EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS"

Transcrição

1 33 INTRODUÇÃO EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS FRANCISCO TIAGO OLIVEIRA DE OLIVEIRA JEFFERSON PETTO GIULLIANO GARDENGHI PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Arritmia cardíaca é qualquer distúrbio na formação ou condução do estímulo elétrico cardíaco que provoque alteração na regularidade e/ou na frequência dos batimentos cardíacos. 1 Diversos processos fisiológicos, farmacológicos e patológicos podem fazer com que ocorra uma disfunção na geração e/ou transmissão dos impulsos elétricos por meio do tecido de condução. 2,3 Quando ocorrem essas alterações, a função miocárdica poderá ser prejudicada, podendo gerar impacto hemodinâmico negativo. 4 Como consequência, haverá redução do débito cardíaco (DC) e má perfusão coronariana, culminando na redução da capacidade funcional, 4 diminuição da qualidade de vida, 5 aumento do risco de morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE) e infarto agudo do miocárdio (IAM). 6,7 O tratamento clínico tem por objetivo restabelecer o ritmo sinusal, além de otimizar o controle da frequência cardíaca (FC), evitando, desta forma, momentos de taquicardia. A terapia utilizada pode incluir: agentes farmacológicos; ressecção cirúrgica; ablação endocárdica por catéter; implante de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI). 6,7 Entre os DCEIs, o marca-passo (MP) certamente é o mais conhecido e utilizado, seguido do cardiodesfibrilador implantável (CDI) e dos ressincronizadores. 8 Exercício físico.indd 33 14/10/ :10:25

2 34 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS No Brasil, entre 1994 e 2010, foram realizadas cerca de cirurgias para implante de MP definitivo, cirurgias para implante de CDIs e cirurgias para implante de ressincronizadores cardíacos, conforme informações do Registro Brasileiro de Marca-passos, realizado pelo Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. 1 A escolha do DCEI guarda relação com o tipo de arritmia e o risco de morte súbita. 8 Em pacientes portadores de bloqueios atriais e/ou atrioventriculares e bradarritmias, o MP será o dispositivo de escolha. Aqueles que apresentam episódios de taquiarritmia, taquicardia ventricular sustentada (TVS), episódio de parada cardíaca ou disfunção ventricular de moderada a grave são eleitos para implantação do CDI, com intuito de prevenir morte súbita. 4 Na última recomendação da American Heart Association 6 sobre o assunto, o CDI foi indicado para prevenção primária de morte súbita nos pacientes portadores de disfunção ventricular severa (fração de ejeção do ventrículo esquerdo < 30%), independente da causa e da presença de arritmias. Nos pacientes que apresentam assincronia ventricular, a terapia de ressincronização cardíaca (TRC) está associada com melhora da função ventricular e classificação funcional. 9,10 O Quadro 1 resume a indicação e a principal função dos DCEIs. Quadro 1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Tipo de dispositivo Capacidade principal Função principal Marca-passo Estimulação/sensibilidade no átrio/ventrículo Terapêutica da bradiarritmia Cardiodesfibrilador implantável Cardioversão/desfibrilação Terapêutica de fibrilação ventricular (FV) / TV Ressincronizador cardíaco Cardiodesfibrilador implantável + Ressincronizador cardíaco Estimulação multissítio (biventricular) Cardioversão/desfibrilação + Estimulação multissítio (biventricular) Ressincronização ventricular Terapêutica de FV/TV + Ressincronização ventricular + Terapêutica da bradiarritmia A reabilitação cardiovascular (RCV) está bem fundamentada nos pacientes portadores de afeções cardiovasculares ou miocardiopatias. Estudos evidenciam significativa melhora no condicionamento físico e consequente melhora no desempenho funcional e na qualidade de vida, e diminuição na mortalidade, sendo um importante recurso não farmacológico que promove atenuação dos sintomas cardíacos. 11,12 Exercício físico.indd 34 14/10/ :10:25

3 35 LEMBRAR A despeito da extensa literatura que aborda os efeitos positivos da RCV em pacientes portadores de afeções cardiovasculares ou miocardiopatias, a prescrição dessa terapia coadjuvante muitas vezes é limitada pelo desconhecimento e receio da equipe multidisciplinar e dos pacientes. 13 Nos pacientes portadores de DCEIs, muitas são as dúvidas acerca de quais atividades podem ser empregadas, qual intensidade deve ser prescrita e como monitorar a resposta cardiovascular durante o esforço, uma vez que estes pacientes estão sujeitos a arritmias e resposta cronotrópica diminuída. Desta forma, indica-se a realização de avaliação pré-participação completa, que inclua informações sobre o dispositivo implantado, visando evitar interferências e a precipitação de eventos arritmogênicos durante o treinamento. Para o melhor entendimento deste artigo, faz-se necessário uma breve revisão do sistema de condução cardíaca, assim como as principais arritmias envolvidas na indicação destes dispositivos. OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa: conhecer as principais arritmias cardíacas e indicações de dispositivos cardíacos implantáveis; identificar as características e diferenciar marca-passo, cardiodesfibrilador implantável e terapia de ressincronização cardíaca; compreender os efeitos dos dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis sobre a qualidade de vida; conhecer as evidências acerca da prescrição do exercício físico para portadores de marcapasso, cardiodesfibrilador implantável e ressincronizadores. PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Exercício físico.indd 35 14/10/ :10:25

4 36 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS ESQUEMA CONCEITUAL Sistema de condução elétrica cardíaca Arritmias cardíacas Principais características dos dispositivos implantáveis Complexo nervoso cardíaco Critérios para implante do marcapasso cardíaco artificial definitivo e do cardiodesfibrilador Bases fisiopatológicas da disfunção do nodo sinusal e da disfunção atrioventricular Bases fisiopatológicas da taquicardia ventricular Marca-passo Aplicações do teste ergométrico em portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis Avaliação da capacidade funcional de portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis por meio de questionário Avaliação da capacidade funcional em pacientes portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis Avaliação da capacidade funcional de portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis por meio do teste de caminhada de seis minutos Critérios de interrupção para testes físicos de capacidade funcional Prescrição de exercícios para portadores de marca-passo Prescrição de exercício em portadores de cardiodesfibrilador implantável Características dos cardiodesfibriladores implantáveis Caso clínico Conclusão Terapia de ressincronização cardíaca Impacto na qualidade de vida Utilização de equipamentos de eletrotermofototerapia Exercício físico.indd 36 14/10/ :10:26

5 SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICA CARDÍACA COMPLEXO NERVOSO CARDÍACO O complexo de produção e condução do estímulo nervoso cardíaco é formado pelas seguintes estruturas: nodo sinusal, feixes internodais, nodo atrioventricular, feixe atrioventricular (feixe de His), ramos direito e esquerdo e fibras subendocárdicas (fibras de Purkinje). 2 Nodo sinusal O nodo sinusal 3,14 é uma estrutura oval semelhante a uma vírgula, com espessura e largura de 3mm e comprimento de 10 a 20mm. Localiza-se a um milímetro da lâmina epicárdica, na região lateroposterior da veia cava superior. O suprimento arterial é realizado, em 60% das vezes, pelo ramo do nodo sinusal da artéria coronária direita e, em 40% das vezes, por ramos da artéria circunflexa. É formado basicamente por células cardíacas especializadas, chamadas de células P, embora possua também células transicionais (células T) e musculares atriais. 4 O nodo sinusal produz o estímulo elétrico inicial e funciona como o MP cardíaco mais rápido. Isso acontece devido ao menor potencial de excitação necessário à sua despolarização, quando comparado às demais células do coração. Ele mantém a frequência de disparos entre 60 e 100 batimentos por minuto, sendo esses considerados os valores de limite da normalidade da frequência cardíaca, quando o indivíduo está em repouso PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 O nodo sinusal é ricamente inervado pelo sistema nervoso autônomo (terminações do nervo vago), ocorrendo sinapses químicas entre eles, que interferem diretamente na estimulação ou inibição da atividade sinusal. A estimulação vagal, por meio da liberação de acetilcolina, reduz a frequência de despolarização do nodo sinusal a ponto de poder bloquear a produção do impulso elétrico pelo nodo sinusal. Já a estimulação simpática, por meio da adrenalina, aumenta a frequência de despolarização, elevando a FC (efeito cronotrópico positivo). 4 LEMBRAR Independente da estimulação simpática, a retirada parassimpática provoca aumento da atividade do nodo sinusal. Exercício físico.indd 37 14/10/ :10:26

6 38 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Feixes internodais Os feixes intermodais 2,14 ou atrioventriculares são quatro: feixe internodal anterior, médio e posterior localizados no átrio direito e feixe intermodal esquerdo (ramo de Bachmann). Essas estruturas conduzem o impulso elétrico produzido no nodo sinusal para os dois átrios e, posteriormente, direcionam o impulso ao nodo atrioventricular. Nodo atrioventricular O nodo atrioventricular 2,14 apresenta estrutura oval que mede 1mm de largura, 3mm de espessura e 5mm de comprimento. Situa-se no folheto septal da valva tricúspide. É formado por células P, células T, células miocárdicas comuns e células de Purkinje. O suprimento arterial é feito em 90% das vezes pelo ramo atrioventricular da artéria coronária direita e em 10% das vezes por ramos da artéria circunflexa. A função do nodo atrioventricular é retardar o estímulo proveniente dos feixes internodais antes de permitir sua passagem aos ventrículos pelo feixe atrioventricular. Essa capacidade, denominada de decremental, está diretamente associada à atividade das células T. Essas células são má condutoras do estímulo elétrico. Importante destacar a ação conjunta do nodo atrioventricular com o esqueleto fibroso cardíaco. 2 O esqueleto fibroso é formado pelo conjunto das valvas atrioventriculares e aórtica e o tecido conjuntivo existente entre elas e funciona como isolante elétrico. Como o esqueleto fibroso não é excitável, ele impede a passagem direta do estímulo elétrico para os ventrículos. Isso faz com que o estímulo tenha apenas uma via de saída para os ventrículos nodo atrioventricular. Com a ação decremental do nodo atrioventricular, os átrios têm tempo suficiente para o completo esvaziamento e os ventrículos para seu completo enchimento. 2 Feixe atrioventricular O feixe atrioventricular 2,14 é considerado a porção penetrante do nodo atrioventricular. Mede 20mm de comprimento e até 4mm de diâmetro, localiza-se basicamente na porção inicial do septo interventricular e realiza a primeira fase da condução elétrica nos ventrículos, transferindo o impulso para os ramos direito e esquerdo. Exercício físico.indd 38 14/10/ :10:26

7 Ramos direito e esquerdo do feixe atrioventricular Os ramos do feixe atrioventricular 2,14 são responsáveis pela maior parte da condução elétrica nos ventrículos. O ramo esquerdo é subdividido em ramo divisional anterossuperior, anteromedial e posteroinferior. O ramo direito apresenta duas subdivisões: o ramo divisional anterossuperior e posteroinferior. São irrigados por ramos das artérias descendente anterior e posterior. O bloqueio de ramo esquerdo é geralmente patológico. Menos de 1% da população sadia, com idade inferior a 50 anos, apresenta bloqueio de ramo esquerdo. Quando visualizado no eletrocardiograma (ECG), é forte sinal de doença degenerativa cardíaca. Já o bloqueio de ramo direito é mais comum, mesmo em indivíduos hígidos. No entanto, este sinal deve ser valorizado em indivíduos com risco de apresentar infecção por Trypanosoma Cruzi (doença de Chagas), e a sorologia para doença de Chagas deve ser realizada. Fibras subendocárdicas (Purkinje) As fibras subendocárdicas 2,14 são as vias finais do complexo de produção e condução elétrica cardíaca. Elas penetram dois terços do endocárdio e atingem as partes livres do coração onde está localizado o ápice. Juntamente com os ramos direito e esquerdo completam a condução do estímulo aos músculos papilares. Uma curiosidade dessas fibras é que elas apresentam elevada resistência à isquemia. 39 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 A Figura 1 apresenta a visão anatômica do sistema de condução elétrica do coração. Veia cava superior Aorta 1. Nodo sinusal 2. Nodo atrioventricular 4. Ramo direito 3. Feixe Atrioventricular 4. Ramo esquerdo 5. Fibras subendocárdicas Veia cava inferior Figura 1 Complexo nervoso cardíaco. Exercício físico.indd 39 14/10/ :10:26

8 40 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS ATIVIDADE 1. Com relação ao paciente com DCEI, considere as seguintes afirmativas. I Nos pacientes portadores de DCEI, muitas são as dúvidas acerca de quais atividades podem ser empregadas, qual intensidade deve ser prescrita e como monitorar a resposta cardiocirculatória durante o esforço, uma vez que esses pacientes estão sujeitos a arritmias e resposta cronotrópica diminuída. II A RCV está bem fundamentada nos pacientes portadores de afeções cardiovasculares ou miocardiopatias. III A realização de avaliação pré-participação completa é indicada apenas em casos de pacientes com risco de MS. Qual(is) afirmativa(s) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a I e a II. D) Todas estão corretas. 2. Cite ao menos duas consequências do descompasso na função miocárdica Sobre os DCEIs: A) apenas o tipo de arritmia determina a escolha do DCEI. B) o marca-passo certamente é o mais conhecido e utilizado, seguido do cardiodesfibrilador implantável e dos ressincronizadores cardíacos. C) o marca-passo certamente é o mais conhecido e utilizado, seguido dos ressincronizadores cardíacos e do cardiodesfibrilador implantável. D) No Brasil, entre 1994 e 2010, foram realizadas cerca de cirurgias para implante de MP definitivo, para implante de CDIs e para implante de ressincronizadores cardíacos. Exercício físico.indd 40 14/10/ :10:26

9 4. Assinale a alternativa correta sobre as principais arritmias envolvidas na indicação dos DCEIs. A) Aqueles que apresentam episódios de taquiarritmia, TVS, episódio de parada cardíaca ou disfunção ventricular de moderada a grave preenchem os critérios para indicação de CDI para prevenção de morte súbita. B) Nos pacientes que apresentam assincronia ventricular, a TRC está associada contraindicada. C) Na última recomendação da American Heart Association sobre o assunto, o MP foi indicado para prevenção primária de MS nos pacientes portadores de disfunção ventricular severa, independentemente da causa e da presença de arritmias. D) Em pacientes portadores de bloqueios atriais e/ou atrioventriculares e bradarritmias, o CDI será o dispositivo de escolha. 5. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) sobre o complexo de produção e condução do estímulo nervoso cardíaco. ( ) Os feixes internodais conduzem o impulso elétrico produzido no nodo sinusal para os dois átrios e, posteriormente, direcionam o impulso ao nodo atrioventricular. ( ) Juntamente com os ramos direito e esquerdo, o nodo atrioventricular completa a condução do estímulo aos músculos papilares. ( ) O nodo sinusal produz o estímulo elétrico inicial e funciona como o MP cardíaco mais rápido. ( ) O ramo direito do feixe atrioventricular realiza a primeira fase da condução elétrica nos ventrículos, transferindo o impulso para os ramos direito e esquerdo. 41 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V V F V. B) F V F V. C) V V F F. D) V F V F. 6. No que diz respeito aos ramos do feixe atrioventricular, assinale a alternativa correta. A) Mais de 10% da população sadia, com idade inferior a 50 anos, apresenta bloqueio de ramo esquerdo. B) O bloqueio de ramo direito é mais comum, mesmo em indivíduos hígidos. C) O bloqueio do ramo esquerdo é importante sinal clínico em indivíduos com risco de apresentar infecção por Trypanosoma Cruzi. D) Quando o bloqueio do ramo direito é visualizado no ECG, é forte sinal de doença degenerativa cardíaca. Exercício físico.indd 41 14/10/ :10:26

10 42 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS 7. Explique a relação entre o nodo atrioventricular e o esqueleto fibroso cardíaco ARRITMIAS CARDÍACAS Arritmia cardíaca é qualquer distúrbio na formação ou condução do estímulo elétrico cardíaco que provoque alteração na regularidade e/ou na frequência dos batimentos cardíacos. 8,15 A rigor, arritmia significa ausência do ritmo e disritmia a alteração do ritmo. 8 Porém, a linguagem clínica, nesse caso, sobressaiu à alcunha correta, sendo conformidade entre profissionais, especialistas e pesquisadores a utilização da palavra arritmia para designar as alterações no ritmo cardíaco. Embora não exista consenso na literatura, as arritmias cardíacas podem ser classificadas simplificadamente em cronotrópicas, dromotrópicas e mistas. 8,15 As cronotrópicas são consequentes da alteração na formação do impulso elétrico, que é diretamente dependente da função do nodo sinusal. As dromotrópicas ocorrem por alteração na condução do impulso elétrico e as mistas ou complexas são decorrentes da associação de mais de um mecanismo arritmogênico. O Quadro 2 resume a classificação das arritmias cardíacas. Quadro 2 CLASSIFICAÇÃO DAS ARRITMIAS CARDÍACAS Arritmias cronotrópicas Arritmias dromotrópicas Arritmias mistas Arritmia sinusal Bradicardia sinusal Taquicardia sinusal Parada sinusal Extrassistolia supraventricular e ventricular Taquicardia supraventricular e ventricular Ritmo juncional e escape Marca-passo atrial mutável Dissociação atrioventricular Fonte: Arquivo pessoal dos autores. Bloqueio sinoatrial Bloqueio intra-atrial Bloqueio atrioventricular de 1º e 2º grau Bloqueio de ramo direito e esquerdo Síndrome de Wolff-Parkinson- -White Dissociação atrioventricular Flutter atrial Flutter ventricular Fibrilação atrial Exercício físico.indd 42 14/10/ :10:26

11 CRITÉRIOS PARA IMPLANTE DO MARCA-PASSO E DO CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL O American College of Cardiology (Colégio Americano de Cardiologia) e a American Heart Association (Associação Americana do Coração) elaboraram categorias de indicação que são: geralmente indicado, pouco indicado e não indicado. 16 Já as Diretrizes Brasileiras de Dispositivos Eletrônicos Implantáveis definem três categorias com uma subdivisão em Classe I, Classe II, subdividida em IIa e IIb, e Classe III: 17 Classe I evidências científicas conclusivas, ou, na falta delas, consenso geral dos especialistas de que o implante é seguro, útil e eficaz; Classe II evidências científicas conflitantes e/ou divergência de opinião sobre segurança, utilidade e eficácia do implante: IIa peso da evidência favorável ao implante. Há concordância da maioria dos especialistas; IIb segurança, utilidade e eficácia pouco estabelecida. Não existe predomínio de opiniões favoráveis ao implante. Classe III não há evidências científicas e/ou consenso de que o implante é útil e eficaz. Em alguns casos, pode ser prejudicial. As indicações para o implante do MP são: 4,8,18 bloqueio atrioventricular adquirido ou congênito; bloqueio bifascicular ou trifascicular; disfunção do nodo sinusal; síndromes neurogênicas; taquiarritmias; arritmias mistas; alterações hemodinâmicas. 43 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Dentre as indicações, destacam-se a disfunção do nodo sinusal como sendo a mais frequente causa de indicação, seguida pela disfunção do nodo atrioventricular. Ademais, quase a totalidade dos bloqueios atrioventriculares possui indicação de Classe I para o implante do MP. 8 Para o CDI, as indicações são taquiarritmias ou bradiarritmias ventriculares de origem isquêmica ou não isquêmica. Dentre as indicações, destaca-se taquicardia ventricular sustentada ou não sustentada, como a mais frequente causa de indicação. Indivíduos com insuficiência cardíaca crônica, de origem isquêmica, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) menor do que 35% também possuem indicação Classe I para implante do CDI. 8,17 Para um entendimento adequado dos próximos tópicos, é necessário o conhecimento dos mecanismos arritmogênicos. Portanto, nessa seção, serão discutidas as bases fisiopatológicas das duas principais indicações do implante do marca-passo (a disfunção do nodo sinusal e do nodo atrioventricular) e do CDI (a taquicardia ventricular). Exercício físico.indd 43 14/10/ :10:26

12 44 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Recomenda-se a visualização e a análise da Figura 2 para melhor entendimento dos termos eletrocardiográficos. P Intervalo PR Segmento PR Complexo QRS Q R S Segmento ST T Intervalo QT Figura 2 Traçado eletrocardiográfico normal. Fonte: Brasil Sinusal (2009). 19 BASES FISIOPATOLÓGICAS DA DISFUNÇÃO DO NODO SINUSAL E DA DISFUNÇÃO ATRIOVENTRICULAR Disfunção do nodo sinusal A disfunção do nodo sinusal é qualquer alteração na função do nodo sinusal. Não apresenta necessariamente sintomas ou alterações estruturais cardíacas. Na maioria das vezes cursa com bradicardia. 4,15,18 A maior parcela da literatura considera bradicardia a condição permanente na qual a frequência de batimentos por minuto é igual ou inferior a 40 durante o repouso. 4,8,15,18 Embora a maioria das disfunções do nodo sinusal provoque bradicardia, existem situações nas quais ocorre taquicardia, como a taquicardia sinusal inapropriada. 4 Exercício físico.indd 44 14/10/ :10:27

13 Interessante apontar que existe diferença na designação de disfunção do nodo sinusal e doença do nodo sinusal. Enquanto a primeira se refere à definição acima descrita, a segunda caracteriza-se necessariamente pela presença de alteração estrutural do nodo sinusal. 18 Na linguagem clínica, normalmente se utiliza o termo disfunção do nodo sinusal como a totalidade das alterações funcionais desse nodo, sejam elas causadas por alterações estruturais ou não. A disfunção do nodo sinusal pode ser intrínseca ou extrínseca. As intrínsecas são de origem inflamatória, infiltrativa, degenerativa ou isquêmica do nodo sinusal, desencadeando diminuição ou bloqueio da atividade desse nodo. As extrínsecas ocorrem por influência do sistema nervoso autônomo ou pela ação de fármacos. Dentre as causas mais frequentes de disfunção do nodo sinusal, destacam-se a intoxicação por fármacos (lítio, betabloqueadores, amiodarona e digitálicos), a doença de Chagas, a cardiopatia isquêmica e o infarto do miocárdio (IM), a hipersensibilidade do seio carotídeo, a vagotomia exacerbada e a degeneração senil. 4,18 A disfunção do nodo sinusal caracteriza-se pelas seguintes manifestações: 8,14,15 bradicardia sinusal FC igual ou abaixo de 40bpm, sem arritmia. Essa frequência durante o sono em atletas de elite não caracteriza bradicardia sinusal. Observam-se, na Figura 3, os intervalos RR aumentados; bloqueio sinoatrial bloqueio na saída do estímulo do nodo sinusal para os feixes internodais. A onda P no ECG apresenta morfologia bizarra ou não aparece; a Figura 4 mostra onda P bizarra com consequente ausência do complexo QRS (indicado com a seta); pausa sinusal ausência transitória da geração do estímulo pelo nodo sinusal. A Figura 5 apresenta pausa após a onda T antes de uma nova onda P, com o tempo equivalente a um ciclo cardíaco (indicado com a seta); síndrome bradi-taqui presença da coexistência de bradicardia sinusal e taquiarritmia atrial (flutter ou fibrilação atrial); incompetência cronotrópica nesse caso, o nodo sinusal é incapaz de aumentar sua frequência em situações em que isso é normal, como durante o exercício físico; síndrome do seio carotídeo e síndrome vasovagal cardioinibitória situação na qual ocorre estímulo vagal súbito e inadequado desencadeando bradicardia ou parada sinusal com comprometimento hemodinâmico (diminuição da pressão arterial e do débito cardíaco). 45 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Em todas essas situações, há indicação de implante do MP de Classe I a III. 9 Isso é definido pela situação e resultado do tratamento clínico do paciente. Exercício físico.indd 45 14/10/ :10:27

14 46 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Na Figura 3, observa-se grande espaçamento entre os complexos QRS (intervalos R-R). No entanto, o ritmo cardíaco é mantido. Figura 3 Bradicardia sinusal. Figura 4 Bloqueio sinoatrial. Figura 5 Pausa sinusal. Disfunção atrioventricular A disfunção atrioventricular caracteriza-se pelo bloqueio parcial ou total da condução do impulso elétrico cardíaco, proveniente dos feixes internodais, para o feixe atrioventricular, que distribui o impulso através de seus ramos para os ventrículos. 4,14,18 Os bloqueios atrioventriculares (BAV) são classificados em quatro tipos: BAV de primeiro grau, BAV de segundo grau I, BAV de segundo grau II e BAV de terceiro grau. 8,14,15 No BAV de primeiro grau todos os estímulos alcançam os ventrículos, mas sofrem atraso na velocidade de condução. A FC de repouso está dentro dos limites de normalidade. No ECG de repouso, o intervalo PR está aumentado. Não apresenta Classe I de indicação para implante de MP. Na Figura 6, notam-se intervalos RR mantidos e os intervalos PR aumentados (indicados com as setas). Exercício físico.indd 46 14/10/ :10:27

15 47 Figura 6 Bloqueio atrioventricular de primeiro grau. No BAV de segundo grau I, nem todos os estímulos alcançam o feixe atrioventricular. Visualizase, no ECG de repouso, QRS normalmente estreito com aumento progressivo do intervalo PR e consequente onda P seguida da ausência do complexo QRS. Normalmente apresenta bom prognóstico, possui indicação Classe I de implante de MP, quando é permanente e irreversível. 17 A Figura 7 ilustra bem essas características, apresentando ondas P seguidas de ausência do complexo QRS (indicado com as setas). O BAV de segundo grau II possui as mesmas características do anterior, com acentuação dos sinais e sintomas. Apresenta indicação maior de implante de MP. 17 Figura 7 Bloqueio atrioventricular de segundo grau. PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Finalmente, no BAV de terceiro grau, também chamado de BAV total, nenhum estímulo ultrapassa a região atrioventricular. Aparecem, portanto, dois centros de estímulos: um no nodo sinusal, que ativa os átrios, e outro no nodo atrioventricular, que ativa os ventrículos. Isso provoca dissincronia atrioventricular, com frequência de batimentos alta nos átrios e baixa nos ventrículos. 4,15 Apresenta elevada frequência de indicação Classe I para implante do MP. 17 Na Figura 8, observam-se intervalos PR aumentados (indicado com setas pretas) e onda P sem complexo QRS (seta branca). Figura 8 Bloqueio atrioventricular de terceiro grau. Exercício físico.indd 47 14/10/ :10:27

16 48 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS BASES FISIOPATOLÓGICAS DA TAQUICARDIA VENTRICULAR A TV é a condição clínica referida pelo paciente como palpitação ou descompasso cardíaco. Ela é diagnosticada pelo ECG de repouso, de exercício ou de 24 horas. Caracteriza-se pela presença de três ou mais complexos ventriculares prematuros, morfologicamente anormais, com duração maior do que 120 milissegundos, associada à inversão do segmento ST e onda T em relação ao complexo QRS. 4,14 Na Figura 9, observa-se no eletrocardiograma a ocorrência de TVC (traçado vermelho). É possível ver o complexo QRS anormal e maior do que 120 milissegundos, com inversão da onda T e segmento ST. Figura 9 Taquicardia ventricular não sustentada monomórfica. A frequência ventricular na TV varia de 70 a 250 batimentos. Pode ser paroxística (início súbito) ou não paroxística. Apresentam morfologia única (monomórficas Figura 10), variada (polimórficas Figura 11), em complexos QRS alternados (bidirecional), ou repetitiva (torsades de pointes). A TV pode ainda ser classificada como TV sustentada, quando sua duração excede a 30 segundos, ou não sustentada, com duração inferior a 30 segundos. Denomina-se TV em salva aquela que ocorre com cinco ou mais complexos QRS aberrantes seguidos. A TV pode degenerar para FV que, finalmente, causa parada cardíaca e morte súbita. 14,15,18 As principais causas de TV são isquemia miocárdica e infarto decorrente, cardiomiopatias congestivas, como a de origem chagásica, e a cardiomiopatia hipertrófica. 4 Exercício físico.indd 48 14/10/ :10:27

17 Cerca de 8 a 10% dos indivíduos que apresentam TV não possuem nenhuma causa aparente que justifique a TV (idiopática). 14 Indivíduos que, após IM, apresentem FEVE inferior a 35% e episódios de TV não sustentada possuem pior prognóstico e, normalmente, evoluem para morte súbita. 14 Por isso, tais pacientes possuem indicação de Classe I para colocação do CDI. 17 Figura 10 Taquicardia ventricular monomórfica sustentada. Fonte: (acessado em 28/03/2015 as 20:00 h) 49 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Figura 11 Taquicardia ventricular polimórfica não sustentada. ATIVIDADE 8. Segundo o artigo, qual a definição de arritmia cardíaca? Exercício físico.indd 49 14/10/ :10:27

18 50 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS 9. Sobre a classificação das arritmias cardíacas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) As mistas ocorrem por alteração na condução do impulso elétrico e as mistas ou complexas são decorrentes da associação de mais de um mecanismo arritmogênico. ( ) As mistas ou complexas são decorrentes da associação de mais de um mecanismo arritmogênico. ( ) As dromotrópicas ocorrem por alteração na condução do impulso elétrico. ( ) São arritmias dromotrópicas: bloqueio sinoatrial, bloqueio intra-atrial, bloqueio atrioventricular de 1º e 2º graus, bloqueio de ramo direito e esquerdo e síndrome de Wolff-Parkinson-White. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) F F V V. B) F V V V. C) V V F V. D) V V V V. 10. São arritmias cronotrópicas: A) arritmia sinusal e fabricação atrial. B) marca-passo atrial mutável e extrassístole ventricular. C) bloqueio de ramo e ritmo juncional. D) fibrilação atrial e flutter atrial. 11. Considere as afirmativas sobre os critérios para indicação dos DCEIs, segundo as Diretrizes Brasileiras de Dispositivos Eletrônicos Implantáveis. I Na Classe I, as evidências científicas são conclusivas, ou, na falta delas, consenso geral dos especialistas de que o implante é seguro, útil e eficaz. II Na Classe IIb, o peso da evidência favorável ao implante. Há Concordância da maioria dos especialistas. III Na Classe III, não há evidências científicas e/ou consenso de que o implante é útil e eficaz. Qual(is) alternativa(s) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a II. C) Apenas a I e a III. D) Apenas a II e a III. Exercício físico.indd 50 14/10/ :10:27

19 12. São indicações de MP, EXCETO: A) bloqueio atrioventricular. B) bloqueios bifascicular. C) disfunção do nodo sinalas. D) taquicardia ventricular sustentada. 13. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) sobre as bases fisiopatológicas da disfunção do nodo sinusal e do nodo atrioventricular. ( ) A doença do nodo sinusal segunda caracteriza-se necessariamente pela presença de alteração estrutural do nodo sinusal. ( ) No caso de incompetência cronotrópica, o nodo sinusal é incapaz de aumentar sua frequência em situações em que isso é normal, como durante o exercício físico. ( ) Dentre as causas mais frequentes de disfunção do nodo sinusal, destacam-se a intoxicação por fármacos (lítio, betabloqueadores, amiodarona e digitálicos), a doença de Chagas, a cardiopatia isquêmica e o IM, a hipersensibilidade do seio carotídeo, a vagotomia exacerbada e a degeneração senil. ( ) A disfunção do nodo sinusal é qualquer alteração na função do nodo sinusal apresentando necessariamente sintomas ou alterações estruturais cardíacas. Sempre cursa com bradicardia. 51 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V V V F. B) V F V F. C) F V V F. D) F F V F. 14. No que diz respeito ao BAV de terceiro grau, assinale a alternativa correta. A) Normalmente apresenta bom prognóstico. Possui indicação Classe I de implante de MP, quando é permanente e irreversível. B) Todos os estímulos alcançam os ventrículos, mas sofrem atraso na velocidade de condução. A FC de repouso está dentro dos limites de normalidade. No ECG de repouso, o intervalo PR está aumentado. Não apresenta Classe I de indicação para implante de MP. C) Aparecem dois centros de estímulos: um no nodo sinusal, que ativa os átrios, e outro no nodo atrioventricular, que ativa os ventrículos. Isso provoca dessincronia atrioventricular, com frequência de batimentos alta nos átrios e baixa nos ventrículos. D) Não apresenta indicação de implante de MP. Exercício físico.indd 51 14/10/ :10:27

20 52 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS 15. Assinale a alternativa sobre as bases fisiopatológicas da taquicardia ventricular. A) A TV pode ainda ser classificada como TV sustentada, quando sua duração é inferior a 30 segundos, ou não sustentada, com duração superior a 30 segundos. B) A TV é diagnosticada apenas pelo ECG de 24 horas. C) Apresenta morfologia única. D) Denomina-se TV em salva, aquela que ocorre com cinco ou mais complexos QRS aberrantes seguidos. A TV pode degenerar para FV para FV que, finalmente, causa parada cardíaca e MS. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DISPOSITIVOS IMPLANTÁVEIS MARCA-PASSO O MP 1,17,20 é um dispositivo eletrônico implantado normalmente na região torácica direita, podendo ser acima ou abaixo do músculo peitoral maior, e seus eletrodos são inseridos no átrio e no ventrículo (normalmente o direito). Este dispositivo é utilizado para tratamento das bradiarritmias assintomáticas em pacientes com risco elevado ou evento de síncope cardiogênica. Nestes indivíduos, o MP tem a função de garantir uma FC basal. 17,20 Como será exposto a seguir, existem várias programações possíveis para ajustar o MP, que de forma geral não vão influenciar na prescrição do exercício. Biossensores para variação da frequência cardíaca A informação sobre a variação da FC é fundamental para identificar qual será a resposta cronotrópica que o paciente apresenta ao exercício. Esta função pode ser identificada na quarta letra, que denomina a programação do aparelho (os MPs que possuem os biossensores terminam com a letra R ). Os MPs mais recentes apresentam estes sensores que possibilitam aumento da programação da FC basal. Existem basicamente dois mecanismos diferentes de detecção para modulação da FC durante o esforço. O mais comum é através de movimentos corporais vibratórios e oscilação tanto no plano horizontal quanto no vertical. Este mecanismo pode apresentar respostas cronotrópicas exacerbadas em atividades de alto componente vibratório, podendo, desta forma, gerar reações adversas ou indesejadas ao treinamento físico. 17,21 Exercício físico.indd 52 14/10/ :10:27

21 Outra opção de biossensores é aquela em que se detectam modificações do ph sanguíneo, temperatura venosa central, ventilação-minuto e volume sanguíneo do ventrículo direito. Desta forma, o exercício em pacientes com disfunção pulmonar associada pode gerar resposta cardiovascular desproporcional ao esforço realizado, devendo ser monitorizado o ritmo e a FC durante todo o atendimento. 17,21 Existem ainda MPs que não apresentam essa função, tornando a FC fixa naqueles indivíduos que não possuem função do nodo sinusal. Nesta situação, o aumento do DC, através do incremento do volume sistólico, será o principal mecanismo fisiológico diante do aumento da necessidade metabólica induzida pelo esforço. Sendo assim, a FC máxima poderá ser substituída na equação da frequência cardíaca de reserva pela PAS máxima obtida no teste de esforço máximo. 22 Os MPs provisórios, normalmente utilizados no âmbito hospitalar como ponte para o MP permanente ou por qualquer situação clínica, apresentam FC fixa. Portanto, a mobilização precoce deve ser feita de forma cautelosa, e deve-se utilizar a PA como principal norteador para prescrição durante o programa de reabilitação na fase hospitalar. Limite máximo da frequência cardíaca Outra característica singular na prescrição de exercício nesta população é o limite máximo de FC, 17,20 denominado como upper rate, que é estipulado pelos fabricantes entre 120 e 130bpm. Nesta situação, quando o indivíduo atinge esse limite, o MP muda sua programação e passa a bloquear alguns estímulos gerando um BAV 2:1 ou Wenckebach eletrônico. Sendo assim, a FC durante o esforço deve estar entre 10 e 20 batimentos abaixo deste nível. 53 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Programação do marca-passo Após instalado, o MP recebe um conjunto de cinco letras que revelam sua configuração e programação. 8,17,21 A primeira letra refere-se à câmara que é estimulada pelo eletrodo. O MP pode ser uni, bi ou até tetracameral. Essa característica ficará evidente no ECG, nos indivíduos unilaterais. Cada vez que o MP estimula o coração aparece uma espícula. Quando o MP é bicameral, este registro aparece como um ponto. A segunda letra refere-se à câmara em que o MP capta o estímulo cardíaco. A terceira letra referese ao modo de resposta do aparelho depois de captar a atividade elétrica, desempenhando a função de inibir (I), ativar (T) ou ambas (D). 21 Exercício físico.indd 53 14/10/ :10:28

22 54 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS A quarta letra informa os parâmetros que podem ser programados: R quando houver frequência de resposta; C quando há capacidade do MP receber ou transmitir dados; M quando for possível programar mais de três parâmetros; P quando a programação é limitada a menos de três parâmetros e O, que é raramente encontrada e indica que o MP não pode ser programado. Finalmente, a quinta e última letra informa se o dispositivo tem ou não função antitaquicárdica. Essas informações estão resumidas no Quadro Quadro 3 CÓDIGO DAS CINCO LETRAS PARA OS SISTEMAS DE MARCA-PASSO 1ª letra camada estimulada 2ª letra camada sentida 3ª letra modo de resposta 4ª letra funções programáveis 5ª letra função anti- -taquicardia V V T R O A O I C P** D (A & V) D D (T/I) M S O O O P* D (P&S) V = ventrículo; A = átrio; D = ambas possibilidades para posição considerada; 0 = nenhuma; T = ativado; I =inibido; R = frequência modulada ; C = transmissão de dados; M =multiprogramável; P* = simples programável; P** = anti-taquicardia; S =choque. ATIVIDADE 16. Segundo o artigo, o MP é um dispositivo eletrônico implantado no átrio e no ventrículo (normalmente direito), utilizado para tratamento das bradiarritmias assintomáticas ou naqueles pacientes com risco elevado ou evento de síncope cardiogênica. Neste sentido, sobre as programações possíveis para ajustar o MP: A) após instalado, o MP recebe um conjunto de 10 letras que revelam sua configuração e programação. B) existem basicamente dois mecanismos diferentes de detecção para modulação da FC durante o esforço. O mais comum é através de movimentos corporais vibratórios e oscilação tanto no plano horizontal quanto no vertical. C) nenhum MP possibilita aumento da programação da FC basal. D) existem várias programações possíveis para ajustar o MP, que influenciam diretamente na prescrição do exercício. Exercício físico.indd 54 14/10/ :10:28

23 17. Assinale a alternativa correta sobre os biossensores para variação da FC em pacientes com MP. A) Outra opção de biossensores são aqueles que detectam modificações do ph sanguíneo, temperatura venosa central, ventilação-minuto e volume sanguíneo do ventrículo direito. B) Os MPs provisórios, normalmente utilizados no âmbito hospitalar como ponte para o MP permanente ou por qualquer situação clínica, apresentam FC variável. C) Outra característica singular na prescrição de exercício para essa população é o limite máximo de FC denominada como upper rate, que é estipulada pelos fabricantes entre 80 e 90bpm. D) O MP pode ser uni ou bicameral. 18. Com relação ao processo de configuração e programação do MP: A) a primeira letra refere-se à câmara em que o MP capta o estímulo cardíaco. B) a letra R informa quando há capacidade do MP receber ou transmitir dados. C) a segunda letra refere-se ao modo de resposta do aparelho depois de captar a atividade elétrica, desempenhando a função de inibir (I), ativar (T) ou ambas (D). D) a letra O, que é raramente encontrada, indica que o MP não pode ser programado. 55 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume Explique por que a medida de PA deve nortear a prescrição de exercícios durante o programa de reabilitação na fase hospitalar Exercício físico.indd 55 14/10/ :10:28

24 56 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES PORTADORES DE DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS APLICAÇÕES DO TESTE ERGOMÉTRICO EM PORTADORES DE DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS São objetivos do teste ergométrico (TE) em portadores de DCEIs: 20 avaliação indireta da capacidade funcional aeróbia; investigação de arritmias (avaliação da terapêutica farmacológica); avaliação pré-participação desportiva; avaliação de possíveis disfunções dos DCEI; avaliação/programação dos sensores dos DCEI. A realização de TE em portadores de DCEI é segura, desde que seja realizada por médico devidamente capacitado e que sejam seguidas as recomendações do Departamento de Ergometria da Sociedade Brasileira de Cardiologia para a realização desses exames. 1,20 Ressalta-se que é indispensável a presença de material de suporte avançado de vida em cardiologia no ambiente onde é feito o exame de TE em portadores de DCEI, e sugere-se que esses exames sejam feitos preferencialmente em ambiente hospitalar. A escolha do protocolo para realização do TE em portadores de DCEI obedece aos mesmos critérios convencionais já consagrados em ergometria, objetivando-se 8 a 12 minutos de duração do exercício. Não há preferência pela realização do exame em esteira ergométrica ou em cicloergômetro. Não é necessário um protocolo especial para avaliação da capacidade funcional nos indivíduos portadores de DCEI, sendo liberada a adoção dos protocolos convencionais em ergometria. A grande vantagem do teste de esforço sobre outros exames complementares é a possibilidade de avaliação da capacidade funcional aeróbia, ainda que de maneira indireta, pois este é um importante fator prognóstico para saúde global do indivíduo. 1 É de fundamental importância que os profissionais fisioterapeutas conheçam as particularidades do eletrocardiograma de pacientes portadores de MP. 1 O ECG convencional de 12 derivações em portadores de MP apresenta uma característica peculiar, que é a presença da espícula, artefato elétrico originado pelo estímulo do MP. Com a evolução da tecnologia desses aparelhos, atualmente é frequente que as espículas sejam de amplitude reduzida. Contudo, permanece preservada a morfologia típica do QRS, na qual a despolarização ventricular, constituída por complexo QRS geralmente alargado (>120ms), e sua morfologia e eixo elétrico são dependentes da posição do eletrodo. Nos implantes em ventrículo direito, observa-se morfologia do tipo bloqueio de ramo esquerdo (a mais frequente) e nos implantes em ventrículo esquerdo surge uma morfologia tipo bloqueio de ramo direito. Exercício físico.indd 56 14/10/ :10:28

25 A ausência de espícula acompanhada de ausência de morfologia típica do QRS denota ou condução fisiológica dos estímulos elétricos ou condições patológicas graves, como fratura completa de eletrodo ou falência total do gerador. Teste ergométrico no portador de cardiodesfibrilador implantável O TE destaca-se por avaliar a eficácia da terapia farmacológica antiarrítmica presente na imensa maioria dos pacientes portadores de CDI. Vários estudos já foram publicados enfocando a segurança da realização de TE em portadores de CDI. 21 Deve-se interromper o exercício quando for alcançada a FC correspondente a 10 batimentos menor do que a primeira zona de diagnóstico do CDI, que faz menção ao termo taquicardia ventricular (TV1), mesmo que o paciente não tenha atingido a exaustão ou outros critérios de interrupção do exame. Habitualmente, na TV1, que é determinada pelo programador do dispositivo, ocorre apenas observação do CDI em relação ao ritmo apresentado pelo paciente e não choque elétrico, propriamente dito. Antes de realizar o TE em portador de CDI, é fundamental ter conhecimento das zonas de FC determinadas pelo cardiologista que programou o dispositivo para que o exame transcorra de maneira segura. Se a proposta do TE é atingir níveis de FC mais elevados (acima de TV1), é necessária a presença do cardiologista assistente responsável pela programação do dispositivo na sala de exame. 57 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Dentre os cuidados para avaliação da capacidade funcional em portadores de CDI, pode-se destacar a importância no uso de luvas de material isolante (látex, por exemplo) durante todo o exame nesses pacientes, de modo a evitar que o examinador seja atingido por eventuais choques elétricos. 1 Deve-se, também, ter um ímã disponível na sala de exame, caso ocorram choques inapropriados do CDI. Nesse caso, o ímã deve ser de tamanho semelhante ao tamanho do CDI e com boa capacidade magnética, uma vez que esse dispositivo geralmente é implantado na região submuscular, ficando mais profundo que os MPs, e, portanto, menos sensíveis aos ímãs colocados sobre a pele. Caso o avaliador presencie choque inadequado durante a realização do TE em portador de CDI, o mesmo deverá interromper imediatamente o exame, posicionar o paciente deitado e atuar conforme protocolos de cuidados específicos, com o devido suporte de vida. Caso surjam choques inapropriados, o médico deverá colocar o ímã sobre o CDI durante cerca de um minuto. Nessa condição o CDI é inabilitado e passa a se comportar como um MP convencional. Na dúvida, se os choques são apropriados, indica-se não usar o ímã. Se ocorrer terapia elétrica durante o TE, é importante solicitar telemetria do dispositivo em caráter de urgência. Exercício físico.indd 57 14/10/ :10:28

26 58 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Teste ergométrico x teste cardiopulmonar de exercício O teste cardiopulmonar de exercício (TCPE), que possibilita a análise de variáveis ventilatórias e metabólicas, entre as quais a avaliação direta do consumo de oxigênio, permite maior precisão na avaliação da capacidade funcional. Contudo, devido ao número reduzido de estudos comparando o TE com o TCPE nesta população (portadores de DCEI), bem como ao maior custo do TCPE, o TE tem sido o método atualmente mais utilizado na prática clínica para a avaliação da capacidade funcional desses pacientes. 1 Em um interessante estudo, Kuniyoshi e colaboradores investigaram a capacidade funcional de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) em classe funcional III e IV (de acordo com a classificação da New York Heart Association) antes e após implante de ressincronizadores cardíacos, e observaram que o valor médio do VO 2 pico foi de 13ml/kg/min, antes do implante, e, três meses após a terapia de ressincronização cardíaca, foi de 17ml/kg/min. 10 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE PORTADORES DE DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS POR MEIO DE QUESTIONÁRIO Goldman e colaboradores 23 propuseram, em seu estudo, inferir a capacidade funcional em pacientes portadores de DCEI por meio de um questionário constituído de perguntas sobre a capacidade de realizar atividades comuns na vida diária, que apresentam um gasto metabólico conhecido. Os pacientes respondem às perguntas com SIM ou NÃO, de acordo com a ficha de classificação funcional para a referida escala, que estrdo com a ficha das classes funcionais: Classe I capacidade de executar todas as atividades questionadas, equivalente a consumo metabólico maior do que 7 unidades metabólicas (METs); Classe II capacidade de executar atividades com consumo metabólico entre 5 e 7 METs; Classe III capacidade de executar atividades com consumo metabólico entre 3 e 4 METs; Classe IV não conseguem executar atividades com consumo metabólico menor do que 2 METs. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE PORTADORES DE DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS POR MEIO DO TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS Oliveira Júnior e colaboradores 24 realizaram avaliação da capacidade funcional de 61 indivíduos submetidos a implante de MP por bloqueio atrioventricular congênito isolado. O teste de caminhada de 6 minutos (TC6min) foi realizado de acordo com a padronização da American Thoracic Society (ATS). Antes do início e ao final do teste, foram mensuradas a PA, a FC e a saturação de pulso de oxigênio. Além disso, cada indivíduo referiu sua percepção de dispneia e fadiga com auxílio da escala modificada de Borg. Os indivíduos recebiam frases de incentivo padronizadas a cada minuto. Os critérios de interrupção do teste incluíram: angina, dispneia importante, fadiga de membros inferiores, tontura, sudorese profusa e palidez. A capacidade funcional foi avaliada pela distância percorrida durante os seis minutos. A distância total percorrida foi medida em metros e obtida individualmente. A distância predita foi calculada pela equação proposta para a população brasileira. 25 Exercício físico.indd 58 14/10/ :10:28

27 Não houve casos de interrupção do teste ou necessidade de cuidados especiais. A distância média percorrida foi de aproximadamente 547 metros, representando 91% do valor predito pela equação utilizada no estudo. CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO PARA TESTES FÍSICOS DE CAPACIDADE FUNCIONAL As complicações dos testes funcionais em portadores de DCEI podem ser evitadas, avaliando-se o aspecto do paciente (palidez, cianose, pele fria e úmida, ataxia, vertigem, problemas visuais ou de marcha, confusão, sibilos, fadiga pronunciada, dispneia e outros), associado, quando possível, à análise eletrocardiográfica e a aferições da PA. Os testes devem ser interrompidos imediatamente sempre que: 26 a PAS diminuir ou tiver resposta em platô durante o esforço; houver anormalidades eletrocardiográficas. Dentre as principais, estão TV, BAV, infra ou supradesnivelamente do segmento ST; precordialgia; se o paciente solicitar a interrupção do teste por qualquer razão. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA PORTADORES DE MARCA-PASSO Na literatura internacional são encontrados poucos estudos que tenham avaliado os efeitos ou a segurança do exercício físico em portadores de MP. Apesar dessa escassez de estudos, são conhecidas algumas particularidades da prescrição e avaliação do esforço em pacientes portadores de MP, sobretudo naqueles que apresentam bloqueio atrioventricular total e incompetência severa do nodo sinusal. Tais particularidades serão discutidas no decorrer dessa sessão. 59 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 O programa de reabilitação cardíaca geralmente é composto por palestras educacionais e programas de condicionamento com emprego de exercício físico regular e individualizado. Desta maneira, a RCV se torna essencial para a melhora da qualidade de vida, do desempenho funcional e do prognóstico de pacientes com IC portadores ou não de MP. 22 Sabe-se que a participação em um programa de RCV é associada com o aumento da capacidade funcional, redução de fatores de risco associados, como diabetes, dislipidemias, obesidade, e redução da inflamação subclínica, da hipertensão e do tônus simpático aumentado. 22,27,28 Sendo assim, o indivíduo portador de MP está incluso no perfil de pacientes que se beneficiam com atividade física supervisionada. O estereótipo do paciente cardiopata disseminado na população leiga e o receio de danificar o aparelho são, entre outros fatores, limitantes à inclusão desses pacientes em programas de reabilitação cardiovascular. 13 Para dosar a prescrição de exercício nesta população, o profissional deve levar em conta a doença de base que levou à implantação do MP, capacidade funcional prévia, a condição geral de saúde e a força muscular periférica. Nos pacientes que apresentam baixa variação da FC durante o esforço e/ou utilizam MP com FC fixa, que foram submetidos ao teste ergométrico simples para avaliação da capacidade funcional e prescrição de exercícios, o parâmetro escolhido será a PASmáx. atingida no pico de esforço. Este valor irá substituir a FC na equação de Karvonen, como demonstrado a seguir. 22 Exercício físico.indd 59 14/10/ :10:28

28 60 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS PAStreino = (PASmax - PASrep) x %intensidade + PASrep O aumento da PAS é decorrente do aumento do volume sistólico para atender a demanda metabólica imposta pelo exercício. Por isso, nos pacientes que apresentam concomitantemente disfunção ventricular, essa compensação decorrente do aumento da contratilidade cardíaca pode estar prejudicada pela doença de base e/ou fármacos antihipertensivos. Portanto, esses pacientes necessitarão de acompanhamento mais rigoroso da PA durante o esforço. Diante de respostas anormais, como redução da PAS, ou seu comportamento em platô, o esforço deve ser reduzido ou interrompido. Estudo produzido pelo grupo formado pelos autores deste artigo, em portadores de doença de Chagas, demonstrou que o exercício resistido com pesos foi mais seguro e melhor tolerado do que o exercício aeróbico de baixa a moderada intensidade em esteira. Essa resposta foi visualizada principalmente nos indivíduos com pior capacidade funcional e FEVE. Portanto, acredita-se que os exercícios resistidos com peso são mais indicados inicialmente no programa de RC em portadores de MP com baixa capacidade funcional. 29 Vale ressaltar que exercícios localizados para peitorais devem ser prescritos após liberação médica, e a carga não deve ultrapassar 50% de uma repetição máxima (1RM). Cargas mais altas podem deslocar o equipamento, promovendo desconforto e/ou dano ao dispositivo. Nos pacientes submetidos ao TCPE, o avaliador deve registrar a PAS, percepção de dispneia e fadiga nos membros inferiores (escala de BORG), velocidade da esteira (é preferível não utilizar variação de inclinação durante o teste, já que nem sempre as clínicas de reabilitação dispõem de esteira com esta opção) e FC no momento do primeiro e segundo limiar ventilatório. Em posse dessas informações, deve-se iniciar o programa de reabilitação próximo ao primeiro limiar e progredir de acordo com a aceitação e as respostas do paciente ao exercício. A PAS e a sensação subjetiva de esforço por meio da escala de Borg são as variáveis mais utilizadas para o início do treinamento. No entanto, naqueles pacientes que também apresentam baixa variação da PAS, a velocidade no estágio do primeiro limiar ventilatório pode ser utilizada como guia para prescrição. 26 Muitos profissionais guiam a intensidade do exercício com base na velocidade encontrada no dia do teste de esforço. No entanto, esta variável isolada pode subestimar ou superestimar a intensidade do exercício, trazendo risco para o paciente. Este fato está associado com a variação do horário do atendimento em relação ao horário do teste, com a alteração do balanço simpatovagal e com fatores emocionais no dia do teste. Portanto, é imprescindível a utilização da PAS de treino, além da monitorização eletrocardiográfica durante a atividade. Apesar de não existir evidências científicas sobre a utilização do treinamento muscular inspiratório em portadores de MP, sabe-se que esse tipo de treinamento é seguro e capaz de melhorar capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes cardiopatas. Na ausência de estudos específicos, utilizam-se, na prática, os mesmos parâmetros já testados em outras populações. 31,32 Exercício físico.indd 60 14/10/ :10:28

29 ATIVIDADE 20. Assinale a alternativa correta sobre o TE em portadores de DCIs. A) A realização de TE em portadores de DCEI é sempre de alto risco. B) É necessário um protocolo especial para avaliação da capacidade funcional nos indivíduos portadores de DCEI, sendo liberada a adoção dos protocolos convencionais em ergometria. C) A grande vantagem do teste de esforço sobre outros exames complementares é a possibilidade de avaliação da capacidade funcional aeróbia, importante fator prognóstico para saúde global do indivíduo. D) Há preferência pela realização do exame em esteira ergométrica. 21. Considere as afirmativas sobre o TE em portador de CDI. I Se a proposta do TE é atingir níveis de FC mais elevados (acima de TV1), é necessária a presença do cardiologista assistente responsável pela programação do dispositivo na sala de exame. II Se houver dúvida se os choques são apropriados, indica-se não usar o ímã. III Habitualmente, na TV1, que é determinada pelo programador do dispositivo, ocorre apenas observação do CDI em relação ao ritmo apresentado pelo paciente e não choque elétrico, propriamente dito. Qual(is) afirmativa(as) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a II e a III. C) Apenas a I e a III. D) Todas estão corretas. 61 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume Os testes funcionais são contraindicados em algumas situações. Marque a alternativa INCORRETA. A) Cianose, pele fria e úmida. B) Ataxia, vertigem. C) Sibilos, fadiga pronunciada, dispneia. D) Baixa capacidade funcional. Exercício físico.indd 61 14/10/ :10:28

30 62 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS 23. Em relação à avaliação e prescrição de exercício para portadores de DCEI, marque a alternativa INCORRETA. A) O teste ergométrico deve durar entre 8 e 12 minutos. B) O exercício de alta intensidade sempre deve ser indicado. C) A FC durante o exercício de pacientes portadores de CDI deve obedecer um limite de 10 a 20 batimentos abaixo da FC máxima configurada no aparelho. D) Para portadores de MP com FC fixa, deve-se considerar a PAS como marcador e não a FC. 24. Segundo o artigo, descreva como é realizada a avaliação da capacidade funcional de portadores de DCEIs por meio de questionário Sobre as complicações dos testes funcionais em portadores de DCEI: A) os testes devem ser interrompidos imediatamente somente se a PAS diminuir ou tiver resposta em platô durante o esforço. B) os testes funcionais estão contraindicados em portadores de MP. C) as complicações dos testes funcionais em portadores de DCEI podem ser evitadas, avaliando-se o aspecto do paciente associado, quando possível, à análise eletrocardiográfica e a aferições da PA. D) o teste de caminhada de 6 minutos não deve ser realizado. 26. No que se refere à prescrição de exercícios para portadores de MP, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Os exercícios resistidos com peso, são mais indicados inicialmente no programa de RC em portadores de MP com baixa capacidade funcional. ( ) É imprescindível a utilização da PAS de reserva, além da monitorização eletrocardiográfica durante a atividade. ( ) O profissional deve levar em conta a doença de base que levou a implantação do MP, a capacidade funcional prévia, a condição geral de saúde e a força muscular periférica. ( ) Nos pacientes submetidos ao TCPE, o avaliador deve registrar a PAS, percepção de dispneia e fadiga nos membros inferiores, velocidade da esteira e FC no momento do primeiro e segundo limiar ventilatório. Exercício físico.indd 62 14/10/ :10:28

31 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V V F F. B) V V V V. C) V F F V. D) F V F V. CARACTERÍSTICAS DOS CARDIODESFIBRILADORES IMPLANTÁVEIS O CDI é um dispositivo semelhante ao MP e comumente confundido entre a população leiga. As diferenças básicas entre os dispositivos estão relacionadas à sua indicação. O MP é indicado para bradarritmias e CDI prevenção de morte súbita. Diferentemente do MP, o CDI só é acionado quando detectada a taquicardia ventricular sustentada. Portanto, o indivíduo mantém o ritmo cardíaco por estímulo próprio. 6 O CDI normalmente localiza-se ao lado esquerdo, enquanto o MP geralmente é implantado no lado direito. Diferentemente do MP, o CDI só é acionado quando detectada a TVS. Portanto, o indivíduo mantém o ritmo cardíaco por estímulo próprio. 6,17 63 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 O CDI será indicado para prevenção primária ou secundária de morte súbita. As principais causas de morte súbita são: 6,28 disfunção ventricular esquerda e baixa capacidade funcional (capacidade funcional III ou IV); isquemia cardíaca ou anormalidades nos testes provocativos; instabilidade elétrica evidenciada por ectopias ventriculares, TV não sustentada, estudo eletrofisiológico positivo, presença de potenciais tardios no eletrocardiograma de alta resolução (ECGAR), alternância da onda T, dispersão do intervalo QT e anormalidade na variabilidade da FC. Nestes pacientes, o CDI tem a função de identificar e abortar uma TVS que culminaria em uma FV e, consequentemente, em uma parada cardíaca. Para tratamento deste evento de quase morte, o CDI promove uma cardioversão com uma descarga elétrica dada diretamente no miocardio. Este dispositivo tem demonstrado reduzir morte súbita nesta população. 28 Os choques apropriados ocorrem quando o CDI aborta, de fato, uma arritmia grave, ou seja, um evento de quase morte. Os choques inapropriados ocorrem quando há um erro de interpretação do dispositivo e o mesmo deflagra um choque sem necessidade. 28 Exercício físico.indd 63 14/10/ :10:28

32 64 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO EM PORTADORES DE CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL Durante a atividade física, diversos fatores podem desencadear uma cardioversão elétrica, podendo ser um choque apropriado ou inapropriado. Aumento excessivo da atividade simpática e isquemia miocárdica podem deflagrar arritmias durante o treinamento físico. Porém, nos estudos que avaliaram o efeito da RCV nessa população, não foram relatadas intercorrências. Por outro lado, observou-se redução tanto dos choques apropriados como dos inapropriados. 17,28 Nesta linha de raciocínio, um grupo de pesquisadores poloneses 33 desenvolveu um programa de RCV com início ainda na fase hospitalar até 12 semanas após o implante. O programa, resumido no Quadro 4, continha intervenções que visavam melhorar a capacidade funcional, a função miocárdica e a qualidade de vida. O programa foi prescrito baseado na capacidade funcional de cada voluntário. Os pesquisadores alocaram os pacientes de acordo com os equivalentes metabólicos (METs) obtidos em um TCPE, sendo um grupo com capacidade funcional superior a 5 METs, outro entre 3 a 5 METs e um com menos de 3 METs. O programa proposto demonstrou melhora da função ventricular esquerda, QV, redução dos sintomas depressivos e aumento da capacidade funcional. Não houve intercorrências, nem episódios de acionamento do CDI durante o estudo. Desta forma, este programa se mostrou eficiente e seguro na população estudada. 33 Quadro 4 PROTOCOLO DE ATENDIMENTO PROPOSTO POR ŚMIALEK E COLABORADORES > 5 MET > 1,2W/Kg Capacidade aeróbica 3-5 MET Aprox. 1,2 W/Kg < 3 MET < 0,5W/Kg Programa de reabilitação Exercícios respiratórios: repetições, 2x/dia. Treino de endurance intervalado: 20-30min 2min = 50 W carga 1-2min = repouso Exercícios respiratórios: repetições, 2x/dia. Treino de endurance intervalado: 15min, 1-2x/dia. 4min = 0-25 W 2min = repouso Aquecimento: 5-10min, 1-2x/dia. Exercícios respiratórios: 15min, 2x/dia. Treino de endurnce intervalado: 20-30min, 3x/semana. 4min = sem carga 3min = repouso Adams e colaboradores 34 relataram a aplicação do programa de RCV de alta intensidade para readaptação laboral de um bombeiro norte-americano que foi submetido ao implante de CDI para prevenção de morte súbita após evento de parada cardíaca. O treinamento simulou as atividades laborais do bombeiro, como subir escadas com o peso da mangueira contra incêndio e um colete de chumbo. Este relato demonstra que o fato de o indivíduo ser portador de CDI não contraindica atividades de alta intensidade. Exercício físico.indd 64 14/10/ :10:28

33 Contudo, é importante observar que antes de submeter o indivíduo a este tipo de treinamento, foi realizada avaliação clínica e funcional pormenorizada, na qual o bombeiro apresentou capacidade funcional de 12 METs e função normal do ventrículo esquerdo, o que não reflete, na maioria das vezes, o cenário dos pacientes que são encaminhados para programas de RCV. Nos últimos quatro anos, foram publicados os resultados do maior e mais robusto estudo sobre o tema, o COPE-ICD (Copenhagen Outpatient Programm E-ICD). 35,36 Nesse trabalho, foram demonstrados efeitos positivos na capacidade funcional, QV e redução dos episódios de choques. O protocolo de reabilitação deste trabalho era composto por exercícios aeróbios e exercícios neuromusculares. Neste programa, os pacientes eram atendidos por fisioterapeutas especializados em RCV, os quais estimulavam os pacientes a realizar os exercícios da forma mais intensa possível, respeitado o limite de 10 a 15 bpm abaixo do que foi programado para deflagrar o choque do aparelho. A intensidade do treinamento de força era de 60 a 80% de 1RM. Análises posteriores deste estudo identificaram que as mulheres responderam de forma diferente em relação aos homens, não sendo observados os mesmos benefícios. Embora os autores não tenham descrito os motivos desse achado, os mesmos concluíram que a prescrição do exercício para esta população deve atender às demandas específicas dos gêneros, devendo conter reavaliações durante o programa para otimizar as respostas ao tratamento. 37 Além da melhora hemodinâmica, da capacidade funcional e QV, outro desfecho importante nesses pacientes é a redução do número de episódios de choques apropriados e inapropriados. Todos os estudos revisados pelos autores identificaram redução significativa desses episódios, fato que reflete redução do número de eventos de arritmias potencialmente fatais PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 O mecanismo fisiológico envolvido na redução de choques foi a redução do número de arritmias graves. Este resultado positivo foi associado com atenuação da atividade simpática basal, menor FC durante o repouso e esforço relativo, reduzindo desta forma a exposição a episódios de taquicardia durante as atividades de vida diária. Como relatado anteriormente, o receio de choque é um dos fatores principais para redução da QV e sintomas depressivos nesta população. 27,28,39 TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA A TRC é utilizada desde a década de 1990 em pacientes com IC que apresentam disfunção sistólica grave com bloqueio interventricular e QRS alargado (>120ms). Esse distúrbio promove e/ou agrava a disfunção sistólica, sendo a ressincronização uma opção terapêutica para otimizar a hemodinâmica e, consequentemente, a capacidade funcional nesses pacientes em estágio avançado da IC. 9,10,40 Porém, uma parcela dessa população (20% a 30%) não apresenta benefícios significativos da TRC. Sabe-se que a FEVE não apresenta boa correlação com capacidade funcional. Portanto, intervenções isoladas para otimizar a FEVE não levará à melhora na capacidade funcional. Este paradoxo ocorre devido à importância do sistema muscular na fisiopatologia da dispneia e incapacidade nos pacientes portadores de IC. 9 Achados semelhantes foram identificados em um estudo realizado com indivíduos com cardiomiopatia chagásica. 41 Exercício físico.indd 65 14/10/ :10:28

34 66 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS Prescrição de exercícios em pacientes em terapia de ressincronização cardíaca Na revisão realizada pelos autores deste artigo, a associação de TRC com RCV foi abordada somente em três estudos. Entretanto, é importante frisar que na população dos principais estudos, a TRC por vezes está presente nos pacientes que utilizaram MP e/ou CDI. No trabalho mais relevante publicado sobre o tema, foi investigada se a associação de um programa de RCV seria capaz de maximizar os efeitos positivos da TRC na capacidade funcional e variáveis hemodinâmica. Neste trabalho, foram selecionados 50 pacientes, alocados em grupo exercício e controle. Após seis meses de acompanhamento, o grupo de exercício apresentou melhora mais evidente e significativa do que o grupo que realizou apenas TRC, 9 demonstrando a superioridade do tratamento em conjunto. Estudo de caso demonstrou os benefícios da RCV em paciente com IC classe funcional III, refratário às medidas clínicas e à TRC. O programa empregado pelo estudo teve duração de apenas um mês, no qual a prescrição do exercício foi realizada com base no TCPE (intensidade de 30 a 50% do VO 2max, de 3 a 5 vezes por semana). Após este período, observou-se melhora da função ventricular, do perfil lipídico, metabólico e renal. Ademais, a resposta mais expressiva foi na capacidade funcional, a qual apresentou aumento do VO 2max de 11 para 32ml/kg/min, com consequente mudança da classe funcional de III para I. 12 Reflexão importante acerca desse assunto é o pequeno número de encaminhamentos para programas de RCV pelos médicos cardiologistas, responsáveis pelos pacientes portadores de DCEIs. Este dado foi estudado pelo grupo de pesquisa que identificou a baixa taxa de prescrição e indicação de RCV pelos cardiologistas do município de Salvador (BA). Entre os principais motivos, destaca-se o desconhecimento de centros de referência e desconhecimento dos benefícios e segurança da atividade física supervisionada. 13 IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA É sabido que sujeitos com afecções cardíacas apresentam, além das disfunções orgânicas, muitas repercussões psicológicas e uma incidência superior de depressão e ansiedade, quando comparados com indivíduos saudáveis da mesma idade. 42,43 Por isso, é fundamental que a qualidade de vida seja investigada por meio de questionários e escores já validados na literatura, para avaliar o impacto da reabilitação na sensação de bem estar, além de possibilitar intervenções específicas de forma mais precoce. Um aspecto importante durante a avaliação da qualidade de vida é a escolha do instrumento de avaliação. Para pacientes cardiopatas, o questionário deve ser abrangente, conter aspectos relacionados à capacidade funcional, impacto da doença na saúde, sintomas como dor e ansiedade, além de aspectos sociais e emocionais. Na população portadora de dispositivos implantáveis, o SF-36 tem sido o mais utilizado. 44 Apesar do teste não ser específico para cardiopatas, este engloba aspectos físicos, emocionais, sociais e psicológicos, sendo uma ferramenta muito útil para avaliação prévia e após um programa de reabilitação ou qualquer outra intervenção. Exercício físico.indd 66 14/10/ :10:28

35 Um estudo realizado no interior de São Paulo investigou a qualidade de vida de pacientes portadores de CDI. 42 Os pesquisadores demonstraram que entre os domínios estudados, aqueles que estavam relacionados com os aspectos físicos e emocionais apresentaram escores menores, ou seja, com maior impacto negativo na qualidade de vida. Quando questionados quanto ao seu estado de saúde, a maioria dos sujeitos relatou estar um pouco melhor em relação ao ano anterior, devido à segurança e manutenção da vida proporcionada pelo CDI. Outro aspecto identificado na literatura é o efeito negativo do medo de choque. Os pacientes que experimentaram o choque apresentaram índices menores de QV e maiores sintomas de ansiedade e depressão do que os pacientes que não necessitaram da terapia. 42 UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ELETROTERMOFOTOTERAPIA Em pacientes que utilizam dispositivo implantável, a utilização de equipamentos de eletrotemofototerapia 45 deve ser realizada com muita cautela e por profissionais experientes. A utilização indevida desses equipamentos pode prejudicar a interpretação do sinal eletrocardiográfico, inibindo, desta forma, o acionamento do MP ou deflagrando um choque inapropriado em pacientes que utilizam CDI. Portanto, nestes pacientes, a utilização de equipamentos, como microcorrentes, corrente galvânica, TENS, FES e seus correlatos, devem ser evitados. Os equipamentos que produzem calor profundo e superficial devem ser evitados em estruturas próximas ao tórax para evitar o aquecimento ou danificação das estruturas metálicas que compõe os dispositivos. É importante ressaltar que há metal em toda a estrutura dos equipamentos e não apenas no gerador. O CDI apresenta maior estrutura metálica e, portanto, requer maiores cuidados com calor profundo e superficial na região torácica. 67 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 ATIVIDADE 27. Sobre os DCEIs, marque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas abaixo. ( ) O DCEI utilizado para prevenção de morte súbita é o MP. ( ) A TRC é utilizada em pacientes com assincronia cardíaca, e seu objetivo é melhorar a capacidade funcional e função ventricular. ( ) Na prescrição de exercício em pacientes com MP, a FC será o principal determinante da intensidade da atividade. ( ) Apesar de ser pouco frequente, pode ocorrer um choque (desfibrilação cardíaca) durante um teste de capacidade funcional ou durante a sessão de reabilitação em pacientes portadores de CDI. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) F F F V. B) F V F F. C) F V F V. D) V F V F. Exercício físico.indd 67 14/10/ :10:28

36 68 EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DISPOSITIVOS CARDÍACOS ELETRÔNICOS IMPLANTÁVEIS 28. Os principais benefícios da RCV em pacientes portadores de CDI são: A) aumento da capacidade funcional e da qualidade de vida. B) redução do número de disparo apropriados e não apropriados. C) melhora da função ventricular. D) Todas as alternativas estão corretas. 29. Em relação à qualidade de vida dos pacientes portadores de DCEI, marque a alternativa INCORRETA. A) O questionário mais utilizado para avaliar a QV de pacientes portadores de DCEI é o Minesota. B) O medo do choque é um dos fatores que mais interferem na qualidade de vida dos pacientes. C) A segurança que os dispositivos oferecem pela manutenção da vida é um fator positivo relatado pelos pacientes portadores de DCEI. D) A RCV é eficaz em melhorar a QV nestes pacientes. 30. Assinale a alternativa correta sobre a QV de pacientes portadores de CDI. A) A QV não é mensurável em sujeitos com afecções cardíacas. B) Os pacientes que experimentaram o choque apresentam índices menores de QV e maiores sintomas de ansiedade e depressão do que os pacientes que não necessitaram da terapia. C) O SF-36 é o teste específico para cardiopatas. D) A escolha do instrumento não é importante na avaliação da QV. 31. Sobre o uso da eletrotemofototerapia em pacientes com dispositivos implantáveis: A) há metal apenas no gerador. B) o CDI apresenta menor estrutura metálica. C) não devem ser utilizados equipamentos com microcorrentes, corrente galvânica, interferêncial e outras formas de estimulação neuromuscular. D) é contraindicado. Exercício físico.indd 68 14/10/ :10:28

37 CASO CLÍNICO F.J.G., 31 anos, sexo masculino, fisiculturista profissional, faz uso de esteroides anabolizantes há 10 anos. Relatou dois episódios de tontura seguida por síncope durante o treinamento neuromuscular em fase pré-competição. Após ser encaminhado ao médico cardiologista, foi solicitado que fizesse alguns exames complementares. No ecocardiograma (ECO), verificou-se FEVE de 46%, com discreto aumento da massa ventricular esquerda em dilatação. Nos resultados dos exames laboratoriais de sangue, não foram identificadas alterações eletrolíticas, glicêmicas ou lipídicas que justificassem o ocorrido. Foi então encaminhado para realizar teste de esforço físico máximo em esteira ergométrica. Durante o teste, foram observadas as seguintes alterações eletrocardiográficas (Figura 12), sem relato de sintomas, e que se normalizaram com a interrupção do teste. 69 PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Ciclo 2 Volume 1 Figura 12 Taquicardia ventricular não sustentada. ATIVIDADE Diante do quadro apresentado no caso clínico, responda as seguintes questões. 32. Qual alteração eletrocardiográfica é visualizada na figura 12? A) Extrassístoles ventriculares isoladas. B) Taquicardia ventricular monomórfica. C) Bloqueio atrioventricular de grau I. D) Taquicardia supraventricular. 33. Qual a principal causa dessa alteração segundo a literatura? A) Doença isquêmica. B) Uso de anabolizantes. C) Valvopatia. D) Cardiomiopatia hipertrófica. Exercício físico.indd 69 14/10/ :10:28

Curso de capacitação em interpretação de Eletrocardiograma (ECG) Prof Dr Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho

Curso de capacitação em interpretação de Eletrocardiograma (ECG) Prof Dr Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho Curso de capacitação em interpretação de Eletrocardiograma (ECG) Prof Dr Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho Anatomia cardíaca Coração Anatomia cardíaca Coração Coração Coração Nó Sinoatrial Coração elétrico

Leia mais

BRADIARRITMIAS E BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES

BRADIARRITMIAS E BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES Página: 1 de 8 1. Diagnóstico - História clínica + exame físico - FC

Leia mais

Disciplina de Enfermagem em Centro de Terapia Intensiva

Disciplina de Enfermagem em Centro de Terapia Intensiva Disciplina de Enfermagem em Centro de Terapia Intensiva ARRITMIAS CARDÍACAS Prof. Fernando Ramos-Msc 1 Arritmias Cardíacas Uma arritmia cardíaca é uma anormalidade na freqüência, regularidade ou na origem

Leia mais

INTERPRETAÇÃO DO ECG resolução de exercícios

INTERPRETAÇÃO DO ECG resolução de exercícios INTERPRETAÇÃO DO ECG resolução de exercícios Taquicardia sinusal Taquicardia em geral com QRS estreito, precedidas por ondas P e FC acima de 100 BPM e em geral abaixo de 200 BPM em repouso. Causas: aumento

Leia mais

Monitorização Eletrocardiográfica Ambulatorial. Helcio Garcia Nascimento

Monitorização Eletrocardiográfica Ambulatorial. Helcio Garcia Nascimento Monitorização Eletrocardiográfica Ambulatorial Helcio Garcia Nascimento Norman Jefferis Holter 1914-1983 Helena Montana EUA Norman Jefferis Holter (desenvolvimento) 1947 até 1965 JAMA Detection of phantom

Leia mais

ARRITMIAS CARDÍACAS. Dr. Vinício Elia Soares

ARRITMIAS CARDÍACAS. Dr. Vinício Elia Soares ARRITMIAS CARDÍACAS Dr. Vinício Elia Soares Arritmias cardíacas classificações freqüência cardíaca sítio anatômico mecanismo fisiopatológico da gênese ocorrência em surtos duração do evento 1 CONDIÇÕES

Leia mais

BRADIARRITMIAS. Aula 5 Imersão em Arritmias Cardíacas. Dr. Bruno Andrea

BRADIARRITMIAS. Aula 5 Imersão em Arritmias Cardíacas. Dr. Bruno Andrea BRADIARRITMIAS Aula 5 Imersão em Arritmias Cardíacas Dr. Bruno Andrea COMO LIDAR COM BRADIARRITMIAS BRUNO RUSTUM ANDREA brunorandrea@gmail.com IAC RJ 2017 O QUE É UMA BRADIARRITMIA? É SOMENTE UMA FC BAIXA?

Leia mais

Jorge Yussef Afiune Divisão de Cardiologia Pediátrica.

Jorge Yussef Afiune Divisão de Cardiologia Pediátrica. Diagnóstico e tratamento das principais arritmias na criança Jorge Yussef Afiune jorge.afiune@incordf.zerbini.org.br Divisão de Cardiologia Pediátrica www.paulomargotto.com.br Sistema elétrico do coração

Leia mais

Cardiologia do Esporte Aula 2. Profa. Dra. Bruna Oneda

Cardiologia do Esporte Aula 2. Profa. Dra. Bruna Oneda Cardiologia do Esporte Aula 2 Profa. Dra. Bruna Oneda Eletrocardiograma O registro gráfico da atividade elétrica do coração é denominado eletrocardiograma. Onda P: despolarização dos átrios (contração

Leia mais

Bradicardias. Dr. Joubert Ariel Pereira Mosquéra. Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial Hospital do Coração do Brasil

Bradicardias. Dr. Joubert Ariel Pereira Mosquéra. Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial Hospital do Coração do Brasil Bradicardias Dr. Joubert Ariel Pereira Mosquéra Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial Hospital do Coração do Brasil Bradicardias Absoluta Frequência cardíaca < 60 bpm (

Leia mais

DÚVIDAS FREQUENTES NO EXAME CARDIOLÓGICO NO EXAME DE APTIDÃO FÍSICA E MENTAL

DÚVIDAS FREQUENTES NO EXAME CARDIOLÓGICO NO EXAME DE APTIDÃO FÍSICA E MENTAL DÚVIDAS FREQUENTES NO EXAME CARDIOLÓGICO NO EXAME DE APTIDÃO FÍSICA E MENTAL XI JORNADA DE MEDICINA DO TRÁFEGO Belo Horizonte, 18-19 julho 2014 AMMETRA- ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE MEDICINA DO TRÁFEGO AMMETRA

Leia mais

ELETROCARDIOGRAFIA. Profª Enfª Luzia Bonfim

ELETROCARDIOGRAFIA. Profª Enfª Luzia Bonfim ELETROCARDIOGRAFIA Profª Enfª Luzia Bonfim O CORAÇÃO É um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Apresenta 4 cavidades: 2 superiores,

Leia mais

Bacharelado em Educação Física. Função Cardio-vascular e Exercício

Bacharelado em Educação Física. Função Cardio-vascular e Exercício Bacharelado em Educação Física Função Cardio-vascular e Exercício Prof. Sergio Gregorio da Silva, PhD Qual é o objetivo funcional do sistema CV? Que indicador fisiológico pode ser utilizado para demonstrar

Leia mais

BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FUNÇÃO CARDIO-VASCULAR E EXERCÍCIO

BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FUNÇÃO CARDIO-VASCULAR E EXERCÍCIO BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FUNÇÃO CARDIO-VASCULAR E EXERCÍCIO Prof. Sergio Gregorio da Silva, PhD 1 Qual é o objetivo funcional do sistema CV? Que indicador fisiológico pode ser utilizado para demonstrar

Leia mais

Taquiarritmias. Fernanda Queiroz

Taquiarritmias. Fernanda Queiroz Taquiarritmias Fernanda Queiroz 2015.2 Definição Alteração do ritmo cardíaco caracterizado por frequencia cardiaca alta (FC>100bpm) na presença de pulso. Pode ser Causa (FC>150bpm) Consequencia (FC

Leia mais

XVI. Eventos Noturnos: Descrição e Importância no Holter

XVI. Eventos Noturnos: Descrição e Importância no Holter XVI. Eventos Noturnos: Descrição e Importância no Holter EVENTOS NOTURNOS Período noturno Desde crianças, fomos ninados com canções tenebrosas:...nana nenê que a Kuka vem pegar... é o melhor exemplo.

Leia mais

Curso Preparatório para Residência de Enfermagem-2012 Arritmias Cardíacas

Curso Preparatório para Residência de Enfermagem-2012 Arritmias Cardíacas Curso Preparatório para Residência de Enfermagem-2012 Arritmias Cardíacas Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc Objetivos. Identificar no ECG as arritmias mais comuns;. Associar o traçado eletrocardiográfico

Leia mais

Arritmias Cardíacas CLASSIFICAÇÃO. Taquiarritmias. Bradiarritmias. Supraventriculares. Ventriculares

Arritmias Cardíacas CLASSIFICAÇÃO. Taquiarritmias. Bradiarritmias. Supraventriculares. Ventriculares Arritmias Cardíacas CLASSIFICAÇÃO Bradiarritmias Taquiarritmias Supraventriculares Ventriculares Sinusal Atrial Juncional Fibrilação Atrial Flutter Atrial Paroxística Supraventricular Ventricular (Torsades

Leia mais

Curso de Electrocardiografia Básica TAQUIARRITMIAS. Miryan Cassandra. Serviço de Cardiologia CHUC - H. Geral 16 de Outubro de 2014

Curso de Electrocardiografia Básica TAQUIARRITMIAS. Miryan Cassandra. Serviço de Cardiologia CHUC - H. Geral 16 de Outubro de 2014 Curso de Electrocardiografia Básica TAQUIARRITMIAS Miryan Cassandra Serviço de Cardiologia CHUC - H. Geral 16 de Outubro de 2014 TAQUIARRITMIAS Introdução Conceitos básicos de arritmias Avaliação sistematizada

Leia mais

PROBLEMAS CARDIOVASCULARES. Prof. Enf. Esp. Diógenes Trevizan

PROBLEMAS CARDIOVASCULARES. Prof. Enf. Esp. Diógenes Trevizan PROBLEMAS CARDIOVASCULARES Prof. Enf. Esp. Diógenes Trevizan Aspectos anatômicos e fisiológicos na UTI O coração é um órgão constituído de músculo estriado especial e oco, situado no centro do tórax, entre

Leia mais

FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR Função Entrega de sangue para os tecidos, fornecendo nutrientes essenciais às células e removendo dejetos metabólicos Coração = Bomba Vasos sanguíneos

Leia mais

SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA

SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA www.gerenciamentoetreinamento.com Treinamentos Corporativos Contato: XX 12 9190 0182 E mail: gomesdacosta@gerenciamentoetreinamento.com SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA Márcio

Leia mais

Sistema Cardiovascular

Sistema Cardiovascular INTRODUÇÃO Sistema Cardiovascular Rosângela B. Vasconcelos Como somos complexos seres multicelulares e como todas as nossas células, enquanto vivas, desempenhando suas funções, necessitam constantemente

Leia mais

Arritmias Cardíacas Doenças Valvares Morte Súbita. Prof. Dra. Bruna Oneda

Arritmias Cardíacas Doenças Valvares Morte Súbita. Prof. Dra. Bruna Oneda Arritmias Cardíacas Doenças Valvares Morte Súbita Prof. Dra. Bruna Oneda Eletrocardiograma O registro gráfico da atividade elétrica do coração é denominado eletrocardiograma. Onda P: despolarização dos

Leia mais

Atlas das Arritmias Cardíacas

Atlas das Arritmias Cardíacas Ary L. Goldberger Os eletrocardiogramas neste atlas suplementam aqueles ilustrados nos Caps. 232 e 233. As interpretações buscam enfatizar os achados específicos que tenham valor pedagógico. Todas as figuras

Leia mais

Indicações atuais de implante de marcapasso definitivo

Indicações atuais de implante de marcapasso definitivo 84 Vol XV N o 2 4 Artigo de Revisão Indicações atuais de implante de marcapasso definitivo Márcio Luiz Alves Fagundes 1, Fernando Eugênio S. Cruz Filho 1, Roberto M. Sá 2, Carlos Arthur F.B. dos Santos

Leia mais

Farmacoterapia de Distúrbios Cardiovasculares. Profa. Fernanda Datti

Farmacoterapia de Distúrbios Cardiovasculares. Profa. Fernanda Datti Farmacoterapia de Distúrbios Cardiovasculares Profa. Fernanda Datti Circulação Batimentos cardíacos células musculares células neuromusculares Nodo sinoatrial (SA) Nodo atrioventricular (AV) Sistema Purkinje

Leia mais

ECG - ELETROCARDIOGRAFIA

ECG - ELETROCARDIOGRAFIA ECG - ELETROCARDIOGRAFIA AVANçADA (MAR 2017) - LISBOA O Eletrocardiograma (ECG) regista a atividade elétrica do coração. Por ser não-invasivo, com baixos custos de execução e cujos resultados são obtidos

Leia mais

Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia Região Sul 20 a 24 de setembro de 2006 ACM - Florianópolis

Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia Região Sul 20 a 24 de setembro de 2006 ACM - Florianópolis Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia Região Sul 20 a 24 de setembro de 2006 ACM - Florianópolis Dr. José Carlos Moura Jorge Laboratório de Eletrofisiologia de Curitiba Bases Eletrofisiológicas e

Leia mais

SISTEMA CARDIOVASCULAR

SISTEMA CARDIOVASCULAR SISTEMA CARDIOVASCULAR O coração consiste em duas bombas em série Circulação Pulmonar Circulação Sistêmica Pequena Circulação ou Circulação Pulmonar Circulação coração-pulmão-coração. Conduz o sangue venoso

Leia mais

FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO. Prof. Ms. Carolina Vicentini

FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO. Prof. Ms. Carolina Vicentini FISIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO Prof. Ms. Carolina Vicentini SISTEMA CARDIOVASCULAR CORAÇÃO: LOCALIZAÇÃO: MEDIASTINO MÉDIO 5 º ESPAÇO INTERCOSTAL ENVOLTÓRIOS DO CORAÇÃO PERICÁRDIO: SACO FIBRO SEROSO

Leia mais

Reconhecimento do ritmo cardíaco sinusal. Profa Dra Rita de Cassia Gengo e Silva Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica - EEUSP

Reconhecimento do ritmo cardíaco sinusal. Profa Dra Rita de Cassia Gengo e Silva Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica - EEUSP Reconhecimento do ritmo cardíaco sinusal Profa Dra Rita de Cassia Gengo e Silva Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica - EEUSP Objetivos da aula Ao final da aula, o estudante deverá ser capaz de Descrever

Leia mais

Atividade Física e Cardiopatia

Atividade Física e Cardiopatia AF e GR ESPECIAIS Cardiopatia Atividade Física e Cardiopatia Prof. Ivan Wallan Tertuliano E-mail: ivantertuliano@anhanguera.com Cardiopatias Anormalidade da estrutura ou função do coração. Exemplos de

Leia mais

DIAGNÓSTICOS PARA ENCAMINHAMENTO VIA CROSS PARA TRIAGEM NO INSTITUTO DO CORAÇÃO

DIAGNÓSTICOS PARA ENCAMINHAMENTO VIA CROSS PARA TRIAGEM NO INSTITUTO DO CORAÇÃO DIAGNÓSTICOS PARA ENCAMINHAMENTO VIA CROSS PARA TRIAGEM NO INSTITUTO DO CORAÇÃO AMBULATÓRIO GERAL CID B570 B572 D151 E059 E260 E783 E784 E785 E786 E788 E789 E853 I050 I051 I058 I059 I060 I061 I062 I068

Leia mais

Como Avaliar o Teste Ergométrico Para a Prática de Exercício. Profa. Dra. Cláudia L. M. Forjaz Escola de Educação Física e Esporte

Como Avaliar o Teste Ergométrico Para a Prática de Exercício. Profa. Dra. Cláudia L. M. Forjaz Escola de Educação Física e Esporte Como Avaliar o Teste Ergométrico Para a Prática de Exercício Profa. Dra. Cláudia L. M. Forjaz Escola de Educação Física e Esporte cforjaz@usp.br ROTINA DO CLIENTE Avaliação condição de saúde condição física

Leia mais

CONDUTAS NO IAM COM INSTABILIDADE ELÉTRICA. Sérgio Luiz Zimmermann

CONDUTAS NO IAM COM INSTABILIDADE ELÉTRICA. Sérgio Luiz Zimmermann CONDUTAS NO IAM COM INSTABILIDADE ELÉTRICA Sérgio Luiz Zimmermann Mecanismos das Arritmias Necrose e isquemia teciduais Ativação do sistema nervoso autônomo Distúrbios eletrolíticos ticos Distúrbios ácido

Leia mais

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS Doença Cardiovascular Parte 3 Profª. Tatiane da Silva Campos - A identificação de indivíduos assintomáticos portadores de aterosclerose e sob risco de eventos

Leia mais

SISTEMA CARDIOVASCULAR. Fisiologia Humana I

SISTEMA CARDIOVASCULAR. Fisiologia Humana I SISTEMA CARDIOVASCULAR Fisiologia Humana I Fornecer e manter suficiente, contínuo e variável o fluxo sanguíneo aos diversos tecidos do organismo, segundo suas necessidades metabólicas para desempenho das

Leia mais

Aprimoramento em Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artificial

Aprimoramento em Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artificial Aprimoramento em Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artificial COORDENADORES: Drs. Dalmo Antonio Moreira e Paulo de Tarso Jorge VICE-COORDENADORES: Dr. Ricardo GarbeHabib Dra. Cecília Boya Barcellos

Leia mais

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I PROFESSOR RESPONSÁVEL: FLÁVIA SANTOS Musculatura corporal Músculo Cardíaco Músculo atrial Contração = esquelética Músculo ventricular Maior duração

Leia mais

O ECG nas síndromes coronárias isquêmicas

O ECG nas síndromes coronárias isquêmicas O ECG nas síndromes coronárias isquêmicas Prof. Dr. Paulo Jorge Moffa Importância do ECG na Estratificação de Risco no Infarto Agudo do Miocárdio ECG no Diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio Papel

Leia mais

Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares em Urgência e Emergência. Profº. Enf.º Diógenes Trevizan Especialização em urgência e Emergência

Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares em Urgência e Emergência. Profº. Enf.º Diógenes Trevizan Especialização em urgência e Emergência Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares em Urgência e Emergência Profº. Enf.º Diógenes Trevizan Especialização em urgência e Emergência Arritmias cardíacas As arritmias são distúrbios na geração,

Leia mais

XXIV Congresso Nacional do DERC. Goiânia-GO, de 21 a 23 de setembro de 2017

XXIV Congresso Nacional do DERC. Goiânia-GO, de 21 a 23 de setembro de 2017 XXIV Congresso Nacional do DERC Goiânia-GO, de 21 a 23 de setembro de 2017 21/09/17 (Quinta-Feira): Auditório Lago Azul Estimando o risco cardiovascular pelo Teste Ergométrico: 1) Quando deve ser suspensa

Leia mais

Atualização Rápida CardioAula 2019

Atualização Rápida CardioAula 2019 CRONOGRAMA Atualização Rápida CardioAula 2019 ABRIL A SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 25 SEMANAS ENVIO DA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) ENVIO DA APOSTILA VOLUME 02 (HAS E DISLIPIDEMIAS) ENVIO

Leia mais

!"#$%&&'()'%*+ Pedro Pires Epifânio

!#$%&&'()'%*+ Pedro Pires Epifânio !"#$%&&'()'%*+ Pedro Pires Epifânio $"!" %" 1. NS 2. Aurículas 3. NAV 4. Ventrículos #" * Canalopatias ,*+ RS normal Taqui Sinusal ECG normal + taqui Bradi Sinusal ECG normal + bradi Arritmia Sinusal

Leia mais

Carlos Alberto Pastore Nelson Samesima Rafael Munerato. 4ª edição

Carlos Alberto Pastore Nelson Samesima Rafael Munerato. 4ª edição Carlos Alberto Pastore Nelson Samesima Rafael Munerato 4ª edição AUTORES Nelson Samesima Eletrofisiologista. Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP. Médico-Assistente do Serviço de Eletrocardiologia

Leia mais

PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS TAQUICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia

PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS TAQUICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS TAQUICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia Versão 2017 2 Objetivos Sistematização, de maneira objetiva,

Leia mais

Coração Vasos sanguíneos: artérias veias capilares Sangue: plasma elementos figurados: Hemácias Leucócitos plaquetas

Coração Vasos sanguíneos: artérias veias capilares Sangue: plasma elementos figurados: Hemácias Leucócitos plaquetas Coração Vasos sanguíneos: artérias veias capilares Sangue: plasma elementos figurados: Hemácias Leucócitos plaquetas Localização Localizado no tórax na região do mediastino limitado pelos pulmões nas laterais

Leia mais

Bradiarritimias. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico: Diagnóstico:

Bradiarritimias. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico: Diagnóstico: Bradiarritimias Autores e Afiliação: José Belúcio Neto. Médico residente em Clínica Médica HCFMRP-USP; Maria Lícia Ribeiro Cury Pavão. Médica assistente da UE- HCFMRP- USP; Carlos Henrique Miranda. Médico

Leia mais

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Prof. Adélia Dalva

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Prof. Adélia Dalva URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Prof. Adélia Dalva 1. O tratamento emergencial da hipovolemia grave, em uma unidade de pronto atendimento, causada por choque hemorrágico, compreende as seguintes condutas terapêuticas,

Leia mais

Diagnóstico e tratamento das arritmias em crianças e pacientes e com Cardiopatia Congênita. Dr. Bráulio Pinna

Diagnóstico e tratamento das arritmias em crianças e pacientes e com Cardiopatia Congênita. Dr. Bráulio Pinna Diagnóstico e tratamento das arritmias em crianças e pacientes e com Cardiopatia Congênita Taquicardias Dr. Bráulio Pinna Declaro que não tenho conflitos de interesse Classificação de arritmias Taquicardia

Leia mais

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO. ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO. ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS ENVIO DA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) Semiologia - Aula 10 - Sopros Especiais /

Leia mais

julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS

julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS ENVIO DA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) ENVIO DA APOSTILA VOLUME 02 (HAS E DISLIPIDEMIAS) Semiologia - Aula 1 - Introdução

Leia mais

PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS BRADICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia

PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS BRADICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS BRADICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia Versão 2017 2 Objetivos Sistematização, de maneira objetiva,

Leia mais

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda Avaliação pré participação em exercícios Prof. Dra. Bruna Oneda Fatores de risco cardiovascular NÃO MODIFICÁVEIS IDADE GÊNERO HEREDITARIEDADE RAÇA MODIFICÁVEIS COLESTEROL DIABETES HIPERTENSÃO OBESIDADE

Leia mais

SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA

SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) Aula Inaugural CardioAula 2018 e apresentação dos Professores! Como assistir suas aulas e provas no seu PC ou Notebook Semiologia -

Leia mais

Ergonomia Fisiologia do Trabalho. Fisiologia do Trabalho. Coração. Módulo: Fisiologia do trabalho. Sistema circulatório > 03 componentes

Ergonomia Fisiologia do Trabalho. Fisiologia do Trabalho. Coração. Módulo: Fisiologia do trabalho. Sistema circulatório > 03 componentes Bioenergética Ergonomia 2007 Módulo: Fisiologia do trabalho Aspectos cardiovasculares Medidas do custo energético do trabalho pelo consumo de O2 Correlação VO2 x FC Estimativa da carga de trabalho com

Leia mais

SCA Estratificação de Risco Teste de exercício

SCA Estratificação de Risco Teste de exercício SCA Estratificação de Risco Teste de exercício Bernard R Chaitman MD Professor de Medicina Diretor de Pesquisa Cardiovascular St Louis University School of Medicine Estratificação Não-Invasiva de Risco

Leia mais

ELECTROFISIOLOGIA CARDÍACA

ELECTROFISIOLOGIA CARDÍACA ELECTROFISIOLOGIA CARDÍACA Mário Gomes Marques Instituto de Fisiologia da F.M.L. PROPRIEDADES DO CORAÇÃO Excitabilidade ou Batmotropismo (bathmos = limiar) Automatismo ou Cronotropismo (cronos = tempo)

Leia mais

22 de Junho de :00-10:30 AUDITÓRIO 6 AUDITÓRIO 7

22 de Junho de :00-10:30 AUDITÓRIO 6 AUDITÓRIO 7 22 de Junho de 2019 SE9 - CUIDADOS PALIATIVOS 09:00-10:30 AUDITÓRIO 6 CUIDADOS PALIATIVOS EM CARDIOLOGIA Cuidados Paliativos no século XXI: evidências e desafios Cardiopata crônico: a parceria com paliativistas

Leia mais

JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO

JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO 22/01 Aula Inaugural CardioAula 2018 e apresentação dos Professores! Como assistir suas aulas

Leia mais

TAQUICARDIAS DE QRS LARGO

TAQUICARDIAS DE QRS LARGO Página: 1 de 9 1. Diagnóstico - Arritmias com frequência 100 bpm e QRS com duração >120 ms. - O correto diagnóstico pode ser estabelecido com o eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações em 90% dos casos,

Leia mais

QUINTA FEIRA MANHÃ 23º CONGRESSO NACIONAL DO DERC RIO DE JANEIRO, 1 A 3 DE DEZEMBRO DE 2016 PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA

QUINTA FEIRA MANHÃ 23º CONGRESSO NACIONAL DO DERC RIO DE JANEIRO, 1 A 3 DE DEZEMBRO DE 2016 PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA 23º CONGRESSO NACIONAL DO DERC RIO DE JANEIRO, 1 A 3 DE DEZEMBRO DE 2016 SALA I CURSO Avaliando e prescrevendo exercício na Insuficiência Cardíaca PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA MANHÃ Aspectos diferencias

Leia mais

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda Avaliação pré participação em exercícios Prof. Dra. Bruna Oneda Fatores de risco cardiovascular NÃO MODIFICÁVEIS IDADE GÊNERO HEREDITARIEDADE RAÇA MODIFICÁVEIS COLESTEROL DIABETES HIPERTENSÃO OBESIDADE

Leia mais

Prova de Esforço. Ana Mota

Prova de Esforço. Ana Mota Prova de Esforço Ana Mota INTRODUÇÃO O exercício físico é umas das situações de stress ao qual o ser humano pode ser exposto. A prova de esforço em crianças e adolescentes difere em alguns aspetos das

Leia mais

Serve como um valioso instrumento para o diagnóstico de várias patologias cardíacas e distúrbios hidroeletrolítico.

Serve como um valioso instrumento para o diagnóstico de várias patologias cardíacas e distúrbios hidroeletrolítico. ECG ECG É o registro dos fenômenos elétricos do coração registrado por um aparelho chamado eletrocardiográfo. Impulso elétrico passa pelo coração onde e se propaga para tecidos adjacentes que circundam

Leia mais

RESIDÊNCIA MÉDICA 2016

RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 Recursos de estudo na Área do Aluno Site SJT Educação Médica Aula À La Carte Simulados Presenciais e on-line Cursos Extras Antibioticoterapia Prático SJT Diagnóstico por imagem Eletrocardiografia Revisão

Leia mais

Interpretação do eletrocardiograma. Prof.: Aguinaldo Alves Deão

Interpretação do eletrocardiograma. Prof.: Aguinaldo Alves Deão Interpretação do eletrocardiograma Prof.: Aguinaldo Alves Deão Interpretação do eletrocardiograma Sumário 1. Revisão anatomofisiológica do coração. 2. Sistema de condução elétrica do coração. 3. A formação

Leia mais

Emergência Intra-Hospitalar II. Prof Enfermeiro Diogo Jacintho

Emergência Intra-Hospitalar II. Prof Enfermeiro Diogo Jacintho Emergência Intra-Hospitalar II Prof Enfermeiro Diogo Jacintho O Eletrocardiograma ou ECG é o registro gráfico da atividade elétrica do coração em um aparelho chamado eletrocardiográfico. O Ciclo Cardíaco

Leia mais

CRONOGRAMA PRÉVIO CARDIOAULA TEC 2019 EXTENSIVO. JANEIRO A SETEMBRO. PROVA: SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 35 SEMANAS

CRONOGRAMA PRÉVIO CARDIOAULA TEC 2019 EXTENSIVO. JANEIRO A SETEMBRO. PROVA: SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 35 SEMANAS CRONOGRAMA PRÉVIO CARDIOAULA TEC 2019 EXTENSIVO JANEIRO A SETEMBRO. PROVA: SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 35 SEMANAS ENVIO DA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) 28/01 Aula inaugural CardioAula

Leia mais

Aspectos físicos do envelhecimento. Profa. Dra. Bruna Oneda

Aspectos físicos do envelhecimento. Profa. Dra. Bruna Oneda Aspectos físicos do envelhecimento Profa. Dra. Bruna Oneda Controle autonômico do coração Sistema cardiovascular Aumento da massa cardíaca na ordem de 1g a 1,5g ao ano Aumento da espessura do ventrículo

Leia mais

Biofísica da circulação. Hemodinâmica cardíaca

Biofísica da circulação. Hemodinâmica cardíaca Biofísica da circulação Hemodinâmica cardíaca Forças e mecanismos físicos relacionados à circulação sanguínea Biofísica 2018 / Ciências Biológicas / FCAV UNESP Sistema circulatório 1) Sistema cardiovascular

Leia mais

Ciclo cardíaco e anatomia dos vasos sanguíneos

Ciclo cardíaco e anatomia dos vasos sanguíneos Ciclo cardíaco e anatomia dos vasos sanguíneos CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS NERVOSO E CARDIORRESPIRATÓ RIO Profa. MSc. Ângela C. Ito CICLO CARDÍACO Ciclo cardíaco: definido como o início de um

Leia mais

Ciclo cardíaco. 1. Estrutura e Fisiologia Geral do Coração

Ciclo cardíaco. 1. Estrutura e Fisiologia Geral do Coração Ciclo cardíaco. Ciclo cardíaco é a sequência de factos que acontecem a cada batimento cardíaco. Para melhor entender o ciclo cardíaco é preciso primeiro conhecer a estrutura anatómica e funcional do coração.

Leia mais

Cardiodesfibrilador implantável Terapia de ressincronização cardíaca Marcapasso

Cardiodesfibrilador implantável Terapia de ressincronização cardíaca Marcapasso Cardiodesfibrilador implantável Terapia de ressincronização cardíaca Marcapasso Camila Stasiak e Amanda Gomes Fonseca Prof Dr. Mario Augusto Cray da Costa Cardiodesfibrilador implantável Indicações! Secundária:

Leia mais

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA 01/12/2016

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA 01/12/2016 PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA 01/12/2016 SALA 1 08h30 10h00: 08h30 09h00 09h00 09h30 09h30 10h00 CURSO - Avaliando e Prescrevendo Exercício na Insuficiência Cardíaca Aspectos diferencias do exercício

Leia mais

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS ENVIO DA APOSTILA VOLUME 01 (SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA) 09/04 Aula Inaugural CardioAula 2018 e apresentação dos

Leia mais

INTERPRETAÇÃO DE ECG LUCAS SILVEIRA DO NASCIMENTO

INTERPRETAÇÃO DE ECG LUCAS SILVEIRA DO NASCIMENTO INTERPRETAÇÃO DE ECG LUCAS SILVEIRA DO NASCIMENTO ANAMNESE + EXAME FÍSICO Paciente masculino de 50 anos com queixa de palpitações taquicárdicas há 2 anos, com frequência aproximada de 1 episódio semanal

Leia mais

SISTEMA CARDIOVASCULAR

SISTEMA CARDIOVASCULAR SISTEMA CARDIOVASCULAR O CORAÇÃO COMO BOMBA: ESTRUTURA E FUNÇÃO Anatomia Cardíaca Bomba Cardíaca: Função Ventricular e Ciclo Cardíaco Débito Cardíaco e seus Componentes FC: Regulação Intrínseca e Extrínseca

Leia mais

BENEFIT e CHAGASICS TRIAL

BENEFIT e CHAGASICS TRIAL BENEFIT e CHAGASICS TRIAL Estudos Clínicos em Chagas Patricia Rueda Doença de Chagas Terceira doença parasitária mais comum do mundo (Malária e Esquistossomose) Cardiopatia chagásica é a forma mais comum

Leia mais

Programação Científica do Congresso 10 de setembro, quarta-feira

Programação Científica do Congresso 10 de setembro, quarta-feira 08:30-09:15h COMO EU FAÇO Auditório 10(114) (5995) Abordagem do paciente com insuficiência cardíaca descompensada 08:30-08:45h Uso racional dos diuréticos, vasodilatadores e beta-bloqueadores 08:45-09:00h

Leia mais

Índice Remissivo do Volume 31 - Por assunto

Índice Remissivo do Volume 31 - Por assunto Palavra-chave A Ablação por Cateter Acidentes por Quedas Acreditação/ ecocardiografia Nome e página do artigo Mensagem do Presidente, 1 Mensagem da Editora, 3, 82 Amilóide Amiloidose de Cadeia Leve de

Leia mais

Carlos Alberto Pastore Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP. Diretor de Serviços Médicos do Incor-HC-FMUSP.

Carlos Alberto Pastore Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP. Diretor de Serviços Médicos do Incor-HC-FMUSP. AUTORES Nelson Samesima Eletrofisiologista. Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP. Médico Supervisor do Serviço de Eletrocardiologia do Incor-HC- -FMUSP. Carlos Alberto Pastore Livre-docente

Leia mais

ENFERMAGEM FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM. SINAIS VITAIS Aula 11. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM. SINAIS VITAIS Aula 11. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM Aula 11 Profª. Tatiane da Silva Campos BRADICARDIA SINUSAL: Freqüências inferiores a 60bpm com presença da onda P numa relação 1:1 com complexos QRS.

Leia mais

Redução da PA (8 a 10 mmhg da PA sistólica e diastólica) Aumento do tonus venoso periférico volume plasmático

Redução da PA (8 a 10 mmhg da PA sistólica e diastólica) Aumento do tonus venoso periférico volume plasmático Notícias do LV Congresso SBC On Line Como prescrever exercício na insuficiência cardíaca Até os anos 60-70, recomendava-se repouso de três semanas aos pacientes que se recuperavam de IAM, baseando-se no

Leia mais

Fibrilação Atrial. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico: Diagnóstico: Exames Complementares:

Fibrilação Atrial. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico: Diagnóstico: Exames Complementares: Fibrilação Atrial Autores e Afiliação: José Fernandes Neto, Henrique Turin Moreira, Carlos Henrique Miranda; Divisão de Emergência Clínicas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Área: Unidade de

Leia mais

Sistema Cardiovascular. Dra. Christie Ramos Andrade Leite-Panissi

Sistema Cardiovascular. Dra. Christie Ramos Andrade Leite-Panissi Sistema Cardiovascular Dra. Christie Ramos Andrade Leite-Panissi Visão geral do sistema cardiovascular CONTRATILIDADE CARDÍACA REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL v Átrios. v Ventrículos. v Válvulas. v Mecanismo

Leia mais

Arritmias não dependentes de doença estrutural. Rogério Andalaft

Arritmias não dependentes de doença estrutural. Rogério Andalaft Arritmias não dependentes de doença estrutural Rogério Andalaft Arritmias e Morte Súbita Arritmias e Morte Súbita As doenças eletrogenéticas Síndromes eletrogenéticas Brugada QT longo TV catecolaminérgica

Leia mais

Programa de Aperfeiçoamento em Eletrofisiologia Invasiva e em Estimulação Cardíaca Artificial do Instituto Nacional de Cardiologia

Programa de Aperfeiçoamento em Eletrofisiologia Invasiva e em Estimulação Cardíaca Artificial do Instituto Nacional de Cardiologia SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO A SAÚDE INSTITUTO NACIONAL DE CARDIOLOGIA SERVIÇO DE ARRITMIA E ELETROFISIOLOGIA CLÍNICA Programa de Aperfeiçoamento em Eletrofisiologia

Leia mais

Taquiarritmias na Sala de Urgência

Taquiarritmias na Sala de Urgência Taquiarritmias na Sala de Urgência Autores e Afiliação: João Reynaldo Abbud Chierice. Médico residente da divisão de Cardiologia do Departamento de Clínica Médica - FMRP - USP; Maria Lícia Ribeiro Cury

Leia mais

DIRETIVAS. (Texto relevante para efeitos do EEE)

DIRETIVAS. (Texto relevante para efeitos do EEE) 8.7.2016 L 183/59 DIRETIVAS DIRETIVA (UE) 2016/1106 DA COMISSÃO de 7 de julho de 2016 que altera a Diretiva 2006/126/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa à carta de condução (Texto relevante

Leia mais

Biofísica da circulação. Hemodinâmica cardíaca

Biofísica da circulação. Hemodinâmica cardíaca Biofísica da circulação Hemodinâmica cardíaca Forças e mecanismos físicos relacionados à circulação sanguínea Biofísica Medicina Veterinária FCAV/UNESP/Jaboticabal Sistema circulatório 1) Sistema cardiovascular

Leia mais

Respostas cardiovasculares ao esforço físico

Respostas cardiovasculares ao esforço físico Respostas cardiovasculares ao esforço físico Prof. Gabriel Dias Rodrigues Doutorando em Fisiologia UFF Laboratório de Fisiologia do Exercício Experimental e Aplicada Objetivos da aula 1. Fornecer uma visão

Leia mais

OBS: o sangue (tecido sanguíneo) é o líquido impulsionado por este sistema.

OBS: o sangue (tecido sanguíneo) é o líquido impulsionado por este sistema. Coração ( bomba ); Vasos sanguíneos ( tubos ); OBS: o sangue (tecido sanguíneo) é o líquido impulsionado por este sistema. Transporte de substâncias (O 2, CO 2, nutrientes, hormônios, metabólitos, etc.);

Leia mais

PROGRAMAÇÃO DE ESTÁGIO CARDIOLOGIA

PROGRAMAÇÃO DE ESTÁGIO CARDIOLOGIA PROGRAMAÇÃO DE ESTÁGIO CARDIOLOGIA 2019 Estágio em Cardiologia Reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia Essa programação objetiva promover os conhecimentos necessários ao primeiro ano de Estágio

Leia mais

Apresentação. Ou seja, um livro preparado não só para quem quer ser bem-sucedido em processos seletivos, mas também na carreira médica. Bom estudo!

Apresentação. Ou seja, um livro preparado não só para quem quer ser bem-sucedido em processos seletivos, mas também na carreira médica. Bom estudo! Apresentação Mesmo depois da faculdade, o estudante de Medicina que segue em busca de especializações e atualizações constantes costuma encontrar dificuldades, notadamente a concorrência acirrada no ingresso

Leia mais

Atlas de Eletrocardiograma

Atlas de Eletrocardiograma Ary L. Goldberger Os eletrocardiogramas (ECG) neste atlas suplementam aqueles ilustrados no Cap. 228. As interpretações buscam enfatizar os achados específicos que tenham valor pedagógico. Todas as figuras

Leia mais

XV. Aberrância de Condução IV

XV. Aberrância de Condução IV XV. Aberrância de Condução IV ABERRÂNCIA DE CONDUÇÃO IV Estocolmo 2010. Final de Agosto. Congresso Europeu de Cardiologia. Encontro com vários amigos. Uns me dizem: Você emagreceu!...outros: Tá mais gordo...saúde.

Leia mais

PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO CORAÇÃO

PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO CORAÇÃO Universidade Federal do Rio Grande Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas Fisiologia Animal Comparada PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO CORAÇÃO O sistema circulatório-sanguíneo

Leia mais

O Processo de Enfermagem aplicado ao Sistema Cardiovascular

O Processo de Enfermagem aplicado ao Sistema Cardiovascular Curso preparatório para Concursos - ENFERMEIRO - 2012 O Processo de Enfermagem aplicado ao Sistema Cardiovascular Prof. Fernando Ramos - Msc 1 Eletrofisiologia e Eletrocardiografia cardíaca O Eletrocardiograma

Leia mais