Marinha chilena promove conferência de meteorologistas militares

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1 Marinha chilena promove conferência de meteorologistas militares A 5ª Oficina Internacional de Oficiais Meteorologistas Portuários, realizada pela Comissão Técnica Mista de Oceanografia e Meteorologia Marinha (JCOMM) da Organização Meteorológica Mundial (OMM), reuniu representantes de mais de 20 países no Chile. Carolina Contreras Ramirez 10 setembro 2015 A Marinha do Chile promoveu a 5ª Oficina Internacional de Oficiais Meteorologistas Portuários na cidade de Viña del Mar de 20 a 24 de julho. [Foto: Serviço Meteorológico da Marinha do Chile] Autoridades meteorológicas de países das Américas e de todo o mundo concordaram em recrutar mais Navios Observadores Voluntários (VOS, na sigla em inglês) como resultado de uma recente conferência realizada pela Marinha do Chile na cidade chilena de Viña del Mar. Na ocasião, a 5ª Oficina Internacional de Oficiais Meteorologistas Portuários (PMO), realizada pela Comissão Técnica Mista de Oceanografia e Meteorologia Marinha (JCOMM) da Organização Meteorológica Mundial (OMM), reuniu representantes de mais de 20 países de 20 a 24 de julho.

2 Para coordenar a observação meteorológica, a Organização Meteorológica Mundial criou um mapa-mundi com 23 zonas de responsabilidade, chamadas METAREAs. [Foto: Serviço Meteorológico da Marinha do Chile] [A oficina] permitiu a troca de experiências, que sem dúvida enriquecerão o trabalho atual desenvolvido pela Marinha através do Programa Nacional de Navios Observadores Voluntários, contribuindo assim com a missão de tornar os mares espaços mais seguros, limpos e conhecidos, disse o Capitão de Fragata Luis Vidal Lema, chefe do Serviço Meteorológico da Marinha do Chile. Meteorologistas da Argentina, Colômbia, Equador, França, Suíça, África do Sul, Holanda, Estados Unidos, Chile, China, Inglaterra, Quênia, Austrália, Bahamas, Tailândia, Alemanha, Hong Kong, Israel, Indonésia, Sri Lanka, Venezuela e Espanha participaram da oficina, focada no treinamento de PMOs e na melhoria da coleta de dados. Esse esforço atende ao objetivo de uma agenda mais ampla da OMM, que busca criar condições para aperfeiçoar a coleta de informações meteorológicas e oceanográficas, permitindo uma navegação marítima mais segura pelas Forças Armadas, assim como para a navegação civil, em qualquer parte do mundo. Fizemos esta oficina no Chile porque é um país marítimo, que tem a responsabilidade pela área meteorológica em sua costa, e pelo envolvimento direto do Serviço Meteorológico da Marinha nas atividades relacionadas com a OMM e especialmente em sua Comissão Mista de Oceanografia e Meteorologia Marítima, disse Edgar Cabrera, chefe do Escritório de Assuntos Oceânicos e Meteorologia Marinha da OMM. Navios voluntários O Programa VOS, como o nome sugere, recruta navios voluntários para fazerem medições (observações) durante períodos de navegação na costa do país de origem ou em águas internacionais. Os dados coletados por cada embarcação são enviados regularmente ao Sistema Mundial de Telecomunicações Meteorológicas (GTS), ao Serviço Meteorológico do Ministério do Meio Ambiente do Canadá e à

3 Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, através de correio eletrônico via satélite. A disponibilidade destas informações meteorológicas marítimas serve para análises sinóticas de superfície, ajudando a melhorar a confiabilidade de relatórios de tempo marítimo, alertas de mau tempo, cartas meteorológicas de previsão de pressão atmosférica, vento e ondas, explicou o Capitão de Fragata Vidal. Nessa tarefa, é fundamental a colaboração internacional. Aos poucos, novos países vão se somando. Atualmente, barcos de 29 países participam do programa VOS. Os Estados Unidos lideram, com navios, seguidos por Alemanha (691), França (218), Japão (127), Inglaterra (118) e Austrália (96). Em alguns países, os PMOs são técnicos meteorologistas fluentes em inglês. Nos países onde os serviços meteorológicos marítimos são parte das Forças Armadas, a atividade do PMO é realizada por um oficial meteorologista da Marinha, a exemplo do Chile. Os PMOs são responsáveis por recrutar navios voluntários de qualquer nacionalidade, solicitando sua participação no programa e capacitando a equipe a bordo a usar o sistema de medição. Além disso, colocam à disposição do navio informações meteorológicas para uma navegação correta e oferecem serviços de manutenção e calibração de instrumentos de medição. Esses instrumentos são essenciais para os esforços de coleta de dados do programa. O trabalho é feito com os instrumentos de que cada embarcação dispõe para navegar (anemômetro, barômetro e termômetro), por isso, novas implementações são necessárias. A cada período de três a seis horas, os barcos registram um protocolo de navegação com as seguintes informações: Recrutar um maior número de Navios Observadores Voluntários (VOS, na sigla em inglês) foi um dos desafios definidos pelos países que participaram da 5ª Oficina Internacional de Oficiais Meteorologistas Portuários, realizada no Chile de 20 a 24 de julho. [Foto: Serviço Meteorológico da Marinha do Chile] Nome da embarcação ou sinal de chamada; Posição (latitude e longitude);

4 Hora local; Pressão atmosférica; Direção e intensidade do vento (em nós); Rajadas de vento; Altura de onda em metros; Tempo presente significativo (chuva, neve, neblina etc.). Essas informações são enviadas aos bancos de dados dos serviços meteorológicos em todo o mundo, possibilitando a previsão das condições meteorológicas e oceanográficas para a navegação mundial. O sistema de boias é outra forma de coleta de dados, mas sem a intervenção de nenhum profissional do navio. As boias são instaladas a bordo das embarcações e operam de forma autônoma com placas solares. O sistema vai coletando dados à medida que a embarcação navega, compilando e enviando as informações em tempo real via satélite aos serviços correspondentes. Da metodologia de observação à previsão Para coordenar o monitoramento meteorológico através do programa VOS, a OMM definiu 23 zonas de observação marítima, chamadas METAREAs, e delegou a 17 países a responsabilidade sobre uma ou mais dessas áreas. A área do Pacífico Sul é o espaço marítimo com a menor quantidade de dados disponíveis para alimentar e melhorar os modelos preditivos meteorológicos e climatológicos, de acordo com o relatório da OMM. Atualmente, apenas três países da América do Sul são responsáveis por elaborar relatórios meteorológicos em sua costa: Argentina (METAREA VI), através do Serviço Meteorológico Nacional; Brasil (METAREA V), através do Serviço Meteorológico Marítimo da Marinha do Brasil; e Chile (METAREA XV), através do Serviço Meteorológico da Marinha do Chile. Colômbia, Equador e Argentina, cujas delegações foram treinadas durante a oficina no Chile para implementarem o cargo de oficial meteorologista portuário em seus respectivos países, também poderão se somar ao programa até o fim do ano. Atualmente, para as demais METAREAs na costa sul-americana, as previsões marítimas são realizadas pelo Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos. Todas as informações meteorológicas geradas em nível local e mundial são de livre acesso. Apenas em alguns casos dados específicos são protegidos. Por exemplo, quando embarcações navegam em zonas de pirataria, os dados são entregues assim que o navio chega ao destino e não durante a navegação. O mesmo ocorre quando se trata de navios de guerra, que não devem revelar sua posição por razões de segurança. [O programa da OMM] é o único no mundo que faz coleta de dados em alto-mar, em tempo real e diferido, explicou o Capitão de Fragata Vidal. Existem alguns programas de pesquisa científica que fazem coleta de dados em alto-mar, mas para propósitos de estudos de pesquisa, e não operacionais, como no nosso caso (alimentar e melhorar o desempenho dos modelos de previsão numéricos). Programa nacional chileno A área METAREA XV, pela qual o Chile é responsável, cobre 24 milhões de quilômetros quadrados no Pacífico Sul. Para monitorar essa superfície marítima, o Programa Nacional de Navios Observadores Voluntários da Marinha do Chile conta com cinco embarcações: a Fragata Almirante Lynch, do Centro Meteorológico de

5 Governança Marítima de Valparaíso; a barcaça LSHD Sargento Aldea, dedicada a transporte de equipes e tarefas de apoio humanitário; o navio Aquiles, e o quebra-gelo Almirante Óscar Viel, unidades navais que desenvolvem campanhas antárticas durante o verão e cobrem o extenso litoral chileno. O programa inclui ainda o navio-escola Esmeralda, que durante suas missões de treinamento também faz rotas internacionais. A figura do PMO foi implementada pela Marinha do Chile em 2012, nos Centros Meteorológicos Marítimos de Valparaíso, Talcahuano, Puerto Montt e Punta Arenas. Em 2013, o cargo foi estabelecido no Centro Meteorológico de Iquique. A próxima oficina será realizada em quatro anos e o país-anfitrião será definido em 2016 durante a reunião anual da Equipe de Observação de Navios (SOT) da Comissão Técnica Mista de Oceanografia e Meteorologia Marinha da OMM. Copyright 2017 Diálogo Americas. All Rights Reserved.