CONTROLE DE ANTRACNOSE (Colletotrichum musae) E CONSERVAÇÃO EM PÓS-COLHEITA DE BANANA NANICA NO NORTE DE MATO GROSSO
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1 CONTROLE DE ANTRACNOSE (Colletotrichum musae) E CONSERVAÇÃO EM PÓS-COLHEITA DE BANANA NANICA NO NORTE DE MATO GROSSO Solange Ossuna Fernandes¹, Solange Maria Bonaldo 2 ¹Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Mato Grosso UFMT/Campus Sinop. 2Professora Doutora da Universidade Federal de Mato Grosso UFMT/Campus Sinop. Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais ICAA. Avenida Alexandre Ferronato, 1.200, Reserva 35, Distrito Industrial, Cep: , Sinop, MT Brasil. (sbonaldo@ufmt.br). Data de recebimento: 07/10/ Data de aprovação: 14/11/2011 RESUMO O objetivo deste trabalho foi verificar a eficiência de controle de antracnose e conservação em pós-colheita de dois fungicidas do grupo das estrobilurinas e triazóis, óleo de soja e mistura deste com os fungicidas, comparando seus resultados com uma testemunha e um tratamento à base de hipoclorito de sódio a 1%. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com 10 repetições. Foram realizadas cinco avaliações de severidade, através de escala diagramática, e maturação, através de escala de 1 a 7. Dos valores de severidade obteve-se a Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e os dados obtidos foram submetidos ao teste de Tukey (P<0,05). Os tratamentos óleo de soja, fungicida I em mistura com óleo de soja e fungicida II em mistura com óleo de soja foram eficientes no controle da antracnose e na conservação dos frutos em pós-colheita, reduzindo em 72,2%, 77,5% e 78,8% a AACPD da doença, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: Musa spp., óleo de soja, maturação, controle alternativo. ANTHRACNOSE (Colletotrichum musae) CONTROL AND CONSERVATION IN POST-HARVEST DWARF BANANA IN NORTHERN MATO GROSSO. ABSTRACT The aim of this study was the best control of anthracnose in the post harvest and delay ripening process applying two fungicides group as strobilurin and triazole, soybean oil and the mixture with fungicides, comparing their results with a control and treatment based on sodium hypochlorite 1%. We used a randomized design with 10 repetitions. There were 5 disease severity, using diagrammatic, and maturation through a scale of 1 to 7. Of severity values obtained the Area Under Disease Progress Curve (AUDPC) and the data were subjected to the Tukey test (P<0.05). The soybean oil treatments, fungicide I mixed with soybean oil and fungicide II mixed with soybean oil were effective in controlling anthracnose and delay ripening process, reducing by 72.2%, 77.5% and 78.8% the AUDPC of disease, respectively. KEYWORDS: Musa spp., soybean oil, ripening process, alternative control. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores produtores de banana do mundo e segundo dados do IBGE (2008), em 2008 a produção nacional foi de toneladas ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 237
2 produzidas em hectares. Essa produção expressiva tem sido afetada pela ocorrência de doenças, principalmente em pós-colheita, como a antracnose. Somente esta doença é responsável por perdas da ordem de 40% do total produzido (PESSOA et al., 2007), implicando em redução dos lucros para o produtor e aumento de preços para o consumidor. Esta doença ainda é responsável por danos muito maiores visto que a atração do fruto pelo consumidor é reduzida, devido às manchas provocadas, e sua ocorrência reduz a vida de prateleira da banana (CELOTO, 2005). A antracnose é causada por diferentes raças fisiológicas do fungo Colletotrichum musae (Berk & Curtis) von Arx. (COELHO et al., 2010), cujos sintomas observados são lesões escuras e deprimidas, que com o progresso da doença e em condições ambientais favoráveis, como alta umidade, cobrem-se de frutificação rósea. Essas estruturas são os acérvulos, responsáveis pela produção e disseminação dos conídios, que se dá através de respingos de chuva (COUTO; MENEZES, 2004). Este fungo pode ser controlado de várias formas, como através da redução na temperatura de armazenamento (SILVA et al., 2008b), uso de fungicidas químicos, sendo Tiabendazole e Imazalil os únicos liberados para uso nesta cultura em póscolheita (AGROFIT, 2010) e ainda, uso de extratos e óleos essenciais derivados de plantas com potencial antifúngico (SILVA et al., 2008a). Cada vez mais a população tem exigido produtos com baixo nível de resíduos químicos. Com isso pesquisadores têm buscado encontrar produtos capazes de controlar agentes patogênicos, sem causar nenhum dano ao meio ambiente e aos seres humanos, visando reduzir o uso de fungicidas convencionais. Um produto que vem se destacando no controle de doenças e conservação em pós-colheita de frutas é o óleo de soja. Sua eficiência no controle de Colletotrichum musae e C. gloeosporioides tem sido comprovada em vários estudos com mamão papaia, manga e banana (JUNQUEIRA et al., 2003, 2004). Acredita-se que o óleo reduz a respiração do fruto. Dessa forma a produção de etileno e conversão do amido em açúcares também é reduzida, o que impede ou reduz o desenvolvimento do patógeno (JUNQUEIRA et al., 2003). Altas temperaturas são fundamentais nos processos de respiração dos frutos. Porém, quando muito elevadas, tornam-se desfavoráveis, pois aumentam a maturação, reduzindo o tempo para comercialização (CHITARRA; CHITARRA, 2005). A Região Norte de Mato Grosso apresenta, na maior parte do ano, altas temperaturas. Isso faz com que produtores desta região percam seus produtos com mais facilidade, impedindo-os de competir no mercado com produtores de outros Estados. Assim, torna-se cada vez mais importante o desenvolvimento de técnicas que favoreçam esses produtores através do aumento na conservação dos produtos em pós-colheita, associado a um baixo custo. Com isso, objetivou-se avaliar a eficiência de controle da antracnose (C. musae) e conservação dos frutos em pós-colheita pelo uso de hipoclorito de sódio a 1%, fungicidas (picoxistrobina + ciproconazol e trifloxistrobina + tebuconazol), óleo de soja e associação deste com os fungicidas. MATERIAL E METODOS Local O presente experimento foi realizado no laboratório de Microbiologia e Fitopatologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Sinop, no período de 11 a 29 de setembro de ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 238
3 Material vegetal Como material vegetal utilizou-se frutos de banana, da cultivar nanica, oriundos de multiplicação de cultura de tecidos e colhidos com 8 meses de cultivo. As bananas foram adquiridas diretamente do produtor local no município de Sinop- MT, e foram colhidas no estádio ¾ com quinas menos salientes e lados mais largos e ligeiramente arredondados; da mesma forma como são colhidas e vendidas para os mercados da cidade. Foram submetidas aos tratamentos, sem uma lavagem prévia, para verificar a viabilidade do inóculo do patógeno vindo do campo. Todos os frutos já apresentavam alguma lesão de C. musae, visto que a infecção ocorre no campo e o produtor não faz o controle necessário, o que resulta em frutos com maturação acelerada e, consequentemente, menor tempo de prateleira. Tratamentos Os tratamentos utilizados estão representados no Quadro 1. QUADRO 1-Tratamentos utilizados no controle de antracnose (Colletotrichum musae) e conservação dos frutos de banana em pós-colheita. TRATAMENTOS DESCRIÇÃO 1 Testemunha (sem nenhum tratamento) 2 Hipoclorito de sódio a 1% Fungicida I (0,3g de picoxistrobina + 0,12g de ciproconazol)* + 3 1mL de Tween 1%/L de água Fungicida II (2,67g de trifloxistrobina + 5,33g de tebuconazol)* 4 + 1mL de Tween 1%/L de água 52,67mL de Óleo de Soja + 21,07g de Leite em Pó Integral /L 5 de água 6 Óleo de Soja + Leite em Pó Integral + Fungicida I + Tween 1% 7 Óleo de Soja + Leite em Pó Integral + Fungicida II + Tween 1% * Fungicida não registrado para a cultura em pós colheita. Conforme a Tabela 1, o tratamento testemunha constituiu-se de frutos sem nenhum tratamento, da forma como os frutos chegaram do campo. No tratamento 2 foi utilizado hipoclorito de sódio a 1% e, nos tratamentos 3 e 4 utilizaram-se dois fungicidas comerciais do grupo das estrobilurinas e triazóis: o T3 consistiu numa suspensão à base de picoxistrobina e ciproconazol, na concentração de 200g/L e 80g/L respectivamente, e no T4 uma suspensão de trifloxistrobina, 100g/L, e tebuconazol, 200g/L. As doses utilizadas foram de 1,5mL por litro de água para o T3 e 26,67mL por litro de água para o T4, com adição de adjuvante (Tween 1%) a 1mL por litro de água. Essas doses correspondem à 0,3g de picoxistrobina, 0,12g de ciproconazol, 2,67g de trifloxistrobina e 5,33g de tebuconazol. No tratamento 5 misturou-se, em um litro de água, 52,67mL de óleo de soja comercial e 21,07g de leite em pó integral, sendo utilizado o leite como emulsificante do óleo pela presença de lecitina em sua composição (JUNQUEIRA et al., 2003). Os tratamentos 6 e 7 foram uma associação dos T5 + T3 e T5 + T4, respectivamente. Para cada tratamento foram empregados 10 frutos, sendo três buquês de três frutos mais um fruto. Em todos os tratamentos os frutos ficaram imersos nas soluções por três minutos, conforme proposto por SPONHOLZ et al. (2004). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 239
4 Depois de tratados os frutos foram acondicionados em bandejas de polietileno e mantidos em câmara climatizada tipo B.O.D. com temperatura de 28±1ºC e fotoperíodo de 12 horas. A cada avaliação os frutos foram molhados com água destilada para aumentar a umidade e favorecer o desenvolvimento do patógeno, já que a B.O.D. retira a umidade ambiente, o que pode prejudicar o desenvolvimento dos fungos na superfície dos frutos. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo cada repetição representada por um fruto. Avaliações Os frutos foram avaliados quatro, sete, 10, 13 e 18 dias a contar do início do experimento, correspondendo às datas de 15, 18, 21, 24 e 29 de setembro de As variáveis avaliadas foram: percentagem de área lesionada por fruto, segundo escala diagramática proposta por MORAES et al. (2008) (Figura 1). FIGURA 1. Escala diagramática de severidade de podridões em frutos de banana, cujos valores correspondem à percentagem de área lesionada por fruto (MORAES et al., 2008). A maturação dos frutos foi avaliada segundo escala de VON LOESECKE (1950) (Figura 2). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 240
5 FIGURA 2. Escala de maturação de VON LOESECKE (1950). Análise Estatística A partir dos valores de severidade determinou-se a Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) através de equação proposta por CAMPBELL & MADDEN apud PAULA et al. (2008): n-1 AACPD = Σ (Y i + Y (i+1) ) x (t (i+1) -t i ) i 2 Na qual, Y i e Y (i+1) são os valores de severidade observados em duas avaliações consecutivas e t (i+1) -t i é o intervalo entre duas observações. A análise estatística foi realizada mediante a comparação entre as médias de AACPD pelo teste de Tukey com P<0,05, através do programa de análise estatística STAT versão 2.0 da Unesp. Das médias de AACPD calculou-se a redução percentual dos tratamentos 2, 3, 4, 5, 6 e 7 em relação à testemunha pela seguinte equação: % redução = média testemunha média tratamento média testemunha ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 241
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Controle de Antracnose (Colletotrichum musae) Conforme se observa na Tabela 1, a seguir, os tratamentos 1, 2, 3 e 4 não foram eficientes no controle de antracnose, sendo os que apresentaram maiores lesões, com um constante crescimento da doença. TABELA 1. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) para antracnose (Colletotrichum musae), em frutos de banana nanica, em função de tratamentos à base de hipoclorito de sódio a 1%, dois fungicidas do grupo das estrobilurinas e triazóis, óleo de soja misturado com leite em pó integral e associação dos fungicidas mais óleo de soja. TRATAMENTOS AACPD T1 Testemunha 37,8 a² T2 - Hipoclorito de Sódio a 1% 33,7 a b T3 - Fungicida I (picoxistrobina + ciproconazol)¹ 30,7 a b T4 - Fungicida II (trifloxistrobina + tebuconazol)¹ 26,3 b T5 - Óleo de soja + Leite em Pó Integral 10,5 c T6 - Fungicida I + Óleo de Soja 8,5 c T7 - Fungicida II + Óleo de Soja 8,0 c CV (%) = 34,51 DMS = 10,43 1 Fungicidas não registrados para uso em banana em pós-colheita. 2 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Os tratamentos à base de fungicidas não apresentaram diferenças entre si e não diferiram dos frutos tratados com hipoclorito de sódio a 1%. Pode se observar que eles não foram eficientes no controle da doença, portanto estes fungicidas à base de estrobilurinas e triazóis não são capazes de controlar este patógeno. A concentração de hipoclorito de sódio utilizada foi baixa, talvez por isso não tenha apresentado efeito positivo no controle da doença. Nos tratamentos 5, 6 e 7 não se observou aumento das lesões nos frutos ao longo do experimento, sendo portanto altamente eficientes no controle de antracnose. Os tratamentos 6 e 7, que consistiam em mistura dos fungicidas com óleo de soja e adjuvante, foram os que apresentaram menores lesões e estas eram provenientes do campo. Já que os fungicidas testados isoladamente não foram capazes de controlar a doença, pode-se atribuir este efeito positivo somente ao óleo de soja. JUNQUEIRA et al. (2003) acreditam que o óleo reduz a respiração dos frutos. Sendo assim, os frutos produzirão etileno em menor concentração, o que pode reduzir a conversão do amido em açúcares, impedindo ou reduzindo o desenvolvimento de patógenos. Diversos autores têm buscado técnicas alternativas de controle de antracnose, visando reduzir o uso de fungicidas, pois a população vem exigindo cada vez mais produtos ambientalmente limpos e livres de resíduos químicos ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 242
7 (CELOTO, 2005; JUNQUEIRA et al., 2003; SILVA et al., 2008a; SPONHOLZ et al., 2004). Assim, o uso do óleo de soja apresenta-se como alternativa eficiente e viável para produtores e consumidores, já que não oferece riscos ao meio ambiente e à vida das pessoas. Frutos tratados apenas com tebuconazol a 250mg/L foram eficazes no controle de antracnose por até 12 dias, segundo SPONHOLZ et al. (2004), reduzindo de 60% para 3% a área lesionada por fruto. Neste ensaio, a trifloxistrobina pode ter apresentado efeito negativo sobre a ação do tebuconazol contra C. musae. JONHSON & SANGCHOTE apud SPONHOLZ et al. (2004), afirmam que alguns fungicidas sistêmicos podem erradicar a infecção iniciada antes do tratamento, porém esta habilidade depende do tempo decorrido entre a infecção e o tratamento com o fungicida, da localização das estruturas quiescentes e da propriedade de penetração e cobertura da formulação do fungicida utilizado. Na Tabela 2, é possível verificar a redução percentual da AACPD dos tratamentos 2, 3, 4, 5, 6 e 7 em relação à testemunha. Verifica-se que houve uma redução de 72,2, 77,5 e 78,8% nos tratamentos 5, 6 e 7, respectivamente, apresentando maior eficiência de controle e redução da doença. Não houve redução de 100% pois os frutos já continham lesões advindas do campo. TABELA 2 Redução percentual da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) dos tratamentos 2, 3, 4, 5, 6 e 7 em relação à testemunha. TRATAMENTOS REDUÇÃO PERCENTUAL T1 - Testemunha - T2 - Hipoclorito de Sódio a 1% 10,8% T3 - Fungicida I (picoxistrobina + ciproconazol) + Tween 1% 18,7% T4 - Fungicida II (trifloxistrobina + tebuconazol) + Tween 1% 30,4% T5 - Óleo de soja + Leite em Pó Integral 72,2% T6 - Fungicida I + Óleo de Soja + Tween 1% 77,5% T7 - Fungicida II + Óleo de Soja + Tween 1% 78,8% Conservação dos Frutos A Figura 3 apresenta a maturação dos frutos no decorrer das cinco avaliações. Através dela verifica-se a eficiência do óleo de soja na conservação em pós-colheita da banana, visto que este reduz a respiração do fruto e com isso a produção de etileno. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 243
8 8 Maturação Segundo Escala de Von Loesecke T1 T2 T3 T4 T5 T6 T Dias Após Início do Experimento FIGURA 3. Maturação dos frutos de banana nanica segundo escala de VON LOESECKE (1950) aos quatro, sete, dez, treze e dezoito dias após início do experimento, mantidos a 28±1ºC em câmara climatizada tipo B.O.D. Tratamentos: T1 testemunha, T2 hipoclorito de sódio a 1%, T3 fungicida I (picoxistrobina + ciproconazol), T4 fungicida II (trifloxistrobina + tebuconazol), T5 óleo de soja + leite em pó integral, T6 T5 + T3, T7 T5 + T4. JUNQUEIRA et al. (2003), trabalhando com diferentes concentrações de óleo de soja sobre bananas da cultivar Nanicão, verificaram que as concentrações de 50, 25 e 12,5 ml de óleo de soja inibiram totalmente a maturação dos frutos por 20 dias. O uso de óleo de soja também mostrou-se eficaz no controle de antracnose e aumento da vida de prateleira em manga da cultivar Palmer, aos 30 dias após o tratamento (JUNQUEIRA et al., 2004). Para que ocorra síntese de etileno é necessária a presença de oxigênio, já que este é substrato da principal enzima envolvida neste processo, a ACC (1-ácido carboxílico-1-aminociclopropano). Conforme JUNQUEIRA et al. (2003) afirmam, o óleo de soja forma uma película impermeável sobre a casca do fruto, o que promove a redução de trocas gasosas, reduzindo a concentração de oxigênio intracelular e consequentemente a produção de etileno. Encontrar uma técnica alternativa de conservação que não envolva o uso de refrigeração é vantajoso, pois possibilita o aumento na vida de prateleira dos frutos em regiões distantes e com baixa disponibilidade de recursos, como energia. Através da Figura 4, é possível verificar que o uso do óleo de soja foi eficaz no retardo da maturação dos frutos. Esse retardo na maturação favorece um maior tempo de prateleira e a redução do escurecimento da casca decorrente da antracnose, o que torna os frutos visualmente mais atrativos favorecendo o consumo, já que os consumidores dão preferência a fatores como cor, textura e sabor (CHITARRA; CHITARRA, 2005). A presença do óleo na casca dos frutos os deixa com uma aparência brilhante, o que pode dificultar o consumo, já que ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 244
9 consumidores não têm o hábito de adquirir bananas tratadas com óleo. Mas isso pode ser adaptado visto que citros são comercializados com a casca impermeabilizada por cera, sendo que esta aplicação deve ser estudada em banana. FIGURA 4. Tratamentos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente da esquerda para a direita, aos quatro dias após início do experimento. Quanto à consistência dos frutos, verificada visualmente, observou-se que frutos em menor escala de maturação apresentavam polpa mais consistente e casca mais espessa. Dessa forma, ao final do experimento, os tratamentos 5, 6 e 7 apresentavam frutos com a casca mais espessa e polpa mais consistente, enquanto os frutos dos tratamentos 1, 2, 3 e 4 apresentavam casca fina e polpa muito mole. Com o avanço do amadurecimento do fruto, sua casca reduz a espessura, tanto pela sua desidratação, devido ao fluxo de água para a polpa e hidrólise do amido, como também pela transpiração. Perdas reduzidas de água são observadas em frutos cuja produção de etileno é menor, já que este atua na desestruturação de membranas celulares e hidrólise do amido. A baixa hidrólise do amido relacionada à menor ação do etileno, mantém o potencial osmótico da casca, reduzindo o fluxo de água para a polpa (SOUZA et al., 2002). CONCLUSÕES Pode-se concluir que o óleo de soja e a combinação com os fungicidas I (picoxistrobina+ciproconazol) e II (trifloxistrobina+tebuconazol) são eficientes no controle de antracnose e na conservação dos frutos de banana em pós-colheita, reduzindo a AACPD e prolongando a vida de prateleira dos frutos. Os fungicidas quando utilizados sozinhos, não foram eficazes, assim como o hipoclorito de sódio, no controle da doença. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROFIT, SISTEMA DE AGROTÓXICOS FITOSSANITÁRIOS. Disponível em: < Acesso em: 10 de setembro de CELOTO, M. I. B. Atividade antifúngica de extratos de melão-de-são-caetano (Momordica charantia L.) sobre Colletotrichum musae (Berk. & Curtis) Arx f. Dissertação (Mestrado em Agronomia área de concentração Sistemas ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 245
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