ECOLOGIA HUMANA Jornalismo e Inclusão Social: A visibilidade do Idoso através da mídia
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- Isaac Eduardo Borba Ávila
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1 ECOLOGIA HUMANA Jornalismo e Inclusão Social: A visibilidade do Idoso através da mídia 1
2 2 ECOLOGIA HUMANA Jornalismo e Inclusão Social:A visibilidade do Idoso através da Mídia Na época moderna, a história não é o feito dos homens, é o processo do fazer humano. Não é estática. É dinâmica. (Hanna Arendt) Prof. Dr. Pedro Celso Campos Resumo É fato notório que o mundo está envelhecendo rapidamente. Os meios de comunicação já percebem a necessidade de se envolverem cada vez mais com esta nova pauta do jornalismo, pois a presença do idoso se torna visível em todos os setores da sociedade: na própria mídia, no voluntariado, na política, na área acadêmica, no lazer, no turismo, nas atividades criativas e até mesmo na organização coletiva em defesa dos direitos de cidadania e inclusão (ou reinclusão) social. Cabe investigar, aqui, se os meios de comunicação estão, e como estão, agindo no sentido de incluir socialmente o idoso e qual a visibilidade que o idoso tem na mídia ou através dela, especificamente no jornalismo. O olhar sobre o idoso é positivo ou negativo? Envolve respeito ou preconceito? A pessoa idosa é respeita por sua posição social, financeira, intelectual ou por ela mesma, isto é, por seu direito antropologicamente intrínseco como ser humano deste planeta? Que fazem os jornalistas a este respeito? O que pensam os estudantes de jornalismo? Palavras-chave: Cidadania Inclusão Jornalismo Ambiental - Sistema Resumen Es un hecho notable que el mundo está envejeciendo rápidamente. Los medios de comunicación ya comprenden la necesidad de envolver cada vez más esa nueva pauta del periodismo, pues la presencia del viejo se torna visible en todos los sectores de la sociedad: en los propios medios de comunicación, en el voluntariado, en la política, en el área académica, en el ocio, en el turismo, en las actividades creativas, hasta en la organización colectiva por la defensa de los derechos de ciudadanía y inclusión (o reinclusión).es importante investigar, aquí, si los medios de comunicación están - y cómo están - actuando para que se incluya socialmente el viejo y cual la visibilidad que el viejo tiene, específicamente en ele periodismo,o través de ella, específico en el periodismo.el modo de mirar el viejo es positivo o negativo? La persona vieja es respetada por su posición social, financiera, intelectual, o por si misma, es decir, por su derecho antropológicamente intrínseco como ser humano de este planeta? Qué hacen los periodistas a cerca de eso? Qué piensan los estudiantes de periodismo? Palabras-llaves: Ciudadanía - Inclusión - Periodismo Ambiental - Sistema
3 3 Abstract Is a remarkable fact that the world is ageing fast. Means of communication already notice the need to get more and more involved in this new branch of Journalism, for the presence of the elderly is becoming more visible in all sectors of society: in the media itself, in volunteering, in politics, in the academy, leisure, tourism, recreational activities and even in the colective organization for the defense of inclusion and citizenship rights. It is important to investigate, here, if the means of communication are - and the way they are - acting towards the social inclusion of the elderlies and what is the visibility that they have in the media, more specifically in Journalism. Is the elder portrayed positively or negatively? Older people are respected because of his or her social, financial or intelectual position or because it is anthropologically his or her instrinsic right as a human being in this planet? What do the journalists do about it? What do the students of Journalism think? Key-words: Citizenship - Inclusion - Environmental Journalism - System 1. NATUREZA GERAL DA PESQUISA Filiada à linha de pesquisa "Cultura Midiática e Sociedade", do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação-FAAC, da Universidade Estadual Paulista-UNESP, campus de Bauru, Estado de São Paulo (Brasil) esta investigação acadêmica quer indagar a respeito da visibilidade das pessoas idosas nos Meios de Comunicação de Massa ou através deles. Qual o papel da mídia no processo de inclusão social das pessoas acima de 65/70 anos? O que tem sido noticiado a respeito da chamada Quarta Idade? O que significa ser idoso no Século XXI, no mundo globalizado e imerso na sociedade da informação, quando não há mais fronteiras para o livre trânsito da cultura, da pesquisa e da manifestação do pensamento, pelo menos em uma visão ocidental do conceito? Com a mundialização cultural é o mesmo ser idoso no interior do Brasil ou no interior da Espanha, por exemplo? Os futuros jornalistas estão sendo educados para aceitar o diferente, para respeitar o idoso com o qual vão se deparar cada vez mais em sua atividade profissional?
4 4 2. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, revelam que nos próximos 20 anos a população idosa do Brasil poderá ultrapassar 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população até o final deste período. Até 2025 o Brasil deverá ser o sexto país com população mais idosa do mundo. Nestes primeiros anos do Séc. XXI, a população de idosos (com 60 anos ou mais) está formada por um contingente de aproximadamente 15 milhões de pessoas, representando 8,6% dos brasileiros. As mulheres são maioria. Elas vivem cerca de oito anos a mais que os homens. Os dados também revelam que 8,9 milhões de pessoas com 69 anos de idade, em média (correspondentes a 62,4% dos idosos do país), são responsáveis pelos domicílios, têm renda média de R$ 657,00 e 3,4 anos de estudo. Outra informação: O grau de urbanização da população idosa tem acompanhado a tendência geral da população, ficando em torno de 81% em A proporção de idosos residentes nas áreas rurais caiu de 23,3% em 1991 para 18,6% em A pesquisa do IBGE, realizada em 2000, conta com informações dos municípios do país e revela um papel de destaque crescente do idoso na sociedade. Tratando-se de um fenômeno mundial - pois observa-se uma redução na população de 0 a 14 anos e um expressivo aumento da longevidade - é natural imaginar que as questões relacionadas com a terceira (e na Europa já se fala na quarta) idade - serão uma pauta constante e cada vez mais presente nos meios de comunicação. Será que a imprensa está consciente do seu papel social em relação a esse destacado segmento da população? Será que o idoso não é discriminado, não é tratado como ser inferior pela mídia ocidental? O que a Universidade está fazendo para conscientizar os futuros jornalistas a respeito dessa pauta que inclui, certamente, o modo como os profissionais da área da saúde - e não apenas os comunicadores - tratam a pessoa idosa? Com certeza esta é uma abordagem impossível se o tema não for tratado a partir de pressupostos éticos e estéticos que devem ser estudados à luz da sociedade de consumo que caracteriza a própria sociedade da informação. O mundo midiático, que a todos mergulha no mar global de notícias, é também o mundo que exclui, discrimina, rejeita, violenta e mata. E começa matando pela impiedade, pela frieza, pelo desinteresse, pela falta de humanidade. É, portanto, um chamamento à ética que deve presidir o estudo da questão, especialmente na fase da formação universitária dos futuros profissionais da Comunicação.
5 5 A mídia deve se abrir para este segmento da população, mas isto só vai acontecer se os jovens profissionais forem conscientizados, ainda na Faculdade, visto que eles é que irão gerir a mídia nos próximos anos, ao se graduarem em Jornalismo. Também é preciso lembrar que os idosos não serão apenas em maior número, eles também terão mais poder político e econômico, pois de um lado constituirão uma enorme força de consumo, por outro, poderão eleger representantes que os defendam junto ao poder público. Isto já é observado nos EUA, como lembra o pesquisador do Massachusetts Institute of Tecnology - MIT, Lester Thurow. Esta abordagem sobre o segmento social do idoso está relacionada, em certa medida, com a ecologia humana que é o estudo sobre a convivência dos homens na sua casa, isto é, no ecossistema formado pelo Planeta Terra. O ambientalismo também contempla a questão da última idade quando defende a participação de toda a sociedade no debate e no encaminhamento de solução para os seus próprios problemas, democraticamente. Este preceito da "participação de todos", que é um direito e um dever, está consagrado na Agenda-21, um regulamento internacional aprovado na Rio-Eco-92, que foi uma das mais importantes reuniões da Organização das Nações Unidas-ONU, para tratar do meio ambiente, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, com a participação de 180 chefes de Estado de todo o mundo. Em todos os países a Agenda 21 vem sendo implementada desde então. O idoso deve procurar conhecê-la - inclusive através da Internet, dos cursos especializados, da Universidade da Terceira Idade, do contato com os amigos, da observação da mídia - pois a Agenda-21 é um documento voltado para o século XXI, o nosso século, portanto está em pleno vigor, é atualíssimo e deve ser estudado, discutido, conhecido. Ao invés de se entregar ao abandono e à auto-comiseração, o idoso deve manter acesa a chama da luta por um mundo melhor. Se a Agenda 21 nos ensina a ser participativos, então devemos usar, ativamente, todos os espaços públicos disponíveis, como a mídia, as associações de classe, os encontros de estudo ou de lazer, os partidos políticos, a Tribuna Livre das Câmaras Municipais, as igrejas etc para dar a nossa participação, tanto a favor dos próprios idosos como de todos os excluídos. Ser um idoso solidário, generoso, aberto a novas idéias é destruir o antigo clichê do idoso egoísta, sovina, avarento, rabugento, ranzinza etc. O idoso deve levantar-se da cama, todos os dias, com a disposição de quem vai fazer mais alguma coisa útil para a sociedade. Se é um bancário aposentado, poderá
6 6 cumprir uma pequena jornada em uma entidade filantrópica ajudando-a a organizar as finanças; se é um jornalista, pode ajudar a Associação do Bairro a produzir um veículo comunitário; se é médico, pode orientar pessoas carentes; se é cozinheiro, artista... o que for, poderá colocar, de alguma forma, os seus conhecimentos a serviço da comunidade por um mundo melhor. Ser participativo, através do voluntariado, é manter acesa a chama da Vida. Se, ao invés, achar que não pode fazer nada, por alguma compreensível limitação, então poderá se dedicar à leitura de bons livros porque o bom livro é um grande amigo e os netos gostam do avô que tem boas histórias para contar. Pode-se começar lendo as 700 páginas (afinal, não temos pressa) de "A Velhice", de Simone de Beauvoir. Ela escreveu o livro durante a revolta dos jovens em Paris, em Pesquisou a situação do idoso no mundo inteiro. Diz que naquela época o Brasil tinha apenas 2,45% de idosos, portanto era um país jovem. Também conta como funciona o sistema de aposentadoria no Ocidente e no Oriente, explicando, ainda, o funcionamento da "beneficência", palavra inventada pelo abade de Saint-Pierre para substituir a idéia religiosa de "caridade". Muita coisa mudou, porque as leis mudam sempre. Mas permanece a idéia de que é preciso ser um idoso atuante, como era, por exemplo, o escritor Vitor Hugo, que foi avô exemplar, um trabalhador contumaz, um homem bem-humorado, apesar dos revezes da vida - como a morte do filho François Victor, por apoplexia, e da mulher, Juliette (que mesmo na idade avançada, de ambos, reclamava de suas aventuras sexuais com as jovens admiradoras de sua obra). Foi no momento de dor maior, entretanto, que Vitor Hugo escreveu o grande sucesso de público "Os Trabalhadores do Mar", em 1866, aos 64 anos de idade. Em outra obra monumental, "Os Miseráveis", de 1862, ele já havia homenageado os idosos através do personagem Jean Valjean, condenando a impiedade das leis e da justiça contra um homem cujo crime foi roubar um pão. Isto nos faz lembrar a impiedosa burocracia oficial que se empenha tanto em sonegar os legítimos direitos dos aposentados, até mesmo o salário digno. Essa impiedade, essa frieza deve ser condenada todos os dias através da mídia. Outro livro memorável de Vitor Hugo é a "A Arte de ser Avô", de Inúmeros outros bons livros podem ajudar o idoso a se ocupar em refletir acerca das situações do mundo, para ser uma pessoa construtivamente crítica e não um idoso sem voz e sem participação. O conhecimento nos traz dignidade em qualquer época da vida e, para o tédio, não há remédio melhor que a leitura. Assim nossa última idade será produtiva e
7 7 nos sentiremos gratificados por ser úteis - nem que seja com uma palavra amiga - aos nossos semelhantes. Para viver bem na velhice é preciso apenas continuar vivendo. E viver é ser útil, é movimentar-se, é interessar-se, é fazer alguma coisa, é fazer parte. É isto, e não apenas os medicamentos, que darão sustentabilidade à vida saudável quando somos idosos, quando nos aposentamos da nossa ocupação principal, mas não da vida participativa. Se nós, professores universitários, conseguirmos passar aos jovens este outro modo de ver o velho, talvez tenhamos uma geração de jornalistas mais comprometida com a sustentabilidade social do nosso mundo. 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL Traçar um panorama do tratamento do idoso nos meios de comunicação OBJETIVOS ESPECÍFICOS Discutir o papel da Universidade (especificamente do ensino de Jornalismo) na sensibilização dos futuros profissionais de Comunicação para a questão do idoso Estudar o potencial da mídia - específicamente do jornalismo - na transformação do olhar sobre a pessoa idosa Propor uma abordagem sistêmica, compreensiva e inclusiva, que poderíamos chamar, numa visão de cultura da paz, "uma proposta de carinho".
8 8 4. DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA Esta é uma pesquisa que se preocupa com a atualização dos meios de comunicação no que se refere às profundas transformações da sociedade humana nas últimas décadas, especialmente em função da própria exposição das pessoas aos meios de comunicação em geral a partir do fenômeno da acelerada urbanização verificada na segunda metade do século XX. Sendo assim, não se trata de discutir genéricamente a questão da velhice - do ponto de vista antropológico/geriátrico - mas de estudar o papel dos formadores de opinião na direção de uma sociedade mais humana, mais justa, mais harmônica, mais equilibrada em que o idoso possa ser uma pessoa respeitada e acatada, que possa sentir-se bem na convivência social ao invés de se isolar e se auto-punir ao negar a própria idade. Portanto queremos delimitar a questão ao tratamento mídia/idoso. 5. EXEQUIBILIDADE Tendo trabalhado com a Teoria Geral dos Sistemas (Bertalanfy-1920) e com o Método de Análise de Conteúdo (Bardin ) no Doutorado, em 2006, para discutir o Jornalismo Ambiental - que inclui, naturalmente, o próprio estudo do movimento ambientalista internacional - pareceu-nos oportuno aproveitar estes e outros estudos afins para dar continuidade a esta investigação que, na verdade, circunscreve-se aos aspectos da "ecologia humana" na qual o idoso está sistemicamente inserido. Desse modo o projeto é exeqüível a partir desses estudos paralelos e também pela disponibilidade e apoio técnico que a FAAC/UNESP (minha Instituição de origem) proporciona a seus pesquisadores ao dar cumprimento à sua política permanente de melhoria da qualidade do ensino. 6. HIPÓTESES Se a mídia consagra o "ideal da juventude" e com isto arregimenta toda a sociedade em torno de padrões referenciais de consumo, e sendo a mídia um negócio prestador de serviços como outro qualquer - que visa lucro, portanto - porque não se poderia sensibilizar
9 9 a mídia para a questão do idoso cujo papel vem crescendo na sociedade, inclusive em relação ao consumo de bens e, sobretudo, de serviços? Estaria a mídia consciente a respeito do "old power"? Afinal, o conceito de estética que a mídia enfatiza no que se refere às top models, por exemplo, não seria excludente? Não poderia ser visto como uma espécie de eugenia moderna em que o estereótipo da magreza é imposto como sinônimo de belo, tal qual, um dia, um louco tentou selecionar as raças a partir de conceitos igualmente excludentes? Nossa hipótese principal é que os meios de comunicação ainda não se deram conta do fenômeno jornalístico que é a elevação das taxas de longevidade em todo o mundo, por isto ainda trabalham com os indicadores dos anos sessenta unicamente apoiados no "young power" (que também é importante na abordagem sociológica, mas não pode ser único). 7. METODOLOGIA Será aplicada a Analise de Conteúdo para comparar o procedimento da mídia - especialmente do jornalismo - no tratamento da questão. Também será feito um levantamento sitiográfico para inventariar as entidades que se interessam pelo assunto dentro e fora do país, com visitas de estudos a outros países - principalmente Espanha - onde a presença do idoso é mais destacada socialmente. Também serão feitas entrevistas em Bauru (onde fica a Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP), bem como em várias cidades do Estado onde residem os alunos de jornalismo co-participantes desta pesquisa, para discutir, especialmente, a abordagem ética do problema e para verificar como a região trata a pessoa idosa. Tais levantamentos estarão amparados em uma ampla revisão bibliográfica. Em fase posterior, a pesquisa poderá ser associada aos estudos de uma Universidade espanhola com o objetivo de se estabelecer parâmetros de comparação entre o modo como o idoso é tratado no interior de São Paulo e no interior da Espanha, sempre observando a participação da mídia e do jornalismo nesse processo de inclusão social.
10 EXPLICAÇÃO DO MÉTODO Para cada notícia ambiental constatada na mostra final, a ser levantada através do corpus, será utilizado o modelo de codificação proposto por Bauer (2002 p ) na aplicação prática da análise de conteúdo. Este modelo consiste em uma folha de papel no formato A-4, contendo células reservadas para cada código. A partir do exame minucioso de cada notícia, o codificador registra seu julgamento para cada código na célula designada. Completada a codificação, todas as folhas de codificação são juntadas e seus dados transferidos para o computador visando a análise dos dados. É natural que este processo, por implicar julgamento humano, não atinja a fidedignidade perfeita que seria ideal, mas é possível esperar um nível aceitável de fidedignidade, desde que o pesquisador tenha tomado as precauções iniciais relacionadas com a pré-análise da mostra a ser colhida, a identificação clara do tema a ser pesquisado, a adoção de um referencial teórico, a formulação de hipóteses e objetivos, a definição correta do corpus. O modelo de Bauer segue a orientação de Bardin (1988) para a Análise de Conteúdo, operando três fases no processo de codificação: a) o recorte escolha das unidades de registro e de contexto; b) a enumeração escolha das regras de enumeração; c) a classificação e agregação escolha das categorias. Enquanto as Unidades de Amostragem referem-se ao produto (ou edição de um jornal/telejornal) as Unidades de Registro reportam-se a cada notícia selecionada, dela podendo-se extrair registros como palavras-chave, personagens, acontecimentos específicos etc. Foi com este processo que Violette Morin avaliou a cobertura que a imprensa francesa deu à visita do presidente soviético Nikita Khrouchtvchev à França, de 23 de março a 3 de abril de 1960 (cf. MORIN-1970), analisando o conteúdo de sete jornais diários e quatro grandes revistas, durante 13 dias, de 21 de março a 4 de abril de 1960, num trabalho de pesquisa citado como exemplar na área acadêmica. As Unidades de Registro também são obtidas através das unidades de enumeração (como na centimetragem por coluna dos veículos impressos) ou unidades espaço-temporais (utilizadas na minutagem da mídia eletrônica). Muitas vezes, para as unidades de registro serem compreendidas corretamente, torna-se necessário fazer referência ao contexto no qual estão inseridas. Na análise de informações ambientais, por exemplo, a contextualização de palavras como consumo, sustentabilidade, cidadania, sociedade, natureza etc podem auxiliar na compreensão de seu verdadeiro sentido. Tratando-se, especificamente, da relação mídia-
11 11 idoso, certamente deveremos identificar palavras, imagens e conceitos que revelem uma valoração positiva, indefinível ou negativa do discurso midiático. Bardin também se refere às regras de enumeração, que são o modo de quantificação das unidades de registro, o que levará ao estabelecimento de índices percentuais e gráficos explicativos, revelando idéias ou temas que podem ser interpretados como medida de intensidade ou força de uma motivação, convicção ou crença, bem como a importância, atenção ou ênfase dispensadas ao tema. A terceira fase da codificação consiste no trabalho de classificação e reagrupamento das unidades de registro em número reduzido de categorias, com o objetivo de tornar inteligível a massa de dados e sua diversidade. Segundo Bardin (1988), os critérios de categorização podem ser semântico (categorias temáticas), sintático (verbos, adjetivos), léxico (classificação das palavras segundo seu sentido) e expressivo (categorias que classificam as diversas perturbações da linguagem, por exemplo). A categorização envolve duas etapas: o inventário (que consiste em isolar os elementos) e a classificação (que consiste em repartir os elementos, reunindo-os em grupos similares de forma a impor certa organização às mensagens). Com base nos parâmetros citados, será possível constatar, no que se refere à informação sobre a pessoa idosa: O espaço e o destaque da notícia (a centimetragem por coluna e a página do jornal par ou ímpar, internas ou capa e, na TV, a minutagem, a posição nos blocos, com ou sem chamada na escalada, com ou sem imagens etc), A forma como a matéria é recolhida (através do repórter, de correspondentes, de colaboradores, de colunistas, de cartas dos leitores, agências etc), O gênero da informação (notícia, opinião, entrevista, reportagem, crônica), A fonte (personalidades oficiais, instituições como o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, entidades como empresas, ONGs, partidos políticos, sindicatos, universidades, igrejas etc), A seção onde é publicada (editoria de país, internacional, cidade, política, economia, meio ambiente, ciências, saúde etc), Os temas mais tratados (consumo, etnias, direitos humanos, projetos, lazer, saúde, aposentadoria, descobertas científicas, entidades assistenciais/asilos, tragédias, preconceitos, situações exemplares, voluntariado, medicamentos, legislação trabalhista, manifestações etc.),
12 12 O âmbito que a informação abrange (local, regional, nacional, mundo, espaço urbano, espaço rural), Os critérios de tratamento da informação (elementos de edição como destaques, títulos, legendas, infográficos, fotos etc), O enfoque crítico-estrutural (compreensão do binômio idoso-mídia-sociedade), O enfoque da ecologia humana (que vê o ambiente do idoso como um todo interrelacionado, com intensa participação dos fatores físicos, biológicos e sociais, integrando o desenvolvimento sustentável que Ignacy Sachs chama de ecodesenvolvimento ), A ênfase na participação cidadã (aquele jornalismo que vai além do declaratório, superficial e escandaloso, procurando a contextualização, a explicação, a persuasão em busca de um comportamento mais consciente e mais coerente com as necessidades ambientais de nosso mundo, como defendido na Agenda 21 emanada da Rio-Eco-92). 8. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados da pesquisa comparativa serão elencados em Unidades de Amostragem (levantamento do corpus observado e das entrevistas de campo) e Unidades de Registro (matérias e respostas mais especificamente relacionadas com o objeto da investigação), sabendo-se que tal procedimento de estudo, pelo Método de Análise Comparativa, não pode excluir certo grau de inferência na seleção e julgamento do material coletado, conforme BAUER Este detalhe eleva a responsabilidade do pesquisador, exigindo maior sensibilidade e atenção na análise do fenômeno em observação.
13 13 9. CRONOGRAMA 2007 Janeiro a Junho Levantamento bibliográfico e implantação do site Idosomídia, ancorado no Portal FAAC. Julho a Dezembro Seleção do corpus e estudos preparativos com matrícula regular em disciplinas da área de Ciências da Informação voltadas para Sociologia, Direitos, Ensino de Jornalismo, Comunicação e Globalização, através de convênio com universidade espanhola Janeiro a Junho Entrevistas de campo, fichamento, produção de textos, alimentação do site. Julho a Dezembro Análise comparativa de produtos, produção textual, atualização do site Janeiro a Junho Revisão geral e atualização de dados, com alimentação mensal do site. Julho a Dezembro Conclusão da Monografia com recomendações finais sobre a questão, consolidação do site como fonte de pesquisa para estudantes interessados em Jornalismo e Inclusão Social, no Brasil e na Espanha.
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