VENCENDO GRANDES VÃOS COM A ENGENHARIA. Marcelo Francisco Vimieiro da Silva 1

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1 VENCENDO GRANDES VÃOS COM A ENGENHARIA Marcelo Francisco Vimieiro da Silva 1 1 Graduando em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da FUMEC e Cursando Técnico em Edificações do Centro de Ensino Técnico São Carlos, marcelomiura@outlook.com Artigo destinado à disciplina Comunicação e Expressão, ministrada pela Prof. Marilia Silva de Oliveira Dantas, curso de Engenharia civil da Universidade Fumec. A protensão tem representatividade no contexto das construções de grande porte e apresenta inúmeras possibilidades de aplicação. Tendo grande interesse pessoal no desenvolvimentos desses processos, este dialogou com os autores afim de pontuar algumas características que o tornam, assim, tão relevante. Segundo Leonhardt (1983) [5], inicialmente a protensão aplicada, idealizada pelo engenheiro americano P.A. Jackson, utiliza...um sistema de passar as hastes de laços do ferro por entre blocos e apertando-os com porcas. [CLARO, Anderson et al.] Posteriormente aprimorado, de forma surpreendente, pelo considerado criador do sistema de protensão do concreto, o engenheiro Eugène Freyssinet, que, ao final da Segunda Guerra Mundial, utilizou o concreto protendido na construção da ponte sobre o rio Marne em Luzancy, França. O primeiro registro no Brasil de obra com utilização do sistema de protensão da patente de Freyssinet foi a ponte do Galeão, Rio de Janeiro. Com protensão completa, não possui tensões de tração na flexão, apresentando vãos de 19.40m, 28.30m 37.20m e 43.40m [THOMAZ, Eduardo C. S., p.40],

2 sendo na época, segundo registros de Vasconcelos (2002) [2], um recorde mundial de extensão. Protensão, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é uma...técnica, baseada na aplicação controlada de forças, destinada a aumentar a resistência das estruturas; Pré-esforço... [3]. Essa aplicação de tensões, a algo, pode melhorar seu comportamento de resistência a cargas. Imagine, como em Veríssimo e César (1998, p.1), uma pessoa levantando uma fila de livros horizontalmente [Figura 1], sem que algum venha ao chão, tocando apenas nos livros das extremidades. Para tornar tal exemplo possível, deve-se aplicar uma força nas extremidades, comprimindo uns aos outros, fazendo assim, o atrito existente entre os livros superar o peso individual e do conjunto de livros, gerado pela gravidade, tendendo-os ao solo. Figura 1: Introdução de um estado prévio de tensões numa fila de livros [VERÍSSIMO, G.S.; CÉSAR Jr, K.L.M.; 1998, p.1] Em entrevista ao Instituto IDD, Izan Lacerda, discorre sobre as obras de maior utilização do sistema de protensão:...o concreto protendido pode ser utilizado em qualquer tipo e porte de obra, desde que o projeto da mesma tenha sido concebido com essa tecnologia, entretanto para obras de grande porte o uso da protensão é quase uma imposição para a solução técnica (vigas de grandes vãos, pontes em balanços sucessivos, pontes estaiadas, vigas de munhão de UHE, lajes com vãos superiores a 8,00m, etc ). O uso mais intenso da tecnologia do concreto protendido será cada vez maior, quanto maior o número de empresas que se especializarem para prestar esse tipo de serviço e os projetistas se familiarizarem com o dimensionamento de edificações verticais de múltiplo uso, pois essas últimas predominam sobre as chamadas obras de artes especiais (OAE). [LACERDA, Izan]. Emerick (2002, p.1) enumera algumas vantagens do sistema de protensão quando comparado ao sistema convencional de concreto armado:

3 Maior liberdade arquitetônica devido à possibilidade de vencer grandes vãos ou vãos fortemente carregados mantendo uma grande esbeltez na laje. Maior área útil do pavimento devido a menor quantidade de pilares. [...] Redução nas espessuras das lajes acarretando uma significativa diminuição na altura total do prédio e consequentemente um menor peso total da estrutura minimizando custos nas fundações. Maior velocidade na desforma e retirada de escoramentos. Redução e até eliminação de flechas e fissuração nas lajes. Maior resistência ao puncionamento, em lajes lisas ou cogumelo, obtida pela colocação adequada dos cabos de protensão nas regiões próximas aos pilares. [EMERICK, Alexandre Anozé, 2002, p.1] Veríssimo e César (1998 p.13) expõem, em fotografias, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, Niterói, Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer. Nele, segundo os autores foi utilizado sistema de concreto protendido [Figura 2]. Há, também, com tal sistema um grande reservatório de água com capacidade para Gallons, equivalentes a Litros, localizado na Florida, USA [Figura 3]. Figura 2: Museu Nacional de Arte Contemporânea [VERÍSSIMO, G.S.; CÉSAR Jr, K.L.M.; 1998, p.13].

4 Figura 3: Reservatório de água em concreto protendido (Florida - USA) [VERÍSSIMO, G.S.; CÉSAR Jr, K.L.M.; 1998, p.13] O sistema de protensão, conforme Lacerda [6], é quase uma exigência para que obras de grande porte sejam executadas, segundo também o modelo de Emerick [8], em que o sistema oferece maiores vãos livres, menor espessuras de lajes e redução de fissuras no concreto. Estes fatores beneficiam, por exemplo, garagens, aumentando áreas livres devido à redução de pilares, melhorando assim o espaço utilizável; pontes, principalmente de grandes extensões ou em ambientes agressivos, reduzindo custos e dificuldades de se construir em áreas submersas e revitalização de pilares devido a agentes corrosivos; e áreas com necessidade de suportar grandes cargas. Auxiliam, também, a arquitetura, reduzindo espessuras de lajes e vigas. Estes fatores tem relevância estética na concepção do projeto arquitetônico. Reduzem, ainda, fissuras no concreto, aumentando assim seu desempenho e vida util. Estes, e outros, fatores tornam a protensão aplicada à engenharia altamente utilizada e utilizável no mercado mundial, propiciando ganhos de ordem financeira, estrutural e estética.

5 REFERÊNCIAS [1] CLARO, Anderson et al. História da protensão, disponível em: acessado em 02 de junho de [2] VASCONCELOS, A. C. DE, O concreto no Brasil: Pré-fabricação, monumentos, fundações. Vol.III, 1 ed., São Paulo, Studio Nobel, [3] acessado em 05 de junho de [4] VERÍSSIMO, G.S. & CÉSAR Jr, K.L.M. Concreto protendido Fundamentos Básicos. 4ª ed., Universidade Federal de Viçosa, 1998, p.6. [5] LEONHARDT, F. Construções de concreto: vol. 5: concreto protendido. Tradução João Luís Escosteguy Merino. Rio de Janeiro: Interciência, [6] LACERDA, Izan. Entrevista ao Instituto IDD, disponível em: acessado em 05 de junho de [7] THOMAZ, Eduardo C. S., Ensaios de Vigas Protendidas com Cabos de Protensão sem Aderência acessado em 31 de maio de [8] EMERICK, Alexandre Anozé, Projeto e execução de Lajes Protendidas. Brasília, 2002