FORMAS DO RELEVO NA PORÇÃO NOROESTE DE ANÁPOLIS-GO. Lidiane Ribeiro dos Santos 1 ; Homero Lacerda 2
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1 1 FORMAS DO RELEVO NA PORÇÃO NOROESTE DE ANÁPOLIS-GO. Lidiane Ribeiro dos Santos 1 ; Homero Lacerda 2 1 Bolsista PIBIC/UEG 2 Orientador, Curso de Geografia, Unidade Universitária de Ciências Sócio Econômicas e Humanas, UEG RESUMO: O relevo da porção noroeste de Anápolis foi estudado através de análise cartográfica com avaliação de altimetria, amplitude, declividade e densidade de drenagem, além da identificação da natureza e distribuição das formações superficiais. O relevo agradacional está representado pelas planícies fluviais do Córrego Catingueiro, Rio das Antas e Córrego Reboleiras. O modelado degradacional foi dividido em três compartimentos: Colinas de Oeste, em altitudes de 880 a 960m, com densidade de drenagem inferior a 2km/km 2 e declividades menores do que 15%; Morros, em altitudes de 920 a 1080m, declividades entre 15 e 30% e densidade de drenagens de 2 a 4,5km/km 2 ; Colinas de Leste, entre 1000 e 1080m de altitude, com densidade de drenagem menores do que 2km/km 2 e declividades inferiores a 15%. Dentre os compartimentos cartografados aquele caracterizado como Morros apresenta a maior suscetibilidade à erosão. Palavras chave: Compartimentos do relevo, análise cartográfica, suscetibilidade à erosão. Introdução Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa cujo objetivo foi identificar os diversos compartimentos do relevo da porção noroeste da cidade de Anápolis, bem como avaliar sua suscetibilidade à erosão. Dentre os fatores que influenciaram a escolha da área de estudo destacam-se: possibilidade de compartimentar o relevo por meio da análise cartográfica; ocorrência de um grande número de incisões erosivas na periferia da malha urbana; parte da área pertence a APA da bacia do Ribeirão João Leite, responsável pelo abastecimento de Goiânia. Material e Métodos O trabalho foi calcado em análise cartográfica e os documentos utilizados foram: mapas topográficos 1/ com eqüidistância das curvas de nível de 40m (SGE 1970a, 1970b); mapa
2 2 de drenagem em escala 1/ (Lacerda 2004); e mapas geológicos 1/ das folhas Anápolis (Radaelli 1994) e Nerópolis (Araújo 1994). O mapa clinográfico (Fig. 1) foi elaborado a partir dos mapas topográficos em escala 1/ , utilizando os procedimentos descritos por Biasi (1970). A escolha das classes de declividade foi feita a partir da gama de declividades existentes na área. A altimetria foi também foi obtida a partir dos mapas topográficos em escala 1/ (Fig. 1). A densidade de drenagem (Fig. 1) foi calculada a partir do mapa de drenagem em escala 1/50.000, com o método proposto por Christofoletti (1982) e utilizando células de 2x2km, recobrindo toda a área. Para a representação gráfica deste parâmetro optou-se por elaborar um mapa de isovalores de densidade de drenagem (Martinelli 1998). As informações relativas à natureza e distribuição espacial das formações superficiais presentes na área foram obtidas dos mapas geológicos 1/ (Fig. 1). Fig. 1: Declividades (1a), altimetria (1b), densidade de drenagem (1c) e geologia (1d) da área estudada.
3 3 A compartimentação do relevo foi obtida pela superposição de todos os mapas enumerados acima e interpretação das correlações à luz dos conceitos relativos às formas do relevo e sua representação cartográfica (Thornbury 1954, Christofoletti 1970, Ross 2000). Resultados e Discussão Serão apresentados inicialmente as formas agradacionais para, em seguida, abordar o relevo degradacional. Para classificar os compartimentos de relevo da área foram utilizados dois critérios: o primeiro é de natureza genética, distinguindo-se modelados agradacionais e degradacionais (Christofoletti 1982); o segundo critério é descritivo, baseado na morfometria do relevo e foi utilizado para subdividir as formas degradacionais (IPT 1981 cit. in Moreira & Pires Neto 1998). A gradação é entendida por Christofoletti (1982) como o conjunto dos processos acumulativos de nivelamento das paisagens, que promovem o rebaixamento de certas áreas e o entulhamento de outras. Engloba a degradação cujos processos são intemperismo, erosão e movimentos de massa, e a agradação, relacionada aos processos de sedimentação (Thornbury 1954, Christofoletti 1982). O modelado de natureza agradacional está representado por Planícies Fluviais enquanto o modelado de natureza degradacional compreende três compartimentos Colinas de Oeste, Morros e Colinas de Leste (Fig. 2). Formas agradacionais - Os Depósitos Aluvionares são representados por sedimentos arenosos e síltico-argilosos. Ocorrem ao longo do Córrego Catingueiro, Rio das Antas e no Córrego Reboleiras. Os Depósitos Aluvionares permitem caracterizar estas áreas como formas agradacionais, de acumulação fluvial, constituindo as planícies fluviais do Córrego Catingueiro na parte oeste da área, do Rio das Antas na parte sudeste da área e no Córrego Reboleiras na parte norte da área estudada. Formas degradacionais A observação dos mapas de densidade de drenagem, hipsométrico e clinográfico permite distinguir claramente três compartimentos do relevo (Fig. 1). O compartimento a oeste (Colinas de Oeste) tem forma aproximadamente semicircular, abrangendo o baixo curso das drenagens que compõem as cabeceiras do Córrego Catingueiro, Ribeirão Jurubatuba, afluentes do Ribeirão João Leite, em terrenos com declividades inferiores a 15%, densidades de drenagem inferiores a 2km/km 2 e altitudes predominantemente no intervalo
4 m. O padrão de drenagem da área é dendrítico apresentando, localmente, controle estrutural com drenagem orientada ao longo de falhas. Fig. 1: Mapa de formas de relevo da área estudada. Fonte: Santos (em elaboração). O compartimento central (Morros) tem forma de arco com a concavidade voltada para oeste e engloba as cabeceiras do Córrego Catingueiro e do Ribeirão Jurubatuba. É o compartimento onde estão as maiores declividades, com valores da ordem de 15 a 30%, em terrenos com altitudes compreendidas no intervalo 920 a 1000m, apresentando densidades de drenagem elevadas, entre 2 e 4,5km/km 2. O compartimento a leste (Colinas de Leste), pertence à bacia hidrográfica do Rio das Antas. Suas características são as declividades inferiores a 15%,densidades de drenagem menores que 2km/km 2, e altitudes compreendidas entre 1000 e 1120m. Com relação às grandes unidades do relevo as Colinas de Leste e os Morros pertenceriam ao Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba (Araújo et al. 2004). As Colinas de Oeste pertenceriam ao Planalto Rebaixado de Goiânia (Nascimento 2004) ou à transição entre este e o Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba (Araújo et al. 2004).
5 5 Suscetibilidade à erosão - Os resultados permitem uma avaliação preliminar da suscetibilidade à erosão dos diversos compartimentos. Neste aspecto destaca-se o compartimento caracterizado como Morros, onde as altas declividades indicam sua maior suscetibilidade à erosão (Ross 2000). Com efeito, a interpretação de fotografias aéreas de mostra que, já nesta época, existia uma maior concentração de erosões neste compartimento (Fig. 2). O levantamento das erosões em campo está em andamento (Santos em elaboração) e permitirá um diagnóstico preciso da erosão acelerada nesta área, situada na margem da mancha urbana de Anápolis. O trabalho mostra que é possível compartimentar o relevo com base em análise cartográfica, com procedimentos simples e utilizando dados relativamente fáceis de serem obtidos, representados pelas cartas topográficas e geológicas. É óbvio que os resultados deste procedimento serão tanto melhores quanto maiores os contrastes de declividades, densidades de drenagens e altimetria da área estudada. Cabe ressaltar ainda que, embora os resultados obtidos por estes procedimentos sejam bastante satisfatórios, eles não substituem a utilização de fotografias aéreas e imagens de sensores orbitais. Com efeito, o mapa de formas de relevo desta mesma área, elaborado através de fotointerpretação, apresenta uma melhor definição das unidades geomórficas, com identificação dos seguintes compartimentos (Lacerda 2004): modelado de aplanamento representado por topos planos, rampas de 1 a geração e rampas de 2 a geração; modelado de dissecação englobando três compartimentos, vertentes convexas, morros/esporões e cristas; modelado de acumulação com planícies fluviais e sopés coluviais/terraços. Conclusão O relevo da área estudada pode ser compartimentado através da análise cartográfica, que possibilitou a identificação de um modelado de natureza agradacional, representado pelas planícies fluviais do Córrego Catingueiro, Rio das Antas e Córrego Reboleiras e de três compartimentos de natureza degradacional: Colinas de Oeste; Morros; e Colinas de Leste. Os resultados obtidos na análise cartográfica permitem uma avaliação preliminar da suscetibilidade à erosão dos diversos compartimentos. Neste aspecto destaca-se o compartimento caracterizado como Morros como o mais suscetível à erosão por possuir as maiores declividades da área. Além da suscetibilidade natural dos modelados a erosão há que considerar a ação antrópica pois mesmo compartimentos pouco suscetíveis, como as formas agradacionais, apresentam sulcos e ravinas em áreas de mineração de argila.
6 6 Referências Bibliográficas Araújo, V.A Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil Folha SE.22-X- B-I, Nerópolis. DNPM, Brasília. Araújo E. S., Mamede L., Barberi, M., Souza C. F., Faria, F. P Geoquímica, aspectos geomorfológicos e paleoecológicos no alto curso do Rio Meia Ponte 20p. In Anais do III Simpósio de Recursos Hídricos do Centro-Oeste. ABAS, Goiânia, disco compacto. Biasi, M Carta de declividade de vertentes: Confecção e utilização. Geomorfologia 13(21):8-13. Christofoletti, A Geomorfologia. Edgard Blucher Ltda., São Paulo. Lacerda, H Riscos geológicos e formas de relevo em Anápolis (GO). Submetido ao 42 o Congresso Brasileiro de Geologia. Mamede L., Silva Júnior P.A., Mendonça C. S Aplicação das técnicas de geoprocessamento nos estudos geomorfológicos e hidrológicos da alta bacia hidrográfica do Rio Meia Ponte 17p. In Anais do III Simpósio de Recursos Hídricos do Centro-Oeste. ABAS, Goiânia, disco compacto. Martinelli, M Gráficos e mapas, construa-os você mesmo. Moderna, São Paulo. Moreira, C. V. R. & Pires Neto, A.G Clima e Relevo pp In Oliveira, A. M. S. & Brito, S. N. A. (org.). Geologia de Engenharia. AGBE, São Paulo. Nascimento A. S Impactos ambientais e expansão urbana nas cabeceiras de drenagem do Córrego Catingueiro Anápolis/GO 6p. In Anais do VI Congresso Brasileiro de Geógrafos. ABGE, Goiânia, disco compacto. Radaelli, V. A Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil FOLHA SE.22-X-B-II, Anápolis. DNPM, Brasília. Santos, L. R. (em elaboração) Compartimentação do relevo na porção noroeste de Anápolis (GO). Monografia de conclusão de curso UEG, Anápolis. SGE 1970a. Mapa topográfico 1/ , Folha SE.22-X-B-II, Anápolis. SGE - Serviço Geográfico do Exército, Brasília. SGE 1970b. Mapa topográfico 1/ , Folha SE.22-X-B-I, Nerópolis. SGE - Serviço Geográfico do Exército, Brasília. Thornbury, W. D Principles of geomorphology. John Willey & Sons Inc., New York.
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