Teorias da arte Finalidade da arte Função do artista Origem do prazer estético
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- Isabella Paiva Garrau
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1 Imitação (Platão e Aristóteles, Atenas séc. IV a. C.) Teses: Imitar (Platão) ou representar a realidade como ela é, como o artista a vê ou como deveria ser (Aristóteles). Atenção dada às propriedades objetivas do mundo. Mostrar a realidade tal como ela é. A representação substitui a mera imitação, pois esta seria sempre mais pobre que o original. Representar pode elevar o objeto, darlhe mais valor do que o original possui. Conformidade da obra com a natureza. 1. Nem toda a arte pretende imitar: o que imita uma obra de arquitetura ou pintura abstrata? 2. A imitação da natureza traz alguns problemas: a) O original pode ser superior à cópia. b) A imitação perfeita pode não ser possível, pois a arte transfigura o real segundo a perspetiva do artista. Será que o artista se contenta em ser um imitador? Como se poderá avaliar o grau de fidelidade com que uma obra representa a realidade, se não podemos aceder a essa realidade? c) A realidade pode não se limitar à aparência, e a arte como imitação acaba por retratar apenas o aspeto visível da realidade. 3. Deixa de fora muitas obras de arte contemporânea.
2 Expressivismo H. Read (Inglaterra, séc. XX), Tolstoi- (Rússia, sécs. XIX- XX. Teses: Exprimir e comunicar sentimentos. 1. A arte é a expressão intencional de emoções sentidas pelo artista, clarificadas e transmitidas a um público por meio de linhas, cores, ações, palavras ou sons. 2. Para algo ser uma obra de arte, é necessário que o artista sinta genuinamente, clarifique e transmita intencionalmente um estado emocional individual a um público, por meio de linhas, cores, formas, sons, ações e/ou palavras. - O artista deve sentir uma emoção genuína, individual; clarifica-la e exprimi-la de forma sincera e intencional. - A obra tem de transmitir a emoção do artista através de... Provocar no público as emoções que afetam o artista (uma pressão do interior para o exterior- como se pressiona uma uva para espremer o sumo). Explorar o mundo interno das emoções e identificar novos sentimentos. O que significa exprimir? É exprimir emoções, como se o espectador pudesse senti-las da mesma forma; é dar corpo a um sentimento ou emoção. O espectador identifica-se com os sentimentos do artista. - O público tem de sentir a mesma emoção. Tem de existir um estado emocional comum. O artista: a) Muitos artistas afirmam não ter a intenção de comunicar emoções nas suas obras (contra a teoria expressivistatransmissionista). b) O artista é um fingidor, pode fingir emoções e transmiti-las com eficácia. O sentimento despertado no espectador não é necessariamente o mesmo que o artista expressou. Os sentimentos estéticos são universais? Todas as pessoas de todos os tempos e lugares são capazes de viver uma experiência estética semelhante à do artista? c) Há obras complexas, como algumas
3 obras de ficção, em que diferentes personagens geram diferentes tipos de emoções nas pessoas, sendo pouco provável que o autor tenha experimentado todas essas emoções. d) Os artistas e o seu público não têm de partilhar um estado emocional; por exemplo, muitos atores estão mais preocupados em gerar uma certa emoção no público do que em sentir genuinamente essa emoção. e) Despertar emoções pode ser uma questão de usar as formas adequadas, sem que o artista precise de sentir essas emoções; por exemplo, um escritor de livros de terror pode não ter sentido terror, mas saber como causá-lo nos leitores por meio das formas literárias adequadas a esse fim. f) Inacessibilidade dos estados mentais dos artistas. Se o artista estiver impossibilitado de explicar as suas emoções, será difícil percebermos se a emoção que o espectador sentiu é idêntica à que o artista quis comunicar. A obra de arte: g) Nem sempre as obras de arte clarificam emoções (arte surrealista - Cadáver Esquisito). h) Será que toda a arte exprime emoções individualizadas? Há lugar na arte para emoções genéricas?
4 i)as obras coletivas - muitos autores - podem não exprimir emoções individuais. j) A definição de arte como expressão é demasiado restritiva, excluindo da arte um vasto conjunto de obras geralmente aceites como tal, como é o caso, por exemplo, de obras de arte conceptual. Não poderá uma obra de arte propor apenas reflexões? O espectador: k) O espectador pode não sentir a emoção que o artista quer transmitir ou, até sentir uma emoção diferente.
5 FORMALISTA/Forma significante (Clive Bell, Londre, Séc. XX) Teses: 1. Nem representação, nem expressão, mas forma. Uma obra é arte se possuir uma Forma Significante. 2. Forma Significante: combinação de linhas e cores- caso da pintura. A forma destaca a obra em si, sem finalidade. Destaca a forma. 3. A Forma Significante deve provocar no espectador uma emoção estética. A experiência de uma emoção estética não se confunde com nenhuma outra (alegria, tristeza, euforia, etc.) 4. O que distingue uma boa de uma má obra de arte é conseguir ou não exibir a Forma Significante. Proporcionar emoções estéticas a partir da combinação de formas, cores sons, movimentos, métricas, etc.. Arte pela sua forma. A representação não é fundamental. O espetador obtém prazer a partir da perceção do jogo das formas (cores, sons, etc.). O espectador rearranja as formas que perceciona, através da imaginação.
6 a) Ambiguidade do conceito de forma significante. O que é a Forma Significante? Como se reconhece? A Forma Significante reconhece-se pela emoção estética. A emoção estética é, igualmente um conceito vago. Se o que proporciona uma emoção estética permite reconhecer a forma significante, temos um raciocínio circular, enganador. b) Tem Forma significante se for arte e é arte se tiver firma significante. Circularidade? c) Nem toda a arte consegue provocar emoções estéticas a partir da combinação das formas do objeto. A contemplação estética depende da sensibilidade e da educação estética do espetador; da sua capacidade de reconhecer a Forma Significante. E se o espectador nada sentir perante uma obra clássica? d) A combinação das qualidades formais da obra de arte pode provocar diferentes emoções estéticas e ganhar significados diferentes em públicos distintos. e) O que distingue certas obras de arte de objetos vulgares? A Fonte, de Duchamp, por exemplo. A arte é um conjunto composto por forma e conteúdo inseparáveis. Alguns artistas destacam principalmente o conteúdo e não a forma. f) E se a emoção for provocada apenas pelo conteúdo, continua a ser uma obra de arte? O significado de um texto literário é menos importante que a combinação dos sons? A mensagem que uma pintura transmite será menos importante do que a sua forma estética?
7 Teoria institucional da arte - Arte em contexto (Dickie, EUA, séc. XX) Teses: O que define a arte não é um conjunto de características intrínsecas à obra, mas o contexto da sua criação. 1. Artefacto criado intencionalmente. 2. Candidato a obra de arte - exposição intencional de qualquer objeto. 3. Reconhecimento pela comunidade artística. O estatuto de arte é atribuído aos objetos através de uma autoridade (artista, crítico, galerista, público, etc.) Produzir artefactos com a intencionalidade de os expor. O espetador comum usufrui da arte, porque assim foi considerada. a) Não há um critério suficientemente claro para considerar uma obra de arte boa ou má. b) O que é o mundo da arte? Não tem contornos bem definidos. Quem lhe pertence? c) Quais as razões que estão na base da escolha de um candidato a obra de arte? Arbitrárias? d) Define a noção de arte recorrendo ao mundo da arte, que engloba esta definição. Haverá petição de princípio? e) O estatuto de um objeto de arte é diretamente influenciado pelo contexto cultural de cada época. f) Exclui da arte alguns tipos como, por exemplo, a Street art, o Body Painting, etc. O artista pode ser promovido por um grupo influente do mundo da arte. Atribui exclusivamente o estatuto de artista ao indivíduo que consegue expor. Pode artificializar a emoção estética?
8 Teses: 1. Um objeto é uma obra de arte se e só se tiver sido criado com a intenção de proporcionar ao espectador uma emoção estética. 2. Uma má obra de arte será aquela que não proporcionar uma emoção estética no espectador. Criar objetos intencionalmente para produzir uma emoção estética no espectador. A obra de arte. Pela contemplação desinteressada de uma obra. Teorias estéticas da arte 3. Uma experiência estética centrada no conteúdo da obra é a experiência das propriedades estéticas do objeto divididas nas categorias de Unidade, Diversidade e Intensidade. Por exemplo: elegância, monumentalidade, equilíbrio, fragilidade, etc.). 4. Uma experiência estética centrada na emoção diz-nos que a experiência deve ser desinteressada e empática.
9 1. Definição demasiado ampla das categorias da experiência estética: unidade, intensidade e diversidade. 2. Determinadas obras têm um propósito interessado; politicamente, por exemplo. 3. Alguns objetos não artísticos suscitam nos indivíduos uma contemplação, uma empatia ou uma emoção, mas ideias. 4. Como explicar que a mesma obra provoque emoção estética a um espectador e a outro não; ou que provoque no mesmo espectador uma emoção estética num determinado momento e não num outro?
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