Educação é uma responsabilidade de todos.

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1 em revista Publicação da Fundação Guimarães Rosa Ano 2 Nº 03 junho de 2008 Educação é uma responsabilidade de todos. Centenário de nascimento de João Guimarães Rosa Muito mais que todas as línguas, ele aprendeu a falar ao coração da humanidade, a ler e a desvendar os corações e mistérios dos homens. Fundação Guimarães Rosa Os projetos do presente são suportes para os projetos e programas do amanhã.

2 A saúde da sua família em primeiro lugar. A Fundação Guimarães Rosa fez uma aliança com a Unimed-BH para oferecer a todos os integrantes do Sistema de Defesa Social de Minas Gerais um Plano de Saúde moderno, de baixo custo e ampla cobertura, o UNIPART. Com ele, você garante o bem-estar dos dependentes que já perderam a cobertura do IPSM e netos com mais de um ano. Se você, policial ou bombeiro militar, também tem interesse em contratar um Plano de Saúde eficiente, entre em contato saudefgr@fgr.org.br

3 sumário capa Educação: uma responsabilidade de todos editorial Álvaro Antônio Nicolau educação e cultura Escola da Paz A esperança para o século XXI A FGR e a Inclusão Digital Uma possibilidade de Inserção Social A oralidade negra na formação nacional e valorização da SEPPIR Kelly Cardozo homenagem João; um encantado Petrônio Souza Gonçalves especial Fundação Guimarães Rosa comemora 6 anos Visibilidade, profissionalismo e equidade nas ações Seis Anos de Excelência João Bosco de Castro cidadania Caminhos da Solidariedade 28 Andrea Neves da Cunha terceiro setor Valores e Resultados: um referencial de avaliação no Terceiro Setor Eloísa Helena de Souza Cabral O Terceiro Setor e o controle da Gestão Pública Municipal: lições a partir do caso de Bogotá Armindo dos Santos de Souza Teodósio defesa social A evolução da Educação na Polícia Militar de Minas Gerais Ten-Cel PM Márcio Antônio Macêdo Assunção Justiça Militar de Minas Gerais Setenta anos de existência Juiz Cel PM Rúbio Paulino Coelho Notas sobre organizações e servidores policiais Jésus Trindade Barreto Júnior Segurança Cidadã: qual controle? Ellen Márcia L. S. de Carvalho Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - Atuação em prol da Segurança Pública José Honorato Ameno Segurança Pública no Brasil tem jeito! Luis Flavio Sapori Cultura de Paz pelo Desenvolvimento Humano: uma forma de combater a criminalidade e a violência na contemporaneidade Álvaro Antônio Nicolau FGR EM REVISTA 3

4 editorial FGR em Revista retoma o estímulo ao debate entre seus leitores Iniciar um projeto editorial é um trabalho árduo, mas, com muito profissionalismo, a Fundação Guimarães Rosa começou esse processo em sua primeira revista, em Tão penoso é esse trabalho que, somente em 2007 tivemos fôlego para a retomada! Álvaro Antônio Nicolau Superintendente-Geral da FGR A FGR em Revista, já em 2007, retoma o estímulo ao debate franco entre seus leitores, amigos e colaboradores, com a perspectiva de troca de idéias em busca de uma reflexão saudável para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. A FGR em Revista tem o propósito de colocar em discussão questões vinculadas à Segurança, para que a sociedade, incentivada pelo conhecimento dos profissionais da área do Sistema de Defesa Social e estudiosos do assunto, possa se envolver e estabelecer um diálogo construtivo, e, ao final, conjugar com uma agenda positiva para a Segurança Pública, especialmente em Minas Gerais. Nesse sentido, a Fundação Guimarães Rosa, como toda entidade de divulgação cultural, assim como outros modelos sem fins lucrativos, depende de pessoas conscientes e identificadas com sua razão de existir, cujo senso de atenção esteja voltado e centrado nos objetivos norteadores da revista, sem descuidar dos assuntos de Polícia Ostensiva (Polícia Militar), de Polícia Investigativa (Polícia Civil), de Ações de Bombeiros (Corpo de Bombeiros Militar), de Guardas Municipais, de qualquer outra atividade do Sistema de Defesa Social ou que se associam ao Sistema em vista à melhoria da Qualidade de Vida do Mineiro e, por extensão, do povo de todo o Brasil. Por oportuno, registra-se, para nosso gáudio, o apoio e compreensão, porquanto não nos tem faltado de parte dos nossos colaboradores, grupo composto pelas Instituições do Sistema de Defesa Social do Estado de Minas Gerais e Sociedade Mineira como um todo, o apoio necessário ao desenvolvimento. Ao mesmo tempo, é de se observar que o despertar, nesta linha de editoração, tem crescido de forma gradual e constante, e já adquiriu um patamar de equilíbrio e maturidade, oportunizando tranqüilidade e segurança para continuarmos nessa caminhada, em vista cumprir uma proposta de transformação sociocultural, mesmo porque, se lançada em 2003, num momento singular da vida pública brasileira no campo da Segurança Pública, hoje, esta singularidade continua presente, sem perder de vista a missão institucional. Certamente, a partir das matérias que a Fundação Guimarães Rosa divulga por este instrumento de comunicação, pretende-se, com o tempo, mais que somar, multiplicar a formação doutrinária no campo da Defesa Social, aliás, como normalmente acontece em qualquer área do conhecimento humano, quando se busca a exteriorização de conhecimentos como forma de crescimento cultural e institucional. Nesse sentido, não é exagero afirmar que a FGR em Revista, pelo perfil 4 FGR EM REVISTA

5 editorial que apresenta, ocupa posição ímpar no Estado de Minas Gerais e se prepara para crescer no contexto de nosso País. Neste mister, cumprimos nosso objetivo institucional. Nessa concepção, é de se fazer registro que esta entidade, ao longo de seis anos de existência, conseguiu criar uma consciência institucional própria; conseguiu estabelecer sua identidade, ao mesmo tempo perfeitamente sintonizada com os misteres da Defesa Social, em todos os seus matizes, especialmente Polícia Militar de Minas Gerais, sem, no entanto, perder a independência como órgão de divulgação e de prospecção do sentido de serno-mundo das pessoas. Compreender para explicitar, esse tem sido o nosso caminho na inter-relação com todos os meios. Isso em muito se deve à persistência da Fundação Guimarães Rosa em manter-se nos seus limites estatutários e editoriais, sem imiscuir-se em questões estranhas ou que não sejam puramente profissionais na relação com as questões de Defesa Social, porquanto tem o significado de um Sistema ainda em construção. Aí está, talvez, um dos grandes motivos da nossa pretensa longevidade. Nesta edição, como de costume, mostraremos aos nossos estimados leitores um conjunto de temas bem atuais, todos focados nas Questões Sociais e na Segurança Pública. Abordaremos as seguintes questões sociais: Valores e Resultados: um referencial de avaliação no Terceiro Setor - Doutora Eloísa Helena de Souza Cabral; A FGR e a Inclusão Digital: uma possibilidade de Inserção Social - Fundação Guimarães Rosa; Escola da Paz - A esperança para o século XXI - Fundação Guimarães Rosa; João; um encantado..., de autoria do jornalista e escritor Petrônio Souza Gonçalves; Caminhos da solidariedade - Sra. Andréa Neves da Cunha, Presidente do Servas. Compondo o arcabouço da discussão das questões vinculadas ao sistema de Defesa Social, apresentaremos: A Atuação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais em prol da Segurança Pública - Coronel BM José Honorato Ameno, Comandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais; A Evolução da Educação na Polícia Militar de Minas Gerais - Tenente-Coronel PM de Minas Gerais, Márcio Antônio Macêdo Assunção; Segurança Pública no Brasil tem Jeito! - Professor Luis Flavio Sapori, Coordenador do Curso de Ciências Sociais da PUC Minas e pesquisador da Fundação João Pinheiro; Segurança Cidadã: qual Controle?, por Ellen Márcia L. S. de Carvalho, Coordenadora do Programa de Mediação de Conflitos em Belo Horizonte, MG; O Terceiro Setor e o controle da Gestão Pública Municipal: lições a partir do caso de Bogotá - Armindo dos Santos de Sousa Teodósio; A Justiça Militar de Minas Gerais: setenta anos de existência - Juiz Cel PM Rúbio Paulino Coelho; Notas sobre organizações e servidores policiais, de autoria editorial do Dr. Jésus Barreto Júnior, Delegado Geral da Polícia Civil de Minas Gerais; Cultura da Paz para o Desenvolvimento Humano: uma forma de combater a criminalidade e a violência na contemporaneidade, de Álvaro Antônio Nicolau, Cel PM QOR - Superintendente- Geral da Fundação Guimarães Rosa e Diretor de Segurança da FUNDAMIG (Fundação Mineira de Fundações de Direito Privado), além da entrevista realizada pela Historiadora Kelly Cardozo com a equipe da Assessoria de Comunicação da SEPPIR (Secretaria Especial Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República) sobre Oralidade negra na formação nacional e valorização da SEPPIR. Nossos leitores perceberão que, neste conjunto, os articulistas fornecem um trabalho compreensivo, que nos permitirá conhecer melhor o fenômeno social e da Segurança Pública, e para o qual serão bem-vindas todas as colaborações e sugestões que nos ajudem a tornar cada vez melhor a vida das pessoas. Queremos a FGR em Revista como um canal sempre aberto para a participação, a colaboração e as suas mensagens. Somos Parte de um Todo que necessita de democracia, diálogo, transparência, acesso à comunicação e à informação. Nosso estímulo é o pensar simples, é o ter atitude para confirmar a simplicidade nas ações e obter os resultados esperados. Rua Paraíba, º andar Funcionários - CEP Belo Horizonte - MG Tel. (31) Endereço eletrônico - fgr@fgr.org.br Superintendente-Geral Álvaro Antônio Nicolau em revista Superintendente Operacional Pedro Seixas da Silva Superintendente de Administração e Finanças José Antônio Gonçalves Setor de Comunicação, Cultura e Lazer Juliana Leonel Peixoto Jornalista Responsável Stefania Cavedoni - DRT/Mtb/MG 2129 Projeto Gráfico, Edição e Diagramação Jota Campelo Comunicação Tiragem 3 mil exemplares Fotos Vera Godoy / Arquivo Colaboradores FGR / BM5 CBMMG / TJM Impressão Gráfica e Editora 101 A Fundação Guimarães Rosa não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. É permitida a divulgação das informações desde que citada a fonte. Foto de Capa Andrew Souza Moreira (Programa Escola da Paz e Projeto Portas Abertas) - Foto: Vera Godoy FGR EM REVISTA 5

6 Espaço de Eventos Veredas da Fundação Guimarães Rosa Um lugar perfeito para pequenas reuniões ou grandes eventos. 14 mil m² de área de lazer auditório para 200 pessoas refeitório salas de jogos piscinas para adultos e crianças suítes para casal e solteiros apartamentos coletivos com banheiro quadras esportivas área arborizada Venha conhecer o novo empreendimento da Fundação Guimarães Rosa: Espaço de Eventos Veredas. Ambiente rústico e aconchegante em meio à natureza, com infra-estrutura para a realização da sua reunião de negócios, grandes eventos corporativos ou sociais, atividades esportivas e de lazer ou simplesmente para relaxar no final de semana. Tudo isso em BH, na região de Venda Nova. Melhor impossível. Marque uma visita sem compromisso. Rua das Chácaras, 6 Venda Nova. (31) (31) (31) (31) zilton@fgr.org.br veredasfgr@fgr.org.br

7 educação e cultura Educação: uma responsabilidade de todos Nada é mais importante hoje do que a capacitação dos brasileiros para que possamos construir uma riqueza nacional mais sólida e firmar uma presença cada vez mais soberana no mundo. Isso só pode se dar pela melhoria na abrangência e na qualidade da Educação do nosso País. (Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no lançamento do PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação - 24 de abril de 2007). O tema Educação vem sendo exaustivamente debatido por organismos nacionais e internacionais, personalidades, educadores, governos e a sociedade. Em seu discurso na solenidade de lançamento do PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação, em abril de 2007, o Presidente Lula foi claro quando afirmou que nenhum tema é tão positivo, tão mobilizador e capaz de unir tanto o País quanto a Educação. Mas só transformaremos esta emoção física em realidade quando houver uma profunda mudança de atitude dos governos, da sociedade civil e, muito especialmente, da família. Mas, afinal, o que é Educação? É uma responsabilidade de todos. Cada setor da sociedade deve ter um papel ativo no desenvolvimento da capacidade física, moral e intelectual do ser humano. Educar não é apenas ensinar, é também aprender para a vida. A educação afirma valores e ações que contribuem para a formação humana, social e para a preservação ambiental. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relações de interdependência e diversidade. Diante de tal afirmativa, muito se discutiu sobre as bases para a integração da responsabilidade individual e coletiva, assim como os princípios da educação para a construção de sociedades sustentáveis, durante 5º Seminário Nacional: Educação para uma Sociedade Sustentável, evento simultâneo à Ecolatina - 7ª Conferência Latino- Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social, realizada em Belo Horizonte de 16 a 19 de outubro de 2007 ( O Brasil ainda está longe do ideal Apesar de todo o esforço do governo e da sociedade, um estudo recente da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) mostra que o Brasil está entre os 53 países que ainda não atingiram, ou estão longe de atingir, até 2015, as metas do EPT (Educação para Todos): compromisso firmado por diversas nações durante a Conferência Mundial de Educação, realizada em 2000, em Dacar, no Senegal. Entre as principais dificuldades que o País enfrenta estão as desigualdades educacionais e raciais, a situação econômica dos estudantes e a localização geográfica. De acordo com esse importante diagnóstico sobre a realidade educacional brasileira, as disparidades são mais evidentes no item renda familiar: entre os jovens mais pobres, 25% estão na escola, ou seja, metade da taxa apresentada pelos jovens mais ricos; porém, menos de 1% encontrase no ensino superior, taxa que, para os mais ricos, é de 40,4%. Também são acentuadas as desigualdades raciais, principalmente entre brancos e negros. O trabalho, denominado Relatório de Monitoramento de EPT Brasil 2008, foi lançado pela UNESCO em solenidade no MEC (Ministério da Educação), em Brasília, no dia 30 de abril de 2008, com presença do Ministro da Educação, Fernando Haddad, dirigentes do CONSED (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação). O evento fez parte das atividades da Semana de Ação Mundial, que em abril de 2008 abordou o tema Educação de Qualidade para Todos: Fim da Exclusão Já! (UNESCO, Brasília, 30/04/2008). FGR EM REVISTA 7

8 O que falta para o Brasil na Educação? Para o Presidente Lula, o fortalecimento da Educação só pode se dar se houver uma mudança profunda na qualidade e na filosofia do ensino e, para isso, é indispensável debater o ensino, a relação do Estado com o ensino e a relação da família com a Educação. É o que se pretende com o desenvolvimento de projetos nos vários níveis educacionais, da creche ao pós-doutorado, levando-se em conta fatores como alfabetização, rendimento dos alunos, taxa de repetência e evasão escolar, educação profissional, tecnologia, melhoria da qualidade do ensino, aperfeiçoamento de professores e outros. O compromisso de Minas com a Educação O Estado de Minas Gerais ocupa hoje o quarto lugar no ranking da Educação no Brasil, atrás somente do Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Paraná. Em números, esta é a situação de Minas, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Educação. No ranking do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), Belo Horizonte aparece com a melhor média entre as escolas classificadas, com um total de 72,8 pontos. Ao mesmo tempo, apresenta a terceira pior classificação entre as escolas públicas de capitais do País, com um total de 27,4 pontos. A capacidade de leitura dos alunos do segundo ano do Ensino Fundamental cresceu 6,8%, em relação ao ano passado. A elevação dos níveis de aprendizagem dos alunos das escolas estaduais faz parte das prioridades para 2008 na área da Educação, além disso, é compromisso do Governo de Minas Gerais que todas as crianças da rede pública estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade. educação e cultura Durante a homenagem que recebeu da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2007, o Governador do Estado, Aécio Neves, demonstrou seu otimismo quanto aos resultados alcançados nos últimos anos e ressaltou os investimentos nas áreas de Educação e Cultura: Vivemos um novo tempo e uma nova esperança em Minas. Estamos orgulhosos dos resultados que nossas crianças alcançaram nos exames de avaliação independente existentes no Brasil. Voltamos a liderar em várias matérias, disputando com estados que não possuem os desníveis sociais de Minas. Continuaremos insistindo, investindo e inovando nessas áreas, porque sabemos que não há outro caminho para o desenvolvimento. (Gazeta do Triângulo, 12 de dezembro de 2007). Esse caminho foi aberto em outubro de 2007, quando o Governador Aécio Minas Gerais possui a segunda maior rede de ensino básico do País. É o único Estado brasileiro que oferece ensino fundamental de nove anos nas escolas públicas estaduais e municipais em 100% dos municípios. Conta com 4,9 milhões de alunos, sendo 4,4 milhões na rede pública (90,5%). Destes, 58% estudam na Rede Estadual. Em 26 municípios mineiros não existem escolas que ofereçam Ensino Médio, isso representa 2,9% do total e 1,5% da Região Sudeste. Menos da metade dos jovens entre 15 e 17 anos chegam ao Ensino Médio. 8 FGR EM REVISTA

9 educação e cultura implantou o PEP (Programa de Educação Profissional) e assinou decreto criando a Rede Mineira de Formação Profissional, com intuito de oferecer educação de qualidade e oportunidades reais de trabalho para os mineiros. Em seu pronunciamento por ocasião do lançamento do programa, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, ele foi conclusivo: Já se foi o tempo em que a busca devia ser por um canudo, por um diploma universitário. Isso é importante e, certamente, as oportunidades para o acesso ao terceiro grau e ao ensino universitário também continuarão a ser ampliadas em Minas, mas o que estamos fazendo é permitindo que esses jovens se formem e se preparem e que tenham, imediatamente, condições de contribuir na sua região para o desenvolvimento de sua comunidade e, obviamente, para o seu progresso pessoal. (Governo do Estado) A Educação também é prioridade na Fundação Guimarães Rosa Educar os mineiros a partir da transformação e da inclusão social de crianças e adolescentes, da profissionalização de jovens e adultos, da capacitação, do treinamento e da expansão do conhecimento. Talvez esta seja uma das estratégias que definem com mais clareza os anseios da Fundação Guimarães Rosa de ser reconhecida como a melhor solução de apoio aos órgãos públicos e organizações de modo geral. Nos últimos anos, a FGR vem demonstrando seu know how na área da Educação, prioritariamente naqueles projetos que contribuem para a melhoria e o crescimento da Defesa Social em Minas Gerais. O Superintendente-Geral da Fundação, Álvaro Antônio Nicolau, analisou o ambiente no qual a instituição está inserida: Minas Gerais se destaca no cenário econômico nacional, certamente por vivenciar um período virtuoso que combina crescimento econômico, ajuste fiscal e reordenação institucional. Nesse ambiente de negócios, o Estado promove importantes inversões em projetos não só de infraestrutura, mas também de preparação de seu pessoal, no treinamento, cursos, além de concursos para complementação de seus quadros, mormente da Defesa Social. Esse ambiente propiciou à Fundação Guimarães Rosa, com sua expertise em cursos, concursos, treinamentos e consultorias, participar das diversas concorrências públicas, tendo participação no processo. (Relatório Anual 2007). Nesse cenário, vale enfatizar o alto padrão na organização de concursos para atender aos setores da administração pública em Minas, especificamente da Guarda Municipal da Capital e de cidades como Juiz de Fora, Pitangui, Contagem, Alfenas, Varginha, Sabará e Três Pontas. Além dos concursos púbicos para os cargos de nível médio e superior dos quadros permanentes das prefeituras, e para agente de segurança penitenciária de vários municípios. Por outro lado, a parceria com a SEDS (Secretaria de Estado da Defesa Social), PMMG (Polícia Militar de Minas Gerais), Polícia Civil, Guarda Municipal e Corpo de Bombeiros Militar permite à FGR criar alternativas de aperfeiçoamento, bem como promover a valorização dos profissionais de segurança pública, visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Em 2007, a relação de cursos incluiu desde a capacitação dos alunos da Guarda Municipal selecionados em concurso, passando por seminários de ação comunitária, com envolvimento dos moradores; seminários de avaliação do Comando de Policiamento da Capital; curso de segurança preventiva orientada ao turismo, principalmente para o circuito da Estrada Real; até os treinamentos do PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência). Em 2008, a FGR lançou os cursos livres de curta duração em diversas áreas do conhecimento. O programa educacional e informativo é aberto ao público e as aulas, ministradas por profissionais reconhecidos no mercado, acontecem na própria instituição, entre eles: Linux - Sistema Operacional e Pacote de Escritório ; Contratos e Licitações ; Mediação de Conflito ; Existir com Sexualidade ; e Auditoria. No primeiro semestre de 2008, a FGR capacitou 120 profissionais. Importante mencionar, ainda, as diferentes formas de transmitir conceitos, conhecimentos e produtos que a FGR vem adotando com êxito em conjunto com entidades de destacada atuação em Minas Gerais e em outros estados. Diferentemente dos cursos de curta duração, os seminários, workshops, palestras e fóruns atraem interessados em conhecer a atuação da instituição em áreas como Segurança Pública, Desenvolvimento Sustentável, Psicologia e Sociologia. Entre os principais: CISED - Ciclo de Segurança em Debate, cuja primeira palestra, no final de 2007, abordou o tema Desafios da Segurança Pública no Século XXI ; II Seminário de Responsabilidade Socioambiental, em 5 de junho de 2008; e o I Simpósio de Psicoterapia Existencial, com previsão para acontecer em setembro de Porém, os objetivos institucionais da Fundação Guimarães Rosa vão além e compreendem ações sociais, comunitárias, voluntariado, pesquisa e desenvolvimento institucional. Desde o início de sua trajetória, há seis anos, é marcante o trabalho em favor das crianças, adolescentes e idosos que vivem nas comunidades carentes, sendo reconhecido por organismos formados por representantes do governo e da sociedade civil. Exemplos de uma atuação socioeducativa e cultural de sucesso podem ser conferidos nesta edição do FGR em Revista : Escola da Paz e Inclusão Digital. FGR EM REVISTA 9

10 educação e cultura Escola da Paz A esperança para o século XXI O século XX foi considerado o mais violento e sangrento da história. Nesse século, o mundo assistiu a duas guerras mundiais; a explosão de bombas atômicas; as crises ambientais globais; a diversos conflitos territoriais, sociais e culturais; a guerra fria; a acumulação de armas de destruição em massa e o surgimento do terrorismo internacional. Atualmente, a humanidade encontra-se em um momento de transição histórica, no qual o homem é convidado a desvencilhar-se de práticas, atitudes e comportamentos que gerem violência e a construir um mundo de paz. A construção de um mundo de paz se torna premente por causa do risco da autodestruição e da disseminação da violência em todos os segmentos da sociedade. E esse fenômeno é global. Mais do que em qualquer outro momento histórico, um clamor por mudanças eclode no nosso tempo. Em todo o mundo, as pessoas têm sido confrontadas pela intolerância; pela violência; pela derrocada dos valores; pelo desrespeito aos direitos humanos. E isso tem contribuído para a reinstalação da barbárie, porque as pessoas estão usando a força e o derramamento de sangue para atingir interesses particulares. Para reverter esse rumo, é preciso construir uma cultura de paz, é preciso ter e viver num mundo de paz. Nessa construção, a Escola é chamada a desempenhar um papel fundamental. Para isso, precisa estabelecer um clima dialógico e implantar uma Educação para a Paz no Século XXI. 10 FGR EM REVISTA A consolidação desse mundo de paz requer uma Educação para ou pela Paz. A paz não é somente a resolução de guerras ou conflitos beligerantes, mas, também, a resolução de conflitos e injustiças entre as pessoas por meio do diálogo. Nesse sentido, a Escola pode contribuir para a construção de um mundo melhor ao implantar uma Educação para a Paz e promover um clima dialógico. Na medida em que o ambiente escolar favorecer a paz (e, por conseguinte, o diálogo), estará abrindo caminho para que os estudantes de hoje sejam os cidadãos responsáveis e educados de amanhã. Seres humanos aptos a perpetuar a história da própria espécie e a preservar a história das demais espécies e do planeta Terra. Escola da Paz na construção de um mudo melhor O Programa Escola da Paz se inscreve no esforço da construção de um mundo de paz, no qual a Educação é alicerce, coluna e viga de sustentação. Esse programa surgiu em 2007, depois que os participantes do projeto Portas Abertas, que eram, e muitos ainda são, alunos da Escola Estadual Henrique Diniz, divulgaram o trabalho desenvolvido pela Fundação Guimarães Rosa com crianças e adolescentes. Esse fato encorajou a diretora Tereza Cristina Queiroga de Morais e muitos professores da escola a formar uma parceria com a Fundação Guimarães Rosa. Após a realização dos primeiros contatos, a psicóloga Flávia Mônico, gestora psicossocial dos projetos sociais

11 educação e cultura da FGR, passou a visitar a escola e pôde constatar a existência de uma cultura de violência que conseguia desestabilizar o ambiente escolar, reproduzindo as graves dificuldades da sociedade brasileira. A violência gerada pela manifestação dos problemas sociais na escola se amplificava pela falta de uma orientação educacional em favor da formação de valores civilizatórios. Diante disso, a parceria concretizada entre a FGR e a Escola Estadual Henrique Diniz permitiu transformar as ações, atitudes e comportamentos impregnados pela cultura da violência em ações e valores de uma Educação da Paz. A Educação da Paz não busca a extinção do conflito, mas sua resolução e a mitigação das injustiças entre as pessoas. Nesse sentido, a Educação da Paz é uma construção coletiva. Além disso, repõe ou propõe o diálogo e a negociação. Esses termos, por sua vez, implicam em aprendizagem e relacionamento. Desses quatro termos, emergem os eixos norteadores do Programa Escola da Paz. Esses guardam conexão com os quatro pilares - aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser - da Educação para o Futuro, apontados no Relatório para a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. O eixo diálogo corresponde a aprender a viver juntos. O eixo negociação, aprender a fazer (produzir por meio de determinada ação, realizar). O eixo aprendizagem, a aprender a conhecer. E o eixo relacionamento corresponde a aprender a ser. Os eixos norteadores do Programa Escola da Paz estruturam as três dimensões da atuação educacional do programa: trabalho interdisciplinar com conteúdos substantivos sobre valores e paz, a valorização dos Heróis da Paz e a abertura da escola nos finais de semana. O trabalho interdisciplinar com os conteúdos substantivos busca a internalização de conhecimentos e as práticas promotoras da paz e vem sendo realizado de acordo com programação temática apropriada a cada momento educacional. O trabalho interdisciplinar com conteúdos substantivos parte das representações dos alunos, sem se fechar nelas, procurando estabelecer um ponto de entrada no sistema cognitivo que permita a desestabilização dessas representações, além de sua organização ou reorganização com os conhecimentos abordados em sala de aula. A valorização dos Heróis da Paz privilegia ações de diversos ícones pacifistas como referência para se viver e praticar a paz. Nesse trabalho, a escola cria um banco de ícones da paz e submete os estudantes a uma escolha do Herói da Paz em cada ano letivo. O herói eleito não poderá concorrer nos próximos pleitos até que todo o banco de ícones seja visto (a vida e obra do herói serão trabalhadas nas diversas disciplinas). O exercício tem seu ponto alto no dia 21 de setembro, Dia Internacional da Paz. Os alunos também poderão atuar como protagonistas da paz, inscrevendo-se nos diversos concursos culturais (poesia, redação, teatro, entre outros) durante o ano do Herói da Paz. A apresentação e premiação dos trabalhos vencedores ocorrerão durante a Semana Internacional da Paz : uma festa cívica que celebra as ações pacifistas em âmbito local, nacional e internacional. Anualmente, as atividades realizadas na Semana Internacional da Paz farão parte do Festival Escola da Paz. E todas as atividades serão avaliadas no Fórum da Paz, a ser realizado no final do ano, quando os alunos poderão se inscrever para participar da programação. A professora Luciamar Rosse Reis Ferreira, da 1ª série da Escola Estadual Henrique Diniz, fala da eleição do Herói da Paz na turma: Com certeza, as crianças demonstraram entusiasmo com a eleição do representante de turma e do personagem, que foi o Piu-Piu. Tudo na minha sala tem o Piu-Piu. Da lixeirinha ao lápis e ao caderno. Tudo deles também tem o personagem. A turminha do Piu-Piu deixa recadinhos para os meninos do FGR EM REVISTA 11

12 Ensino Médio, da manhã e da noite, e troca bilhetinhos pedindo para que eles não rasguem a nossa mascote. As crianças participam junto comigo e isso está repercutindo na escola inteira. Na minha sala eu, como professora de primeira série, estou amando, acho que não deve acabar nunca. A abertura da escola nos fins de semana se efetivará com a realização de oficinas que proporcionem lazer, esportes e cultura, mas também espaços para a convivência comunitária e o protagonismo juvenil. Essa dimensão se espelha no Programa Abrindo Espaços - Escolas de Paz, promovido desde 2000 pela UNESCO em parceria com o Governo Estadual do Rio de Janeiro. Abrir a escola para a comunidade nos finais de semana, além do acesso ao lazer, dará aos jovens a oportunidade de vivenciar ações de educação para valores e para a paz. As três dimensões do trabalho educacional do Programa Escola da Paz buscam, essencialmente, a transformação das ações, atitudes e comportamentos impregnados pela cultura da violência que se verifica na escola em ações e valores de uma Educação da Paz. Além da operacionalização dos seus objetivos, o Programa Escola da Paz pretende atingir as seguintes metas: diminuir a ocorrência de fatos violentos na escola; diminuir o insucesso escolar (notas) e a ocorrência de comportamento inadequado (qualquer ação que atente contra a estruturação das atividades escolares); aumentar a participação da família do estudante na escola; estimular o aluno a internalizar e promover a cultura da paz; implantar a educação da paz e o Festival Escola da Paz ; incentivar o aluno a valorizar o diálogo, a negociação e o relacionamento; estimular o aluno a valorizar a escola e o conhecimento. 12 FGR EM REVISTA O conjunto de ações proposto pelo Programa Escola da Paz é ousado. Sua execução requer cuidado, planejamento e esforço integrado. A primeira ação do programa na escola foi de conscientização sobre a paz com a turma 261 (primeira turma de 6ª série do 2º turno escolar), no ano letivo de Esse trabalho, realizado no segundo semestre, consistiu em uma pequena introdução da nobre tarefa de construir a Escola da Paz para o Século XXI. Feita a apresentação, foi preciso implementar um trabalho de maior envergadura na escola. Como o programa é muito amplo, os parceiros decidiram aplicar um teste-piloto com os 231 alunos do nível introdutório até a 4ª série e realizar uma pesquisa de clima escolar com os demais alunos e com todos os professores e funcionários da Escola Estadual Henrique Diniz. O teste-piloto foi iniciado em 2008 com eventos de sensibilização e treinamento dos professores para a promoção da cultura de paz e da educação para a paz com os alunos do nível introdutório e de 1ª a 4ª séries. Em fevereiro, aconteceu a palestra Vivendo Valores na Escola com o fim de sensibilizar e motivar os professores a realizarem dinâmicas e reflexões. Simultaneamente, foram treinados 18 professores para trabalhar com o material didático elaborado por uma equipe de profissionais da FGR. Esse material é composto por cadernos de atividades dos alunos e de orientações para os professores. O conteúdo do caderno de atividades enfatiza valores como convívio social, tolerância, solidariedade, responsabilidade, proteção à natureza, companheirismo, amor e cidadania. Enfim, o teste-piloto pretende avaliar a execução das três dimensões do trabalho educacional do Programa Escola da Paz com os alunos do introdutório e de 1ª a 4ª séries durante o ano de educação e cultura A vice-diretora da Escola Estadual Henrique Diniz, Magda Simaria Simões, avalia os resultados dessa megaoperação em favor da paz: Ainda não temos uma definição de tamanha grandiosidade. Porém, já começamos a perceber mudanças nos meninos, seu comportamento dentro de sala de aula, a relação entre os colegas e entre os professores. Então, a gente começa a ter mudanças em relação aos procedimentos, ao resgate de valores disseminados pela Escola da Paz. Na pesquisa de clima escolar, será feito o diagnóstico da escola, o mapeamento das idéias dos alunos sobre a violência escolar e a percepção que eles têm sobre o conjunto de ações do Programa Escola da Paz. Os primeiros passos para a construção de uma paz duradoura foram dados. Cabe, agora, a todos os agentes envolvidos no Programa Escola da Paz regar e semear os frutos da paz. A Sra. Roselita Imaculada de Medeiros Brito, mãe de dois alunos da escola, um na 3ª série e outro no Introdutório, já percebe os resultados do Programa Escola da Paz em casa: Meus meninos mudaram muito, eles não brigam mais e comentam sobre os livrinhos de atividades: eles gostam muito. O projeto é importante, principalmente para os meninos mais levados. Meus filhos levam todas as novidades e contam tudo sobre o que aprenderam na escola. Hoje, 219 crianças são assistidas pelo Programa Escola da Paz, com o total de 200 famílias beneficiadas indiretamente. Ao todo, a FGR investe R$ 2.300,00/mês em ações de transformação de atitudes e comportamentos impregnados de violência em empreendimentos de saudável convivência e de promoção contínua da paz e da cidadania. (Foto: Projetos Escola da Paz e Portas Abertas.)

13 educação e cultura A FGR e a Inclusão Digital: uma possibilidade de Inserção Social A parceria entre a tecnologia e os métodos pedagógicos tradicionais facilita a integração da educação com o mercado de trabalho e a formação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Da mesma forma, a Inclusão Digital, caracterizada pela efetiva democratização do acesso às tecnologias digitais, tem auxiliado no processo de manuseio de ferramentas da comunicação e modernas técnicas para atender o cidadão que depende de novos meios de sobrevivência. O termo Inclusão Digital surge a partir do avanço da globalização e significa melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com a ajuda da tecnologia. Incluir digitalmente não é apenas alfabetizar digitalmente, mas melhorar quadros sociais a partir do uso dos computadores. A Inclusão Digital é representada por grande número de pessoas com acesso às mais diversas tecnologias da informação, à Internet e aos serviços que ela oferece. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aproximadamente 12% dos brasileiros têm computador em suas residências e pouco mais de 8% encontram-se conectados à Internet. Esses dados retratam como a população brasileira tem sido privada do acesso à tecnologia. Será necessária uma política ampla que trabalhe com as particularidades de cada região e para que o acesso à tecnologia faça parte efetivamente da vida desses grupos sociais, atendendo as necessidades específicas de cada um deles. Dessa forma, a informação poderá ser difundida localmente e compartilhada entre eles. Tendo em vista a importância de se promover a Inclusão Digital, a Fundação Guimarães Rosa investe na produção e disseminação de conhecimento digital nas comunidades carentes que, por falta de recursos, são excluídas da tecnologia. A possibilidade de desenvolvimento pessoal e de vínculo social para as comunidades está cada vez mais próxima, com as ações promovidas pela FGR. O Projeto Inclusão Digital: uma possibilidade de Inserção Social, criado em 2006, tem o objetivo de desenvolver estratégias para promover a inclusão social de comunidades menos favorecidas, utilizando-se de ferramentas da tecnologia e da comunicação como instrumento para construção, crescimento e exercício da cidadania. Aula de Tecnologia Linux para os participantes do Projeto Portas Abertas. Para realizar as atividades do Projeto Inclusão Digital, a Fundação Guimarães Rosa dispõe de um laboratório de informática (Telecentro) com estrutura de Internet banda larga, um computador por aluno, em turmas com dez alunos e apoio capacitado de monitoria e recursos de equipamentos multimídia. Os cursos de informática são aplicados por profissionais da área de Tecnologia da Informação com habilidades pedagógicas, o que facilita a aprendizagem dos alunos. A metodologia do projeto prevê a aplicação de um curso básico de informática (Linux, BrOffice e Internet), FGR EM REVISTA 13

14 com carga horária de 56 horas, dividido nos turnos manhã e tarde. A participação de integrantes dos Programas e Projetos Sociais da FGR é constante no Projeto Inclusão Digital. Adolescentes e jovens, entre 12 e 24 anos completos, já matriculados em algum programa ou projeto, são beneficiados com os cursos de informática. Os alunos que passam pelo Projeto Inclusão Digital recebem conhecimento e prática para desenvolver uma consciência cidadã e de transformação social, além de qualificação que facilita a inserção no mercado de trabalho. Número de atendidos Participantes por Projeto Projeto Portas Abertas Projeto JOIA Crianças e Adolescentes assistidos pelo projeto da FGR Inclusão Digital, em 2007 Com a finalidade de maximizar o uso do Telecentro FGR, gerando renda para auto-investimento, a participação do público externo também é destaque. A FGR oferece curso básico de Informática (Linux, BrOffice e Internet) e curso de Windows (Word, Excel e PowerPoint) a baixo custo para a comunidade em geral. O projeto ainda inclui a capacitação dos colaboradores da Fundação Guimarães Rosa, além de professores da rede pública estadual. É o conhecimento gerador de qualidade na prestação de 14 FGR EM REVISTA Número de atendidos Outros Segmentos Colaboradores FGR Público Externo Outros Segmentos Atendidos pelo Inclusão Digital em 2007 serviços para a comunidade. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou, em 2006, uma pesquisa que demonstrava a participação dos municípios nas políticas de inclusão digital. O levantamento identificou que, em metade dos municípios (52,9%), a iniciativa foi adotada. Entre as regiões, a Sul aparece em primeiro lugar (59,4%) e a Sudeste em segundo lugar, com 57,9%, na iniciativa de promover a inclusão digital. Em 2007/2008, a Fundação Guimarães Rosa já faz parte desta estatística. O Projeto Inclusão Digital foi levado para outras localidades. A Escola Estadual Henrique Diniz recebeu a ajuda dos técnicos da FGR para montagem do laboratório de informática, capacitação de professores para manuseio do Sistema de Tecnologia Linux, além de facilitar a formatura da primeira turma de Inclusão Digital dos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Eu sou capaz de fazer! Existe um mundo informatizado e eu faço parte dele!, é assim que a diretora Tereza Cristina Queiroga de Morais, da Escola Estadual Henrique Diniz, fala sobre a importância da inclusão digital para alunos da rede pública de ensino. Hoje, a realidade impõe educação e cultura esta tecnologia, que é importante e necessária no âmbito do Estado, declara a diretora. De sonho à realidade de um futuro melhor. O sonho de se tornar um profissional excelente e construir algo para si e para sua família estão cada vez mais presentes na mente de um adolescente. E é isso que a FGR busca, além de proporcionar desenvolvimento pessoal e social por meio da Inclusão Digital: levar o cidadão a entender a importância do conhecimento para vencer no mercado de trabalho. O jovem Luan Alves da Conceição, ex-participante do Projeto Portas Abertas, é um bom exemplo de como a inclusão digital pode intervir de forma positiva no crescimento profissional do indivíduo. Com a ajuda do Projeto, já comecei a ter visão do que queria. Ajudou na minha formação do dia-a-dia. Ele participou do Projeto Inclusão Digital e dos cursos de tecnologia Linux I e III. Aprendi muito e me ajudou no trabalho que eu faço. Tanto que o rapaz já foi contratado pela FGR para trabalhar no Departamento de Ensino e Pesquisa e diz que o curso é um diferencial: A maioria das empresas hoje utiliza essa tecnologia. A possibilidade de proporcionar desenvolvimento pessoal e vínculo social para a comunidade está agora mais próxima, com as ações promovidas pela Fundação Guimarães Rosa Fonte: IBGE, Disponível em: ( pagina=1). Acesso em 28 de abril de 2008.

15 educação e cultura A oralidade negra na formação nacional e valorização da SEPPIR Kelly Cardozo Fundação Guimarães Rosa: A SEPPIR (Secretaria Especial Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República), em linhas gerais, foi criada para o reconhecimento das lutas históricas do Movimento Negro e ampliou sua atuação para outros segmentos étnicos discriminados. Percebemos em algumas articulações realizadas pela Fundação Guimarães Rosa, que envolvem assuntos relacionados à SEPPIR em meios públicos e privados, um desconhecimento da maioria desses mesmos setores sobre suas ações. Você poderia explicar melhor a atuação da SEPPIR e sua divulgação na sociedade? Assessoria de Comunicação da SEPPIR / Presidência da República: A SEPPIR foi criada em 2003 com a missão de coordenar as políticas públicas e ações afirmativas para a proteção dos direitos sociais de indivíduos em grupos raciais e étnicos, com ênfase na população negra e povos etnicamente discriminados, como judeus, palestinos, indígenas e ciganos. A SEPPIR é resultado da histórica luta do Movimento Negro no Brasil, bem como do reconhecimento da enorme dívida social para com o povo negro. Tem por missão acompanhar e coordenar políticas de promoção da Igualdade Racial, executadas por diferentes ministérios e outros órgãos do governo brasileiro. Além de articular, formular, promover e acompanhar a execução de diversos programas de cooperação com organismos públicos e privados, nacionais e internacionais, e, ainda, acompanhar e promover o cumprimento de acordos e convenções internacionais assinados pelo Brasil que digam respeito à promoção da Igualdade Racial e ao combate ao racismo. A Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial foi instituída no mesmo ano, tratando de ações viáveis em longo, médio e curto prazos, primando pela defesa dos direitos, pela afirmação do caráter pluriétnico da sociedade brasileira, pela preservação e proteção das terras de comunidades remanescentes de quilombos, pelo cumprimento da criminalização do racismo, mediante ações afirmativas e transversalidade entre a questão racial e outros fatores de vulnerabilidade. A falta de conhecimento mais amplo da sociedade a respeito das atividades da SEPPIR talvez se explique por ser a promoção da Igualdade Racial um tema relativamente recente na agenda do Estado brasileiro; por não existir, em nenhuma outra parte do mundo, órgão governamental congênere; pela famigerada inaptidão dos veículos brasileiros de comunicação no trato com as questões raciais, o que reforça no imaginário popular o mito da democracia racial brasileira; e por não ser a SEPPIR a executora final das ações e políticas que formula e articula. FGR: O sistema brasileiro, em geral, ainda encontra dificuldades na inserção da política de reparação da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira na Educação, por intermédio da Lei Federal nº , sancionada em 2003, pois longo é o caminho da valorização cultural dessa matriz. Quais são os programas e em que áreas a SEPPIR atua? Qual é o direcionamento e como são disponibilizadas essas ações para a sociedade? SEPPIR: O desafio da SEPPIR é fazer com que todos os agentes sociais incorporem a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, seja por meio da ação direta, direcionando os programas do Governo Federal ou estimulando os estados e municípios, empresas e organizações não-governamentais, por meio de incentivos, convênios e parcerias, a adotarem programas de promoção da Igualdade Racial. A mesma situação se verifica em relação à adoção e cumprimento da Lei nº /03, que institui o ensino de História da África e História dos Negros no Brasil na grade curricular de todas as escolas brasileiras de nível fundamental e médio, sejam elas públicas ou privadas. A Lei nº /03 altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Como a implantação da Lei é de responsabilidade dos sistemas de ensino, a atuação da SEPPIR fica restrita à transversalidade, seja com o Ministério da Educação, seja com os governos estaduais e municipais. No entanto, há poucos organismos similares à SEPPIR no Brasil, em âmbito estadual ou municipal. Não existe marco legal ou jurídico que envolva os órgãos públicos em FGR EM REVISTA 15

16 geral para tratar de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades raciais. Para alterar esse quadro é necessário que os gestores locais assumam a responsabilidade institucional na implementação das políticas de promoção de Igualdade Racial. Nesse sentido, fortalecendo o diálogo com estados e municípios, a SEPPIR constituiu o FIPIR (Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial), que promove uma ação continuada entre as três esferas de governo (federal, estaduais e municipais) com a finalidade de articular, capacitar, planejar, executar e monitorar ações de promoção da Igualdade Racial. Conseguimos avanços e o governo de alguns estados, como o Rio de Janeiro, por exemplo, já estão se preparando para adotar integralmente a medida. Compreendemos, ainda, que a demora na adoção da Lei nº /03 se deve ao pequeno quantitativo de educadores capacitados para o ensino das disciplinas em questão. Neste sentido, a SEPPIR - em parceria com a Petrobras, o Centro Brasileiro de Identidade e Documentação do Artista Negro, a TV Globo e a Fundação Roberto Marinho - formulou e estuda a ampliação do Projeto A Cor da Cultura, que prevê a criação de conteúdos audiovisuais e impressos sobre a cultura afro-brasileira. Esse material está sendo disseminado por meio da TV e também em duas mil escolas públicas de ensino fundamental de vários estados do País. Para isso, os professores estão sendo capacitados para utilizá-lo em sala de aula, sendo acompanhados nessa implementação. Além disso, os conteúdos serão disponibilizados em uma página na Internet, que aprofundará os temas tratados por meio de artigos e biografias. FGR: Ainda na questão da Educação, em março de 2008 foram alteradas a Lei nº 9.394, de Diretrizes e Bases, e a Lei nº , Introdução 16 FGR EM REVISTA da História e Cultura Africana, Afro- Brasileira, para a Lei nº , Introdução da História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena. A SEPPIR tem condições de se adequar à temática indígena no exercício do presente ano? SEPPIR: A comunidade indígena é integrante do Conselho da SEPPIR. Quanto à nova Lei, foi realizada uma reunião com os professores indígenas durante a I Conferência Nacional de Educação Básica, promovida pelo MEC, no último mês de abril, em Brasília. Na ocasião, foi deliberado que o Comitê Nacional de Educação Escolar Indígena, vinculado ao MEC, irá debater a questão para obter uma posição sobre a melhor conduta a ser adotada quanto à temática. Cabe destacar que a educação escolar indígena tem uma longa trajetória de construção, bastante diferenciada dos demais sistemas de ensino. Resta agora à SEPPIR aguardar as diretrizes do Conselho Nacional de Educação, órgão do MEC que determina as diretrizes para a educação nacional e as decisões do próprio Comitê. FGR: Sobre o Patrimônio, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) sancionou o Decreto n 3.551, de 4 de agosto de 2000: No registro de bens culturais de natureza imaterial e preservação do patrimônio, focados no ser humano de forma inclusiva e democrática ; e a UNESCO adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Intangível em No caso da SEPPIR, qual é o posicionamento em relação a esse tema? A instituição possui departamentos específicos na temática da Oralidade e/ou Imaterialidade? Quais são os projetos? Ressalte os que têm cunho afrodescendente. SEPPIR: A SEPPIR atua, também, nos processos de identificação e preservação dos bens culturais de nossa educação e cultura população, colaborando com a Fundação Palmares, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e outros órgãos. Um exemplo recente foi a titulação do samba carioca como patrimônio. Em março de 2008, em seminário no Rio de Janeiro que celebrou um ano dessa titulação, começamos a discutir o programa de salvaguarda com ações voltadas para registro, recuperação e preservação dessas manifestações. FGR: Na promoção de Políticas Públicas, a SEPPIR produz materiais didático-pedagógicos e culturais de educação patrimonial nas áreas de Patrimônio Material e Imaterial Afro? SEPPIR: A SEPPIR tem função de articular as políticas públicas voltadas para os segmentos populacionais que ainda vivem sob situação de desigualdade. Dessa forma, muito de nosso esforço concentra-se em estimular entes federativos - órgãos do Governo Federal, prefeituras, governos estaduais e suas autarquias - a executar ações e a adotar políticas. Inúmeras publicações com este enfoque foram apoiadas pela SEPPIR. FGR: Explique qual procedimento as Entidades (privadas) que investigam o Patrimônio Material e Imaterial devem seguir para estreitar laços e melhorar a articulação com a SEPPIR? SEPPIR: A SEPPIR está sempre aberta e muitíssimo interessada em estreitar laços com a sociedade civil que já manifesta suas preocupações com o patrimônio imaterial. Este tipo de parceria geralmente produz benefícios significativos. Em nossa página na Internet está publicado o Manual de Convênios que pode ser um caminho. Kelly Cardozo - Especialista em Cultura Africana e Afro-brasileira e graduada em História. Gestora e Historiadora do Programa de Valorização da Cultura Negra da Fundação Guimarães Rosa - FGR - Site:

17 educação e cultura A cultura negra e afro-brasileira preservada em Bom Despacho Não tenho a letra, só tenho a palavra! Dona Fiota Na Tabatinga, comunidade de afrodescendentes e bairro pobre de Bom Despacho (MG), ninguém conhece Dona Fiota pelo seu nome de batismo. Pode ser Fiota ou Fiotinha, mas, raramente, Maria Joaquina da Silva, a velha senhora de quase 80 anos que domina a Língua da Tabatinga: gíria de origem banto e espécie de código secreto para conversação e troca de informações entre os moradores da localidade. Pois há pouco tempo, a Dona Fiota resolveu que era hora de mostrar e ensinar a Língua da Tabatinga para os mais jovens, preservando, assim, a memória dos negros e a cultura oral de sua gente. Dessa forma, surgiu o Projeto Dona Fiota, como parte de um projeto maior - Afro-Brasileiro: (Re) Criando Nossas Raízes - desenvolvido em Bom Despacho pela Fundação Guimarães Rosa. Um exemplo de como as instituições, sejam elas públicas ou privadas, podem contribuir para a recuperação, preservação e disseminação dos bens culturais de natureza imaterial do patrimônio brasileiro nas escolas e nos demais municípios mineiros. Desde 2006, a Historiadora e Especialista em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, Kelly Cardozo, e a Assistente de Pesquisa, Rosângela Melo Gontijo, se dedicam ao trabalho de coleta de documentos, informações e depoimentos para a elaboração de 12 cartilhas didático-pedagógicas Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota, que enfatizam temas como história da África, vocabulário e cultura, além dos conceitos de família, pluralidade, ancestralidade, preconceito racial e outros. Esta é uma coleção única e pioneira em que a própria Dona Fiota e uma turminha de alunos da Escola Estadual Matinho Fidelis (Bom Despacho) contam, de maneira lúdica e prazerosa, muitas histórias sobre a vinda dos negros escravos ao Brasil e como influenciaram nas tradições, costumes e valores do povo brasileiro. E mais, como a Língua da Tabatinga chegou a Bom Despacho, como foi ensinada a Dona Fiota e repassada para os moradores da comunidade, lembrando sempre que a oralidade tem papel relevante na manutenção dos valores histórico-culturais do negro no Brasil. Dessas 12 cartilhas, sete já foram distribuídas para as crianças do Ensino Fundamental. FGR EM REVISTA 17

18 homenagem João; um encantado... Petrônio Souza Gonçalves Nasceu: rosa no sertão infindo, João Guimarães Rosa, filho de Seu Fulô - Florduardo Pinto Rosa, e de Dona Chiquitinha - Francisca Guimarães Rosa, a 27 de junho de Era no signo da vida um enluado, via-se bem no rosto e no olhar. Herdou no coração um burgo inteiro, uma cidade povoada pelas histórias mineiras que não poderia ter outro nome, senão Cordisburgo. Batizado foi de forma singular, numa pia batismal talhada em milenar pedra calcária - uma estalagmite arrancada da Gruta de Maquiné. Assim, como no batismo glorificamos a nossa alma a Deus, o Encantado glorificou sua alma às coisas da sua terra, entranhadas no fundo do coração do povo, enterradas em mistérios e transcendências, os fundos e abismos da alma, os mistérios das grutas escuras do pensamento e sentimento humanos. Era o primeiro dos seis filhos de Dona Chiquitinha. O pai era caçador de onça e contador de história. O filho, caçou a vida inteira as histórias das onças que não foram caçadas, das onças que viviam e rugiam dentro dele, para todo sempre. Na vendinha que o pai tinha à casa geminada, o menino Joãzito, atento, no embornal da memória, colecionava histórias dos que por ali passavam. Gente sertaneja, vaqueiros que conduziam boiadas a Cordisburgo, para embarque nos trens da Central do Brasil com destino a Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. O pai, com o filho ralhava: Conversa de adulto não é para menino! Mas Joãzito sabia muito bem 18 FGR EM REVISTA do tesouro mágico que aos seus olhos e ouvidos ali se desfraldava. Um dia, declarou: O que eu gostava mesmo era fechar-me num quarto e trancar a porta. Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas. Quando se fechava em seu quarto, Joãzito libertava o pensamento e, montado no cavalo alado da imaginação, desvendava o sertão que só conhecia pelas histórias ouvidas na vendinha do pai. O menino Joãzito já gostava de ler, e, sentadinho no chão frio - à Buda, se curvava diante do universo lúdico das palavras. Assim ficava horas a fio. Certo dia, recebendo a vista do Dr. José Loureço, amigo da família, foi analisado pelo médico que estranhou o jeito do meninozinho ler, de forma tão curvada, com os olhos semicerrados. Era miopia - vista curta - que o tornava cego para as coisas desprovidas de translucidez, de algo além do mundo táctil normal. Via mais com os olhos do coração. Aprendeu a sentir o mundo que o cercava. Só aos nove anos de idade, em Belo Horizonte, passou a usar óculos. Já aos sete anos, Joãzito começou sozinho, ou melhor, com os seus, a estudar francês. Com o Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, iniciou-se no holandês e deu prosseguimento aos estudos de francês, que iniciara antes. Aos nove anos incompletos, foi morar com os avós na capital das Gerais, onde terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena. Na terra natal, foi aluno da Escola Mestre Candinho. Estudou ainda o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del Rei, por pouco tempo, retornando a Belo Horizonte e matriculando-se no Colégio Arnaldo, onde aprendeu alemão com os padres alemães. Algum tempo depois, definiu: Falo português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudandose por divertimento, gosto e distração. Muito mais que todas as línguas, aprendeu a falar ao coração da humanidade, a ler e a desvendar os corações e mistérios dos homens. Em 1925, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, aos 16 anos. Em 1929, ainda estudante de medicina, João Guimarães Rosa estreou no

19 homenagem mundo surdo das palavras. Escreveu quatro contos: Caçador de Camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando tempo e destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné, para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Visava mais os prêmios (cem mil réis o conto) do que propriamente a experiência literária. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929 e Anos depois, Guimarães Rosa confessaria que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a moldes alheios - era como se garimpasse em errada lavra. Seguindo o veio da sua vocação natural, em Tutaméia revelou o que com ele se passou: Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Nele não apenas germinou, cresceu, floresceu, deu frutos e sementes que são plantadas diariamente nos solos férteis da vida humana. Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casou-se com Lígia Cabral Penna, de apenas 16 anos. O casal teve duas filhas: Vilma e Agnes. No mesmo ano, formou-se em Medicina pela U.M.G. e, pela aclamação dos 35 colegas, torna-se orador oficial da turma. Seu discurso foi publicado no jornal Minas Gerais de 22 e 23 de dezembro de Nele, o Encantado já perfilava o seu conhecimento lingüístico e a cultura literária clássica. Na parte final do discurso, referese à Oração do illuminado Moysés Maimonides : Depois de formado, Guimarães Rosa foi exercer a profissão em Itaguara, então município de Itaúna (MG), onde permaneceria por cerca de dois anos. Lá, o doutor facultado, como na oração, vai conviver com a gente simples do lugar. Tornou-se amigo de Manoel Rodrigues de Carvalho, o Seu Nequinha, que morava num grotão enfurnado entre morros, conhecido por Sarandi. Seu Nequinha era adepto do espiritismo e parece ter inspirado a figura do Compadre Quelemém, personagem de Grande Sertão: Veredas. Ainda em Itaguara, nasceria sua primeira filha, Vilma, que, na ausência do farmacêutico oficial, fez ele mesmo o parto da primogênita. Quando saiu de Itaguara, Guimarães Rosa foi servir como médico voluntário da Força Pública, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, indo parar no setor do Túnel. Posteriormente, entra para o quadro da Força Pública, por Senhor, enche a minha alma de amor pela arte e por todas as creaturas. Sustenta a força do meu coração, para que esteja sempre prompto a servir ao pobre e ao rico, ao amigo e ao inimigo, ao bondoso e ao malvado. E faça com que eu não veja sinão o humano, naquelle que soffre! FGR EM REVISTA 19

20 concurso. Em 1933, vai para Barbacena na qualidade de Oficial-Médico do 9º Batalhão de Infantaria. De Barbacena, Guimarães prestou concurso para o Itamarati, obtendo o segundo lugar. Nessa época, Rosa confidenciou ao seu colega, Dr. Pedro Moreira Barbosa, em carta datada de 20 de março de 1934, a sua desilusão com a medicina: Não nasci para isso, penso. Não é esta, digo como dizia Don Juan, sempre après avoir couché avec... Primeiramente, repugna-me qualquer trabalho material só posso agir satisfeito no terreno das teorias, dos textos, do raciocínio puro, dos subjetivismos. Sou um jogador de xadrez nunca pude, por exemplo, com o bilhar ou com o futebol. O Encantado queria mesmo era curar os homens por dentro, na sua alma, no seu coração. Por isso, com o título de doutor dos homens não foi apenas o médico-doutor, foi muito mais, foi o doutor-escritor que, com as mãos untadas de poesia, curou muitos dos males que fazem dos homens o ser humano normal. Ele buscava o lado encantado-humano, o lado que só cabe no sentimento e derrama nas palavras... Sendo assim, anos depois, abandonou a medicina para plantar no coração de muitos um canteiro inteiro de ervas e palavras, todas aguadas pela fonte da poesia, do etéreo, do lúdico, das coisas que estão muito além de nós. Guimarães Rosa concorreu em 1936 com um livro de versos intitulado Magma, ao prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Ganhou com louvor o primeiro lugar, encantando com seus versos o modernista Guilherme de Almeida. Anos depois, Rosa falaria sobre a sua inicial produção poética: 20 FGR EM REVISTA Meu começo, foram poesias (...) escrevi um volume nada pequeno de poesias que foram até elogiadas, e que me proporcionaram louvor. Mas aí, eu, quase diria felizmente, comecei a ser absorvido pela minha profissão: eu viajei pelo mundo, conheci muita coisa, aprendi línguas, acolhi tudo isso em mim, mas não pude mais escrever. Assim se passaram 10 anos até eu poder dedicar-me de novo à literatura. E quando eu revi, então, meus exercícios líricos, achei-os na verdade não ruins de todo, mas também não particularmente convincentes. Sobretudo, descobri que a poesia profissional que a gente tem de lançar mão nos poemas pode ser a morte da verdadeira poesia. Por isso eu me voltei para a lenda heróica, o conto fabuloso, a estória simples. Por que isso são coisas que a vida escreve, não a legalidade das chamadas regras poéticas. Então, eu me sentei e comecei a escrever Sagarana. Em 1937, Guimarães Rosa, com uma série de contos, os reuniu em um volume para concorrer, em dezembro do mesmo ano, ao prêmio Humberto de Campos, criado pela Livraria José Olympio Editora. A comissão julgadora desse concurso foi composta por Graciliano Ramos, Marques Rebelo, Prudente de Morais Neto, Dias da Costa e Peregrino Júnior. Com o pseudônimo de Viator - do latim: o passageiro, o viandante - o Encantado conquistou o segundo lugar no concurso, entre os 57 candidatos. Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo. Já na Europa, conhece aquela que seria sua segunda esposa, Aracy Moebius de Carvalho, a Dona Ara. Junto à esposa, facilitou a migração de judeus alemães para o Brasil no período da Alemanha nazista. Pela grandeza da alma, do coração em formato de rosa, João e homenagem Ara tornaram-se nome de um bosque em Jerusalém, em Talvez, de uma forma figurada, para lembrar que no meio de tantos escombros e opressões, o encantamento se encontra abaixo dos homens, escondido, mas viceja num campo em flor. Quando o governo Vargas rompeu com a Alemanha em 1942, Guimarães Rosa foi internado em Baden-Baden, juntamente com outros compatriotas. Os brasileiros ficaram detidos durante quatro meses e foram libertados em troca de diplomatas alemães. Retornando ao Brasil, depois de uma rápida passagem pela capital federal, Rosa segue para Bogotá, como Secretário da Embaixada, ficando lá até Em 45, de volta ao Brasil, retoma os originais dos contos com os quais concorrera ao prêmio Humberto de Campos e, após uma reflexiva revisão, publica em 1946, pela Editora Universal, Sagarana, esgotando-se no mesmo ano duas edições. A palavra sagarana, uma formação híbrida criada pelo próprio autor, é a fusão de saga, substantivo comum de proveniência germânica, aplicada genericamente a narrativas históricas ou lendárias, e rana, adjetivo tupi que significa parecido com, malfeito, tosco. Um dia, Rosa definiu os enigmas do livro como sendo uma série de histórias adultas da Carochinha. Guimarães Rosa é nomeado em 1946 Chefe de Gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz. Em novembro de 1947 publica no Correio da Manhã a reportagem poética com o Vaqueiro Mariano, resultado de uma viagem ao pantanal matogrossense que o deixou deslumbrado, a ponto de considerar a região um verdadeiro paraíso terrestre, um Éden. Como Secretário-Geral da delegação brasileira, Guimarães Rosa vai a Bogotá

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