Déficits, gastos do governo e a não-estabilidade da carga tributária no caso do estado do rio grande do sul*
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- Maria Antonieta Figueiroa Bonilha
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1 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do esado do ro grande do sul* Lderau dos Sanos Marques Junor Resumo A hpóese de esablzação da carga rbuára (ax-smoohng hypohess) mplca: ) a carga rbuára óma segue um passeo aleaóro puro; 2) um superáv orçamenáro gual ao valor presene esperado de varações nos gasos do governo. No presene argo, são realzados eses de passeo aleaóro da carga rbuára para o período e usa-se um modelo de veores auo-regressvos para o período no caso das fnanças públcas do Esado do Ro Grande do Sul. Os eses rejeam a hpóese de esablzação da carga rbuára para o caso em esudo em ambos os períodos. Iso é, as evdêncas ndcam que o governo esadual não se comporou como um ax-smooher. Palavras-chave: ax-smoohng hypohess, veores auo-regressvos, Ro Grande do Sul. Absrac The ax-smoohng hypohess mples ha: ) he opmal ax rae follows a pure random walk; 2) a budge surplus equal o he expeced presen value of changes n governmen expendures. In hs paper random walk ess of ax rae are performed for he perod and use a vecor auoregresson model o he perod n he case of he sae of Ro Grande do Sul publc fnances. The ess rejec he ax-smoohng hypohess for he case n sudy for boh perods. Tha s, he evdences show ha he sae governmen has no behaved as ax-smooher. Key words: ax-smoohng hypohess, vecor auoregresson, Ro Grande do Sul. JEL classfcaon: H3, H39. * O auor agradece os valosos comenáros e observações de um parecersa anônmo. Douor em Economa pelo PPGE-UFRGS. Professor pesqusador na Unversdade de Passo Fundo (UPF). Endereço para conao: Endereço de conao: R. 24 de mao, 89/308. CEP Poro Alegre, RS. E-mal: lderau@homal.com. Recebdo em agoso de Aprovado em feverero de Econ. aplc., São Paulo, v., n., p. 3-5, JANEIRO-MARÇO 2007
2 32 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Inrodução A eora de Barro (979) sobre como os governos admnsram a políca fscal pode ser assm resumda: dado que o governo vsa mnmzar os cusos de dsorção envolvdos na arrecadação de mposos esses cusos ncluem ransferênca de recursos dos ndvíduos para o governo e cusos de colea de mposos, a dívda públca é usada para ornar regular a carga rbuára ao longo do empo; assm, se os gasos do governo se elevam, por uma razão qualquer, durane deermnado período de empo, ao nvés de se aumenar os mposos, o governo se fnanca por meo da emssão de íulos públcos; passado o período de gasos elevados, os gasos volam aos níves normas e, manda a carga rbuára, são produzdos superávs orçamenáros, o que possbla o resgae da dívda públca gerada anerormene. Por ouro lado, quando o produo é ransoramene elevado, a recea rbuára fca acma do normal, gerando superáv orçamenáro, que é ulzado para reduzr o endvdameno públco. Os rabalhos que buscam esar a hpóese de esablzação da carga rbuára podem ser dvddos em duas lnhas. A prmera lnha adoa como esraéga o ese de passeo aleaóro, pos, num conexo esocásco, uma mplcação da referda hpóese é de que a carga rbuára óma segue um passeo aleaóro. Roubn e Sachs (989) adoam esa lnha ao rabalharem com uma amosra de 5 países da OECD. A segunda lnha ulza-se de um modelo de veores auo-regressvos, VAR. Três argos seguem esa lnha: Huang e Ln (993) esudam o caso dos Esados Undos, Ghosh (995) esa a hpóese para os casos do Canadá e Esados Undos e Rocha (200) analsa o caso do Brasl. Ghosh (995), em parcular, em como foco a rajeóra óma do superáv orçamenáro, não a rajeóra observada da carga rbuára. A hpóese de esablzação da carga rbuára mplca um superáv orçamenáro gual ao valor presene esperado de varações nos gasos do governo. Por exemplo, se o governo espera um aumeno de gasos em algum pono no fuuro, os mposos devem ser elevados medaamene a fm de mnmzar os cusos de dsorção provocados pela elevação de mposos quando de fao os gasos se elevarem. O objevo do presene argo é o de esar a hpóese de esablzação da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul ulzando-se de duas meodologas: o ese de passeo aleaóro da carga rbuára é realzado usando-se uma sére enre 970 e 2002, enquano o méodo VAR é empregado para o período de 970 a 997. Os eses rejeam a hpóese de esabldade da carga rbuára para ambos os períodos analsados. Em ouras palavras, no caso em esudo, as evdêncas sugerem que o governo esadual não se comporou como um ax-smooher, ou seja, o governo não raou de mnmzar os cusos assocados à rbuação. O argo esá assm organzado: na segunda seção, apresenam-se a hpóese de esablzação da carga rbuára, as mplcações a serem esadas e o ese proposo por Ghosh (995); na ercera seção, são apresenados os dados e os resulados empírcos; na quara seção, ecem-se as consderações fnas. 2 O Modelo de Esablzação da Carga Trbuára Em Barro (979, 980, 984 e 989a) em-se um mundo onde os mposos geram dsorções; porano, os défcs públcos são mporanes porque aleram o mng dos mposos (por consegune, afeam os ncenvos que as pessoas êm para rabalhar e produzr em dferenes períodos) e A análse eórca a segur em como fones Ghosh (995) e Rocha (200). Consdera-se a carga rbuára como snônmo de alíquoa méda (ou, smplesmene, alíquoa de um mposo). Em fnanças públcas, a alíquoa méda é a relação enre o débo rbuáro e a base de cálculo.
3 Lderau dos Sanos Marques Jr. 33 podem ser usados para maner a carga rbuára consane ao longo do empo, apesar de fluuações ano nos gasos como na recea do governo. Tal regulardade da carga rbuára mplca défcs públcos, quando os gasos do governo são nusadamene elevados, e superávs, quando os gasos são anormalmene baxos. Consderando-se uma economa fechada e na qual um governo compra a quandade G de bens dos produores prvados, os gasos do governo são usados na ofera de um fluxo de servços públcos para as famílas e frmas. O governo fnanca essas compras por meo de duas fones: arrecadação rbuára correne e emssão de dívda públca. A arrecadação rbuára em cada período é denoada por T e a renda real agregada (PIB real), por Y. Os mposos que o governo arrecada geram dsorções, ou seja, não são lump sum um exemplo dese po de rbuo é o mposo de renda. O esoque de dívda públca ao fnal do período é denoado por B. A maurdade da dívda públca é de um período e os valores dos íulos emdos são a par. Tano G como Y são raadas como varáves exógenas. Valores fuuros de G e de ouras varáves exógenas são conhecdos com cereza. Nessa economa, os défcs públcos são usados para ornar regular a carga rbuára ao longo do empo. Assm, se os gasos do governo se elevam por uma razão qualquer durane deermnado período de empo, ao nvés de se aumenar os mposos, são gerados défcs públcos fnancados por meo de dívda públca; passado o período de gasos elevados, os gasos volam aos níves normas e, manda a carga rbuára, produzem-se superávs orçamenáros. 2 Esa políca vsa mnmzar os cusos de dsorção envolvdos na arrecadação de mposos, os quas ncluem ransferênca de recursos dos ndvíduos para o governo e cusos de colea de mposos. Para se ober a rajeóra óma da carga rbuára ao longo do empo, assume-se que a função objevo do governo é dada por: 3 V = Max β τ 2 2 () = 0 onde V é o valor presene dos cusos de dsorção, τ =T /Y é a carga rbuára (ou a alíquoa méda do mposo), β é a axa de descono subjeva do governo e 0<β<. A axa de descono represena as preferêncas do governo. A resrção orçamenára do governo pode ser assm reescra: B + = ( + r) B + G τ Y (2) onde r, a axa de juros real, é suposa consane. Supõe-se que a rajeóra dos gasos do governo é exógena. Dvdndo-se (2) por Y, obém-se: ( + n) b = ( + r) b + g τ (3) + onde n, a axa de crescmeno do produo, é ambém suposa consane. 2 Nessa mesma suação, a políca de orçameno equlbrado mplcara aumeno de mposos durane o período de gasos elevados e dmnução das alíquoas médas quando os gasos reornassem aos níves normas. 3 A função () assume que a função dos cusos de dsorção é quadráca. A função geral dos cusos é dada por C =F(T,Y )=f(τ )Y, onde C são os cusos de colea de mposos, T é a recea rbuára e Y, o produo agregado da economa. A função geral aparece em Barro (979), Huang e Ln (993) e Romer (200).
4 34 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Fazendo subsuções recursvas em (2) e (3), obém-se a resrção orçamenára neremporal do governo: ou G τ Y = ( + r) B = 0 ( + r) = 0 ( + r) (4a) ( + n) ( + n) g+ = τ+ ( + r) b (4b) = 0 ( + r) = 0 ( + r) Subsundo-se (3) na (), chega-se ao problema do governo de mnmzar o valor presene dos cusos de dsorção sem resrção: V = β + r b + g + n b 2 = 0 [( ) ( ) ] 2 + Conforme a abordagem da equação de Euler, a condção de omzação propõe que uma pequena redução da carga rbuára em, τ, é gual ao aumeno na carga no próxmo período, τ. Esa mudança não alera o valor presene dos cusos assocados à rbuação. Sucnamene, β dc dc + a condção de omzação pode ser assm expressa: =, ou seja, o benefíco margnal de db β db + uma redução da carga rbuára em é gual ao cuso margnal de uma elevação da carga em +. Do problema do governo, em-se que o benefíco margnal em é dado por -β τ (+r), enquano o + cuso margnal em + é gual a β τ + ( + r). Assm, a condção para que o benefíco margnal seja gual ao cuso margnal é a de que τ β =τ +, so é, a carga rbuára é manda consane enre os períodos e +. 4 Em ouras palavras, o valor presene dos cusos de dsorção é mando consane porque um aumeno de b, em função de uma redução da alíquoa do mposo em, é exaamene gual à redução de b +, em razão do aumeno da alíquoa do mposo em +. A políca óma que mnmza os cusos de dsorção provocados pela arrecadação de mposos é a de maner consane a carga rbuára, τ c, ao longo de odos os períodos fuuros. Assm, subsundo-se τ c na equação (4b), chega-se ao segune resulado: c r n ( + n) τ = ( r n) b + g (5) + + r = 0 ( + r) so é, a carga rbuára óma é gual ao gaso permanene mas os juros pagos sobre a dívda públca. 5 4 Essa lnha de racocíno segue os passos de Romer (200, p. 543). 5 Roubn e Sachs (989) chamam o segundo ermo do lado dreo da equação (5) de gaso permanene.
5 Lderau dos Sanos Marques Jr. 35 Subsundo-se (5) na equação (3), obém-se a rajeóra óma da relação dívda públca e PIB (ou da razão défc públco/pib), correspondene à rajeóra óma da carga rbuára: r n ( + n) b + b = g g+ + n + r = 0 ( + r) (6) Porano, a razão dívda/pib é função da dferença enre os gasos emporáros, g, e os gasos permanenes do governo. Enão, quando os gasos emporáros do governo são maores do que os gasos permanenes, b cresce; ao conráro, quando os gasos emporáros fcam abaxo dos gasos permanenes, b decresce; por úlmo, quando há gualdade enre gasos emporáros e permanenes, a razão dívda/pib é consane. No conexo esocásco, a hpóese de esablzação da alíquoa méda do mposo de renda equvale a afrmar que a alíquoa apresena um comporameno semelhane ao de um passeo aleaóro. Daí se em duas mplcações: a prmera, consderando que as rajeóras de G e Y, assm como das demas varáves, são nceras, novas nformações sobre as rajeóras de G e Y mplcam mudanças na alíquoa do mposo, odava, dado o conjuno de nformação do período aneror, o snal e a magnude de as mudanças enre dos períodos são mprevsíves; a segunda, não exse uma mea para a razão dívda/pib, pos a sua evolução depende das expecavas em relação às rajeóras G e Y. A parr de agora, serão demonsradas as afrmações acma, omando-se como base o modelo proposo por Ghosh (995). Para se ober a rajeóra óma da alíquoa méda do mposo de renda (ou da carga rbuára) ao longo do empo, assume-se que a função objevo do governo é dada por: V = Max β E τ 2 2 [ ] (7) = 0 onde E é o valor esperado condconado ao conjuno de nformação do governo no período. No período, o problema do governo é o de mnmzar o valor presene esperado dos cusos de dsorção sem resrção: V = β E + r b + g + n b 2 = 0 [( ) ( ) ] 2 + Aplcando-se a abordagem da equação de Euler, consdere uma pequena redução da carga rbuára em, τ, em relação ao valor planejado para, dadas as nformações dsponíves. De modo a sasfazer a resrção orçamenára, a carga rbuára no período + se eleva no monane τ β em relação ao valor que sera obdo, dadas as nformações para aquele período. Se o governo é um omzador, esa mudança não alera o valor presene esperado dos cusos de dsorção assocados dc à rbuação. Sucnamene, a condção de omzação pode ser assm expressa: dc + = E, ou db β db + seja, não se pode prever mudanças nos cusos de dsorção margnas assocados à rbuação. Do + problema do governo, obém-se a segune equação: β τ ( + r) = β E[ τ + ]( + r) β. Essa
6 36 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul gualdade se verfca se τ = E [τ + ]. Iso é, a carga rbuára óma segue um passeo aleaóro puro (sem drf e sem endênca emporal). Em ouras palavras, num conexo esocásco, a carga rbuára correne é a prevsão óma da carga rbuára no fuuro. Inuvamene, é um resulado ómo a carga rbuára segur um processo passeo aleaóro puro, pos, se houver um choque, ese será ncorporado a carga ornando-se permanene. Por exemplo, um aumeno de g mplcará a elevação permanene da carga; já uma redução de g redundará em uma dmnução permanene da carga rbuára. Evdenemene, a elevação (ou a redução) da carga é permanene enquano não ocorrer um novo choque. A resrção orçamenára neremporal pode ser reescra da segune manera: ( + n) ( + n) E g+ = E τ+ ( + r) b = 0 ( + r) = 0 ( + r) Subsundo-se τ =E [τ + ] na equação acma, chega-se à alíquoa óma em cada período: r n ( + n) τ = ( r n) b + E[ g+ ] r (8) + = 0 ( + r) Porano, a carga rbuára óma em cada período de empo é gual aos juros pagos mas o valor presene esperado dos gasos. 7 A mplcação que o snal e a magnude da mudança na alíquoa do mposo enre dos períodos são mprevsíves, dado o conjuno de nformação do período aneror, ou seja, que a carga rbuára (omamene esabelecda) segue um passeo aleaóro puro, supondo-se b =b -, é expressa por: r n ( + n) r n ( + n) τ τ = E[ g+ ] E [ g+ ] r = 0 ( r) r = 0 ( + r) ou (9a) r n ( + n) τ τ = + + r + = 0 ( + r) [ E ( g ) E ( g )] (9b) Dado que o lado dreo de (9b) é um erro de expecavas, deve ser mprevsível omando-se como base a nformação dsponível no período - ou aneror. Segundo Ghosh (995), a equação (9b) esabelece que a carga rbuára devera segur um passeo aleaóro. Ghosh (995) defne o superáv públco como sup ( + n)( b b + ). De (3) em-se que sup = τ g ( r n) b e, usando-se a (8), obém-se: 8 Essa lnha de racocíno segue os passos de Romer (200, p. 544). Roubn e Sachs (989, p. 9) afrmam que, em gual conexo, a carga rbuára óma segue um processo passeo aleaóro com drf. 7 A equação (8) assume, mplcamene, que o únco movo que leva o governo a gerar défcs orçamenáros é o de mnmzar os cusos de dsorção; porano, em períodos de gasos elevados, há crescmeno da dívda públca, que, por sua vez, será resgaada em períodos de menores gasos. O movo ax lng governo aloca o peso da rbuação sobre o presene ou sobre o fuuro - é consderado por Ghosh (995) ao se mulplcar o lado dreo de (8) por θ=[(-(r/β)r/(-r)] onde R (+n)/(+r). Ouro pono salenado por Ghosh (995) é o de que exse dferença enre a axa de juros efeva, (+r)/(+n), e a axa de juros de mercado, (+r). Se a axa de crescmeno econômco é posva, a axa de juros efeva é menor do que a axa de juros de mercado. 8 Noe-se que sup =SUP /Y =-DEF /Y.
7 Lderau dos Sanos Marques Jr. 37 ou r n ( + n) sup = E[ g+ ] g + r = 0 ( + r) (0a) j ( + n) sup = E[ g+ ] (0b) j= ( + r) onde Δg +j g +j -g +j-. Ghosh (995) observa que a equação (0b) formalza a déa de que, na hpóese de esablzação da carga rbuára, os superávs públcos ncorporam mudanças emporáras nos gasos do governo. Em ouras palavras, (0b) propõe que o superáv em cada período é gual ao valor presene esperado de varações nos gasos. Assm, dado um monane de gasos em, supondo-se que o governo espere uma elevação dos gasos no fuuro, como seu objevo é mnmzar os cusos de dsorção, a esraéga óma é a de elevar os mposos medaamene. Como a recea rbuára se eleva anes do aumeno dos gasos, obém-se um superáv públco maor do que aquele que sera gerado sem a expecava de elevação dos gasos. Para Ghosh (995), a equação (0b) ncorpora odas as mplcações da carga rbuára óma neremporalmene; porano, proporcona um camnho adequado para esar a hpóese de esablzação da carga rbuára. Em resumo, compara o superáv públco real, defndo como * ( + n) sup = τ g ( r n) b, com o superáv públco ómo, sup = E[ g+ ]. j= ( + r) O prmero passo é gerar o lado dreo do superáv públco ómo. Dane dessa dfculdade, Ghosh (995) propõe a segune hpóese nula: como o governo em mas nformação sobre a rajeóra dos gasos fuuros do que o que esá condo nos valores defasados de Δg, o superáv públco conerá oda essa nformação adconal e, porano, causará Δg no sendo de Granger. Para se esar a hpóese acma, Ghosh (995) propõe um modelo VAR rresro em Δg e sup: g a a g 2 = + ε () sup a3 a4 sup ou z =Az - +U, onde z=[δg sup ], A é marz de ransção do VAR e U é o veor de erros (ruído branco). Um VAR de prmera ordem é ulzado porque uma defasagem é a que melhor se ajusa aos dados do Ro Grande do Sul. A prevsão óma de z, k períodos à frene, é smplesmene E z +k =A k z para k. Porano, (0b) mplca [0] z = R A [0] z = Desde que Δg e sup sejam séres esaconáras, a soma nfna em (2) converge para: * sup = [0] RA[ I RA] z (3) Λz = λ Δg + λ 2 sup (4) j (2)
8 38 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Isso poso, Ghosh (995) afrma o segune: se a hpóese nula é correa, o coefcene λ deve ser gual a zero e o coefcene λ 2 deve ser gual a. Aé agora, supôs-se que R=β, so é, que θ=. Quando R>β, o governo ax-lng, so é, desloca os mposos do presene para o fuuro gerando grandes défcs; nese caso, θ<. Quando R<β, ocorre o nverso, e θ>. Enão, quando θ, o superáv públco é dado por: sup = τ [ g + ( r n) b ] θ Ghosh (995) conclu: desde que τ e [g +(r-n)b ] sejam I(), a equação (5) defne uma regressão de conegração; assm, (/θ) pode ser esmado regredndo-se [g +(r-n)b ] sobre τ ou vce-versa. (5) 3 No caso do esado do ro grande do sul, a sua carga rbuára é esável ao longo do empo? Os dados O objeo de esudo é a Admnsração Drea do Esado do Ro Grande do Sul. Os dados orgnas da despesa oal (nclundo o servço da dívda), da despesa oal menos o servço da dívda, da dívda públca oal e da recea rbuára (arrecadada) êm como fones o Balanço Geral do Esado e a publcação nulada Fnanças do Esado, de dversos anos. O servço da dívda é a soma de juros e encargos da dívda mas a amorzação da dívda públca. A fone dos dados do PIB esadual é a Fundação de Economa e Esaísca (FEE). Issler e Lma (997) chamam a aenção para o segune dealhe: a despesa oal nclu pagamenos de juros nomnas sobre a dívda públca; porano, a sére observada dfere da sére eórca que nclu pagameno de juros reas. É mporane ressalar anda que a sére do PIB esadual de 970 a 2002 é uma combnação de duas séres: uma que pare de 970 e va aé 985 e oura de 985 a Segundo o Núcleo de Conas Regonas da FEE, houve uma mudança de meodologa no cálculo do PIB. A sére do PIB ver Tabela 7 do Anexo fo monada omando-se a sére de 970 aé 985 e a sére de 986 a Todas as varáves foram converdas para reas (R$); após a conversão, foram obdas as relações: dívda públca/pib, recea rbuára/pib, τ, despesa oal/pib, g*, despesa oal menos servço da dívda/pib, g, e superáv públco/pib, sup =Δb, onde b é a dívda moblára esadual. Os dados são anuas. Os dados da dívda públca/pib e da carga rbuára compreendem o período de 970 a 997; o resane dos dados referem-se ao período de 970 a Os dados enconram-se no Anexo. O sofware ulzado fo o Evews (versão 3.0). Resulados empírcos O modelo de esablzação da carga rbuára propõe que a relação dívda/produo decresce durane os anos de gasos normas e de crescmeno econômco e cresce nos períodos de gasos emporaramene elevados ou de recessão econômca. 9 Com base em Enders (995), Pasore (995) e Perera (998).
9 Lderau dos Sanos Marques Jr. 39 No caso do Esado do Ro Grande do Sul, o que se observa no Gráfco é a exsênca de um crônco crescmeno da relação dívda públca/pib. Enre 970 e 980 a relação dívda/pib é pracamene esável, odava, no começo da década de 980, a rajeóra da relação dívda/pib assume uma endênca de crescmeno; enre 986 e 994, a relação ange os maores níves e, após 994, reoma a endênca de crescmeno. Porano, esse comporameno da relação dívda públca/pib é um prmero ndíco de que a hpóese de esablzação da carga rbuára não se verfca no caso do Ro Grande do Sul. Gráfco - Evolução da relação dívda públca/pib (Admnsração Drea) do Esado do Ro Grande do Sul ( ) (% do PIB) Fone: Tabela 8 do Anexo. Defnu-se carga rbuára como a relação enre a recea rbuára esadual (mposos mas axas) e o PIB esadual. 0 Enre os mposos arrecadados pelo Esado, a prncpal fone de fnancameno é o mposo sobre crculação de mercadoras e servços (ICMS). Alás, o ICMS é o prncpal rbuo do Brasl, respondendo, segundo Bordn (2003), por quase um quaro da recea rbuára naconal. No Gráfco 2, observa-se uma endênca de queda da carga rbuára no período 97 a 980; no período 98 a 996, não se em uma endênca clara; já, no período fnal, 997 a 200, a endênca é de crescmeno da carga rbuára. De fao, o comporameno da carga rbuára se assemelha a uma parábola. Em suma, no período como um odo, a sére da carga rbuára apresena um comporameno erráco, ou seja, a carga não ende para uma méda de longo prazo. 0 Conforme Bordn (2002), essa é a defnção comumene ulzada por muos órgãos nernaconas, as como o FMI e o Banco Mundal. No enano, salena que a carga rbuára no Brasl é medda pela relação enre a recea rbuára oal (Unão, Esados e Muncípos) e o PIB naconal, sendo que a recea rbuára oal engloba os rbuos (mposos, axas e conrbuções de melhora) e as conrbuções socas que fnancam o ssema de Segurdade Socal do país. Para uma caracerzação do ICMS (evolução hsórca, aspecos nsuconas, ec.), ver Schwengber e Rbero (2000).
10 40 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Ese comporameno perme afrmar que a méda da sére não é consane. Iso leva a suspear da presença de raz unára na rajeóra da carga rbuára. Gráfco 2 Evolução da carga rbuára ( ) 8,5 8 7,5 7 (%) 6,5 6 5,5 5 4, Fone: Tabela 7 do Anexo. A hpóese de que a carga rbuára, no caso do Esado do Ro Grande do Sul, segue um passeo aleaóro puro é esada ulzando-se o ese de raz unára de Dckey-Fuller aumenado. 2 O ese é realzado a parr da segune regressão: τ = a + γτ + a + β τ + ε 0 2 = p onde p é o número de defasagens, ε é o erro (ruído branco), τ é a carga rbuára e, a endênca lnear. Opou-se pelo ese de raz unára de Dckey-Fuller aumenado porque os correlogramas dos resíduos, nos eses de raz unára de Dckey-Fuller comuns, ndcaram a exsênca de auocorrelação nos resíduos. Na Tabela, êm-se os resulados dos eses de Dckey-Fuller aumenado para a sére da carga rbuára. (6) 2 Roubn e Sachs (989) esam a hpóese de esablzação da carga rbuára para 5 países da OECD rodando uma regressão smples para cada um, endo como varável dependene a varação na carga rbuára e, como varável ndependene, uma consane. Rocha (200) esa a hpóese de esablzação da carga rbuára (ax smoohng hypohess) para o Brasl ulzando um modelo de veores auo-regressvos.
11 Lderau dos Sanos Marques Jr. 4 Tabela Teses de raz unára Dckey-Fuller aumenado 3 Consane Regressão com consane e endênca 3, (2,776864) τ - -0,63495 (-3,545263) T 0,04804 (4,099842) Δτ - -0,83500 (-,2505) Δτ -2-0, (-2,50890) Δτ -3-0, (-3,523602) Regressão com consane e sem endênca 2,96430 (2,035) -0, (-2,30234) -0, (-0,287993) -0, (-,277937) -0,32053 (-,884533) Regressão sem endênca e consane (passeo aleaóro puro) -0, (-0,426738) -0, (-,840585) -0, (-2,358267) -0, (-2,255002) SRQ 4, , ,83428 AIC,45,93 2,03 SBC,74 2,6 2,22 P N Noas: ) SRQ (soma dos resíduos ao quadrado), AIC (créro nformação Akake) e SBC (créro bayesano Schwarz); 2) as esaíscas esão enre parêneses. Os eses da presença de uma raz unára são apresenados na Tabela 2 e conssem no ese de sgnfcânca do coefcene γ, ulzando-se os valores crícos de Macknnon: Tabela 2 Teses de raz unára Dckey-Fuller aumenado Regressão com consane e endênca Regressão com consane e sem endênca Regressão sem endênca e consane (passeo aleaóro puro) Esaísca de Dckey-Fuller -3, , , Valores crícos de Macknnon % -4,3082-3,6752-2,6453 5% -3,573-2,9665 -,9530 0% -3,2203-2,6220 -,628 Na regressão com consane e endênca, não é possível rejear a hpóese nula de que γ=0 aos níves de sgnfcânca de % e 5%. Com relação às demas regressões, a hpóese nula de que γ=0 é acea aos rês níves de sgnfcânca. Porano, há fores ndícos de não-esaconaredade da carga rbuára, so é, de presença de raz unára. Dada a exsênca de uma raz unára, propõe-se o segune ese para a presença de endênca lnear. Na regressão com endênca e consane, a esaísca, para a hpóese nula, a 2 =0, é 4, Os valores crícos aproprados são dados pela esaísca τ βτ de Dckey-Fuller. Cons- 3 Para a escolha de p=3, adoou-se o procedmeno de Campbell e Perron (99), cuja apresenação pode ser enconrada em (Perera, 998, p. 45). Nos eses realzados, o número ncal de ermos defasados fo gual a cnco.
12 42 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul derando-se 25 observações, os valores crícos de τ βτ de Dckey e Fuller (98) a % e 5% de nível de sgnfcânca são, respecvamene, 3,74 e 2,85. Assm, é possível rejear a hpóese nula de que a 2 =0. Para se esar a hpóese nula a o =a 2 =γ=0, a esaísca proposa é Φ 2. Se o modelo rresro é dado pela regressão com consane e endênca e o modelo resro é aquele sem endênca e consane, a esaísca Φ 2 é: (9, ,799097) / 3 Φ 2 = = 8,04 4, / 23 onde 3 é o número de resrções e 23(=29-6) é o número de graus de lberdade no modelo sem resrções. Para 25 observações, os valores crícos de Φ 2 a 2,5 e 5% de nível de sgnfcânca são, respecvamene, 6,75 e 5,68. Porano, pode-se rejear a hpóese nula de que a o =a 2 =γ=0. Iso sgnfca que ao menos um desses parâmeros não é gual a zero, porano, os dados conêm um nercepo e/ou uma raz unára e/ou uma endênca emporal. Para se esar a hpóese nula a 2 =γ=0, a esaísca proposa é Φ 3. Se modelo rresro é dado pela regressão com endênca e consane e o modelo resro é aquele com consane e sem endênca lenar, a esaísca Φ 3 é: Φ (8, ,799097) / 2 = 4, / 23 3 = 8,4 onde 2 é o número de resrções e 23(=29-6) é o número de graus de lberdade no modelo sem resrções. Para 25 observações, os valores crícos de Φ 3 a 5% e 0% de nível de sgnfcânca são, respecvamene, 7,24 e 5,9. Porano, pode-se rejear a hpóese nula de que a 2 =γ=0. Isso sgnfca que os dados apresenam uma raz unára e/ou uma endênca lnear. Quano à possbldade de que a sére da carga rbuára enha ordem de negração maor do que um e, por consegune, mas de uma raz unára, realzou-se o ese no qual a hpóese nula é de que a sére em prmera dferença em raz unára. O resulado do ese de Dckey-Fuller aumenado é o segune: 4 2 τ = 0, , , τ ( 2,726965) (2,87733) ( 7,9338) (4,230547) (3,32434) +, τ + 0, τ (7) A esaísca de Dckey-Fuller é -7,9338 e os valores crícos de Macknnon a, 5 e 0% de nível de sgnfcânca são, respecvamene, -4,3082, -3,573 e -3,2203. Porano, a hpóese nula de que há raz unára em prmera dferença é rejeada, o que mplca que a carga rbuára é negrada de ordem um, I(). Com a amosra pequena que se em em mãos, consderando-se os eses realzados e os créros de Akake e Schwarz, o modelo que nclu uma endênca lnear e um drf parece ser o que melhor se ajusa aos dados da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul. Porano, a carga rbuára não segue um passeo aleaóro puro, o que conrara a eora de Barro. Assm, há mas evdêncas de que a hpóese de esablzação da carga rbuára deve ser rejeada para o caso em esudo. 5 4 Para a escolha do número de defasagens, adoou-se o procedmeno de Campbell e Perron (99). 5 Tano Roubn e Sachs (989) como Rocha (200) rejeam a hpóese de esablzação da carga rbuára nos esudos de casos por eles pesqusados.
13 Lderau dos Sanos Marques Jr. 43 A fm de se reforçarem as evdêncas pela rejeção da hpóese de carga rbuára esável, adoa-se a esraéga de Huang e Ln (993) e Ghosh (995). 6 Segundo esses auores, o méodo ndcado para se esar a valdade da hpóese de carga rbuára esável é o modelo de veores auo-regressvos, o VAR. As vanagens de se ulzar esse méodo podem ser assm resumdas: ) a experênca economérca com séres não-esaconáras sugere que é muo dfícl deermnar se uma deermnada sére de fao segue um passeo aleaóro; ) a hpóese de esabldade da carga rbuára é apenas uma enre as possíves explcações de que a carga rbuára segue um passeo aleaóro; além dsso, dependendo do processo segudo pelo PIB, vsar reduzr os cusos de dsorção, esablzando a carga rbuára, não mplca, necessaramene, que a carga segue um passeo aleaóro; ) nformação mporane é perdda quando o foco é sobre se a prmera dferença da carga é esaconára e não sobre se o nível é esaconáro. A Tabela 3 apresena as esaíscas do ese ADF sobre a despesa oal menos o servço da dívda/pib, g, a despesa oal/pib, g *, a recea rbuára/pib, τ, e o superáv públco/pib, sup. Ressalva-se que o superáv públco é meddo pela varação da relação dívda moblára/pib, b. A análse do modelo VAR resrnge-se ao nervalo 970 a 997 porque, a parr do ano de 998, no bojo de um acordo de renegocação da dívda esadual com a Unão, o Esado do Ro Grande do Sul fcou probdo de emr íulos da dívda para o públco, exceo para pagameno de precaóros. 7 Tabela 3 Teses de raz unára Dckey-Fuller aumenado 8 g g * τ sup Esaísca de Dckey-Fuller -3, , , , Valores crícos de Macknnon % -4,3382-4,3382-4,3942-2,6560 5% -3,5867-3,5867-3,68 -,9546 0% -3,2279-3,2279-3,248 -,6226 P N Noas: ) o número de defasagens fo escolhdo de acordo com o procedmeno de Campbell e Perron (99); 2) para g, g* e τ ncluem-se uma consane e uma endênca lnear; 3) os eses de presença de duas raízes unáras, não apresenados aqu, rejearam a hpóese nula para as rês séres; 4) para sup, a especfcação sem consane e endênca fo a escolhda, consderando-se os créros de Akake e Schwarz; 5) as fones dos dados são as Tabelas 7, 9 e 0 do Anexo. Porano, em relação a g, não se rejea a hpóese nula de não esaconaredade aos rês níves de sgnfcânca. Por ouro lado, no caso de sup, a hpóese nula de presença de uma raz unára é rejeada nos rês níves. Rodando-se a regressão da despesa oal, g *, sobre a carga rbuára, τ, esmou-se o parâmero ax-lng (/θ) gual a,622 (desvo padrão=0,055). Conforme o ese de Wald, o coefcene esmado é sgnfcavamene dferene de um, o que sgnfca a exsênca de um movo ax-lng na políca de défcs públcos do governo esadual, ndcando nconssênca com o modelo eórco. 6 Huang e Ln (993) lnearzam o modelo ax-smoohng em ermos de log. Segundo eles, a abordagem empírca de Barro (979, 984), de decompor os gasos do governo e o produo em duas pares, uma permanene e oura emporára, em, enre ouras, a segune desvanagem: a valdade dos resulados empírcos depende da especfcação das varáves e equações na consrução dos componenes emporáro ou permanene das séres. Mas dealhes sobre as desvanagens dos procedmenos de Barro (979,984), ver em Huang e Ln (993). 7 Há um conjuno de esudos que analsam dealhadamene o hsórco das negocações enre os Esados e a Unão aé culmnar na le 9.496/97, que esabeleceu os créros de renegocação das dívdas esaduas. Enre os esudos, pode-se car Almeda (996), Rgolon e Gambag (999), Bevlaqua (999) e Boelho (2002). No caso específco do Ro Grande do Sul, ver Sanos e Calazans (999). 8 Nos eses realzados, o número ncal de ermos defasados fo gual a cnco.
14 44 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Na comparação do VAR de prmera, segunda e ercera ordens, não apresenada aqu, a defasagem óma, observando-se o créro de Schwarz, é gual a um. A Tabela 4 apresena os coefcenes do VAR de prmera ordem. Na equação para Δg, o coefcene de sup - não é esascamene sgnfcavo, ou seja, sup não causa Δg no sendo de Granger. Porano, os dados são nconssenes com a mplcação mas básca do modelo de esablzação da carga rbuára. Tabela 4 Coefcenes do VAR Δg -0,03440 Δg - (0,22793) 0, sup - (0,08785) sup -0, (0,682525) -0, (0,28050) Noa: desvo padrão conssene/heeroscedascdade Whe enre parêneses. Na análse eórca vu-se que, se a hpóese nula é correa, o coefcene λ deve ser gual a zero e o coefcene λ 2 deve ser gual a. 9 Os coefcenes esmados de Λ, λ e λ 2 enconram-se na Tabela 5. Para o caso do Ro Grande do Sul, aplcando-se o ese de Wald, a hpóese nula é rejeada, so é, o coefcene λ esmado, 0,07, é sgnfcavamene dferene de zero e o coefcene λ 2 esmado, -0,008, é sgnfcavamene dferene de um. Assm, reforça-se a rejeção do modelo no caso em esudo. Tabela 5 Coefcenes de Λ λ λ 2 0,07 (0,05) -0,008 (0,06) Noas: ) desvo padrão conssene/heeroscedascdade de Whe enre parêneses; 2) Hpóese nula: λ =0, λ 2 =. Porano, a hpóese nula de esablzação da carga rbuára não é correa no caso em esudo. A parr do Gráfco 3, desacam-se os segunes ponos: ) em dversos anos há uma dscrepânca enre o superáv observado, sup, e o superáv eórco, sup *; 2) as dscrepâncas são maores no período pós-987; 3) enre 970 e 987, o ómo sera um equlíbro enre receas e despesas, no enano, nos anos 974, 975, 98 e 982, são gerados superávs públcos; 4) após 987, os défcs públcos eórcos ocorrem em 99 e 995, enquano os observados surgem em 990 e 994. Tas dferenças de comporameno ndcam ausênca de evdêncas que susenem a hpóese de carga rbuára esável no caso em esudo. * 9 Isso equvale a uma condção smples sobre a marz de ransção do VAR, A. Dado que sup = [0] RA[ I RA] z e sup =[0]z, sup *=sup se [0] RA[ I RA] = [ 0]. Pós-mulplcando o lado dreo desa gualdade por [I-RA] e adconando-se [0]RA, em-se: [0]RA + [0]RA=[]RA. Supondo-se R=, []A=[0] se a soma dos elemenos da prmera coluna de A, a +a 3, é gual a zero e a soma dos elemenos da segunda coluna de A, a 2 +a 4, é gual a. Calculou-se a axa de juros real como r =[(+ )/(+π )]-, onde é axa de juros nomnal no ano (medda pela relação pagameno de juros/dívda públca oal) e π a axa de nflação anual (medda pelo IGP-DI). Consderando-se n gual à axa de crescmeno do produo real méda e r a axa de juros real méda do período , concluu-se que R=(+n)/(+r) é aproxmadamene gual a um.
15 Lderau dos Sanos Marques Jr. 45 Gráfco 3 Evolução do superáv públco observado e do superáv ómo (97-997) (% do PIB) sup sup* - -2 Fone: Tabela 9 do Anexo. Os coefcenes de correlação e as relações enre os desvos padrões das duas séres, sup e sup *, snezam a relação enre o superáv eórco e o superáv observado. Na Tabela 6, as correlações enre as duas séres são negavas nos períodos e Além dsso, em ambos os nervalos de empo, a relação enre os desvos padrões é superor a 2; porano, os movmenos de sup não seguem os movmenos de sup *. Tas ndcadores reforçam os ndícos de que o governo esadual não buscou mnmzar os cusos de dsorção. Conudo, no período , desconsderando as dferenças de magnudes, as duas séres são posvamene correlaconadas, so é, nesse período, o modelo de esablzação da carga rbuára explca melhor os movmenos do superáv públco observado. Tabela 6 Esaíscas que resumem a relação sup e sup* Período σ(sup ) σ (sup *) σ(sup )/σ(sup *) Corr (sup, sup *) ,5 0,28 2,54-0, ,76 0,08 9,50 0, ,55 0,44 2,6-0,922 4 Consderações fnas No caso do Esado do Ro Grande do Sul, as prmeras evdêncas, para o período 970 a 2002, ndcaram a rejeção da hpóese de esablzação da carga rbuára: a) a relação dívda públca/
16 46 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul PIB não segue o padrão proposo pela eora, e b) o modelo que parece se ajusar melhor aos dados da carga rbuára é o que apresena uma endênca lnear e um ermo drf. À luz da esraéga de Ghosh (995), novamene as evdêncas, para o nervalo de 970 a 997, são pela rejeção da hpóese. Em prmero lugar, deecou-se a exsênca de um movo ax-lng na políca de défcs públcos do governo esadual; em segundo, o superáv orçamenáro não causa (no sendo de Granger) uma mudança nos gasos do governo esadual; em ercero, as resrções sobre os coefcenes de sup e Δg não foram observadas; em quaro e úlmo lugar, não houve correspondênca enre os superávs observados e os eórcos. Em suma, o governo do Esado do Ro Grande do Sul não levou a cabo uma políca fscal que vsasse mnmzar os cusos de dsorção provocados pela elevação de mposos, so é, não se comporou como um ax-smooher. O modelo de esablzação da carga rbuára não explca os consanes défcs públcos gerados pelos sucessvos governos do Esado do Ro Grande do Sul ao longo das décadas de 970, 980 e 990. O máxmo que faz é jusfcar os défcs públcos afrmando que os governanes não são planejadores benevolenes ou, enão, adoam comporamenos rraconas na condução da políca fscal. Tal resulado ndca que a busca por uma eora posva para a geração de défcs públcos no caso em quesão deve se concenrar em oura lnha de pesqusa - uma canddaa é a lnha que enfaza os conflos de neresses enre grupos e a heerogenedade de neresses como explcações para os consanes défcs públcos. Referêncas bblográfcas Almeda, Anna Ozoro de. Evolução e crse da dívda públca esadual. Texo para Dscussão n IPEA, nov Balanço Geral do Esado do Ro Grande Do Sul [dados nformavos on-lne]. Poro Alegre, Dsponível em: <hp:// br>. Barro, Rober J. On he deermnaon of publc deb. Journal of Polcal Economy, v. 87, n. 5, p , 979. Barro, Rober J. Federal defc polcy and he effecs of publc deb schocks. Naonal Bureau of Economc Research Workng Paper Seres, Workng Paper n. 443, Feb Barro, Rober J. The behavor of US defcs. Naonal Bureau of Economc Research Workng Paper Seres, Workng Paper n. 309, Mar Barro, Rober J. The neoclasscal approach o fscal polcy. In: BARRO, Rober J., (ed.), Modern Busness Cycle Theory. Cambrdge: Harvard Unversy Press. 989a. Barro, Rober J. The rcardan approach o budge defcs. Journal of Economc Perspecves, v. 3, n. 2, p , 989b. Barro, Rober J. Macroeconomcs. Cambrdge: The MIT Press. 5ª ed Bevlaqua, Afonso S. Sae-governmen balous n Brazl. Deparameno de Economa da PUC-Ro. Draf, May 999. Bordn, Luís Carlos Val. Carga rbuára braslera em Esudos Econômcos-Fscas. Poro Alegre, ano 9, n. 35, fev Boelho, Rcardo. Deermnanes do ajuse fscal dos esados brasleros. Fnanças Públcas: IV Prêmo Tesouro Naconal coleânea de monografas, Brasíla: ESAF, Enders, Waler. Appled economerc me seres. John Wley & Sons, Inc.,995. Fnanças Públcas [on-lne]. Poro Alegre, Dsponível em: <hp:// br>.
17 Lderau dos Sanos Marques Jr. 47 Ghosh, Ash R. Ineremporal Tax-smoohng and he governmen budge surplus: Canada and he Uned Saes. Journal of Money, Cred, and Bankng, v..27, n. 4, p , Nov., 995. Huang, Chao-Hs; LIN, Kenneh S. Defcs, governmen expendures, and ax smoohng n he Uned Saes: Journal of Moneary Economcs, 3, p Pasore, Affonso Celso. Défc públco, a susenabldade do crescmeno das dívdas nerna e exerna, senhoragem e nflação: uma análse do regme moneáro braslero. Revsa de Economera, v. 4, n. 2, p , nov. 994-dez.995, 995. Perera, Rodrgo M. Demanda Dnâmca por emprego e horas e a quesão da parlha de rabalho: aplcações do modelo lnear-quadráco. Dsseração (Mesrado) Deparameno de Economa da Ponfíca Unversdade Caólca, Ro de Janero, 998. Rgolon, Francsco; Gambag, Fabo. A renegocação das dívdas e o regme fscal dos Esados. In: Gambag, Fabo; Morera, Maurco Mesqua (org.) A economa braslera nos anos 90. Ro de Janero: BNDES, 999. Rocha, Fabana. Is here any raonale o he Brazlan fscal polcy? Revsa Braslera de Economa, v. 55, n. 3, p , jul.-se Romer, Davd. Advanced macroeconomcs. 2ª ed. McGraw-Hll, 200. Roubn, Nourel; Sachs, Jeffrey D. Polcal and economc deermnans of budge defcs n he ndusral democraces. European Economc Revew, v. 33, p , 989. Sanos, Darcy F. C. dos; Calazans, Robero B. A crse da dívda públca do RS Fundamenos, evolução e perspecvas/ Poro Alegre: Assembléa Legslava do Esado do Ro Grande do Sul (Comssão de Fnanças e Planejameno), nov Schwengber, Slvane B.; Rbero, Eduardo Ponual. O mpaco do Fundo de Parcpação (FPE) no esforço rbuáro dos Esados: uma esmava do poencal de arrecadação do ICMS. Fnanças Públcas: IV Prêmo Tesouro Naconal coleânea de monografas, Brasíla: ESAF, 2000.
18 48 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Anexo Tabela 7 - Recea rbuára (Admnsração Drea), PIB do Ro Grande do Sul e carga rbuára (970-02) ANOS RECEITA TRIBUTÁRIA (R$) PIB 2 (R$) CARGA TRIBUTÁRIA=τ (%) 970 0, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,40 7, ,02 6, ,58 6, , , , , , , , , , ,2 Fones: ) Fnanças do Esado e Fnanças Públcas on-lne. Poro Alegre: Secreara da Fazenda. 2) FEE (Núcleo de Conas Regonas). Noas: ) a preços correnes; ) os dados do PIB de 2000 a 2002 são prelmnares; ) carga rbuára=recea rbuára/ PIB=τ.
19 Lderau dos Sanos Marques Jr. 49 Tabela 8 Dívda públca (Admnsração Drea), PIB do Ro Grande do Sul e a relação dívda públca/pib (970-02) ANOS DÍVIDA PÚBLICA R$ PIB 2 R$ dívda/pib (%) 970 0, , ,8 97 0, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,3 98 0, , , , ,29 9, , ,4,87 984,57 0,96 4, ,0 38,4 5, ,67 00,78 0, ,08 36,5 7, , ,90 20, , ,05 26, , ,36 6, , ,96 9, , ,96 24, , ,27 29, , ,59 5, , ,60 5, , ,56 6, , ,3 9, , ,25 2, , ,36 23, , ,42 23, , ,9 24, , ,58 25,94 Fones: ) Balanço Geral do Esado do Ro Grande do Sul ( ). Poro Alegre: Secreara da Fazenda. 2) FEE (Núcleo de Conas Regonas). Noas: ) os dados do PIB de 2000 a 2002 são prelmnares; 2) a preços correnes; 3) a dívda públca = dívda fundada + dívda fluuane.
20 50 Défcs, gasos do governo e a não-esabldade da carga rbuára no caso do Esado do Ro Grande do Sul Tabela 9 - Dívda moblára, superávs eórco e observado da Admnsração Drea (970-97) ANOS DÍVIDA MOBILIÁRIA R$ PIB 2 R$ b (%) 970 0, , ,55 sup sup * 97 0, , ,50-0,05 0, , , ,46-0,04 0, , , ,45-0,0-0, , , ,29 0,84 0, , , ,2 0,92 0, , , ,05-0,6-0, , , ,77-0,28 0, 978 0, , ,06 0,29 0, , , ,80 0,74-0, , , ,07-0,73 0, , , ,48,4-0, , ,29 4,77,29-0, ,5 3,4 4,40-0,37-0, ,53 0,96 4,84 0,44 0,7 985,73 38,4 4,50-0,34 0, ,06 00,78 3,04 -,46-0, 987 2,64 36,5 6,84 3,80-0, , ,90 8,0,26 0, , ,05 6,65 8,55 0, , ,36 8,84-7,8 0, , ,96 0,98 2,4-0, , ,96 5,74 4,76 0, , ,27 2,06 5,32 0, , ,59 0,78-0,28 0, , ,60 9,58 -,20-0, , ,56 0,34 0,76-0, , ,3,77,43-0,0 Fones: ) Balanço Geral do Esado do Ro Grande do Sul ( ). Poro Alegre: Secreara da Fazenda. 2) FEE (Núcleo de Conas Regonas). Noas: ) a preços correnes; ) dívda moblára = dívda fundada nerna em íulos; ) superáv observado, sup =Δb, onde b é a dívda moblára esadual; v) supondo-se R=, o superáv eórco é dado pela equação (3) no exo.
21 Lderau dos Sanos Marques Jr. 5 Tabela 0 Evolução de g e g * da Admnsração Drea do Esado do Ro Grande do Sul (970-97) ANOS DT-SD R$ PIB 2 R$ 970 0, , ,25 0, , , , ,42 0, , , , ,59 0, , , , ,86 0, , , , ,5 0, , , , ,2 0, , , , ,2 0, , , , ,8 0, , , , ,59 0, , , , ,3 0, , , , ,98 0, , , , ,39 0, , , ,29 9,9 0, , , ,4 8,24 0, , ,86 0,96 7,85,0 0, ,3 38,4 8,62 5,24 3, ,6 00,78 9,09,82, ,8 36,5 7,64 34,36 0, , ,90 6,63 227,24 9, , ,05 8, ,70 8, , ,36 0, ,97 2, , ,96 8, ,30 0, , ,96 9, ,02, , ,27 8, ,92 0, , ,59 8, ,00, , ,60 9, ,00, , ,56 0, ,00 2, , ,3 0, ,00 3,2 Fones: ) Balanço Geral do Esado do Ro Grande do Sul ( ). Poro Alegre: Secreara da Fazenda. 2) Fundação de Economa e Esaísca. Noas: ) a preços correnes; ) DT-SD é a despesa oal menos o servço da dívda; ) DT é a despesa oal; ) SD é o servço da dívda; v) g* =despesa oal/pib; v) DT-SD/PIB=g. g (%) DT R$ g * (%)
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