Metabolismo dos carbohidratos e das gorduras durante o exercício físico

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1 Metabolismo dos carbohidratos e das gorduras durante o exercício físico Índice 1 Introdução Mecanismos que desencadeiam a contração muscular A ativação dos recetores nicotínicos da placa motora e a despolarização da membrana sarcoplasmática O aumento e a diminuição da concentração do Ca 2+ no interior das fibras musculares esqueléticas As miofibrilas e o papel do Ca 2+ e das ATPases na contração muscular a O encurtamento dos sarcómeros e a hidrólise de ATP na ATPase da actina b O alongamento dos sarcómeros e a hidrólise de ATP na ATPase do Ca A despesa energética nos músculos e a seu contributo para a despesa energética do organismo aquando de exercícios anaeróbicos e aeróbicos O papel da fosfocreatina e dos combustíveis armazenados no músculo e fora do músculo na manutenção da concentração citoplasmática de ATP Caracterização dos exercícios físicos de tipo anaeróbico e aeróbico O exercício físico anaeróbico A cínase da creatina e o seu papel na fosforilação do ADP e na reposição dos níveis de fosfocreatina A glicogenólise nas fibras em exercício anaeróbico e a sua regulação A glicólise nas fibras em exercício anaeróbico e a sua regulação A glicólise anaeróbica e as consequências da diminuição do ph dentro das fibras musculares em exercício anaeróbico O rendimento da glicólise anaeróbica e da glicólise aeróbica e a velocidade de síntese de ATP nos dois processos O exercício físico aeróbico Os combustíveis usados pelos músculos em exercício aeróbico As quantidades e o tipo de nutrientes oxidados durante os exercícios aeróbicos variam com a intensidade do exercício Fatores intramiocelulares que estimulam a captação e a oxidação da glicose quando a intensidade do exercício aeróbico aumenta Fatores que estimulam a glicogenólise hepática aquando do exercício aeróbico Fatores intramiocelulares que estimulam a captação e a oxidação de ácidos gordos livres plasmáticos assim como a lipólise nos adipócitos aquando do exercício aeróbico Quando a intensidade do exercício aeróbico é elevada um acréscimo na intensidade do exercício diminui a oxidação dos ácidos gordos livres O contributo do glicogénio intramiocelular nos exercícios aeróbicos de intensidade intermédia e elevada O contributo dos triacilgliceróis intramiocelulares e dos triacilgliceróis das VLDL nos exercícios aeróbicos Efeitos a longo prazo do exercício físico continuado no metabolismo Anexos As ações catalíticas das ATPases e da cínase da creatina A fosforólise do glicogénio, a glicólise aeróbica e anaeróbica, a oxidação do piruvato, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa A lipólise e a oxidação dos ácidos gordos Bibliografia: Página 1 de 19

2 1 Introdução Este texto foi escrito com o objetivo de servir de suporte a uma aula, em que o tema central são as modificações que ocorrem no metabolismo durante o exercício físico. Uma grande parte dessas modificações tem a sua origem no aumento da concentração de Ca 2+ sarcoplasmático e mitocondrial, permitem repor o ATP que sofre hidrólise durante a contração e, pelo menos no caso do exercício anaeróbico, explicam a incapacidade para manter o exercício durante muito tempo. No entanto, quer o aumento do Ca 2+, quer o aumento da hidrólise do ATP, quer os mecanismos que levam ao cansaço precoce no exercício anaeróbico não podem devidamente explicados sem uma referência, ainda que breve, aos mecanismos que levam à contração muscular. Isso explica a inclusão de um Capítulo (o Capítulo 2) acerca da contração muscular. O Capítulo 3 é um capítulo onde se introduzem os temas que são desenvolvidos com mais pormenor nos Capítulos 4 e 6; estes dois capítulos tratam, respetivamente, do metabolismo no exercício anaeróbico e no exercício aeróbico. O Capítulo 5 serve de ponte entre estes dois capítulos explicando resumidamente as diferenças, no que se refere à síntese de ATP, da degradação anaeróbica e aeróbica de nutrientes. No Capítulo 7 aborda-se de forma muito resumida algumas das modificações de longo prazo que o treino pode induzir. O Capítulo 8 é de leitura complementar podendo ser útil aos estudantes que considerem necessário relembrar algumas das vias metabólicas e das atividades enzímicas referidas ao longo dos outros capítulos. Seria fastidioso fazer referência a este Capítulo sempre que uma enzima ou uma via metabólica é referida no texto principal; o Capítulo 8 poderá ser consultado para obter informação complementar relativa a esta temática. 2 Mecanismos que desencadeiam a contração muscular 2.1 A ativação dos recetores nicotínicos da placa motora e a despolarização da membrana sarcoplasmática A contração muscular nos músculos esqueléticos é provocada por estímulos nervosos. Quando um neurónio motor é estimulado dá-se a despolarização da membrana neuronal que se propaga ao longo do axónio. Quando a onda de despolarização chega ao terminal do axónio, o neurotransmissor acetilcolina liberta-se na fenda sináptica da placa motora. A acetilcolina liga-se aos seus recetores (designados por nicotínicos) na membrana pós-sináptica. Os recetores nicotínicos são canais iónicos da membrana sarcoplasmática que, quando se ligam à acetilcolina, se abrem permitindo a entrada de Na + e Ca 2+ para o sarcoplasma e a consequente despolarização da membrana póssináptica da placa motora. 2.2 O aumento e a diminuição da concentração do Ca 2+ no interior das fibras musculares esqueléticas A onda de despolarização que se inicia na membrana pós-sináptica da placa motora vai propagar-se a toda a membrana sarcoplasmática através da abertura de canais de Na + (e também de canais de Ca 2+ ) dependentes da voltagem. A membrana sarcoplasmática contém invaginações que mergulham no interior do sarcoplasma e se designam por túbulos transversais; estes túbulos constituem, no seu conjunto, o sistema T. A despolarização da membrana do sistema T vai provocar a abertura de canais iónicos permeáveis ao Ca 2+ da membrana do retículo sarcoplasmático adjacente. Porque a concentração de Ca 2+ é muito mais elevada dentro do retículo sarcoplasmático que no citoplasma a abertura desses canais vai fazer aumentar a concentração de Ca 2+ no sarcoplasma em cerca de 100 vezes (de 0,1 µm para 10 µm). É este aumento da concentração de Ca 2+ no sarcoplasma que vai estar na origem da contração muscular. (O Ca 2+ também aumenta dentro das mitocôndrias Página 2 de 19

3 onde vai ter efeitos metabólicos relevantes.) O subsequente relaxamento resulta da atividade das ATPases do Ca 2+ situadas na membrana do retículo sarcoplasmático e na membrana sarcoplasmática que bombeiam Ca 2+ do sarcoplasma fazendo regressar a sua concentração para níveis basais. 2.3 As miofibrilas e o papel do Ca 2+ e das ATPases na contração muscular Os músculos são máquinas químicas que convertem energia química em movimento e são constituídos por células alongadas (fibras musculares) que contêm múltiplas miofibrilas que se dispõem paralelamente umas relativamente às outras. As miofibrilas são comboios de sarcómeros que se estendem na mesma direção em que ocorre a contração do músculo. Os sarcómeros são as unidades estruturais das miofibrilas e são constituídos pelos filamentos finos e pelos filamentos grossos que se estendem ao longo do eixo longitudinal do sarcómero. Os filamentos finos contêm 3 tipos de proteínas: actina, troponina e tropomiosina. Os filamentos grossos contêm miosina, uma proteína com a forma de um taco de golfe: uma parte filamentosa que se entende paralelamente aos filamentos finos e uma parte globular (as cabeças da miosina). As cabeças e a parte filamentosa da miosina estão ligadas por uma região que constitui uma espécie de dobradiça, de tal forma que as cabeças da miosina formam um ângulo com a parte filamentosa. As cabeças da miosina formam pontes transversais e, em determinados passos do processo de contração, ligam-se (ligação não covalente) aos filamentos finos, mais concretamente a locais de ligação situados na actina. Quando a fibra muscular está relaxada o grau de sobreposição entre os filamentos grossos e finos é baixo e, por isso, o número de pontes transversais da miosina que podem de facto contactar com a actina é pequeno. 2.3.a O encurtamento dos sarcómeros e a hidrólise de ATP na ATPase da actina Quando o Ca 2+ aumenta de concentração no sarcoplasma liga-se à troponina C e essa ligação modifica a conformação das proteínas dos filamentos finos de tal forma que, na actina, ficam expostos locais de ligação para as cabeças da miosina. Isto significa que locais de ligação da actina que estavam escondidos pela tropomiosina deixam de estar escondidos e ocorre a ligação entre as cabeças da miosina e os locais de ligação da actina. A cabeça da miosina, para além de conter locais de ligação à actina, contém atividade de ATPase (hidrólase de ATP a ADP + Pi). A hidrólise do ATP que ocorre na cabeça da miosina provoca modificações conformacionais na dobradiça entre a parte filamentosa e a cabeça da miosina, de tal forma que ocorre um deslizamento entre os filamentos finos e os filamentos grossos. Este deslizamento faz-se no sentido que aumenta o grau de sobreposição entre os filamentos finos e grossos; ou seja, a hidrólise do ATP que ocorre nas cabeças da miosina provoca o encurtamento do sarcómero. O encurtamento das unidades que constituem as miofibrilas (os sarcómeros) corresponde, obviamente, a uma contração das fibras musculares onde se situam. A saída do ADP e do Pi da cabeça da miosina e a entrada de uma nova molécula de ATP provoca, na dobradiça, uma modificação conformacional inversa à que ocorreu aquando da hidrólise do ATP e da contração do sarcómero. Ou seja, a ligação do ATP à cabeça da miosina provoca a quebra da ligação entre a cabeça da miosina e o local na actina onde estava ligada. De seguida o processo repete-se, mas o local de ligação na actina passa a ser outro, de tal forma que o grau de sobreposição entre os filamentos finos e grossos vai aumentando e o encurtamento do sarcómero acentua-se. Múltiplos ciclos deste tipo nas diferentes pontes transversais de um dado músculo (ou grupo de músculos) diminuem a distância entre as extremidades proximal e distal desse músculo. 2.3.b O alongamento dos sarcómeros e a hidrólise de ATP na ATPase do Ca 2+ A contração muscular é assim um processo que envolve a hidrólise de ATP nas cabeças da miosina, mas o relaxamento (a distensão do sarcómero com diminuição do grau de sobreposição entre os filamentos finos e grossos) é também indispensável ao movimento. Para que, por exemplo, o braço se dobre sobre o antebraço, o bíceps braquial contrai-se mas o tríceps relaxa. Curiosamente este processo de distensão dos músculos também envolve gasto de ATP. Para que ocorra o relaxamento e a Página 3 de 19

4 distensão de um músculo ocorrem modificações conformacionais nos filamentos finos que impedem a ligação das cabeças da miosina à actina. No entanto, para que isso aconteça o Ca 2+ tem que se desligar da troponina C e isto é uma consequência da diminuição da concentração de Ca 2+ no sarcoplasma. Esta diminuição da concentração de Ca 2+ é causada pelas ATPases do Ca 2+ do retículo sarcoplasmático e da membrana sarcoplasmática que bombeiam Ca 2+ contra gradiente para o lúmen do retículo e para o espaço extracelular. 3 A despesa energética nos músculos e a seu contributo para a despesa energética do organismo aquando de exercícios anaeróbicos e aeróbicos Num indivíduo que está a fazer exercício físico, a despesa energética do organismo como um todo corresponde ao somatório da despesa energética basal e da despesa energética associada ao exercício físico. A despesa energética basal num indivíduo normal com 70 kg de peso pode ser da ordem de 1,1 kcal/min, mas o exercício físico faz aumentar a despesa energética total de forma muito marcada. Correr ou caminhar a 5 km/hora, por exemplo, pode fazer aumentar a despesa para valores da ordem das 4-5 kcal/min. Num maratonista que está a correr a maratona (exercício aeróbico) a despesa energética pode ser cerca de 20 vezes superior à basal. Num sprinter que está a correr os 100 m (exercício anaeróbico) a velocidade de hidrólise de ATP pode ser 50 vezes superior à basal. Estes aumentos na despesa energética global do organismo como um todo são uma consequência do aumento do gasto energético nos músculos que se estão a contrair. Embora os músculos constituam mais de 1/4 da massa corporal 1, a sua despesa energética em repouso corresponde a apenas 15% a 25% da despesa total. No entanto, a razão entre a despesa energética dos músculos e a despesa energética global aumenta aquando do exercício físico sendo maior quando o exercício é de tipo anaeróbico 2. Num maratonista a correr a maratona cerca de 90% da despesa energética global é despesa energética dos músculos mas, num sprinter a correr os 100 m, essa percentagem pode ser de cerca de 94%. 3.1 O papel da fosfocreatina e dos combustíveis armazenados no músculo e fora do músculo na manutenção da concentração citoplasmática de ATP A contração e o relaxamento muscular envolvem a hidrólise do ATP, mas a concentração de ATP nas células do organismo é baixa. Nas fibras musculares é cerca de 5 mm. Isto significa que a quantidade de ATP que está presente nas fibras musculares só seria capaz de manter a contração muscular durante uma fração de segundo (ou poucos segundos, se a intensidade do exercício for baixa). No entanto, mesmo quando o exercício físico é intenso, a concentração de ATP praticamente não varia. Esta ausência de variação na concentração de ATP resulta do facto de existirem mecanismos que fazem disparar a síntese de ATP de tal forma que cada molécula de ATP que sofre hidrólise é imediatamente reposta. Existem processos exergónicos dentro das fibras que fornecem a energia necessária para que o processo de síntese de ATP possa ocorrer. Dentro das fibras musculares existe fosfocreatina que é uma substância que contém uma ligação fosfamida (entre o fosfato e a creatina) que é uma ligação rica em energia. A cínase da creatina também está presente nas fibras musculares e catalisa a transferência (reversível) do resíduo 1 Embora haja grandes variações individuais, a percentagem da massa muscular relativamente à massa total é, em geral, maior nos homens (cerca de 40 %) que nas mulheres (cerca de 25%). 2 A despesa energética durante os exercícios aeróbicos de longa duração pode ser medida por calorimetria indireta; cada litro de oxigénio consumido corresponde a cerca de 5 kcal. Nalguns tipos de exercícios anaeróbicos pode não haver sequer aumento apreciável do consumo de O 2 durante o exercício (é o caso do halterofilismo) mas, pelo menos quando exercício termina, vai ocorrer ativação dos processos oxidativos. Quando se quer estimar a despesa energética durante um dado exercício, o excesso de consumo de oxigénio que ocorre depois do exercício deve ser somado ao consumo de oxigénio durante o exercício propriamente dito. Este excesso de consumo de oxigénio após o exercício corresponde à oxidação de nutrientes necessária para repor os níveis basais de fosfocreatina assim como ao oxigénio consumido na oxidação do lactato que se acumulou no organismo. Página 4 de 19

5 de fosfato da fosfocreatina para o ADP que resulta da hidrólise do ATP. A quantidade de fosfocreatina nas fibras musculares é apenas cerca de 4 vezes superior à de ATP e por isso as reservas de fosfocreatina, por si só, não são capazes de sustentar exercícios que se prolonguem para além de alguns segundos. Também dentro das fibras musculares existe glicogénio e triacilgliceróis designados por triacilgliceróis intramiocelulares. No conjunto dos músculos do organismo a quantidade de glicogénio é maior nos indivíduos que fazem treino atlético, mas num individuo normal pode ser da ordem dos g. Estima-se que a massa de triacilgliceróis intramiocelulares é da mesma ordem de grandeza. Aquando do exercício muscular ocorre ativação da glicogenólise nas fibras musculares em contração e a glicose-1-fosfato formada pode acabar, via glicólise anaeróbica, por formar lactato. Esse processo é concomitante com a síntese de ATP e, embora o número de moléculas de ATP formadas por cada molécula de glicose que se cinde a lactato seja baixo, nos exercícios anaeróbicos a velocidade de fluxo na glicólise pode contribuir para repor mais de metade do ATP hidrolisado. Quando o exercício é de tipo aeróbico o destino da glicose-1-fosfato libertada do glicogénio intramiocelular não é, numa visão global do metabolismo, a síntese de lactato. Embora algumas fibras possam estar a formar lactato (via redução do piruvato formado na glicólise), há outras fibras que estão a captar esse lactato e a oxidá-lo a piruvato. Considerando os músculos na sua globalidade, durante o exercício aeróbico, a glicose-1-fosfato converte-se em piruvato (via glicólise), o piruvato é oxidado a acetil-coa e o resíduo acetato do acetil-coa é oxidado a CO 2 via ação catalítica das enzimas do ciclo de Krebs e da cadeia respiratória. Os triacilgliceróis intramiocelulares sofrem hidrólise durante o exercício físico aeróbico e os ácidos gordos libertados no processo podem ser oxidados a CO 2 nas mitocôndrias via oxidação em β, ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa. Os nutrientes que sustentam o exercício físico aeróbico não provêm apenas de dentro das fibras musculares. O glicogénio do fígado também sobre fosforólise e, neste caso, acaba por resultar na formação de glicose que se liberta para o sangue. Esta glicose é captada pelos músculos e é oxidada a CO 2. O glicogénio armazenado nos músculos e no fígado é parcialmente degradado durante o exercício exercício físico e a quantidade total presente num indivíduo normal pode corresponder à energia que um maratonista consome durante uma maratona. Os triacilgliceróis presentes no tecido adiposo também são degradados (sofrem hidrólise) e os ácidos gordos libertados passam para o sangue na forma de ácidos gordos livres (FFA ou NEFA: das expressões inglesas free fatty acids e nonesterified fatty acids ). Tal como no caso dos ácidos gordos que resultam da lipólise intramiocelular, estes ácidos gordos, depois de captados pelas fibras em contração, acabam oxidados a CO 2. A massa de triacilgliceróis armazenada no tecido adiposo pode variar entre cerca de 20% e 40% (em média, valores mais baixos no sexo masculino que no masculino) da massa corporal mas, num indivíduo saudável, representa sempre a maior reserva energética do organismo: a energia correspondente à sua oxidação total equivale à que um maratonista gasta em mais de meia centena de maratonas 3. Embora pouco relevante do ponto de vista da energética do músculo existe ainda uma outra fonte de combustíveis lipídicos para o músculo em exercício. A lípase de lipoproteínas do tecido muscular está presente nos capilares e catalisa a hidrólise dos triacilgliceróis das VLDL e dos quilomicra sendo os ácidos gordos daí resultantes captados e oxidados nas fibras musculares. A energia correspondente à oxidação total da massa dos triacilgliceróis presentes no plasma (3 g) equivale à energia que um maratonista gasta em menos de dois minutos 4. Os aminoácidos, sobretudo os aminoácidos ramificados, também são oxidados nas fibras musculares, mas sabe-se muito pouco acerca da sua relevância na despesa energética dos músculos em 3 Gasto energético de um maratonista de elite numa maratona: 130 min 20 kcal/min = 2600 kcal. Calculo do valor calórico de 25 kg de tecido adiposo. Admitamos que 85% da massa são triacilgliceróis e que os restantes 15% são constituídos por água (12%) e proteínas (3%). Valor calórico dos triacilgliceróis do tecido adiposo = 25000g 0,85 9,3 kcal/g = kcal. Valor calórico das proteínas do tecido adiposo = 25000g 0,03 4,2 kcal/g = 3150 kcal. Valor calórico de 25 kg de tecido adiposo = o que equivale a 77,2 maratonas. 4 3 g 9,3 kcal g- 1 / 20 kcal min -1 = 1,4 min (= 1 min e 24 s). Página 5 de 19

6 contração. Geralmente, admite-se que o seu contributo é pequeno e que poderá ser na ordem dos 1 a 5% da despesa energética durante o exercício físico. A ausência de dados seguros relativamente ao contributo da oxidação dos aminoácidos para a despesa energética durante o exercício muscular justifica que estes sejam ignorados no resto deste texto. 3.2 Caracterização dos exercícios físicos de tipo anaeróbico e aeróbico Com base nos processos metabólicos que têm um papel mais relevante no acréscimo de velocidade de síntese de ATP que compensa a hidrólise do ATP causada pelo exercício é comum classificarem-se os exercícios em aeróbicos e anaeróbicos. Quando um indivíduo faz exercício estritamente anaeróbico a irrigação sanguínea e a captação de O 2 nas fibras em contração não aumentam. No caso do levantamento de um haltere pesado num exercício de halterofilismo, a contração muscular pode mesmo provocar compressão dos vasos com diminuição da irrigação sanguínea. Pelo contrário, nos músculos que estão em exercício aeróbico o aumento da irrigação sanguínea e do consumo de O 2 pode aumentar mais de 100 vezes relativamente ao estado de repouso. Em conformidade com a ausência de aumento da irrigação sanguínea e a captação de O 2, nos exercícios estritamente anaeróbicos, os processos metabólicos responsáveis pela reposição da maior parte do ATP nas fibras em contração não são processos oxidativos. Neste tipo de exercícios tem maior relevância a fosforilação do ADP formado pela ação da cínase da creatina assim como a glicólise anaeróbica. O nutriente usado na glicólise anaeróbica não é a glicose do sangue, mas sim a glicose-1-fosfato que resulta da fosforólise do glicogénio das fibras em contração. Pelo contrário, nos exercícios aeróbicos a maior parte do ATP formado nas fibras em contração tem na sua génese a oxidação dos nutrientes a CO 2 e, para além do glicogénio e dos triacilgliceróis intramiocelulares das fibras em contração, também são oxidados nutrientes que chegam às fibras através do sangue. A irrigação dos músculos está, como já referido, aumentada e fornece aos músculos glicose libertada no fígado e ácidos gordos libertados no tecido adiposo. A classificação dos exercícios em anaeróbicos e aeróbicos tem, como todas as classificações, algo de artificial. Quando se faz exercício físico de qualquer tipo, há sempre, pelo menos nos primeiros minutos, aumento das velocidades de fosforilação do ADP por ação da cínase da creatina e de formação de lactato (glicólise anaeróbia), mas apenas nos exercícios anaeróbicos estes processos anaeróbicos são responsáveis pela formação da maior parte do ATP gasto nas fibras em contração. Na maior parte dos exercícios que são classificados como anaeróbicos, a par com o aumento da velocidade da conversão de glicose a piruvato e da redução do piruvato a lactato, há também aumento da velocidade da oxidação do piruvato a acetil-coa, do fluxo no ciclo de Krebs e na cadeia respiratória. No curto intervalo de tempo em que os exercícios anaeróbicos podem ser mantidos, o O 2 gasto nestes processos oxidativos provém maioritariamente da mioglobina presente nas fibras musculares em contração. São exemplos de exercício anaeróbico, o levantamento de pesos por um halterofilista, o salto em altura ou em comprimento, rematar num jogo de futebol ou andebol ou fazer um sprint de 100 ou 200 m. Os exercícios de tipo aeróbico incluem caminhar ou correr longas distâncias: correr a maratona é um exemplo de exercício aeróbico. A maioria das atividades humanas inclui exercícios que podem ser em parte anaeróbicos e em parte anaeróbicos. Por exemplo, quando se joga futebol, quer nos braços quer nas pernas, o exercício será de tipo aeróbico enquanto o jogador deambula pelo campo, mas é de tipo anaeróbico nas pernas quando faz um remate ou um sprint. No exercício de tipo anaeróbico, a potência (energia gasta/unidade de tempo) é muito elevada estimando-se que nas fibras em contração a velocidade de hidrólise (e de síntese) de ATP possa atingir valores 300 vezes superiores aos do repouso. A potência nos exercícios aeróbicos varia com a intensidade do exercício, mas nunca atinge os valores do exercício anaeróbico. Em exercícios aeróbicos de intensidade muito elevada (com taxas de consumo de O 2 próximas do máximo que o indivíduo é capaz) a velocidade de hidrólise de ATP nas fibras em contração pode ser cerca de vezes superior à basal. Página 6 de 19

7 O tipo de fibras que estão mais envolvidas nos dois tipos de exercício também é diferente. Enquanto nos exercícios de tipo anaeróbico as fibras mais envolvidas são as de tipo II (também designadas por brancas, glicolíticas ou de contração rápida), nos exercícios de tipo aeróbico as fibras mais envolvidas são de tipo I (também designadas por vermelhas, oxidativas ou de contração lenta). As fibras de tipo I são mais ricas em mitocôndrias e em mioglobina que as de tipo II. Uma outra diferença relaciona-se com a duração do exercício: os exercícios de tipo anaeróbico são sempre de curta duração porque o cansaço advém precocemente enquanto os de tipo aeróbico podem ser mais prolongados. 4 O exercício físico anaeróbico 4.1 A cínase da creatina e o seu papel na fosforilação do ADP e na reposição dos níveis de fosfocreatina Aquando da contração muscular a hidrólise de ATP é muito rápida nas miofibrilas e junto dessas miofibrilas existem moléculas de cínase de creatina que, de acordo com a razão Keq/quociente de reação, catalisam a fosforilação pela fosfocreatina do ADP que se vai formando. Nos exercícios de tipo anaeróbico, nos primeiros 10 segundos, a ação da cínase da creatina é relevante, mas a concentração intracelular de fosfocreatina baixa rapidamente para valores 4 vezes inferiores à inicial. O somatório das reações de hidrólise do ATP (ATP + H 2 O ADP + Pi) e de fosforilação do ADP pela fosfocreatina (fosfocreatina + ADP creatina + ATP) correspondente à de hidrólise da fosfocreatina (fosfocreatina + H 2 O creatina + Pi). Isto explica porque é que, o esgotamento da fosfocreatina, cursa paralelamente com um aumento marcado (de cerca de 10 vezes) na concentração sarcoplasmática de Pi. Quando se para de fazer exercício, os níveis de fosfocreatina são repostos. Esta reposição ocorre por ação de moléculas da cínase da creatina situadas no espaço intermembranar da mitocôndria onde o quociente de reação favorece a reação inversa (a fosforilação da creatina pelo ATP sintetizado nas mitocôndrias e que sai da mitocôndria via trocador ATP/ADP). As moléculas de creatina e fosfocreatina são muito mais pequenas que as de ATP e ADP e difundem muito mais rapidamente entre o espaço intermembranar das mitocôndrias e as miofibrilas. O excesso de consumo de oxigénio que ocorre após um exercício anaeróbico corresponde, em parte, à oxidação de nutrientes que fornece energia para a reposição dos níveis de fosfocreatina. (Como será referido adiante uma outra parte corresponde ao oxigénio necessário para oxidar o lactato acumulado.) 4.2 A glicogenólise nas fibras em exercício anaeróbico e a sua regulação No exercício anaeróbico, o combustível de uma dada fibra muscular em contração é o glicogénio armazenado nessa fibra. Aquando do exercício, a fosforólise do glicogénio situado nas fibras musculares que estão a contrair é muito estimulada sustentando um aumento do fluxo glicolítico que pode ficar 1000 vezes mais rápido que no repouso. Os estímulos que provocam este aumento explosivo da fosforólise são o aumento da concentração de Ca 2+ no sarcoplasma (o mesmo estímulo que provoca a contração muscular), o aumento da concentração de AMP e o aumento da concentração de Pi. Como já referido (ver Capítulo 2.2), o Ca 2+ aumenta porque sai do retículo sarcoplasmático aquando da despolarização da membrana sarcoplasmática. A cínase da fosforílase é uma enzima que contém um sítio alostérico ativador que liga o Ca 2+. A ação da cínase da fosforílase é catalisar a fosforilação e a consequente ativação da fosforílase sendo que é esta enzima que catalisa a fosforólise do glicogénio, ou seja, a formação de glicose-1-fosfato. Embora a concentração de ATP quase não varie aquando do exercício físico, a de ADP pode aumentar ligeiramente (cerca de 4 vezes) e a de AMP (que resulta da ação da cínase do adenilato; 2 ADP ATP + AMP) sofre um aumento muito Página 7 de 19

8 marcado (cerca de 20 vezes) 5. O AMP é um ativador alostérico da fosforílase muscular. O Pi é um dos substratos da fosforílase do glicogénio (o outro é o próprio glicogénio) e, como já referido, a sua concentração aumenta em consequência da conversão de fosfocreatina em creatina. É frequente referir-se que a adrenalina circulante (que aumenta durante o exercício) poderá ter algum papel facilitador na ativação da fosforólise durante o exercício físico. De facto, a adrenalina pode ligar-se a recetores adrenérgicos β da membrana sarcoplasmática, provocando a ativação da PKA e a consequente fosforilação (ativação) da cínase da fosforílase. Isto provoca aumento da fração da fosforílase que fica na forma fosforilada (a forma a), mas isto, por si só, não provoca estimulação da fosforólise. Se não ocorrer exercício físico e aumento da concentração de Pi no sarcoplasma, a velocidade da fosforólise muscular não aumenta mantendo-se a um nível basal. 4.3 A glicólise nas fibras em exercício anaeróbico e a sua regulação A síntese de ATP durante o exercício anaeróbico está maioritariamente dependente da estimulação da glicólise. Os mecanismos que provocam a ativação da glicólise são mal conhecidos mas, pelo menos parcialmente, são causados pela estimulação da cínase 1 da frutose-6-fosfato pelo AMP e pelo ADP e pela inibição da frutose-1,6-bisfosfátase pelo AMP. A cínase 1 da frutose-6- fosfato catalisa a fosforilação da frutose-6-fosfato a frutose-1,6-bisfosfato e, do ponto de vista de quem analisa o fluxo glicolítico, a frutose-1,6-bisfosfátase tem um papel biológico antagónico porque catalisa a hidrólise da frutose-1,6-bisfosfato a frutose-6-fosfato. As atividades simultâneas da cínase-1 da frutose-6-fosfato e da frutose-1,6-bifosfátase constituem um ciclo de substrato e a velocidade líquida no processo glicolítico (a conversão líquida de frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bisfosfato) é a diferença entre a velocidade da reação catalisada pela cínase e pela fosfátase. Se admitirmos que, em repouso, a velocidade da reação de conversão frutose-6-fosfato frutose-1,6-bisfosfato é, por exemplo, de 40 (unidades arbitrárias) e a conversão frutose-1,6-bisfosfato frutose-6-fosfato é de 39 o fluxo líquido na glicólise será de 1 (40-39=1). Como já referido, a contração muscular provoca aumento nas concentrações de ADP e de AMP. Se admitirmos que isto faz aumentar a atividade da cínase 1 da frutose-6-fosfato de 25,5 vezes (de 40 para 1020) e diminuir a da frutose-1,6-bisfosfátase para cerca de metade (de 39 para 20) o fluxo líquido na glicólise aumentaria de 1000 vezes ( = 1000). Ou seja, variações relativamente modestas nas atividades individuais de enzimas envolvidas em ciclos de substrato podem provocar variações marcadas no fluxo de uma via metabólica. No caso concreto da glicólise o aumento do fluxo quando uma fibra muscular passa do estado de repouso para exercício anaeróbico pode ser, de facto, de cerca de 1000 vezes. Durante os exercícios de tipo anaeróbico que duram mais de 3-5 segundos a concentração de lactato aumenta marcadamente quer dentro das fibras envolvidas quer no plasma. A maior parte do excesso de consumo de oxigénio após um exercício anaeróbico corresponde ao oxigénio gasto na oxidação (e, em menor grau, na conversão em glicose) do lactato acumulado. Ou seja, a maior parte do aumento de consumo de O 2 que ocorre no período que se segue à paragem de um exercício anaeróbio serve para repor os níveis basais de lactato. 4.4 A glicólise anaeróbica e as consequências da diminuição do ph dentro das fibras musculares em exercício anaeróbico O exercício anaeróbico é sempre de curta duração porque o aumento da velocidade da glicólise é muitíssimo mais marcado que o aumento na atividade das lançadeiras envolvidas no 5 Dizer que a concentração de ATP não varia e que as de ADP e de AMP aumentam marcadamente pode gerar equívocos. O somatório do número de moléculas de ATP, ADP e AMP é mais ou menos constante e, em termos absolutos, a um acréscimo no número de moléculas de AMP e ADP deve corresponder um decréscimo de valor idêntico no número de moléculas de ATP. No entanto, as variações relativas nas concentrações de ATP, ADP e AMP são muito distintas porque, em condições de repouso, a concentração intramiocelular de ATP é cerca de 250 vezes superior à de ADP e cerca de vezes superior à de AMP. Por isso, a diminuições percentuais não mensuráveis na concentração de ATP correspondem variações percentuais marcadas nas concentrações de ADP e variações percentuais marcadíssimas nas de AMP. Página 8 de 19

9 transporte de eletrões para dentro da mitocôndria e na atividade das enzimas da cadeia respiratória. Se ignorarmos que, mesmo nos exercícios anaeróbicos, algumas das moléculas de piruvato formadas na glicólise que ocorre nas fibras em contração entram na mitocôndria e são aí oxidadas, pode ser uma boa aproximação à realidade considerar-se que o aumento de 1000 vezes no fluxo glicolítico resulta num aumento de 1000 vezes na velocidade produção de ácido láctico: todas as moléculas de NAD + reduzidas na conversão de gliceraldeído-3-fosfato em 1,3-bisfosfoglicerato resultam da oxidação do NADH que ocorre aquando da conversão de piruvato em lactato. A glicólise anaeróbica implica a acidificação do sarcoplasma porque na glicólise anaeróbica o lactato é produzido juntamente com os respetivos protões. Na glicólise anaeróbica a glicose (ou a glicose-1-fosfato) cinde-se gerando ácido láctico e as moléculas de ácido láctico sofrem protólise dissociando-se em lactato + H +. A descida do ph limita o tempo em que o exercício anaeróbico pode decorrer porque o ph ácido inibe a fosforílase do glicogénio e a cínase-1 da frutose-6-fosfato desta forma limitando a velocidade dos processos que podem repor o ATP hidrolisado. Por outro lado a descida do ph também inibe mecanismos que estão na base do próprio processo contrátil. O ph baixo inibe a saída de Ca 2+ do retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma, a ligação do Ca 2+ à troponina C e a atividade da ATPase da miosina. A subida dos níveis plasmáticos do ião lactato durante o exercício são um indicador da velocidade de formação de ácido láctico nos músculos, mas o ião lactato, por si só, não tem qualquer papel na inibição da atividade contrátil ou na inibição de processos que, em última análise, permitem a síntese de ATP. 5 O rendimento da glicólise anaeróbica e da glicólise aeróbica e a velocidade de síntese de ATP nos dois processos O rendimento (moléculas de ATP sintetizadas / resíduo de glicose libertado do glicogénio ) da glicólise anaeróbica que ocorre durante o exercício anaeróbico é baixo. Na fosforólise do glicogénio consome-se Pi mas não ATP. Se ignorarmos a ação hidrolítica da enzima desramificante, ao partirmos de glicogénio gasta-se uma molécula de ATP aquando da ação da cínase 1 da frutose-6-fosfato e formam-se 4 ATPs aquando das ações catalíticas das cínases do 3- fosfoglicerato e do piruvato o que resulta na formação líquida de 3 ATPs por resíduo de glicose libertado na glicogenólise que é cindido a lactato. No entanto, dado que a glicólise pode sofrer aumentos de velocidade muito mais marcados que os que ocorrem na cadeia respiratória, este baixo rendimento não impede que se sintetizem ATPs a uma velocidade adequada para fazer face ao consumo de ATP durante o exercício anaeróbico. Se a glicose for oxidada a CO 2, o número de moléculas de ATPs que resulta da oxidação de uma molécula de glicose é cerca de 10 vezes maior. Admitindo que partimos de uma molécula de glicose que entrou para o sarcoplasma vinda do sangue gastam-se 2 moléculas de ATP aquando das ações catalíticas da hexocínase e da cínase 1 da frutose-6-fosfato. Se admitirmos a ação da lançadeira do glicerol-3-fosfato, a oxidação das 2 moléculas de NADH (formadas na ação da desidrogénase do gliceraldeído-3-fosfato) levará à formação de 3 moléculas de ATP na mitocôndria. Tal como na glicólise anaeróbica, também há formação de 4 ATPs nas ações das cínases do 3-fosfoglicerato e do piruvato. A conversão intramitocondrial de piruvato em acetil-coa (desidrogénase do piruvato) leva à formação de NADH (que corresponde à formação de 2,5 ATPs) e, por cada ciclo de conversão de acetil-coa em CO 2 no ciclo de Krebs, formam-se mais 10 ATPs. Dado que uma molécula de glicose gera duas de piruvato, se admitirmos a ação da lançadeira do glicerol-3-fosfato, o saldo final seria de 30 ATPs. No caso de admitirmos o envolvimento da lançadeira do malato, o rendimento seria de 32 ATPs por molécula de glicose oxidada a CO 2. A distinção entre a glicólise anaeróbica e a oxidação da glicose a CO 2 é relevante quando se discute exercício físico e dirigimos a nossa atenção para as fibras musculares em contração. No entanto, há que ter em conta que, quando se pensa no organismo como um todo ou numa escala de tempo que ultrapassa os poucos segundos que dura um exercício anaeróbico, a distinção perde grande Página 9 de 19

10 parte da sua importância. O lactato formado nas fibras que estão em exercício de tipo anaeróbico não é excretado para o exterior do organismo. A concentração intramiocelular de lactato aumenta marcadamente (cerca de vezes) nas fibras que se contraem e parte do lactato formado passa para o sangue onde também aumenta de concentração. Quando o individuo para de fazer exercício, as concentrações de lactato e de protões baixam (o ph intramiocelular normaliza-se) porque o ácido láctico (lactato + protão) excedentário vai ser convertido em glicose no fígado e rim ou oxidado a CO 2 nas fibras musculares que pararam de se contrair ou noutras células do organismo. Em qualquer dos casos o lactato é primeiramente reoxidado a piruvato (via desidrogénase do lactato) e depois, este piruvato, pode ser oxidado a CO 2 (via desidrogénase do piruvato e ciclo de Krebs) ou, nos casos do fígado e rim, pode, via gliconeogénese, originar glicose que, em última análise, vai ser também ser oxidada a CO 2. No caso dos ácidos gordos, a comparação entre metabolismo aeróbico e anaeróbico não pode fazer-se porque a degradação dos ácidos gordos é sempre um processo oxidativo. Não existe oxidação em β anaeróbica; o catabolismo dos ácidos gordos é um processo estritamente aeróbico. 6 O exercício físico aeróbico Uma das características que distingue o exercício aeróbico do anaeróbico é o tempo em que este pode ser mantido. Embora o tempo em que o exercício de tipo aeróbico pode manter-se dependa da intensidade (e do treino do indivíduo), em geral, pode prolongar-se por horas. Já foram referidos alguns exemplos de exercícios aeróbicos e do gasto energético que lhe corresponde. Enquanto a despesa energética de um indivíduo em repouso pode ser da ordem das 1,1 kcal/min, caminhar a 5 km/h aumenta essa despesa para 4-5 kcal/min e correr a maratona para kcal/min. Num dado indivíduo a intensidade do exercício aeróbico costuma medir-se como uma percentagem de VO 2 máximo. Quando um dado indivíduo está a fazer exercício ao mesmo tempo que se mede o seu consumo de O 2, diz-se que o seu consumo de O 2 é máximo (VO 2 max) quando, ao aumentar a intensidade do exercício, o consumo de O 2 já não aumenta mais. Quando a intensidade do exercício fica acima do VO 2 max, o exercício deixa de poder ser considerado aeróbico porque, nestas condições, a maior parte da energia utilizada nas fibras musculares em contração deixa de corresponder a processos oxidativos e passa a depender de processos anaeróbicos que ocorrem nessas fibras: ação da cínase da creatina e glicólise anaeróbica. A substituição do ATP que foi hidrolisado acima da velocidade que os processos oxidativos podem compensar passa a ser feito por processos que não gastam oxigénio. É claro que estes processos não são sustentáveis e um exercício deste tipo só pode ocorrer durante um tempo curto quer porque ocorre esgotamento da fosfocreatina, quer porque o ph intramiocelular não pode baixar indefinidamente sem comprometer o próprio processo de contração. Na maioria dos trabalhos experimentais costuma considerar-se que os exercícios aeróbicos são de intensidade baixa quando o consumo de O 2 em percentagem do VO 2 max é de cerca de 25%, que é de intensidade intermédia entre 45 e 60% do VO 2 max e de intensidade elevada quando fica acima de 80% do VO 2 max. 6.1 Os combustíveis usados pelos músculos em exercício aeróbico Como já referido, no exercício anaeróbico, para substituir o ATP hidrolisado, consome-se fosfocreatina e glicogénio intramiocelular (substâncias que estão dentro das fibras) e estes processos não são oxidativos: nem na ação da cínase da creatina nem na cisão da glicose a lactato há consumo de O 2. Para além do fator aumento da acidez e esgotamento da fosfocreatina, um outro que poderá eventualmente ter alguma contribuição para a limitação da duração do exercício anaeróbico e, como veremos adiante do exercício aeróbico, é a quantidade de nutrientes disponíveis para utilização e o seu alto consumo durante o exercício anaeróbico. Porque o rendimento é baixo (3 ATPs por molécula de glicose-1-fosfato cindida a duas de lactato) e a velocidade de consumo de ATP é elevada, o glicogénio Página 10 de 19

11 dentro de uma fibra muscular pode baixar de concentração muito rapidamente aquando do exercício anaeróbico. Fazer sprints no decurso de uma corrida de longo curso pode estar na origem da eventual incapacidade para terminar essa prova. Por razões ainda mal explicadas o exercício físico, mesmo o exercício aeróbico de muito baixa intensidade (que praticamente não leva ao consumo de glicogénio intramiocelular), parece exigir a presença de glicogénio dentro das fibras musculares que se contraem e, quando este se esgota, o atleta sente que esbarra contra um muro e é incapaz de continuar a fazer exercício. Nos exercícios aeróbicos os nutrientes são oxidados a CO 2 e o rendimento é muito mais elevado. Já foi referido que na glicólise aeróbica o número de moléculas de ATP formadas por molécula de glicose oxidada pode ser de No caso do palmitato (usado aqui, como um exemplo de um ácido gordo) o rendimento é de 106 ATPs por molécula de palmitato que se converte em CO 2. (As fibras musculares mais envolvidas nos exercícios aeróbicos são de tipo I, as fibras que são mais ricas em mitocôndrias e em mioglobina.) Por isto, pode dizer-se que no exercício aeróbico há, nas fibras musculares em contração, poupança de nutrientes: com a mesma quantidade de nutrientes pode obter-se a síntese de um maior número de moléculas de ATP. Nos exercícios aeróbicos, para além de serem utilizados nutrientes que estão dentro das fibras também se utilizam nutrientes que estão fora das fibras em contração. Devido ao aumento do débito cardíaco (efeito adrenérgico β) e à vasodilatação local (efeito predominante de libertação local de vasodilatadores como a adenosina), num músculo em exercício aeróbico, o fluxo sanguíneo nos músculos em exercício pode aumentar cerca de 100 vezes. Isto permite que os nutrientes que estão no sangue fiquem disponíveis para serem captados pelos músculos e que o aporte de O 2 seja adequado para a sua oxidação. A entrada de O 2 da atmosfera para o sangue e a saída de CO 2 do sangue para a atmosfera também aumentam porque aumenta o débito respiratório. Apesar de haver aumento da captação de ácidos gordos livres e de glicose do sangue para as fibras musculares não há diminuição nem da concentração de ácidos gordos livres nem da glicose sanguínea porque, paralelamente, há aumento da lipólise nos adipócitos e aumento da glicogenólise hepática. Ou seja, o exercício físico aeróbico acompanha-se de aumento da libertação de ácidos gordos livres e de glicose para o plasma sanguíneo que compensam o aumento da velocidade de oxidação destes combustíveis nos músculos. 6.2 As quantidades e o tipo de nutrientes oxidados durante os exercícios aeróbicos variam com a intensidade do exercício. Nos exercícios aeróbicos, a velocidade de oxidação dos nutrientes, o consumo de O 2 e a produção de calor que resulta dessa oxidação aumentam com a intensidade do exercício. No entanto, embora todos os nutrientes sejam mais oxidados aquando do exercício em comparação com o estado de repouso, nalguns nutrientes, a velocidade da sua oxidação sofre variações em função da intensidade do exercício que não são nem lineares nem facilmente intuídas. Não é o caso da glicose sanguínea (em ultima análise a glicose que está a ser libertada no fígado via glicogenólise) cuja velocidade de captação e oxidação aumenta de forma regular quando a intensidade do exercício aumenta. No caso do glicogénio que está dentro das fibras musculares o aumento não é tão regular: quando a intensidade do exercício é baixa (25% do VO 2 max) o consumo deste glicogénio é residual aumentando muito quando a intensidade aumenta para valores intermédios ou altos. Quando a intensidade do exercício é elevada (> 80% do VO 2 max) mais de metade da despesa energética do indivíduo corresponde a oxidação de resíduos de glicose-1-fosfato libertados aquando da glicogenólise que ocorre nas fibras musculares em contração. Nos primeiros minutos de um exercício aeróbico de intensidade intermédia ou elevada (acima de 40% do VO 2 max) há, nas fibras que se contraem, aumento da concentração do lactato e descida da concentração de fosfocreatina. Isto significa que, nestas fibras, uma parte do ATP formado nestes primeiros minutos resultou de processos anaeróbicos: a cisão da glicose a lactato e ação catalítica da cínase da creatina. No entanto, a partir de um dado momento (o 10º minuto, por exemplo) deixa de haver variação nas concentrações de lactato e de fosfocreatina que se mantêm num nível relativamente elevado enquanto o exercício decorre. A partir desse momento, a concentração de fosfocreatina deixa Página 11 de 19

12 de diminuir porque a velocidade da reação de transferência de fosfato da fosfocreatina para o ADP que ocorre na vizinhança das miofibrilas é igual à velocidade de transferência de fosfato do ATP para a creatina que ocorre no espaço intermembranar das mitocôndrias. Em termos líquidos, a fosfocreatina, uma substância que difunde rapidamente no interior das fibras musculares, passa a ter apenas um papel facilitador na transferência de fosfato entre o ATP sintetizado nos processos oxidativos que decorrem na mitocôndria e o ADP que se forma na vizinhança das fibras musculares mas não é, em termos líquidos, responsável pelo ATP formado. Uma situação algo semelhante ocorre no caso do lactato. A partir de um dado momento, as velocidades de formação de lactato e de oxidação do lactato passam a ser iguais e deixa de haver formação líquida de lactato. Nestas condições, globalmente o que está a acontecer é a oxidação completa da glicose que entra nas fibras em contração e da glicose-1-fosfato que resulta da fosforólise do glicogénio presente nas fibras. Alguns grupos de fibras ou mesmo alguns agrupamentos musculares podem continuar a produzir lactato durante todo o tempo em que o exercício perdura mas, esse lactato é oxidado a CO 2 noutros grupos de fibras e noutros agrupamentos musculares em contração. Na maior parte do tempo em que decorre o exercício aeróbico não há, no conjunto dos músculos em contração nenhuma dependência da glicólise anaeróbica para a síntese de ATP. Algumas fibras musculares podem continuar a depender da glicólise anaeróbica para repor o ATP gasto no processo contrátil e libertam moléculas de lactato para o líquido extracelular e para o plasma, mas noutras fibras, o processo oxidativo inclui a oxidação dessas moléculas de lactato, que são captadas do plasma e do líquido extracelular. (Tal como no caso dos exercícios anaeróbicos, durante o repouso pós-exercício há normalização dos níveis de lactato e de fosfocreatina e isto implica um consumo de oxigénio que é maior que o que ocorre em situações basais.) A relação entre intensidade do exercício aeróbico e a oxidação dos ácidos gordos livres plasmáticos (os ácidos gordos que vêm do tecido adiposo) é mais difícil de descrever porque é irregular. Quando se passa do estado de repouso para um exercício de intensidade baixa há um aumento marcado na velocidade de oxidação de ácidos gordos livres mas, comparativamente à velocidade que é atingida quando a intensidade do exercício é baixa, o aumento da intensidade do exercício, em vez de fazer aumentar a oxidação dos ácidos gordos livres, faz com que ocorra diminuição. A velocidade de oxidação de ácidos gordos livres diminui quando a intensidade do exercício aumenta para valores acima de 25% do VO 2 max e a velocidade de oxidação, nunca descendo abaixo dos valores de repouso, diminui tanto mais quanto mais intenso é o exercício. É muito difícil individualizar a oxidação de ácidos gordos que resultam da hidrólise dos triacilgliceróis intramiocelulares dos que resultam da hidrólise dos triacilgliceróis das VLDL pela lípase de lipoproteínas. No seu conjunto, a oxidação destes ácidos gordos aumenta quando a intensidade do exercício aumenta até valores da ordem dos 50% do VO 2 max, mas deixa de aumentar quando a intensidade do exercício fica acima de 50% do VO 2 max. Se o exercício é de baixa intensidade e é feito durante o período pós-absortivo, o contributo dos ácidos gordos livres para a despesa energética pode ser da ordem dos 50% a 60%. Em consonância com o que se referiu o Quociente Respiratório tem valores relativamente baixos (0,8 a 0,85) quando a oxidação de ácidos gordos livres é máxima (intensidade de exercício correspondente a 25% do VO 2 max) e tem valores mais próximos de 1 se o combustível predominante é o glicogénio (intensidades de exercício acima dos 80% do VO 2 max). 6.3 Fatores intramiocelulares que estimulam a captação e a oxidação da glicose quando a intensidade do exercício aeróbico aumenta As razões que explicam o aumento da captação de glicose do sangue, da sua cisão glicolítica e da oxidação desta glicose quando um músculo deixa de estar em repouso ou quando a intensidade do exercício aumenta são explicadas a seguir. Um dos fatores mais relevantes é o aumento da concentração de AMP dentro das fibras musculares. O AMP aumentado vai estimular a AMPK (cínase de proteínas ativada pelo AMP) que provoca a mobilização para a membrana sarcoplasmática de vesículas intracelulares que contém Página 12 de 19

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