Identificando entraves na articulação dos Serviços de Atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar em cinco capitais*
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- Manoel Canário Castel-Branco
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1 Identificando entraves na articulação dos Serviços de Atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar em cinco capitais* * Este material foi produzido para uso exclusivo do Estudo de Caso. Pede-se não citar ou usar como referência sem a prévia autorização da autora.
2 Realização Observe Observatório de Monitoramento de Aplicação da Lei Maria da Penha Colaboração Coletivo Feminino Plural Porto Alegre/RS Financiamento UNIFEM Escritório Regional para Brasil e Cone Sul Prazo de execução: 8 meses 1
3 Coordenação do Projeto Wânia Pasinato Coordenação do Observe Márcia Gomes Cecília Sademberg 2
4 Objetivos Aprofundar o conhecimento sobre a aplicação da Lei Maria da Penha em cinco capitais: Belém, Distrito Federal, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador Identificar em cada localidade os entraves que existem para a articulação da rede de serviços de atendimento a mulheres em situação de violência doméstica e familiar Contribuir com subsídios para o monitoramento da aplicação da Lei Maria da Penha nas 27 capitais brasileiras 3
5 A Lei : propostas, avanços e recuos lei federal; sancionada em 7 de agosto, entrou em vigor em 22 de setembro Proposta Enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres em três eixos de atuação: Punição Proteção e assistência Prevenção e educação Recuos Discurso punitivo: inquéritos policiais Retirada do direito de representação Avanços Definição de violência doméstica e familiar contra a mulher como uma das formas de violação de direitos humanos (art. 6º) Conceituação de violência doméstica e familiar (art. 7º) Medidas de prevenção, proteção e assistência = VCM não pode ser tratada apenas como problema de justiça criminal 4
6 Eixo: Punição Retira dos Juizados Especiais Criminais (9099/95) a competência para julgar os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher Não retira da Lei 9099/95 a competência para o julgamento das Contravenções Penais Retomada do Inquérito Policial Prisão em flagrante delito Decretação da Prisão Preventiva Retira a possibilidade de representação criminal nos casos de lesão corporal dolosa Determina que a mulher só pode renunciar à denúncia em audiência perante o juiz (artigo 16) Proibe a aplicação de pena pecuniária (multa ou cesta básica) Penas variam de 3 meses a 3 anos de detenção 5
7 Eixo da proteção... Medidas protetivas que obrigam o agressor Restrição de direitos Medidas protetivas de urgência para a mulher Proteção e segurança da mulher, seus filhos e familiares; proteção de patrimônio e proteção dos direitos em relação aos filhos Veda a entrega de intimação pela mulher ao agressor Mulher deve ser notificada dos atos processuais, especialmente aqueles relativos a prisão do agressor A mulher deve estar acompanhada de advogados ou defensores públicos em todos os atos processuais 6
8 ...medidas de assistência Título III Da assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar capítulo II, artigo 9º Prestada de forma articulada conforme os princípios da Lei Orgânica da Assistência Social, Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Segurança Pública, além de outras normas e políticas de proteção 1º inclusão em programas assistenciais dos governos federal, estadual e municipal 2º, I - acesso prioritário para remoção quando servidora pública II manutenção de vinculo trabalhista por 6 meses 3º acesso a contracepção de emergência, profilaxia de DST/AIDS e outros procedimentos médicos cabíveis em caso de violência sexual 7
9 Eixo da prevenção e educação Política pública de ações articulada entre União, Estados, Municípios, Distrito Federal e ações não-governamentais Integração operacional entre o Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Segurança Pública, Saúde, Assistência Social, Educação, Trabalho e Habitação Promoção de estudos e pesquisas Atuação dos meios de comunicação Capacitação permanente das policias, operadores do direito e profissionais dos serviços especializados Programas educacionais e mudança nos curriculos escolares para incluir temas relativos a direitos humanos, equidade de gênero, raça, etnia e violência doméstica e familiar Campanhas educativas 8
10 Relevância de estudar a rede na aplicação da Lei Maria da Penha A Lei Maria da Penha propõe a abordagem integral para o enfrentamento à violência contra as mulheres Enfrentamento entendido como medidas de punição, proteção e assistência e prevenção da violência Abordagem integral pressupõe o equilíbrio na aplicação das medidas previstas na Lei Maria da Penha Políticas intersetoriais e que sejam orientadas pela transversalidade de gênero, ou seja, tragam na sua concepção o reconhecimento de que as políticas públicas produzem impactos diferentes sobre a vida de homens e mulheres. Sejam orientadas para o empoderamento das mulheres como sujeitos de direitos, rompendo com a lógica assistencialista e da tutela Para o enfrentamento da violência: reconhecimento da especificidades na violência que é praticada contra as mulheres, em especial aquela que ocorre em ambiente 9 doméstico e nas relações familiares
11 A Lei pegou!... Pesquisas de opinião mostram o conhecimento sobre a Lei e o reconhecimento de sua importância para o enfrentamento da violência contra as mulheres O movimento de mulheres nas delegacias da mulher pedindo orientação, informações e buscando o registro de ocorrências A presença da lei na mídia A demanda que é encaminhada para a Central 180 da SPM... São exemplos do sucesso e do impacto que esta legislação teve no contexto jurídico e social brasileiro 10
12 ...mas a luta continua Dificuldades com a atuação policial na aplicação da Lei Maria da Penha Volume de inquéritos que se arrastam Problemas na aplicação das medidas protetivas Resistência do Judiciário e aplicação de decisões polêmicas Volume de processos Poucas decisões judiciais Problemas com a aplicação das medidas protetivas Inexistência de juizados de violência doméstica Inexistência da Rede de Serviços de atenção a mulheres 11
13 Rede de serviços especializados Até os anos 1990 esta política de governo estava resumida a DEAMS e Casas Abrigo A partir de 2003, com a SPM, tem início uma série de discussões em torno das políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Política Nacional, Conferências e Planos Nacionais de Políticas para Mulheres consolidam a discussão de que o enfrentamento da violência contra a mulher tem que ser feito a partir de intervenções intersetoriais = abordagem integral Constituição das redes de serviços especializados de atenção a mulheres em situação de violência 12
14 Rede de Atendimento o conceito de Rede de atendimento refere-se à atuação articulada entre as instituições/serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, visando à ampliação e melhoria da qualidade do atendimento. A constituição da rede de atendimento busca dar conta da complexidade da violência contra as mulheres e do caráter multidimensional do problema, que perpassa diversas áreas, tais como: a saúde, a educação, a segurança pública, a assistência social, cultura, entre outros, coordenado pelos organismos de políticas para as mulheres. 13
15 Rede de Atendimento: dificuldades Inexistência de serviços especializados Poucos serviços Serviços desaparelhados, pessoal sem capacitação Redes de pessoas Falta de institucionalização Invisibilidade dos serviços Reprodução de atendimento multidisciplinar Inexistência de um fluxo organizado de pessoas e documentos entre os serviços Dificuldade em colocar o foco nas mulheres 14
16 Estudo de caso Metodologia qualitativa que permitirá conhecer os serviços que atendem mulheres em situação de violência doméstica e familiar e, em particular, os obstáculos que existem para a articulação entre DEAM, Juizado e os serviços Identificar as soluções propostas por operadores do Direito e profissionais para aplicação da lei 15
17 Estudo de caso: objetivos específicos Conhecer fluxos de registro de ocorrência nas DEAMS, identificar os entraves para este fluxo e as soluções apresentadas Conhecer fluxos de pessoas e documentos entre DEAMS e Juizados, identificar os entraves para o atendimento e soluções apresentadas Identificar os serviços que formam a rede de atendimento especializado e não especializado no atendimento de mulheres em situação de violência Conhecer os fluxos internos e externos de encaminhamento de pessoas e documentos entre os serviços, incluindo a DEAM e o Juizado Possibilitar a consolidação de um corpus de conhecimento que contribua para o monitoramento da Lei Maria da Penha em outros estados Difundir as lições aprendidas através de uma publicação 16
18 Metodologia Técnica de pesquisa qualitativa que combina diversos procedimentos de pesquisa: Observação do atendimento nos serviços Observação do funcionamento das DEAMS e Juizados Entrevistas com operadores do direito, policiais, profissionais e gestores dos serviços Análise de documentos (processos judiciais) Coleta de dados estatísticos 17
19 Pesquisa Entrevistas com roteiros semi-estruturados Visita aos serviços Observação do atendimento na DEAM e de audiências no Juizado Coleta de dados estatísticos e documentos Coleta de decisões judiciais Material utilizado para treinamento Material utilizado para campanhas e de divulgação dos serviços e sobre direitos das mulheres 18
20 Rede observada Núcleo básico da pesquisa DEAMS Juizados/Vara Especializada Equipe Multidisciplinar Defensoria Pública: Núcleo de Defesa da Mulher; Ministério Público: Promotoria Especial de VDFCM Centros de Referência de atendimento a mulher Casa Abrigo Serviços de saúde Organismos estaduais de políticas para mulheres Outros serviços relevantes no contexto observado 19
21 Rede de Serviços no Rio de Janeiro 3 DEAMS (Delegacia Legal): Centro, Campo Grande e Jacarepaguá Juizados de Violência Doméstica e Familiar: Centro, Campo Grande e Jacarepaguá 1 coordenadoria das DEAMS 3 centros de referência (estadual, municipal e UFRJ) 1 Casa abrigo (municipal) Núcleo de Defensoria da Mulher NUDEM/Defensoria Pública Superintendência de Políticas para Mulheres Fórum Permanente de Violência Doméstica e Familiar Coordenadoria do Judiciário para aplicação da Lei /2006 Coordenadoria do Ministério Público para a Lei /2006 Serviços de saúde: Hospital Pedro II ONGS que trabalham com grupos de reflexão para agressores 20
22 Rede de Serviços em Belém 1 DEAM 2 Juizados de violência doméstica e familiar Centro de referência Maria do Pará Casa abrigo Promotoria especial de violência doméstica e familiar Coordenadoria estadual de políticas para mulheres Centro de Educação e de reabilitação para os agressores 21
23 Rede em Salvador 2 DEAMS 1 Vara de Violência Doméstica e Familiar Equipe Multidisciplinar Núcleo da Defensoria Pública Casa abrigo Centro de referência Organismo estadual de políticas para mulheres Secretaria Políticas para Mulheres 22
24 Rede em Porto Alegre 1 DEAM 1 Juizado de Violência Doméstica e Familiar Equipe Multidisciplinar (não exclusivo) Promotoria Especializada Núcleo da Defensoria Pública Centro de Referência Casa Abrigo Coordenadoria Estadual de Políticas para Mulheres Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulheres 23
25 Rede no Distrito Federal 1 DEAM 4 Varas Especializadas em Violência Doméstica e Familiar Casa Abrigo Centro de referência Serviço de Saúde Coordenadoria de Políticas para Mulheres UCB grupos de reflexão com agressores NEPAV cursos de capacitação 24
26 Sistematização do material coletado Todas as entrevistas serão transcritas integralmente, mantendo-se o formato original Dados de observação do atendimento nas delegacias e das audiências serão digitados em documento word, em formato de diário (data e local da observação) Leitura dos processos será orientada por um roteiro de leitura Todo material será sistematizado e enviado para a coordenação do projeto, incluindo as gravações (mídia digital), dados estatísticos e materiais de campanha e divulgação 25
SUMÁRIO 2. COMENTÁRIOS À LEI /2006 ARTIGO POR ARTIGO LEI , DE 7 DE AGOSTO DE 2006
1. INTRODUÇÃO... 23 1.1 Lei Maria da Penha: o porquê dessa denominação... 23 1.2 Trâmite perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos... 25 1.3 Situação atual... 27 2. COMENTÁRIOS À LEI 11.340/2006
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