PLANOS DE SÓCIOS NOS CLUBES DE FUTEBOL: MITOS E VERDADES

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1 PLANOS DE SÓCIOS NOS CLUBES DE FUTEBOL: MITOS E VERDADES A questão da sustentabilidade econômica de uma organização sem fins lucrativos está muito relacionada à diversidade das suas fontes de receitas e a geração de receitas próprias. Poucas são as organizações que conseguem, temporariamente ou não chegaram à auto-sustentação, ou seja, 100% dos seus custos serem exclusivamente mantidos por receitas próprias. Há algum tempo na história diversas instituições têm como principal mantenedor a contribuição dos seus associados, colaboradores e/ou sócios. Em regra geral ao tratar deste tema, pensamos em associações condominiais, sindicatos, associações de moradores, conselhos profissionais, ou seja, geralmente organizações em fins lucrativos de segmentos como saúde, educação, representação profissional, entre outros. E se dissermos que esta modalidade também chegou a outros segmentos, como por exemplo, clubes de futebol, você acreditaria? Teria sentido para você um clube de futebol que possui receitas com rendas de grandes jogos, verbas astronômicas de contratos com a televisão, de patrocínios das mais diversas naturezas, buscar este tipo de fonte? A resposta é sim e em alguns clubes esta começa a ser a principal fonte de receita ou como dizem alguns, o principal mantenedor. Esta prática chega ao Brasil no final dos anos 90 e a partir de grandes clubes como Grêmio e Internacional, chegando um pouco mais tarde, o Flamengo, Corinthians, Palmeiras, entre outros clubes, que começam a modificar radicalmente suas estratégias de comunicação com o torcedor, a sua estratégia de marketing como um todo e criar estruturas internas para gerenciarem esta nova dimensão. É a partir daí, que surge outra lógica da relação do clube com seus apaixonados torcedores, criando a figura do sócio-torcedor ou de forma mais precisa de sócio. 1

2 E porque sócio apenas e não sócio-torcedor? Porque o ato de associação vai além da figura tradicional de torcer pelo time. E você pode estar se perguntando, torcer, ir ao campo, pagar ingresso, abrir mão de outras opções de lazer, ter atritos domésticos para sempre ir aos jogos, gritar apaixonadamente já não é o suficiente para demonstrar minha paixão e compromisso com meu clube? Pelo conceito do sócio-torcedor ou sócio não. Sócio-Torcedor vai além da figura tradicional do torcedor, ele além de fazer tudo isto, começa a assumir um compromisso financeiro constante com seu clube, algo mais permanente, continuo e que vai além dos jogos, dos resultados em campo ou da satisfação com a Diretoria do seu clube. Ele tem um compromisso com a instituição, com o clube. E porque não tratarmos de um exemplo prático e real, desta nova dimensão do futebol, como o nosso Baheeaaaaaa. Sim, este nosso clube, que tem uma nação de torcedores, que faz loucuras, que ocupa um espaço inimaginável na mídia, que é possuidor de grandes conquistas nacionais, de grandes feitos no futebol e de histórias dignas de filmes, livros e artigos. E a história deste clube nesta dimensão começou a mudar em 2013 com a redemocratização. Um novo modelo de gestão tenta inovar no profissionalismo e na busca de profissionais reconhecidos no mercado para gerenciar o clube nos seus aspectos mais executivos. E no marketing não foi diferente, o Bahia trouxe Jorge Avancini para ser seu Diretor de Mercado, um dos responsáveis pela criação de toda estratégia de marketing do Internacional que fez com que este clube chegasse a 100 mil sócios-torcedores e virasse referência no cenário nacional a partir dos anos

3 E claro que todos os tricolores imaginavam e talvez até o próprio Avancini que seria fácil darmos saltos no nosso atual quadro de sócios-torcedores. Afinal de contas paixão, torcida e compromisso com o clube já tinham sido amplamente demonstrados e comprovados na história do Bahia, somando isto a um expert em marketing. Parecia uma missão relativamente fácil. Primeiro aspecto, que deve ter surpreendido a todos, foi constatar que, até então, o Bahia não tinha uma estratégia de marketing, pelo contrário eram ações reativas, pontuais, amadoras e sem nenhuma sinergia. E como ter um Plano de Sócios se algo maior que ele não existia? Segundo, os resultados recentes em campo do clube eram lastimáveis, anos na segunda e terceira divisão, como também grandes fracassos e reveses contra seu principal opositor. Terceiro, uma condição fundamental para que um Plano de Sócios tenha sucesso, os exemplos de sucesso no Brasil e no mundo mostram isto, era o clube ter seu próprio estádio e o Bahia não tinha. Para piorar, o clube acabara de passar por uma intervenção onde seu Presidente sofreu um processo de afastamento, na época, tinha sofrido um impeachment revolucionário na história de clubes de futebol do Brasil. Portanto, sofria uma crise de transparência, credibilidade e até de insolvência. Outra variável era crise pós Copa do Mundo, com estádios com problemas de gestão, sustentabilidade e que viriam a ser agravados pelo envolvimento das organizações gestoras em grandes escândalos de corrupção. Também se vivia novos ares, era o Esporte estruturando a sua democracia tricolor, talvez, hoje o seu maior patrimônio institucional. 3

4 Como somos conselheiros na gestão atual e fazemos parte das comissões do Conselho Deliberativo (Negócios, Marketing e Social) temos acesso a dados atuais, diferenciados e podemos fazer algumas análises mais profundas, trazendo alguns dados para esta reflexão, como por exemplo: O Bahia nunca teve sócios como noticiado no seu antigo Plano de Sócios, mas, na verdade aproximadamente sócios adimplentes, mais precisamente em fevereiro de A qualidade dos dados destes sócios era péssima e a gestão do Plano de Sócios estava de posse de empresas terceiras. O Bahia não detinha a informação e controle de seus ativos, ou seja, quem menos tinha ingerência sobre o Plano era o Esporte. Era necessário uma série de regulamentações institucionais, com a devida aprovação do Conselho Deliberativo para que o novo Plano fosse para a rua. Fazia-se necessário também redesenhar todo o contrato e relação com a Arena Fonte Nova. Sem realizar um diagnóstico profundo de toda a gestão interna do clube, no que tange a marketing, comunicação com o torcedor, relação com Arena Fonte Nova e Plano de sócios, seria uma irresponsabilidade lançar um novo plano. 80,5% dos torcedores e dos sócios-torcedores estão em Salvador; Houve um aumento de mais de 350%. Hoje o Bahia possui mais de sócios, com 12 a 18% de inadimplência, média considerada normal entre os clubes. No mês das finais da Copa do Nordeste, houve uma associação de mais de novos sócios, o que demonstra a influência significativa dos resultados em campo na associação. Temos atualmente sócios em todos os Estados do Brasil. Em todos os dados, ficam claro que falta cultura de associação na Bahia, comuns no sul e sudeste do país, isto representa um grande freio no crescimento. O Bahia gera hoje aproximadamente 140 milhões por ano de mídia espontânea com a exposição da sua marca. 4

5 As limitações financeiras e de renda da população baiana, agravadas pela crise, tornavam os valores de associação, mesmo sendo um dos mais baixos do Brasil, considerando as contrapartidas oferecidas, inacessíveis para grande parte da população. Os registros de motivos de cancelamento do plano de sócios estão mais que 70% diretamente ligados à performance em campo e por questões financeiras pessoais. O foco para dar um salto quântico na associação seriam pessoas na faixa de 31 a 49 anos, com um determinado poder aquisitivo. O Bahia tem hoje mais de sócios, sendo mais de adimplentes, maior numero na sua história. Portanto, com base em todas estas questões alguns desafios e dilemas são postos. Um deles é compatibilizar que o Plano de Sócios seja uma alavanca significativa de receitas financeiras para o clube, além de uma forma de gerar novos torcedores. Ou assumir que é necessária ter outra estratégia para evitar que os torcedores se resumam aos sócios-torcedores e que possamos ter uma concentração da torcida em determinadas classes sociais. A paixão, apesar de ser um elemento fascinante, não gera uma associação em massa no caso do Bahia no curto prazo, ou seja, slogans como VAMOS AJUDAR NOSSO CLUBE, podem ser até bons para ganhar prêmios, mas não possui forte apelo na nossa cultura. Apesar dos casos de sucesso dos Planos de Sócios em clubes terem relação com elementos como consciência de apoiar e ajudar o clube, conquista de títulos, votar para presidente e participar da vida política do clube, no caso do Esporte, talvez o caminho seja apresentar uma estratégia de comunicação e marketing direcionada a uma relação mais direta com benefícios ou ganhos com a associação. 5

6 O Bahia só tem chance de competir em melhor condição de igualdade em campo com clubes com orçamentos milionários, se tiver uma forte geração de receitas próprias. Isto passa pela associação em massa. Assim, com tanta informação, polêmica e espaço para aprendizagem nesta nova dimensão do futebol, só existe algo que é certeza absoluta, se você ama o seu clube e quer vê ele grande, associe-se e participe de forma ativa do seu crescimento além das 4 linhas. BBMP e Saudações Tricolores. Fábio Rocha, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Clube Bahia Eduardo Sampaio, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Paulo Amaral Tavares, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Mário Júnior, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Clube Bahia Mário Fraga, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Clube Bahia Zildiney Campello, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Carlos Aguiar, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte Fernando Correa, Torcedor Tricolor e Conselheiro do Esporte 6