Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:
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- Patrícia Tomé Felgueiras
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1 PN ; Ag: TC Murça (155/03.2TBMUR) Ag.e: Manuel Joaquim Gomes Ferreira cc Maria Judite Ferreira, 1 Rua Caminho de el-rei, nº 3 sótão, 2795, Queijas, Oeiras Agº: Abílio Ferreira Quintelas cc Teresa Alves Teresinho Ratiço, Noura, Murça 2 Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (1) Os agravantes não se conformaram com o despacho que não acolheu a nulidade arguida durante a audiência de julgamento de patrocínio forense sob conflito de interesses, proibido pelos artºs 94 e 96 EOA ao advogado da parte contrária. (2) Do despacho recorrido: (a) Dos autos não se vê que o mandato forense conferido pelos AA e respectivo substabelecimento estejam feridos de quaisquer irregularidades processuais. (b) Quando muito, o que poderá estar em causa será a questão de saber se existe ou não ilícito deontológico e de ética profissional. (c) Assim sendo remeta certidão desta ordem à OA II. MATÉRIA ASSENTE: 1. Advªs: Drª Lizângela Almeida, Avª Afonso Costqa, nº 7, R/c esqº Paivas, Amora Seixal. 2 Adv: Dr António Manuel Veloso, variante à Estrada Nacional 15, loja 5, Murça. 1
2 (a) Seis anos antes da audiência de , os RR consultaram o advogado dos AA, com a finalidade de procederem ao registo do imóvel de que se arrogam proprietários nesta causa. (b) Todavia, não conferiram mandato forense para os patrocinar no presente litígio. (c) E saldaram contas dos serviços forenses que então lhes foram prestados (d) Entretanto, procederam ao registo referido três anos depois, patrocinados por outra advogada. (e) E tanto a providência cautelar como esta acção principal foram instauradas por advogado diferente dos AA, que substabeleceu. (f) Esta causa diz respeito a um conflito de limites entre proprietários de dois prédios, acerca de uma servidão, que, alegadamente onera o prédio dos RR em favor do prédio dos AA. (g) No requerimento indeferido, os RR indicaram uma testemunha e pediram para ser ouvidos sobre a matéria alegada: reconheceram na pessoa do mandatário da parte contrária o advogado, a quem antes tinham recorrido para tratar do caso, dando-lhe a conhecer tudo que para o efeito era necessário. (h) O advogado dos AA, posto em causa pelos RR, acompanhou a causa a partir da resposta à contestação, procedendo às diligências de registo, negado na Conservatória, ao aperfeiçoamento da petição inicial, segundo directriz do despacho pré-saneador, à resposta à reconvenção, também aperfeiçoada, apresentação da prova, participação na Audiência e oposição ao justo impedimento alegado pela parte contrária, no sentido da interposição de recurso da sentença fora do prazo, indeferido. III. CLS/ALEGAÇÕES: (1) Na audiência de julgamento, , os RR arguiram irregularidade do mandato forense do advogado da parte contrária. (2) Sustentaram que tinha sido procurado por eles para tratar da mesma causa, onde agora patrocina os AA. (3) O ilustre mandatário confessou tacitamente. 2
3 (4) Mas o tribunal recorrido indeferiu a pretensão dos recorrentes, limitando-se a ordenar a retirada de uma certidão da acta para envio à ordem dos advogados. (5) Contudo, deveria ter suspenso de imediato a audiência de julgamento e impedido que o advogado em causa continuasse a exercer patrocínio dos AA. (6) E, desde logo, por coincidente, consubstancia-se em conflito de interesses, segundo os artºs 9497EOA, que tornam ilegal o patrocínio. (7) A consequência imediata é a de serem anulados todos os actos e diligências do processo praticados ou em que a parte tivesse estado representada pelo ilustre causídico da Praça de Murça. IV. CONTRA-ALEGAÇÕES: (1) O recurso é destituído de todo e qualquer fundamento. (2) Face ao artº 32 ss CPC, resulta inequívoco que o mandato forense dos AA e o substabelecimento não padecem de quaisquer irregularidades processuais. (3) Por outro lado, da leitura atenta da contestação apresentada pelos RR, nomeadamente, os nºs 34 ss, fica amplamente demonstrado que o mandatário dos AA não praticou nunca nenhum dos actos que lhe são imputados e nos quais a parte contrária pretende fundamentar a irregularidade do patrocínio. (4) Mostra-se assim subsistente toda a intervenção processual que aqui teve, onde actuou de acordo com a consciência, com os cuidados próprios e dentro dos parâmetros legalmente exigíveis, sem a regularidade processual ou deontológica susceptível de acarretar qualquer nulidade de actos de processo. (5) Deve ser negado provimento ao agravo. V. RECURSO julgado nos termos do artº 705 CPC: (1) A norma do EOA que proíbe ao advogado patrocinar sob conflito de interesses dos consulentes, previne o risco de violação do segredo profissional e é justamente nesta medida que tem imediata incidência no âmbito e alcance da condução da lide. (2) Se, na verdade, a prova produzida contra segredo profissional do advogado é proibida e nula, se nessas circunstâncias de proibição de revelar segredo o 3
4 advogado não pode ser depoente, isto é, não pode contribuir para o apuramento e recorte dos contornos existentes do litígio, também parece claro que, se conhece a causa por dentro e por revelação da parte contra quem vai estar, lhe é proibida, a intervenção no processo. (3) Com efeito, competindo-lhe o interrogatório das testemunhas, a contrainstância, a crítica dos documentos e a apresentação do litígio, da solução do caso nas alegações perante o tribunal, é muito mais viciada esta sua posição, através do trato que teve com o adversário, do que expor a juízo as circunstâncias de que ele, adversário da parte que representa, lhe deu conhecimento por seu intermédio, ainda que indirectamente. (4) No caso do depoimento, interpor-se-lhe-ia até a objectividade fria da apreciação independente do tribunal, mas no caso do desempenho na lide, perante a hegemonia do dispositivo, com o soberano desenho da causa que apresenta aos juízes, podemos ver aí apenas a interposição, entre o patrocínio e a sentença, de uma objectividade quente do tribunal, quem, não obstante isento, julga um caso dado, diz o direito, a partir dos factos que estrategicamente as partes lhe fornecem, livres na escolha. (5) Por conseguinte, no caso de patrocínio sob conflito de interesses, pode e deve convocar-se a sanção apropriada às proibições de prova, para barrar o julgamento da causa, perante uma lide inefraccionária, sob o ponto de vista da violação ou do risco efectivo de violação do segredo profissional do advogado. (6) Aqui mesmo, perante a matéria assente, parece, sem dúvida, de concluir haver manifesto risco de quebra do segredo na actuação do advogado dos AA, não obstante ter passado a intervir na lide já depois dos articulados findos. (7) É que a fase crucial deste identificado risco de infracção à reserva da advocacia ocorre na instância e contra-instância, em audiência. (8) Entretanto, a proibição do mandato forense equivale naturalmente à falta de procuração ou irregularidade, que podem em qualquer altura do processo ser arguidas pela parte contrária. (9) Por conseguinte, visto o disposto no artº 94/3 EOA e artºs 3 A, 32, 33, 40/1, 264/1, 519/3 c e 618/3 CPC, foi revogada a decisão recorrida, para que se repetisse o julgamento da causa com novo advogado dos AA, a quem teria de ser 4
5 fixado o prazo para a nomeação, sob pena de os RR serem absolvidos da instância. VI. RECLAMAÇÃO: nos termos do art.º700/3 CPC, sem motivação expressa e, por isso mesmo, sem resposta. VII: SEQUÊNCIA: (1) Mantêm, agora em acórdão, o despacho reclamado, aderindo aos motivos e fundamentos nele expostos para revogarem a decisão recorrida. (2) Assim, por violação do disposto no art.º 94/3 EOA, vistos os demais artigos citados do CPC, vai anulado o julgamento da causa, devendo os AA constituir novo advogado em prazo assinado sob pena de absolvição de instância. VII. CUSTAS: pelo ag.º, que sucumbiu, não sendo contadas quanto a este passo, necessário à definitividade do julgado. 5
(1) Discorda a ag.e da decisão de 1ª instância, que indeferiu requerimento ao abrigo do artº 1785/3CC de continuação de divórcio post mortem;
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