CONSULTA Nº 19/2010 PROTOCOLO /2010 CONSULENTE: ILMO. SR. ANTÔNIO DE SOUZA SOBRINHO OFICIAL DO CARTÓRIO DE PAZ E NOTAS DE GUIRATINGA/MT
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1 CONSULTA Nº 19/2010 PROTOCOLO /2010 CONSULENTE: ILMO. SR. ANTÔNIO DE SOUZA SOBRINHO OFICIAL DO CARTÓRIO DE PAZ E NOTAS DE GUIRATINGA/MT PARECER Nº 416/2010 SENHOR CORREGEDOR: ANTÔNIO DE SOUZA SOBRINHO Oficial do Cartório de Paz e Notas de Guiratinga/MT, formula a presente consulta, a respeito da cobrança ou não da multa pelo descumprimento do prazo fixado no art. 983 do Código de Processo Civil. É breve relato. Passo ao parecer. Como visto, o Oficial do Cartório na consulta formulada indaga a respeito da dilação do prazo fixado no art. 983 do CPC, se aplicase tanto a via judicial quanto a extrajudicial. O art. 983 do CPC, com a redação dada pela Lei nº /2007, dispõe que: Art O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes. Denota-se que a norma legal fixa o prazo para propositura do inventário em 60 (sessenta) dias, a partir da abertura da sucessão que se opera com a morte, aplicando-se tanto na via judicial quanto na extrajudicial. No caso, a multa em princípio é devida pelo retardamento das providências para propositura do inventário, seja na via judicial ou extrajudicial.
2 No Estado de Mato Grosso, a Lei Ordinária nº 7.850, de , disciplina a incidência de multa pela inércia da parte em não providenciar o inventário ou não concluí-lo no prazo. Diz a norma estadual o seguinte: Art. 25 O descumprimento das obrigações principal e acessórias, instituídas pela legislação do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de quaisquer Bens ou Direitos - ITCD, fica sujeito às seguintes penalidades: I - quando o inventário não for aberto até 30 (trinta) dias após o óbito - multa equivalente a 10% (dez por cento) do valor do imposto devido na transmissão causa mortis; se o atraso exceder a 180 (cento e oitenta) dias, a multa será de 20% (vinte por cento); Logo, sendo o inventário iniciado antes do prazo fixado no art. 983 do CPC, não incide a multa. Contudo, não havendo seu encerramento no prazo estipulado por culpa exclusiva do inventariante, igualmente deve incidir a multa pela ultimação do inventário. Tal fato já restou superado pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, através da Súmula nº 542, que prescreve: Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estadomembro como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário. Assim, tais fatos deverão ser analisados em cada caso específico, cabendo aos agentes fiscais a correta aplicação da norma legal, sob pena de sua inobservância causar dano ao erário público. É o parecer, que submeto à apreciação de Vossa Excelência. Cuiabá/MT, 25 de agosto de ALEXANDRE ELIAS FILHO Juiz Auxiliar CGJ/MT
3 DECISÃO DO DESEMBARGADOR-CORREGEDOR CONSULTA 19/2010 Vistos, etc. O Oficial do Cartório do 2º Ofício da Comarca de Guiratinga-MT formula consulta sobre a aplicação da multa prevista para o inventariante que retarda a abertura da sucessão conforme recomenda o art. 983 do Código de Processo Civil. Cita, a título de exemplo, um caso concreto, dizendo que em recebeu um pedido de inventário. Na análise do seu conteúdo constatou falha na documentação e no dia notificou o inventariante que aditou o pedido e lhe fora comunicado que o prazo de ultimação estava encerrado. No entanto, o interessado recusa-se em aceitar a informação dizendo que consultou a SEFAZ e ela aceita como data inicial , mas, até então, ele não havia recolhido o ITCB. Daí surgiu a dúvida sobre a aplicação da multa, razão pela qual solicita direcionamento para sanar o impasse. O Juiz Auxiliar da Corregedoria manifestou-se anotando que a multa imposta pelo Estado-Membro é constitucional e deve ser aplicada no caso concreto. É o relatório.
4 Decido. O que me parece duvidoso no pedido de esclarecimento do ilustre tabelião é o fato de se exigir ou não a multa quando o interessado no inventário, requerido por escritura pública, formula o pedido fora dos prazos previstos no art. 983 do Código de Processo Civil. E, assim, analiso a questão esclarecendo ao consulente que, no meu modesto ponto de vista, os prazos ditados pela regra processual só podem ocorrer após a manifestação do ultimo interessado na sucessão, como recomenda o art do Código Civil; in verbis: Art A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art , parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. É evidente que cessada essa ordem cabe ao Estado promover a abertura de inventário, e, assim, fazer jus à multa recomendada pela lei substantiva. Portanto, segundo entendo, o Tabelião não pode cobrar multa em hipótese nenhuma, pois, somente em juízo, quando o Estado abrir a sucessão é que ele poderá exigir a cláusula penal. Diante do exposto, esclareço ao ilustre cartorário que na hipótese de inventário por escritura pública não se aplica o art. 983 do Código de Processo Civil. Informe.
5 Cumpra. Cuiabá, 30 de agosto de DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA Corregedor-Geral da Justiça
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