GESTÃO ESCOLAR: O PERFIL DO DIRETOR DE ESCOLAS MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO
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- Luiz Fernando César Alvarenga
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1 GESTÃO ESCOLAR: O PERFIL DO DIRETOR DE ESCOLAS MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO Aluna: Wilma Valeria Andrade dos Santos Orientadora: Prof. Dra. Cynthia Paes de Carvalho Introdução Considerada no passado, como local de execução das decisões tomadas fora dela, e, portanto, percebida como cumpridora das normas uniformizantes do sistema de ensino, a escola passou a ser considerada nos últimos anos, objeto de investigação e intervenção, não apenas pelos estudiosos da área de organização e administração escolar, mas principalmente, pelos que formulam as políticas educacionais e a vêem como instituição que deve tornar realidade as pretendidas mudanças na educação. Em estudos recentes sobre o trabalho do diretor e liderança escolar, Oliveira (2015) observa que o termo liderança escolar ainda não é frequente na rotina escolar e nas pesquisas acadêmicas nacionais, mas as políticas educacionais têm considerado, cada vez mais, a importância desta função, tanto de responsabilização pelos resultados de aprendizagem na escola quanto na tarefa de mediar as definições do órgão central junto aos professores, funcionários e comunidade escolar.[9]. Soares (2007) também destaca a importância da gestão da escola entre os fatores intraescolares relacionados à eficácia escolar. Segundo o autor a gestão, responsabilidade da direção da escola, tem como função administrar o projeto pedagógico da escola, as pessoas que constituem a comunidade escolar e os aspectos físicos e financeiros da organização escolar. [11]. Medidas de descentralização do ensino e da democratização da educação iniciadas a partir da década de 1980, assim como a introdução de sistemas de avaliação externa para aferição de aprendizagem nas escolas brasileiras iniciada na década de 1990 trouxeram mudanças na rotina escolar e estabeleceram demandas específicas para o trabalho da gestão escolar.[4]. Considerando a relevância do trabalho desempenhado pelos diretores escolares realizamos um levantamento das características relacionadas ao seu perfil, e de suas percepções sobre e questões referentes à organização dos procedimentos administrativos e pedagógicos na escola, entendendo os diretores escolares como atores fundamentais no processo de gestão. As discussões no âmbito da gestão educacional, no que trata especificamente do papel do diretor escolar, têm ganhado força nas últimas décadas, com pesquisas ressaltando a importância do trabalho do diretor para os resultados dos processos. [3; 4 e 7]. O presente trabalho busca então contribuir com essas discussões, na medida em que procura compreender quem são os sujeitos que estão a frente da gestão escolar na rede municipal do Rio de Janeiro. Para isso, analisamos a evolução do perfil destes diretores no período de 2009 a 2013, com base nos questionários contextuais da Prova Brasil. Perfil dos diretores As informações a seguir são oriundas dos questionários contextuais, respondidos pelos diretores destas escolas na edição da Prova Brasil dos anos de 2009, 2011 e Tais questionários buscam subsidiar a obtenção de informações acerca dos fatores contextuais que interferem na qualidade da educação e no desempenho escolar. Eles acompanham cada edição
2 da Prova Brasil e são aplicados para possibilitar conhecer a formação profissional, práticas pedagógicas, nível socioeconômico e cultural, estilos de liderança e formas de gestão. Seus dados são disponibilizados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Para a pesquisa educacional este levantamento permite acompanhar a evolução da qualidade da educação ao longo dos anos. Além disso, os dados são utilizados principalmente pelo Ministério da Educação e secretarias estaduais e municipais de educação na definição de ações voltadas para a solução dos problemas identificados, assim como no direcionamento dos seus recursos técnicos e financeiros às áreas prioritárias, visando ao desenvolvimento do sistema educacional brasileiro e à redução das desigualdades nele existentes. Neste estudo, levantaremos o perfil sociodemográfico desses gestores incluindo aspectos referentes à sua formação e experiência. Para esta análise foram considerados um total de 963 questionários respondidos em 2009, 855 questionários respondidos em 2011, e 897 questionários respondidos em Nas três edições da Prova Brasil verificou-se inicialmente, que grande parte dos respondentes são mulheres (2009: 91%; 2011: 89%; 2013: 89% ) revelando uma predominante presença feminina na direção das escolas municipais do Rio de Janeiro. No que se refere à faixa etária tivemos um aumento de diretores entre 40 e 49anos no ano de 2013 (40,6%) em relação aos anos de 2011 (38%) e 2009 (37,4%). Esta informação parece indicar um envelhecimento dos diretores escolares na rede municipal do Rio de Janeiro, ou uma possível indicação de que profissionais mais velhos/experientes estão assumindo esse cargo. Porém a proporção de diretores na faixa etária inferior aos 29 anos também aumentou em 2013 (9%); em 2009 e 2011 eram 1,1% e 3%, indicando uma possível tendência de que o exercício da função de diretor pode vir a ser uma opção para o início da carreira dos profissionais em educação. Nas três edições da Prova Brasil, 98 % dos diretores indicaram que possuem curso superior, sendo maior índice em Pedagogia (39,% em 2009; 42% em 2011; e 37%, em 2013). Nas outras graduações, obteve-se em 2009: 37,5% em outras licenciaturas, 0,5% no curso de normal superior e 21% em outras áreas; em 2011: 42% em outras licenciaturas, 1% no curso Normal Superior e 13% em outras áreas; e em 2013: licenciaturas em Letras e Matemática indicaram 7% e 16% respectivamente, outras licenciaturas 27%, 1% no curso normal e 1 em outras áreas. Um dado interessante foi a redução do número de diretores com curso superior em áreas diferentes da educação de 20,7% para 9,7% entre 2009 e 2013, confirmando ainda mais a tendência de uma formação inicial específica em educação entre os diretores da rede municipal do Rio de Janeiro. O gráfico a seguir apresenta o tempo de experiência na área educacional declarado pelos diretores. Observa-se que no ano de 2013 houve uma queda no percentual (86%) de diretores com mais de 15 anos de experiência em relação ao ano de 2011 (94%), o que pode demonstrar uma possível falta de interesse na função devido à crescente compreensão das dificuldades do trabalho de gestão, especialmente a partir da implementação de políticas de avaliação e responsabilização.[6].
3 10 Gráfico 1 : Tempo de experiência dos diretores na área educacional antes do cargo de diretor do município do Rio de janeiro 91,% 94% 86% 6 4 5% 6% 11% de 7 a 15 anos mais de 15 anos Fonte Qedu e INEP 2009 e 2013 Um aspecto importante a ser observado no gráfico 2, apresentado a seguir é o tempo de experiência do diretor no exercício desta função. Nas escolas municipais do Rio de Janeiro percebe-se que no ano de 2009, 7 dos diretores tinham menos de 15 anos de experiência na função: em 2011 houve um pequeno aumento para 72 %, já no ano de 2013 o percentual chega a de diretores com menos de 15 anos no exercício na função de direção, o que possibilita inferir uma tendência na rede de ensino a um abandono a longas administrações, uma vez que a taxa de diretores com mais de 15 anos de experiência cai significativamente em Gráfico 2: Experiência no exercício da função de diretor % 25% 28% 19% menos de 15 anos mais de 15 anos Fonte Qedu e INEP 2009 e 2013
4 Analisamos também a informação sobre o tempo do diretor à frente daquela escola (escola avaliada em cada edição da Prova Brasil). Verificamos, conforme apresentado no Gráfico 3, que em 2009 e 2011, 65% o grupo de diretores têm menos de 10 anos de trabalho na direção da escola, proporção que em 2013 aumentou para 73% ( sendo que destes 36% estão na direção daquela escola há menos de 2 anos), indicando uma possível renovação dos ocupantes deste cargo Gráfico 3: Tempo de exercício da função de diretor nesta escola 73% 65% 65% menos de 10 anos 17% 13% 15% 13% 13% de 11 a 15 anos mais de 15 anos Fonte Qedu e INEP, 2009 e 2013 A partir dos dados sobre a experiência na área educacional, experiência no cargo de diretor e experiência como diretor naquela escola, observamos que os diretores têm uma significativa experiência no campo educacional, já que a maioria dos diretores das escolas do município do Rio de Janeiro atua há mais de 15 anos na área da educação. Porém, os dados também indicaram que a maior parte dos diretores ( em 2013) está menos de 15 anos exercendo esta função, possibilitando inferir que o interesse na gestão da escola só aparece depois de anos de trabalho na área educacional. Com relação ao acesso ao cargo de diretor, percebe-se no Gráfico 4, apresentado a seguir, que houve uma queda posterior ao aumento na proporção de diretores que assumiram a direção da escola por meio de seleção e / ou eleição no período analisado: 82% em 2009; 77% em 2011; e 85% em De fato a Secretaria Municipal de Educação adota um processo misto na escolha de seus diretores, combinando eleição e seleção (comprovação técnica). Esta predominância vai ao encontro das determinações legais [1; 3 e 2] que indicam a gestão democrática como princípio a ser seguido na organização escolar. Padilha (1998) destaca o caráter político da gestão escolar pela importância de participação da comunidade, pela via indireta, através de Colegiado ou Conselho Escolar, ou pela via direta, com voto universal ou proporcional.
5 Gráfico 4: Forma de acesso a função de diretor desta escola 82% 77% 85% 13% 13% 11% seleção e/ou eleição indicação técnica/política Fonte Qedu e INEP 2009 e Considerações preliminares Os dados analisados no início deste trabalho nos permitem traçar um perfil dos diretores das escolas municipais do Rio de Janeiro nas edições de 2009, 2011 e 2013 da Prova Brasil, como um grupo formado em sua maior parte por profissionais do sexo feminino, na faixa etária de 40 anos ou mais, com curso superior completo, sendo grande parte na área da educação. A maioria dos diretores possui uma relevante experiência na área educacional (mais de 15 anos, porém muitos estão a menos de 10 anos exercendo a função de diretor. Esta informação nos permite inferir uma tendência de que os diretores vivenciem outras funções escolares antes de assumirem o cargo. Verificou-se também que grande parte dos diretores assume a função por eleição ou seleção, indicando uma participação ativa da comunidade escolar na escolha do diretor, confluindo com as indicações legais sobre o tema. Na continuidade da pesquisa outros dados referentes a procedimentos administrativos e pedagógicos na gestão escolar ainda necessitam ser investigados. Assim, poderemos verificar se as tendências observadas nesta análise exploratória nos permitirão ampliar a compreensão no que se refere a análise evolutiva do perfil do diretor da rede municipal do Rio de Janeiro. Referências bibliográficas 1-BRASIL. Constituição Federal. Brasília, Versão atualizada. Disponível em http: 2-BRASIL. Lei nº , de 25 de junho de Plano Nacional de Educação. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em 3-BRASIL. Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em
6 4-BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar como espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da educação/elaboração Lauro Carlos Wittmann. [et.al.]. Brasília: MEC, SEB, CANEDO, Maria Luiza, LIMA, Naira da Costa Muylaert, RESINENTI, Priscila Matos. Relacionamento do gestor com o corpo docente: o olhar do diretor. Disponível em 6-PAES DE CARVALHO, Cynthia, OLIVEIRA, Ana Cristina. P., LIMA, Maria de Fátima de M. Avaliações Externas: tensões e desafios para gestão escolar. Estudos de Avaliação Educacional. São Paulo. V. 25, n. 59, set / dez, 2014, p GADOTTI, Moacir e ROMÃO, José E (orgs.). Autonomia da Escola princípios e propostas, 6ª ed. Cortez Editora, LAROS, Jacob. Questionários Contextuais do SAEB: análise Qualitativa Baseada nos Resultados da Análise Fatorial. Disponível em Acesso em 17/05/2016PADILHA, P. R. 9-OLIVEIRA, Ana Cristina Prado de. As relações entre Direção, Liderança e Clima Escolar em escolas municipais do Rio de Janeiro Tese de Doutorado. PPGE/PUC- Rio, p PADILHA, P. R. Diretores e gestão democrática da escola. In: BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto Salto para o futuro: construindo a escola cidadã, projeto políticopedagógico. Brasília: MEC, 1998, p SOARES, J. F. Melhora do desempenho cognitivo dos alunos do ensino fundamental. Cadernos de pesquisa, v.37, n. 130, p , jan./abr portal.inep.gov.br 13-
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