A globalização e a Cidade: as faces visíveis da reorganização física
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- Rafaela Cerveira Ferreira
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1 GLOBALIZAR PARA REINAR FRAGMENTAR PARA RESISTIR: CASO DO ESPAÇO METROPOLITANO JORG E GONÇA LVE S A glbalizaçã e a Cidade: as faces visíveis da rerganizaçã física Os temps d pós (pós-mdern, pós-industrial, pós-frdista,...)nã sã prpícis a grandes balançs finais até prque, neste mment nã sabems ainda se, de fact, serã finais, dada a incerteza que rdeia a nssa realidad e. Aliás, a única certeza que tems é a da própria incerteza que é a marca mnipresente ds cntexts de mudança. E ela está tã activa que afecta até própri term de glbalizaçã já que há quem nã veja mais que uma renvada mundializaçã, pis a língua inglesa sempre fi avessa à palavra francófna mndialisatin. Mas aqui tems algumas dúvidas já que a mundializaçã fez seu percurs num temp em que planeta estava dividid em dis blcs plític-ecnómics (Blc de Leste e Blc Ocidental) e que qualquer tentativa de alargar s territóris ecnómics u culturais esbarrava sempre em frnteiras intranspníveis. A instabilidade ns cnceits pde cntinuar a ser descrita quand se bserva que term glbalizaçã é, sbretud, adptad para tratar as questões ecnómicas e finance iras send substituída pr pós-mdernidade quand assunt remete para matérias cu lturais, individuais u sciais. Pde assim cncluir-se que pós-mdern é a face scicultural da glbalizaçã. Para prceder à transferência destas precupações para a Cidade é ainda interessante referir que, cm esta glbalizaçã, nasce um verdadeir mviment simétric anti-glbalizaçã que, curisamente, parece ser mais glbal e cnsensual que riginal, pis surgem epicentrs em td glb e até ns países centrais da glbalizaçã.
2 O espaç urban balança entre tantas indefinições a que se junta um patrimóni históric que tem de ser gerid num intens cntext de mudança ecnómic e cultural. O resultad está á vista ns territóris metrplitans em que a psiçã entre a cidade ~..,g..,. ~.c C> mdernista e a cidade pós-mderna se aprfunda e alarga a diferentes níveis da realidade. Seguem alguns exempls: Lógica centr-periferia versus lógica fragmentada Após hipercentr (CBD) metrplitan ter determinad durante décadas que a cada cidade u metróple deveria crrespnder um centr e até uma periferia para nde seriam remetidas as cmunidades e actividades mens cmpetitivas agra, pr via da multiplicaçã de nvas acessibilidades físicas e imateriais, surge a pssibilidade de cnstruir uma estrutura urbana plicêntrica suprtada pela matriz emergente de nvs canais de cmunicaçã. A grande vantagem desta mudança é a de, pela primeira vez, apresentar uma prtunidade de sbrevivência ds própris espaçs metrplitans que tinham registad um amadureciment precce (cas da AML), qual, cm cerca de 30 ans e 3 milhões de habitantes, apresentava sinais de ruptura n sistema de transprtes, n mdel scial, n tecid ecnómic, etc. Estas nvas centralidades cnferem á metróple, pela sua nvidade e até capacidade de gerar significativs mviments centrípets, uma imagem de fragmentaçã e desrganizaçã, que cntud, se deve entender apenas cm aparente. Lógica mnfuncinal versus lógica da plivalência territrial O mviment C IAM e as rientações da Carta de Atenas intrduziram invações na rganizaçã urbana, imprtantes num mment de algum desnrte e de perda de cntrle, n sentid de lhe cnferir mair racinalidade seguind para iss s princípis de funcinament de uma fábrica, cm s seus espaçs especializads. Surgem as vastas áreas residenciais, s espaçs industriais, as vias de grande débit e s lcais de lazer e recrei. Os primeirs sinais de degradaçã deste mdel surgem cm a desindustrializaçã, fenómen típic da glbalizaçã, gerand uma imagem repulsiva e negativa para a metróple. As áreas cmerciais vazias á nite e s espaçs residenciais lnge das bacias de empreg, subequipads e sem identidade, fram utrs
3 Fig. 1 - Mbilidade residencial centripeta e centrifuga em ambiente metrplitan exurba ni zaçã/cunterurbanizatin sinais que apelavam à mudança. Os nvs espaçs que emergiram na pós-mdernidade urbana tentavam resistir a esta lógica a incrprarem diversas funções (habitaçã, escritóris e espaçs de cnsum) embra a sede de fugir à mnespecializaçã s tivesse cnduzid, em algumas situações, a acumular de um cnjunt execessiv de funções que, bviamente, se traduziu em espaçs de difícil gestã. Lógica da distância gegràfica versus distância scial A cnjugaçã das transfrmações peradas em ambiente metrplitan cm a renvaçã e a intensificaçã da rede de acessibilidades e a desindustrializaçã, estimulu surgiment de nvas estratégias lcativas que desmntu sistema funcinalista de distribuiçã espacial de grups sciais e ecnómics. É assim pssível encntrar em plena Cidade sinais da presença de actividades desqualificadas a lad de cndmínis fechads u de parques de escritóris e de grups scial desfavrecids enquant que na periferia surgem parques de ciência e tecnlgia e universidade incrustads em àreas prblemàticas na perspectiva scial e urban istica. A gegrafia perde terren para utras frmas de afirmaçã da diferença entre s uss em presença, que tant pderã ser murs, segurança 24 hras, dispsitivs de vigilância electrónica u apenas frmas subliminares de cndicinament de us. Plarizaçã sciecnómica n cntext metrplitan: cas da AML Esta aparente desrdem urbana intrduzida pela multiplicaçã das nvas centralidades tem uma clara crrespndência n univers scial e da mbilidade residencial. A pós-mdernidade vei dar uma dimensã mais prfunda e cmplexa à subjectividade (individualizaçã) subtraind-a às tradicinais lógicas da família, d empreg e d trabalh. A fragmentaçã familiar seguida algumas vezes de recmbinaçã de elements antes separads u ainda slteirs, a intensa mbilidade prfissinal decrrente d jg da prcura e da ferta e as sucessiva mudanças residenciais têm uma frte cmpnente urbana. Utilizems cm exempl a mbilidade residencial nde a ideia inicial de centr periferia fi send substituída pr uma realidade bastante mais cmplexa nde se cruzam mviments centrífugs face a centr metrplitan cm mviments centrípets (cf. Fig. 1 ).
4 Quant as primeirs sã a justificaçã para decréscim de mais de 250 mil habitantes desde 1981 na cidade de Lisba e que, na sua generalidade, se transferiram para s cncelhs que cmpõem a Área Metrplitana de Lisba. Á cnvencinal ~ "" ""....~. c;, suburbanizaçã, juntam-se agra mviments cm a: - periurbanizaçã (áreas próximas de tecids urbans cnslidads mas que pela sua juventude ainda se apresentam encravads em meis naturalizads u ruralizads cm Alcchete, Sbrai Mnte Agraç, Cadaval u Sesimbra. Pdem assumir-se cm urbanizações cnvencinais u mesm cndmíni privads para segments sciais médi-alt); - rurbanizaçã (chegada de uma ppulaçã que, aprveitand as nvas acessibilidades, prcura reviver mit d camp, da natureza e d genuín e que pr iss prcura fixar-se na aldeia através da reabilitaçã de casas u da cnstruçã de raiz. O exempl mais óbvi centra-se n eix de Trres Vedras); - Ex urbanizaçã (ainda sbre a recente rede de acessibilidades surge uma tendência puc expressiva mas já sign ificativa que regista a fixaçã de indivídus em cntexts urbans de pequena e média dimensã fra da AML, cujs exempls pderã ser Mntemr--Nv u Caldas da Rainha. Os reduzids temps de percurs para Lisba, a eventual desnecessidade de deslcaçã qutidiana e dmíni das nvas tecnlgias da infrmaçã e da cmunicaçã pdem ser também estímu ls para este tip de mbilidade residencial). Ns mviments centrípets sublinha-se da gentrificaçã que, n essencial, remete para a ideia de retrn a Centr embra cm alguns custs urbanístics e sciais. A cidade central sfre actualmente uma pressã de múltiplas faces que resulta também da diferenciaçã ds grups sciais que a cmpõem: jvens para s bairrs histórics cm a Bica u Alfama; indivídus e famílias maduras d segment elevad para s cndmínis nvs e (alguns) privads e, d segment médi, para mercad de 2a mã. A principal questã é cnflit que surge entre cmunidades indígenas e exógenas, cm grande diferenças sciculturais e n camp urban istic em que a paisagem se vai transfrmand n sentid u da plastificaçã (manutençã da imagem tradicinal) u
5 da extrema estetizaçã, crrespndend a rupturas muitas vezes dificeis de assimilar pels utilizadres tradicinais da Cidade. 23 de Abril de 2002 ~
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