EFICIÊNCIA DAS LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO PARQUE ATHENEU, GOIÂNIA, GO.
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- Alana Wagner Amarante
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1 EFICIÊNCIA DAS LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO PARQUE ATHENEU, GOIÂNIA, GO. Wilder de Paula Sateles 1 Frederico Eugênio da Paz e Sousa Medrado 1 Antônio Pasqualetto 2 Resumo: A ETE Parque Atheneu é composta por uma lagoa anaeróbia e duas lagoas facultativas, sendo responsável pelo tratamento do esgoto de vários bairros da cidade de Goiânia- GO. Objetivou-se analisar o efluente em diferentes fases do processo de tratamento. Dentre os resultados, destaca-se a redução de carga orgânica, avaliada pela DBO que foi maior na lagoa anaeróbia (1 lagoa), sendo em média 67,4%, porém para todo o sistema, obteve-se eficiência média de 85,70%. O efluente final atende a Legislação Estadual Lei n 8544 de 17/10/78 (SEMAGO/84) e a Resolução CONAMA 020/86 art. 21 que estabelece os padrões de lançamento de efluentes de qualquer natureza em águas interiores, superficiais e subterrâneas. Palavras-Chave: Afluente, lagoa anaeróbia, lagoas facultativas e esgoto. Abstract: the ETE Parque Atheneu is composed of an anaerobic lagoon and two optional ones, responsible by the treatment of several sections of Goiânia city in the State of Goiás. The purpose was to analyse the effluent in different stages during the process of treatment. Among the results, one detaches the decrease of organic loading estimated by BOD which was larger in the anaerobic lagoon (the first one), with a rate of 67,4% but for all system, one got a rate of efficiency of 85,70%. The final effluent applies the State legislation-law number 8544 of October seventeen, 1978 (SEMAGO/84) and the resolution CONAMA 020/86 article twenty-one which establishes the patterns of effluent launching of any kind in inner, shallow, and underground waters. Key-words: Influent, anaerobic lagoon, optional lagoon and wastewater. Goiânia. 2003/2 1 Formandos em Engenharia Ambiental - UCG, sateles2@hotmail.com 2. Eng. Agro.,Prof. Dr. Antônio Pasqualetto, Universidade Católica de Goiás - UCG, Serviço Nacional de aprendizagem industrial - SENAI, Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFETGO, rua 16, n. 108, centro Goiânia, GO, (62) , pasqualetto@ucg.br
2 2 INTRODUÇÃO Esgotos são os despejos provenientes das diversas modalidades do uso das águas. Os esgotos são compostos de 99,9% de água e 0,1% de matéria sólida. (VON SPERLING, 1996b) O esgoto urbano possui características que variam de acordo com as características, costumes, hábitos e poder aquisitivo da população de cada região, necessitando assim, de métodos específicos para tratamento, além de monitoração acompanhada de análises que servem para verificar valores de parâmetros como Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO., Oxigênio Dissolvido OD, Demanda Química de Oxigênio DQO., Carga Orgânica CO., potencial hidrogeniônico ph, fósforo total, sólidos suspensos, amônia, temperatura, cloretos, coliformes totais, coliformes fecais e outros utilizados para determinar a eficiência do tratamento e se os efluentes finais atendem a Resolução CONAMA 020/86 no que diz respeito a qualidade do corpo receptor. (SANEAMENTO DE GOIÁS, S.A. SANEAGO, 2000) A eficiência no tratamento do esgoto seja qual for sua natureza, depende do método empregado na elaboração e execução do projeto da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), entretanto, de acordo com Kato et al. (1999) citado por Cardoso et al. (2003), o sistema combinado mais utilizado no mundo, em escala real, continua sendo a lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa. O município de Goiânia possui três Estações de Tratamento de Esgoto, sendo analisada a ETE Parque Atheneu, da qual foi objeto de estudos do presente trabalho, por ser composta de tratamento primário, uma lagoa anaeróbia e duas lagoas facultativas em série, além de apresentar dados de monitoração. O objetivo deste trabalho baseia-se em fazer um diagnóstico da eficiência da ETE Parque Atheneu e verificar se os parâmetros estão dentro dos padrões aceitáveis pela legislação.
3 3 REVISÃO LITERATURA Escolha do local para ETE Vários são os fatores que podem interferir na escolha do local destinado à implantação de uma ETE, a começar pela topografia, sobretudo se houver, para um pequeno núcleo populacional, a possibilidade de escoamento por gravidade na totalidade do sistema de esgotamento. Neste caso, a ETE deverá ficar em cota inferior à de todos os prédios contribuintes, elevando assim o número de sítios merecedores de cotejo. O local, em princípio, deve propiciar simplicidade, flexibilidade e economia para a ETE, compatibilizando-a com a vizinhança. Em outras palavras, o local ideal seria aquele que dispensasse recalque, sifões e travessias onerosas, facilitasse a disposição do efluente e do lodo, mesmo em circunstâncias anormais, e redundasse em perfeita harmonia da ETE com a paisagem existente (DACACH,1991) Lagoa anaeróbia Elas são dimensionadas para receber cargas orgânicas elevadas, que impedem a existência de oxigênio dissolvido no meio líquido. Sua profundidade geralmente varia de 3,0 m a 4,5 m e o tempo de detenção hidráulico nunca é inferior a 3 dias (KELLNER e PIRES, 1998). De acordo com Sperling (1996), o tempo de detenção hidráulico varia de 3 a 6 dias. Para estes mesmos pesquisadores, por não haver oxigênio dissolvido em seu meio líquido a matéria orgânica ali presente é digerida anaerobicamente. Segundo Gloyna (1971) citado por Kellner e Pires (1998), a eficiência da remoção de DBO nas lagoas anaeróbias está intimamente relacionada com a quantidade e natureza dos sólidos sedimentáveis presentes no esgoto bruto afluente. Lagoa facultativa Em geral, essas unidades apresentam profundidades que variam de 1,00 a 1,50 m e tempos de detenção hidráulicos próximos a 20 dias. O termo facultativa refere-se à dualidade ambiental característica desse tipo de lagoa: aeróbia na superfície e anaeróbia no fundo. Durante a maior parte do dia, prevalece as condições aeróbias na maior parte da coluna líquida, devido principalmente à produção de oxigênio fotossintético e a reaeração superficial. Ao anoitecer,
4 4 cessada a incidência da luz solar sobre a lagoa, a produção de oxigênio, a partir da fotossíntese, é interrompida. Com isso, passa a prevalecer a condição anaeróbia na maior parte da coluna líquida. Essa região em que ora aparece como aeróbia, ora como anaeróbia, caracteriza e denomina esse tipo de lagoa como facultativa (KELLNER e PIRES, 1998). METODOLOGIA Descrição da ETE parque atheneu A ETE Parque Atheneu entrou em operação no ano de 1984 com gradeamento e duas lagoas facultativas em paralelo. Em 1994 encontrava-se saturada, tendo sido ampliada com a execução de uma nova lagoa anaeróbia a montante e o sistema em série. O tratamento dos esgotos na estação é realizado por processo físico que corresponde ao gradeamento, e pelo processo biológico através de Lagoas de Estabilização. O sistema de tratamento biológico é composto por três lagoas, sendo uma anaeróbia e duas facultativas em série. A ETE Parque Atheneu é responsável pelo tratamento do esgoto de habitantes. Devido a sua localização, a população atendida é a residente nos bairros: Parque Atheneu, Parque das Laranjeiras, Jardim Bela Vista, Parque Santa Cruz, Conjunto Anhanguera, Jardim da Luz, Jardim Vitória, Conjunto Fabiana, Bairro Santo Antonio e Condomínio Alphaville. As lagoas de estabilização da ETE Parque Atheneu estão dimensionadas conforme a tabela 01: Tabela 01 Dimensões das lagoas de estabilização da ETE Parque Atheneu, Goiânia GO. Parâmetro Lagoa 1 Lagoa 2 Lagoa 3 Tipo Anaeróbia Facultativa 1 Facultativa 2 Área espelho (ha) 1,00 2,71 2,90 Profundidade (m) 3,50 3,00 2,26
5 5 Monitoração experimental O sistema foi monitorado mensalmente de janeiro / 2002 à agosto / 2003 pelo órgão responsável pelo saneamento no estado de Goiás, SANEAMENTO DE GOIÁS S/A SANEAGO (2003). As amostras da ETE foram coletadas em quatro pontos: afluente, efluente da lagoa anaeróbia, efluente da lagoa facultativa 1 e efluente da lagoa facultativa 2, sendo da lagoa facultativa 2 que representa o efluente final. Foram realizadas análises de amostras em determinados meses e certas etapas carecem de alguns parâmetros. Nas análises habituais são determinados parâmetros físico-químicos e bacteriológicos. Sendo os físico-químicos: temperatura da amostra; ph; cloretos; oxigênio dissolvido; DBO; DQO; sólidos sedimentáveis; sólidos suspensos; sólidos suspensos voláteis; sólidos suspensos fixos; sólidos totais; sólidos totais voláteis; sólidos totais fixos; fósforo total; óleos e graxas; carga orgânica e os bacteriológicos: índice de coliforme total; índice de coliforme fecal. Entretanto, devido a importância de certos parâmetros, foram selecionados para fins desta pesquisa os seguintes: a) Demanda Bioquímica de Oxigênio: Quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria biologicamente. É um dos parâmetros mais importantes na medição da poluição orgânica e na quantidade de material orgânico para efeito de dimensionamento de reatores biológicos. Como a oxidação completa da matéria orgânica demora de 21 a 28 dias, padronizou-se o teste da DBO em 5 dias a 20 C (DBO padrão). A DBO é um parâmetro adequado para avaliar a biodegradabilidade da matéria orgânica num ambiente aeróbio, não sendo um bom indicativo para um ambiente anaeróbio. (NUNES, 2001) b) Demanda Química de Oxigênio: Quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica. No teste de DQO além da matéria orgânica biodegradável, também é oxidada a matéria orgânica não biodegradável e outros componentes inorgânicos (sulfetos, por exemplo). É também usado na quantificação de matéria orgânica, principalmente quando as águas residuárias contêm substâncias tóxicas. Uma das grandes vantagens em relação a DBO é o tempo de realização da análise, de 2 a 3 horas. (NUNES, 2001)
6 6 Segundo Nunes (2001), a relação DQO / DBO é muito importante no estudo dos possíveis tipos de tratamento, haja vista que é importante saber o grau de biodegradabilidade das águas residuárias, como também se pode eliminar os testes de DBO o controle de estações de tratamento, caso se chegue à conclusão de que há uma relação praticamente constante. c) Oxigênio Dissolvido: É a quantidade de oxigênio dissolvido no meio líquido. O oxigênio dissolvido (OD) é de essencial importância para os organismos aeróbios (que vivem na presença de oxigênio). Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar redução da sua concentração no meio. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, tem-se as condições anaeróbias (ausência de oxigênio), com geração de maus odores. (VON SPERLING, 1996a) d) Carga Orgânica: Mede a concentração e quantidade total de matéria orgânica presente em amostra de determinado volume de esgoto, em quilos de matéria orgânica por unidade de tempo. (MENDES, 2003). Os parâmetros selecionados foram avaliados e os dados tabulados e organizados em gráficos, que expressam seus valores nos anos de 2002 e Além destes foram também avaliados Taxa de Aplicação Volumétrica TAV para a lagoa anaeróbia e a Taxa de Aplicação Superficial TAS para as lagoas facultativas. Estes parâmetros são importantes para determinar, respectivamente, se o sistema esta saturado ou não para realizar a remoção de carga orgânica obtendo eficiência satisfatória. Através deste estudo será verificado se cada lagoa realiza o tratamento de seu efluente com alta eficiência. Na avaliação destes, foi utilizado a maior DBO de entrada em cada lagoa e a vazão máxima de seu respectivo mês. Para realização desta verificação foram utilizadas as seguintes fórmulas, para cada tipo de lagoa, como sugere Mendes (2003). - Lagoa anaeróbia: TAV deve estar entre (0,1-0,4) kg.dbo/m³.dia V (m³) = CO (kg.dbo/dia), CO = Qmax (m³/dia) x DBO (mg/l) x 10-3 TAV (kg.dbo/m³.dia)
7 7 - Lagoa facultativa 1: TAS = 20t - 60 As (ha) = CO (kg.dbo/dia), CO = Qmax (m³/dia) x DBO (mg/l) x 10-3 TAS (kg/ha.dia) - Lagoa facultativa 2: TAS = 14t - 40 As (ha) = CO (kg.dbo/dia), CO = Qmax (m³/dia) x DBO (mg/l) x 10-3 TAS (kg/ha.dia) Onde: TAV Taxa de Aplicação Volumétrica (Kg.DBO/m³.dia). TAS Taxa de Aplicação Superficial (Kg.DBO/há.dia). t temperatura média encontrada no mês mais frio = 15º C CO Carga Orgânica (Kg.DBO/dia). Qmax vazão máxima encontrada no mês de maior DBO de cada lagoa (m³/dia). DBO maior Demanda Bioquímica de Oxigênio encontrada na entrada de cada lagoa (mg/l). V volume (m³). As Area superficial (espelho d'água) (m²). RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos resultados obtidos mostrados nas figuras 01 e 02, percebeu-se que é após a lagoa anaeróbia onde se encontra maior eficiência no tratamento do esgoto com relação aos índices de DBO referentes aos anos de 2002 e 2003, com a média de 66,9% e 68,8% respectivamente. Na lagoa anaeróbia a DBO diminui muito mais que nas duas lagoas facultativas, tendo diferença de aproximadamente 55,95% nos dois anos estudados. Esta redução na DBO acontece porque é a lagoa anaeróbia que recebe o efluente bruto, composto de maior quantidade de carga orgânica.
8 8 DBO (mg/l) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Mês Afluente L. Anaeróbia L. Facultatva1 L. Facultativa 2 Figura 01 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, DBO (mg/l) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Mês Afluente L. Anaeróbia L. Facultatva1 L. Facultativa 2 Figura 02 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, Nos meses de Junho de 2002 e Abril e Junho de 2003 foi encontrado valores maiores de DBO no afluente. No período de seca, ocorre a redução do volume de esgoto,pois não tem contribuição de águas pluviais, ocasionando maior consumo de matéria orgânica e DBO mais concentrada, já que sua unidade é obtida em mg/l. De maneira contrária o menor índice de DBO ocorre nos meses de Março de 2002 e Janeiro, Fevereiro e Março de 2003 quando há precipitação pluviométrica, aumentando a vazão, ocasionando diluição do material orgânico e conseqüentemente redução da DBO.
9 9 Em relação a Demanda Química de Oxigênio (figuras 03 e 04), segue a tendência dos índices de DBO, ou seja, o efluente que sai da lagoa anaeróbia apresenta maior redução deste parâmetro. Igualmente são observados índices com maiores e menores quantidades de DQO devido a variações entre período seco e chuvoso. DQO (mg/l) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Mês Afluente L. Anaeróbia L. Facultativa 1 L. Facultativa 2 Figura 03 - Demanda Química de Oxigênio (DQO) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, DQO (mg/l) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Mês Afluente L. Anaeróbia L. Facultativa 1 L. Facultativa 2 Figura 04 - Demanda Química de Oxigênio (DQO) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, 2003.
10 10 Nos meses de Julho, Setembro, Outubro e Novembro de 2002 e Abril, Maio e Julho de 2003 foram observados aumentos na DQO ora na lagoa facultativa 1, ora na lagoa facultativa 2. De acordo com Mendes (2003) esses aumentos que ocorrem nas lagoas facultativas, provavelmente, são provenientes da toxicidade presente no efluente, sendo esta causada por microorganismos tais como as algas cianotoxinas, as bactérias vermelhas e outros que possuem toxinas naturais. O aparecimento destes microorganismos tóxicos são proveniente de fenômenos naturais que podem propiciar condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Outro motivo da elevação da DQO pode ser resultado da morte de grande quantidade de algas ou bactérias. Para Eficiência Total na Remoção de Carga Orgânica, ao final de todas as etapas, obtevese média de 84,73% em 2002 e de 86,68% em Nos meses de Junho de 2002 e Fevereiro, Junho e Julho de 2003 foram encontrados os maiores índices na eficiência total (figuras 05, 06). Em Fevereiro de 2003 ocorreu maior eficiência na remoção de carga orgânica, provavelmente, devido à coleta da amostra ser efetuada somente em um único dia do mês e coincidir com um dia em que não houve precipitação pluviométrica, não alterando sua vazão e conseqüentemente mantendo o tempo de detenção hidráulico (tempo necessário para os microorganismos realizarem a remoção da matéria orgânica) projetado para as lagoas. Outro fator que contribuiu para a eficiência foi a alta temperatura ambiente (27 C), o que de acordo com Mendes (2003) é fundamental para acelerar as atividades metabólicas dos microorganismos que fazem a remoção da carga orgânica. Os demais meses de maior eficiência é resultado do período de seca e elevadas temperaturas, onde o efluente é mais concentrado, mantendo a vazão do projeto com o tempo de detenção hidráulico adequado e remoção da carga orgânica otimizada, além da aceleração do metabolismo dos microorganismos. Remoção de Carga Orgânica (%) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Mês Figura 05 Eficiência total na remoção da Carga Orgânica (CO) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, 2002.
11 11 Remoção de Carga Orgânica (%) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Mês Figura 06 - Eficiência total na remoção da Carga Orgânica (CO) do afluente e lagoas de estabilização da ETE Parque Atheneu, Goiânia, Nos meses de Janeiro e Abril de 2003, foram encontrados baixos índices na remoção da carga orgânica, decorrentes de coletas realizadas em dias sem precipitação pluviométrica e baixas temperaturas (23 C). Vale ressaltar que segundo Mendes (2003) a eficiência na remoção de carga orgânica está diretamente relacionada com o valor da DBO, sendo que quanto maior o grau de poluição orgânica, maior a DBO do efluente; paralelamente, à medida que ocorre estabilização da matéria orgânica, decresce a DBO. Essa relação é representada pela fórmula: CO= Q (m³/dia) x DBO (mg/l) x Quanto ao oxigênio dissolvido, que nas análises do afluente a ETE é zero, mostra-se presente a partir da primeira lagoa facultativa (figuras 07 e 08), isto se dá pelo surgimento de elevado número de algas que utilizam a amônia (NH 3 ) e outros compostos inorgânicos, além de substâncias liberadas pelas bactérias aeróbias, dióxido de carbono (CO 2 ) e água, após o metabolismo da matéria orgânica. Essas algas, na presença de luz solar, fazem a síntese celular liberando oxigênio para o meio líquido. Este processo ocorre somente na parte aeróbia das lagoas facultativas. Observou-se atividades aeróbias na superfície da lagoa anaeróbia, porém com menor intensidade. A maior profundidade deste tipo de lagoa favorece as atividades anaeróbias, inibindo a mistura de oxigênio dissolvido no meio líquido a maiores profundidades. Associa-se a
12 12 produção de gases pelos microorganismos anaeróbios que tendem a emergir contribuindo para expulsar o oxigênio. Em decorrência da alta incidência de raios solares, nos meses de março / 2002 e abril / 2003, ocorreu maior síntese celular por parte das algas, liberando quantidades elevadas de oxigênio para o meio líquido. No mês de novembro / 2002 constatou-se menor índice de oxigênio dissolvido em decorrência da maior nebulosidade, decorrente do período chuvoso que interfere na incidência de radiação solar. Oxigênio Dissolvido (ml/l) 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Mês Jul Ago Set Out Nov Dez Afluente L. Anaeróbia L. Facultativa 1 L. Facultativa 2 Figura 07 - Oxigênio Dissolvido (OD) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, ,5 Oxigênio Dissolvido (ml/l) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Mês Afluente L. Anaeróbia L. Facultativa 1 L. Facultativa 2 Figura 08 - Oxigênio Dissolvido (OD) do afluente e lagoas de estabilização na ETE Parque Atheneu, Goiânia, 2003.
13 13 Quanto a Taxa de Aplicação Volumétrica e Taxa de Aplicação Superficial foram encontrados os seguintes dados: - Lagoa Anaeróbia V = m³ DBO = 375 mg/l Qmax = 67,4 L/s = 5823,4 m³/dia TAV (0,1-0,4) kg.dbo/m³.dia projetado CO = Q x DBO x 10-3 CO = 5823,4 x 375 x 10-3 CO = 2183,8 Kg/dia V = CO TAV = CO = 2183,8 TAV = 0,06 kg.dbo/m³.dia encontrado TAV V Lagoa Facultativa 1 A = 2,71 ha DBO = 126 mg/l Qmax = 82,47 L/s = 7125,4 m³/dia t = 15º C TAS = 20t - 60 TAS = 20 x TAS = 240 kg/ha.dia projetado CO = Q x DBO x 10-3 CO = 7125,4 x 126 x 10-3 CO = 897,8 kg/dia As = CO TAS = CO = 897,8 TAS = 331,3 kg/ha.dia encontrado TAS As 2,71
14 14 - Lagoa Facultativa 2 A = 2,90 ha DBO = 86,6 mg/l Qmax = 82,47 L/s = 7125,4 m³/dia t = 15º C TAS = 14t - 40 TAS = 14 x TAS = 170 kg/ha.dia projetado CO = Q x DBO x 10-3 CO = 7125,4 x 86,6 x 10-3 CO = 617 kg/dia As = CO TAS = CO = 617 TAS = 212,8 kg/ha.dia encontrado TAS As 2,90 Observou-se que todas as lagoas estão com a atividade de tratamento de esgoto acima do limite projetado, fazendo com que caia a eficiência do sistema, principalmente nos meses onde se encontra maior concentração do efluente e/ou maior vazão. Essa ineficiência é observada pela diferença do TAV e TAS projetado com o encontrado atualmente. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Vários são os fatores externos que influenciam no funcionamento da ETE Parque Atheneu, que dependendo das condições em que se encontram inter-relacionados, os mesmos são responsáveis por sua eficiência. Devido a ligações clandestinas de água pluvial, a vazão do efluente que chega na ETE varia no período de chuva, sendo fator extremamente importante para determinar sua eficiência alterando significativamente o tempo de detenção hidráulico projetado. Este fator altera também a concentração do efluente que é menor, tornando-o menos concentrado em período de maior precipitação pluviométrica.
15 15 A temperatura ambiente é fator que influencia bastante na concentração do efluente, sendo que em época de alta temperatura, ocorre maior evaporação na lagoa, tornando-o mais concentrado. Este fator é importante também para elevar a eficiência do sistema, tornando o ambiente das lagoas, favorável ao desenvolvimento de microorganismos, acelerando sua atividade metabólica. A incidência de raios solares contribui na eficiência de certos parâmetros, sendo alterado dependendo da nebulosidade. A ETE Parque Atheneu apresenta índice satisfatório em atendimento à legislação estadual, Lei nº de 17 de Outubro de 1978 (SEMAGO) e Resolução CONAMA 020/86 art. 21, apesar de estar funcionando acima de seu limite de projeto. É necessário que seja feita uma ampliação da ETE para que a mesma funcione com maior eficiência. Para o melhor funcionamento da ETE seriam necessárias algumas medidas tais como melhoria de cinturões verdes, formando uma cortina de retenção de odor e melhorando o aspecto paisagístico da região; é importante que seja feito um trabalho de conscientização da população visando a diminuição de ligações clandestinas; as análises devem ser do tipo composta e efetuadas com maior freqüência, aumentando a sua confiabilidade.
16 16 REFERÊNCIAS CARDOSO, Frieda et al. (2003). Avaliação da eficiência em termos de remoção de DBO e DQO de duas estações de tratamento de esgoto em escala real, envolvendo reatores anaeróbios e póstratamento em lagoa facultativa. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 22, Joinville, Setembro (CD-Room) CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução 020 de DACACH, Nelson Gandur. Tratamento primário de esgoto. 1 ed. Rio de Janeiro: EDC Ed. Didática e Científica, p. KELLNER, Erich e PIRES, Eduardo Cleto. Lagoas de estabilização. Rio de Janeiro: ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, p. MENDES, Osmar Ferreira. Anotações de aula: disciplina tratamento de resíduos líquidos. Departamento de Engenharia / Universidade Católica de Goiás, NUNES, José Alves. Tratamento físico-químico de águas residuárias industriais. 3 ed. Aracaju: Gráfica e Editora Triunfo Ltda, p. SANEAMENTO DE GOIÁS SANEAGO. Resultado de análise de esgotos da ETE Parque Atheneu 2002 e Gerência de Tratamento de Esgoto/SANEAGO, p. (Arquivo) SANEAMENTO DE GOIÁS SANEAGO. Saneago e comunidade na estação de tratamento de esgotos Parque Atheneu: projeto integrante do programa de educação ambiental da saneago. Goiânia: Gerência de Tratamento de Esgoto/SANEAGO, p. VON SPERLING, Marcos. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias: introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2 ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 1996a. vol. 1, 243 p. VON SPERLING, Marcos. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias: princípios básicos do tratamento de esgotos. 5 ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 1996b. vol. 2, 211 p.
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