Principais problemas de cartuchos a laser Por Eng. Cássio Arrizabalaga Rodrigues, Diretor da Supplytech

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1 Principais problemas de cartuchos a laser Por Eng. Cássio Arrizabalaga Rodrigues, Diretor da Supplytech Muito se fala nas revistas dos métodos de recarga dos cartuchos, mas pouco se fala dos problemas que enfrentamos em uma recarga. Para diminuir os problemas dos recicladores, elaborei este artigo, que faz parte de um programa extenso de treinamentos e materiais didáticos. O objetivo principal deste artigo é servir de um guia prático e básico aos recondicionadores e profissionais da área. Para iniciarmos, devemos pensar rapidamente como funciona um cartucho, e quais as principais peças que consistem um cartucho. Vemos à frente os três principais esquemas de cartuchos: HP monocromático, HP policromático e Lexmark monocromático com estes três diagramas podemos pensar em quase todos os principais cartuchos do Mercado: Figura 1 -Esquema de um HP preto Figura 2 - Esquema de um Lexmark Preto Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 1 de 11

2 Figura 3 - Esquema de um HP colorido Como vemos, a arquitetura dos cartuchos tende a ser semelhante, e os problemas também. Por este motivo trataremos os defeitos como sendo de uma única fonte. Tenha sempre em mãos estes modelos, para que possa entender o funcionamento de cada peça do cartucho. Para facilitar, podemos dividir os defeitos em 4 grupos: seção de pó, seção de lixo, carcaça e meios externos. Via de regra os defeitos não se confundem, sendo facilmente detectáveis, se seguirmos determinadas regras. Uma das regras mais importantes é que todo o cilindro de dentro do cartucho, quando apresenta defeitos superficiais, seja ele de limpeza seja de desgaste ou danos, estes sempre se apresentam de maneira simétrica, repetidamente na folha. Quanto maior o cilindro, maior a distância entre os defeitos. Uma regrinha simples que podemos utilizar é a seguinte: L = D x π, onde L é o comprimento do cilindro, D é seu diâmetro e π, o chamado pi, é uma constante universal, valendo 3,14. A fórmula pode então ser reescrita por D = L x 3,14. Simples, não? Isto significa que, se eu estiver em um ponto do cilindro, e for caminhando radialmente pela superfície, ando um comprimento L. Faça um experimento com um fio e uma lata. Figura 4 - Como "Esticar" uma circunferência Outra regra simples é com relação às duas seções: de pó e de lixo qualquer problema que teremos em alguma peça desta seção, os resultados nas folhas serão manchas escuras, e qualquer problema que temos na seção de pó, provavelmente teremos manchas claras. Isto sem contar vazamentos, que sempre darão manchas escuras nas folhas. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 2 de 11

3 A terceira regra simples diz respeito às lâminas: sempre teremos manchas verticais ao sentido de deslocamento da folha, valendo a regra anterior. Testes padrão: Mas, é claro que não podemos falar de defeitos se não falamos de como identificá-los. A grande maioria dos recicladores de cartuchos simplesmente faz o auto-teste das impressoras, se o fazem. Entregam o cartucho testado para o cliente, e este devolve com algum problema. O que mais ouvimos: Puxa, fiz tudo direito, por que o cliente devolveu? Devolveu porque não testou direito... Trabalhamos com alguns testes padrão, que consistem em 5 folhas: Chapado 100% preto, chapado 100% branco, chapado em cinza a 30%, letras e o teste de fantasma, que a meu ver, é o mais completo de todos. Existem alguns outros testes, mais específicos, como o Teste de Lombardi ou o Teste ASTM, mas estes testes poderão ser analisados em artigos. E o que podemos avaliar com cada um destes testes? A resposta está abaixo: Teste 100% preto excelente para detectar problemas nos cilindros óticos e lâminas de dosagem. Teste 100% branco excelente para defeitos em PCR 1 (danos na superfície) e cilindro ótico deve sempre ser lido em conjunto com o teste 100% preto. Teste 30% cinza excelente para as duas lâminas dosagem e limpeza, bem como defeitos de cilindro ótico. Teste de letras o mais simples, e avalia apenas se o cartucho imprime sem defeitos gritantes, mas não nos dá uma avaliação precisa das peças internas. Teste de Fantasmas consiste em faixas horizontais de diferentes tonalidades de cinza, e uma forte exigência de toner na sua parte superior, para efetivamente forçar o aparecimento de imagens onde não existiriam. Excelente para determinar o estado dos PCRs e dos rolos magnéticos. Figura 5 - Os cinco principais testes (da esq. para a dir.): 100% branco, 100% preto, 30% cinza, letras (BP-80) e Fantasmas 1 PCR = Primary Charge Roller ou Rolo de Carga Primária Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 3 de 11

4 Neste artigo não falaremos sobre problemas relacionados a pó nem a incompatibilidade entre peças, bem como problemas relacionados a chips. Como dito anteriormente, este artigo pretende mostrar o básico de defeitos. Existem mais de 40 defeitos diferentes em cartuchos, porém estes defeitos selecionados são os mais encontrados em nossa linha de produção. Também não falaremos ainda sobre métodos de limpeza das peças. Avaliação das impressões: Podemos distinguir os defeitos em físicos ou elétricos. Nesta primeira parte falaremos dos defeitos físicos, e mãos para frente, dos defeitos elétricos. Seção de pó. As principais peças presentes na seção de pó são as seguintes: Rolo magnético (HP preto) ou rolo de revelação, ou developer, como alguns preferem chamar (Lexmark preto / HP colorido), Rolo de carga (Lexmark e coloridos), espaçadores de rolo magnético (HP preto), lâmina dosificadora ou doctor para os íntimos (HP preto e HP colorido, Lexmark preto alguns) e Barra dosificadora (Lexmark preto alguns). Qual a função de cada peça? Os rolos (magnético e revelação) são os responsáveis por disponibilizar o pó de toner para o OPC, pegando o toner do reservatório (e em alguns casos do rolo de carga), sendo dosado pela lâmina dosificadora, para que realmente uma pequena quantidade de pó fique disponível para o cilindro. As buchas espaçadoras, para os HP pretos, fazem uma separação física dos dois cilindros OPC e magnético, forçando a partícula de toner a pular de uma superfície para a outra. Para os Lexmark ou coloridos, estas peças não existem, fazendo com que o OPC encoste no rolo revelador. Figura 6 - Bucha colocada. Como o próprio nome diz, a lâmina ou barra dosificadora dosam a quantidade de pó que será disponibilizada ao OPC. E sobre os defeitos, o que temos? Uma lâmina dosificadora nova possui certa elasticidade, que vai se perdendo à medida que o cartucho é usado. Quanto mais uso, menos elástica. Como a lâmina precisa desta elasticidade para dosar o pó, o defeito que encontramos é a famosa faixa vertical clara. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 4 de 11

5 Para a barra dosificadora, presente nos Lexmark pretos (Optra, em especial), os defeitos são semelhantes. Figura 7 - Lâminas dosificadoras danificadas Figura 8- Defeito clássico de dosificadora desgastada. Um rolo magnético desgastado ou sujo, certamente disponibiliza menos pó ao cilindro ótico, e como o desgaste ou a limpeza insuficiente nunca é uniforme, os defeitos que temos nas impressões são linhas horizontais claras. Nos testes de fantasmas, podemos ver uma imagem mais clara da letra G, a uma distância L correspondente ao diâmetro do rolo magnético. Uma limpeza ineficiente da lâmina dosificadora pode danificar a superfície do rolo, causando linhas bem definidas, mais claras na folha. Para o rolo de revelação, os defeitos são semelhantes. Rolos de carga danificados diminuem a quantidade de pó disponível ao rolo de revelação, causando inanição ou falta de toner nas impressões, ou seja defeito semelhante ao das lâminas dosificadoras. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 5 de 11

6 Figura 9 - Defeito clássico de Magnético sujo, mostrando raias mais claras à direita da folha. Vemos também um risco vertical um pouco mais à direita, causado por uma lâmina dosadora ruim. Defeitos nas buchas estão sempre relacionados a vazamentos nos cartuchos. Buchas sujas ou danificadas também causam danos irreversíveis a cilindros óticos. Estas buchas normalmente possuem um ressalto, que assegura a perfeita separação do cilindro ótico e do rolo magnético. Seu desgaste é comum, em especial nos cartuchos pequenos, como os HP 7115 e Q2612. Já imaginou adquirir aquele cilindro ótico lindo, caro, de vários ciclos, que retorna com uma faixa de desgaste, chegando ao alumínio em pouco mais de mil cópias? Pos bem, este defeito pode ter sido causado pela pequena buchinha branca suja ou desgastada do rolo magnético, que custa pouquíssimo, comparada ao cilindro... Seção de Lixo As principais peças presentes na seção de lixo são as seguintes: cilindro ótico, ou OPC, lâmina limpadora (Wiper, para os íntimos) e PCR. Todos os cartuchos, pretos, coloridos, HP e Lexmark possuem estas peças, exceto alguns modelos (que não mencionaremos aqui), que possuem Corona no lugar do PCR ou mesmo o PCR localiza-se na impressora. Mas a função é a mesma. E qual a função de cada peça? O OPC capta a imagem do laser, capta o pó do rolo magnético, levando-o até a folha. Este ciclo é repetido de 3 a 4 vezes na folha 2. A lâmina limpadora retira o excesso de toner ou sujeiras da superfície do OPC. O PCR limpa ou apaga a imagem gerada pelo Laser na superfície do OPC, deixando-o preparado para o próximo ciclo. 2 Tomando como base uma folha A4, com 297mm de altura. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 6 de 11

7 E sobre os defeitos desta parte, o que temos? Uma lâmina limpadora defeituosa ou desgastada acaba por deixar passar uma quantidade mínima, porém indesejável de toner, que fica aderido à superfície do OPC, causando faixas horizontais escuras, quase sempre aliadas a repetição de imagem Para o PCR, a lâmina limpadora é sua fiel escudeira... Figura 10 - lâmina limpadora defeituosa de um HP Q2612. Um PCR defeituoso não fará a limpeza da imagem da superfície do OPC, portanto o que teremos sempre é uma repetição de uma imagem, um fantasma positivo, ou seja, um resquício da imagem anteriormente gerada. No teste de fantasmas, descrito no início do artigo, veremos uma repetição da escrita à distância relacionada ao OPC. Um PCR com sua superfície danificada nos apresentará várias manchas na folha, em média 8, sempre pretas, à distâncias correspondentes ao diâmetro do próprio PCR. Figura 11 - Duas imagens de PCR com problemas: à esquerda vemos m PCR com sua superfície danificada em um determinado ponto (cartucho Q2624), com 8 repetições de faixas horizontais e à direita vemos um PCR realmente ruim, com várias repetições de imagens (veja o cabeçalho da página, repetido 4 vezes). Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 7 de 11

8 Um OPC normalmente nos traz defeitos puntuais, repetindo de 3 a 4 vezes na folha, isto se sua superfície estiver danificada. Caso esteja apenas desgastada, podemos ter impressões claras ao longo da folha. Um defeito comum é o chamado cilindro velado, que vem a ser uma queima da camada fotocondutora, mostrando na folha marcas conhecidas como marcas de pneu, por se parecerem com pneus deixando marcas na areia. Em ambos os casos a solução é o descarte do cilindro e sua troca imediata. Para confirmarmos estes defeitos, podemos fazer o teste de 100% preto e 100% branco em seguida: se, no teste preto aparecerem manchas brancas, e no teste branco, estas manchas se mostrarem pretas, o cilindro está condenado. Se na folha branca os defeitos não aparecerem, volte a limpá-lo... Figura 12 - Defeitos típicos de OPC - à esquerda vemos um cilindro velado e direita, um cilindro danificado. Figura 13 - Este também é um caso típico de cilindro danificado - defeito que aparece em alguns cilindros novos. Note as manchas brilhantes na superfície, ou trincas no revestimento do cilindro. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 8 de 11

9 Para não deixarmos de lado, precisamos falar das molas de tração ou compressão existentes nas carcaças. A função delas é manter certa pressão uniforme entre o OPC e o rolo magnético ou o rolo de revelação, e sua ausência, instalação inadequada ou perda de elasticidade causam impressões falhas no lado em que a mola não está perfeita. Um erro comum é perder a bendita molinha do cilindro do Q Figura 14 - Impressão feita com um cartucho Q2612 sem a mola do lado oposto ao conjunto de engrenagens. A impressão deveria ser de um chapado preto. Por fim, não poderia de deixar de falar sobre o software controlador de impressões. Muitas pessoas sequer sabem que existe, e em local de fácil acesso basta pressionar o botão Propriedades em qualquer janela de impressão do Windows para abri-la porém devemos sempre nos ater aos tipos especiais de mídias que iremos imprimir. Por exemplo, transparências, folhas com etiquetas ou cartolinas. Uma vez programada a mídia, a impressora se encarrega de alterar a velocidade com que a folha passará pelo fusor, dando tempo certo ao pó fundir-se entre as fibras. Não precisamos mencionar os defeitos que podemos ter, mas fazemos mesmo assim: podemos ter pó soltando da impressão final, ou o pior, grudando na película fusora da impressora, danificando-a, causando prejuízos a todos os envolvidos. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 9 de 11

10 Figura 15 - Especificações de papel em um gerenciador de impressão. Defeitos elétricos Até agora falamos de defeitos físicos, como manchas, riscos, danos ou desgastes. Porém, o cartucho não funciona sem energia elétrica em seus componentes. Mas, qual o efeito em cada um deles? É o que vamos ver agora: OPC o É o terra do circuito, ou seja, a energia entra pelo PCR e pelo magnético, saindo por ele. Sua ausência causa simplesmente a não polarização de sua superfície, gerando uma impressão ora branca ora acinzentada, mas nenhuma imagem é impressa. PCR o É o apagador eletrônico do processo. A ausência de contato do PCR com a impressora causa uma impressão totalmente preta, sem qualquer imagem gerada, além de texturizar o verso da folha. Rolo Magnético o É o responsável por ajustar a polaridade do pó de toner. A ausência de carga no rolo magnético deixa a impressão totalmente branca, ou seja, nada é impresso. Rolo de revelação (Lexmark e coloridos) o Também é o responsável pela correta polarização do pó de toner. A ausência de contato neste cilindro, ao contrário do que acontece na HP, causa fundo na Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 10 de 11

11 impressão, pois o toner tem total liberdade para transferir-se de sua superfície para o OPC, sem que haja contenção pela diferença de carga na superfície do cilindro. Figura 16 - Defeitos de contato elétrico: à esquerda, um OPC sem contato; ao centro, um PCR sem contato, e à direita, um E-312 Lexmark sem contato em seu rolo de revelação. Nas próximas edições falaremos de alguns outros problemas de reciclagem de laser. O Eng. Cássio Rodrigues é proprietário da Supplytech, empresa especializada em treinamentos e consultorias para recicladores de cartuchos, com mais de 11 anos de experiência internacional no setor. Contatos pelo cassio@supplytech.com.br As marcas citadas são marcas de seus respectivos fabricantes e foram utilizadas neste artigo meramente em caráter informativo ao público em geral. Rua Cap. Guilherme Pompeu, 80. São Paulo, SP Pág. 11 de 11