproximadamente 30% no uso terapêutico. Porém, a experiência mais relevante, obtida com a ausência do uso de antibióticos na produção, é que os animais apresentaram três vezes maior probabilidade de portarem bactérias com o poder de enfermar as pessoas. Isso não significa necessariamente que as pessoas ficaram doentes ou contaminadas. Mas, não podemos negar que, em alguns casos, as bactérias que atacam os humanos, estão ficando mais fortes e as doses dos medicamentos aumentando. A Posição da Indústria referente ao uso dos antibióticos é que estes são importantes ferramentas de gestão de produção, que ajudam a prevenir, controlar, e tratar enfermidades, propiciando aos produtores o crescimento de animais saudáveis. Estes antibióticos devem ser usados com discrição de acordo com guias estabelecidos em programas de garantia de qualidade. Isso implica em um monitoramento constante dos produtos: do controle das matérias primas, dos intermediários, dos princípios ativos das drogas e finalmente, dos resíduos que as drogas veterinárias podem deixar nos alimentos. Além disso, esses antibióticos deverão ser checados antes do uso (Ex., de acordo com o regulamento comentário ECC 2377/90), para satisfazer exigências de segurança e garantir a existência de background científico na aprovação do produto. O monitoramento de toda a cadeia produtiva no que diz respeito a estudos analíticos, tornou-se questão primordial e de sobrevivência para a indústria de alimentos de origem animal. Cada vez mais intensificam se os controles que, caso não cumpridos, poderão servir como barreiras não tarifárias ao comércio. Estes controles têm condições de seguir a evolução tecnológica da industria veterinária. Nesta apresentação serão expostos critérios usados na escolha de metodologias analíticas para a detecção de antibióticos e critérios de amostragem comumente usados. Posição dos Consumidores Pesquisas de opinião em muitos países mostram que boa parte dos consumidores informados à respeito da prática correta do uso de antibióticos, com todos os controles e monitoramentos efetivos, aceitam a posição uma vez que é garantida a saúde do animal e conseqüentemente do alimento. Isso poderá possibilitar uma escolha mais fundamentada por parte dos consumidores. Drogas Proibidas Os conceitos aqui exibidos, não se aplicam a drogas que tem o uso proibido. Neste caso os controles analíticos deverão ser ainda mais rigorosos.
3 3 Controle de Resíduos - Exemplo dos nitrofuranos Vários países, entre eles da União Européia, puseram em prática uma série de medidas para proteger a saúde de seus consumidores. Baseado na avaliação dos medicamentos veterinários, o Limite Máximo de Resíduos (LMR) é calculado para cada medicamento em determinada espécie. Todos esses LMR s são listados no regulamento do Conselho 2377/90 em seus anexos. a) Anexo I - requerem LMR (Ex: tetraciclina) b) Anexo II - não requerem LMR c) Anexo III substâncias ainda em estudo d Anexo IV substâncias banidas sem LMR Os nitrofuranos são antibacterianos pertencentes ao Anexo IV. São substancias com um largo espectro antibactericida e muito eficazes ao que se propõe. A União Européia exige a implementação de planos de monitoramento de resíduos de drogas veterinárias aos países membros e foi implementado um sistema de alerta rápido para informar quando são descobertos resíduos potencialmente prejudiciais, provenientes da importação de alimentos de países terceiros pelo bloco europeu. Em 2003, o Brasil apareceu em 39 notificações deste sistema quanto à presença de metabólitos de nitrofuranos ligados a proteínas. Isso levou a comunidade européia a aplicar sanções contra a carne de frango brasileira de modo que 100% dos containeres passaram a ser testados antes de entrar em território europeu. No passado eram feitos testes de resíduos da droga mãe nos tecidos provenientes dos animais. Porém esta alternativa se mostrou ineficaz já que os nitr+ofuranos são metabolizados poucas horas após a sua aplicação, produzindo compostos intimamente ligados aos tecidos. Estes metabólitos são estáveis e persistentes nos tecidos dos animais tratados. Tabela 1 - Nitrofuranos e seus metabólitos. Droga Furazolidona Furaltadona Nitrofurantoína Nitrofurazona Metabólito AOZ AMOZ AHD SEM Não existe limite de tolerância para estes metabólitos. Foi criado um limite de proficiência mínimo (MPRL) que deve ser alcançado por todo o laboratório que se propõe a detectar metabólitos de nitrofuranos. Além disso, foram criados limites individuais de notificação em cada estado membro. Semicarbazida (SEM) Atualmente estão sendo desenvolvidos estudos onde são confirmados dados quanto a origem do composto de nitrofurano SEM. Estes estudos mostram que a semicarbazida pode ser gerada não somente do tratamento de animais com nitrofuranos, mas também por reações químicas de transformação de produtos como a azodicarbonamida (usada em processos de panificação) e entre produtos de limpeza como o hipoclorito de sódio e proteínas.
4 4 Alem disso, a SEM tem sido encontrada em substâncias usadas como seladoras de embalagem de alimentos. Existem métodos analíticos muito caros que permitem a diferenciar a origem da semicarbazida. Existem alternativas mais acessíveis Uma das piores situações que uma nação exportadora de alimentos pode enfrentar é a rejeição e/ou destruição de seus produtos pelos clientes. Por outro lado, produtores de alimentos têm a obrigação de assegurar que seus produtos atendam às especificações de seus clientes quanto a higiene e segurança. Sugere-se, como alternativa, o controle preventivo e não corretivo, estabelecendo-se planos de monitoramento que envolva a realização de testes analíticos, controle da disponibilidade da droga e trabalho de eliminação das drogas proibidas de toda a cadeia produtiva. Isso resulta, no caso da avicultura, nos controles de: a) Matrizes avícolas: É reconhecido que os nitrofuranos podem acumular-se em ovos. Exemplo: a droga mãe furazolidona se acumula no ovo. b) Ingredientes das rações. Os nitrofuranos estão proibidos no Brasil pela normativa 67/2002, e não devem ser encontrados (proposital ou inocentemente) nas rações, pré-mixes e ingredientes. Deste modo um controle da presença da droga nesses produtos deve ser realizado. Muitos medicamentos veterinários e aditivos são eletrostáticos e podem ficar retidos nos equipamentos das fábricas de rações em vários locais, conduzindo a uma contaminação excedente de lotes posteriores de produção. Sugere-se o controle da droga mãe em todos os intermediários. c) Contaminação durante o transporte e manuseio: A limpeza dos locais onde as aves contaminadas estiveram presentes, não elimina a possibilidade de contaminação de animais que venham a ocupar as mesmas baias de crescimento. Além disso, deve-se assegurar que funcionários que estejam usando medicamentos aprovados para humanos, mas proibido para animais (ex: cremes dermatológicos a base de nitrofuranos) não tenham contato com esses animais. Isso pode ser alcançado pelo monitoramento da droga mãe e na carcaça do animal, nos excrementos e nos ovos. Conclusão 1) Os antibióticos são efetivos para a preservação da saúde e bem estar animal. 2) Os antibióticos são testados antes da aprovação para o uso. 3) Produtores e veterinários tem responsabilidades pela observação póstratamento. 4) As preocupações genuínas com respeito ao impacto na saúde humana pelo uso de antibióticos na produção animal são estudadas pelas indústrias, laboratórios e órgãos competentes. 5) No que diz respeito à transmissão de resistência bacteriana a humanos pelo uso de antibióticos na produção animal, não há uma crise, senão uma marcante falta de evidências documentadas, de que o uso destes medicamentos causa falhas no tratamento de humanos. 6) Os consumidores devem ser informados sobre o mecanismo de uso dos antibióticos na produção animal possibilitando escolhas.
5 5 7) Os monitoramentos de toda a cadeia produtiva de alimentos e de resíduos possuem papeis importantes, crescentes e irreversíveis. 8) As metodologias analíticas acompanham a evolução tecnológica das industrias de medicamentos veterinários. 9) Existem tecnologias sofisticadas para o monitoramento de antibióticos e seu eventual uso indevido. Essas tecnologias possuem um alto custo de implementação e execução, porém, existem alternativas mais baratas com eficiência semelhante para o controle do uso indevido de antibióticos e medicamentos veterinários. Referências bibliográficas [1] Weekly conferences Veterinary school Georgetown University [2] URL: [3] Appl. Microbiol. Letters vol. 3 p-269. [4] Anna Maria BLASS RICO Worldwide flow of foods guided by resisues? EURORESIDUE-V conference [5] Dominique BAIWIR et. al. Are non-compliant levels of SEM in food always related to the use of nitrofurazone? EURORESIDUE-V conference [6] C. BOCK et. Al. Semicarbazide- Nothing but a nitrofuran residue? EURORESIDUE-V conference [7] D. G. Kennedy et al. Azodicarbonamide, a flour treatment agent, produces semicarbazide residues in bread. EURORESIDUE-V conference [8] URL:
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