VERÃO NO CAMPO. Fora de Série, Julho 2011

Transcrição

1 E AINDA: Medical spas são as novas termas e são spot para todas as idades O destino de Carine Roitfeld, a ex-editora da Vogue francesa Fora de Série, Julho 2011 Elizabeth Taylor e Richard Burton e os episódios tórridos em alto mar Revista distribuída com o Diário Económico nº 5207 de 01 de Julho de Posteriormente vendida em banca ao preço de capa de 1,60 euros. VERÃO NO CAMPO Horror às multidões no areal? Troque a praia pelo campo e passe o Verão na companhia de flores campestres, animais, paisagens fantásticas, boa gastronomia... e silêncio.

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7 Sumário Presidente Nuno Vasconcellos Vice-presidente Rafael Mora Administradores Paulo Gomes, António Costa Directora Administrativa e Financeira Elisabete Seixo Director Geral Comercial Bruno Vasconcelos Redacção, Administração e Publicidade Rua Vieira da Silva, nº45, Lisboa, Telf / Fax Delegação Porto Edifício Scala, Rua do Vilar, 235-4º, Porto, Telf Fax Director António Costa Director-executivo Bruno Proença Subdirectores Francisco Ferreira da Silva, Helena Cristina Coelho, Pedro Sousa Carvalho e Vitor Costa Editores Executivos António Albuquerque e Renato Santos Editora de Fecho Gisa Martinho Fora de Série Rita Ibérico Nogueira (editora), Ana Filipa Amaro (coordenadora), Inês Queiroz (textos), Lurdes Ferreira (secretariado), Inês Maia (paginação) Colaboradores Diana Moreira, Filipe Carriço, John Copland, Orlando Gonçalves, Pedro Marta Santos, Rodrigo Moita de Deus, Sandra Xavier, Susana Alves, Susana Torrão e Tiago Figueiredo Produção Ana Marques (chefia), Artur Camarão, Carlos Martins, João Santos, Rui Rato Tratamento de imagem Samuel Rainho (coordenador), Paulo Garcia, Pedro Felipe, Tiago Maia Grandes Repórteres Ana Maria Gonçalves, Francisco Teixeira, Hermínia Saraiva, Lígia Simões, Luís Rego, Maria Teixeira Alves e Davis Bastos, Márcia Galrão e Miguel Costa Nunes Empresas Patrícia Silva Dias (coordenadora), Ana Baptista, Carlos Caldeira, Cátia Simões, Marina Conceição e Sara Piteira Mota Finanças Tiago Freire (editor), Alexandra Brito e Luis Leitão (coordenadores), Catarina Melo, Filipe Alves, Maria Ana Barroso, Marta Reis, Marta Marques Silva, Rui Barroso Desporto Paulo Pereira (editor), Filipe Garcia (coordenador), Eduardo Melo Media Catarina Madeira e Rebeca Venâncio Universidades Carla Castro (coordenadora), Andrea Duarte e Pedro Quedas Outlook Isabel Lucas (editora), João Pedro Oliveira (coordenador) Angela Marques, Barbara Silva, Joana Moura e Cristina Borges (assistente) Projectos Especiais Irina Marcelino (editora), Ana Cunha Almeida (coordenadora), Dircia Lopes e Raquel Carvalho Opinião Ricardo da Costa Nunes (editor) e Madalena Leal DE online Pedro Latoeiro (coordenador), Rogério Junior (webdesigner), António Sarmento, Cristina Barreto, Eudora Ribeiro, Mafalda Aguilar, Pedro Duarte, Rita Paz, Nuno Barreto Infografia Susana Lopes (coordenadora), Mário Malhão e Marta Carvalho Fotografia Paulo Figueiredo (editor), Cristina Bernardo, João Paulo Dias, Paula Nunes e Paulo Alexandre Coelho Assistente de Direcção Rita Rodrigues Secretariado Geral Dulce Costa Redacção do Porto Elisabete Felismino (coordenadora), António Freitas de Sousa, Elisabete Soares, Sónia Santos Pereira e Mira Fernandes (secretária) Tradutores Ana Pina e Carlos Sousa Departamento Gráfico Paulo Couto (director de arte), Pedro Propriedade S.T. & S.F., Sociedade de Publicações, Lda. Contribuinte Edição S.T. & S.F., Sociedade de Publicações, Lda. Registo Comercial de Lisboa Registo ICS Administração Rua Vítor Cordon, nº 19 1º Lisboa Telefone Redacção e Produção Rua Vieira da Silva, nº Lisboa Telefone Fax Assinaturas Telf /6771 assinaturas@economica.sgps. com Impressão e Acabamento Sogapal, Nuno 7 Miguel Silva Destaque Mónica Silvares (editora) Economia Marta Moitinho Oliveira e Catarina Duarte (coordenadora), Cristina Fernandes, Maria de Jesus Correia e Rute Marcelino (coordenadores), Ana Antunes, Carla Carvalho, Jaime Ribeiro, Patricia Castro, Distribuição Logista Portugal,SA Fora de Série Março 2011 Março 2011 Fora de Série 7 Tiragem Oliveira, Denise Fernandes, Luis Reis Pires, Mariana Adam, Margarida Peixoto, Paula Cravina de Sousa Política Ana Petronilho, Inês Sandra Costa e Vanda Clemente Exclusivos Corriere della Sera, El Mundo, Expansión e Financial Times. média exemplares.

8 CARLOS RAMOS BLOG NÃO DEIXE DE ACOMPANHAR TAMBÉM TODAS AS NOVIDADES FORA DE SÉRIE NUM NOVO ESPAÇO ONLINE RITA IBÉRICO NOGUEIR A rita.nogueira@economico.pt AS VIAGENS QUE FAZEM AS PESSOAS (E NÃO O CONTRÁRIO) Tem C e R como iniciais, mas não joga à bola, apesar de as manequins, russas ou de outras nacionalidades, a idolatrarem. Carine Roitfeld é a mulher de que se fala no mundo da moda. Não porque tenha passado os últimos dez anos a dar cartas na Vogue francesa, mas porque, voluntariamente, quis deixar de o fazer. Saiu e o facto de ainda não ter anunciado um grande projecto está a intrigar os seus seguidores. No relato de um almoço no restaurante Caviar Kaspia, um dos seus preferidos em Paris, a mulher que se acha parecida com Iggy Pop conta como aderiu a um novo estilo de vida, onde as carteiras são indispensáveis. Isto porque o seu escritório, agora, é portátil. Seja o que for que Carine Roitfeld queira fazer da vida, decerto não estará a pensar em férias, ao contrário de nós. É que o Verão chegou e trouxe com ele as temperaturas altas. O cheiro a férias invadiu as ruas e os mais sonhadores já se deixam arrebatar pela ideia de desfrutar de um cocktail extremamente alcoólico com sombrinhas coloridas à beira da piscina. Ou de um par de botas de escalada e uma mochila. De uma pilha de livros para ler em sossego em casa. De jogos de golfe intermináveis guiados pela ausência do relógio. Da casa cheia de família e amigos para a churrascada. Do silêncio de um destino paradisíaco. Ou da movida de uma cidade grande que se acaba de conhecer. As férias ideais de cada um são muito diferentes, mas o importante é que ajudem a desligar das pressões do dia-a-dia. A recuperar as forças para mais um ano de trabalho. A aproveitar o melhor que a vida tem. As férias ideais de Hans Christian Andersen eram passadas a viajar. Por terras remotas, viajar é viver, dizia. Mark Twain, por seu lado, dizia que as viagens eram o melhor tratamento contra o preconceito, o que é um bom princípio. Outro fanático de viagens, John Steinbeck, ia mais longe. Para o escritor, as pessoas não fazem viagens, as viagens fazem as pessoas. Não podíamos estar mais de acordo. A FS também já só pensa em férias, com ou sem viagens. Em formas de se evadir de um ano difícil. Seja com direito a voo de longo curso, em direcção ao Brasil, para descobrir os encantos de Maceió (páginas 26-28), ou a caminho de Moçambique, para, em Maputo, descobrir um renovado hotel Polana (páginas 22-24). Ou na costa leste dos Estados Unidos, nos sofisticados Hamptons, onde a nata de Nova Iorque carrega baterias (páginas 34-37). Numa volta mais curta, uma passagem por Itália, em viagem ao mundo das massas gourmet (páginas 54-46). Por mar, só mesmo a bordo do Kalizma, o iate que pertenceu a Richard Burton e Elizabeth Taylor e que foi palco das festas mais sumptuosas e das mais violentas discussões do casal (páginas 50-52). Com o país a precisar de nós, o plano B pode passar por Portugal. Se a ideia é evasão, que tal aproveitar para conhecer esta nova tendência de regresso às termas que agora também são conhecidas por medical spas? Nós fomos e vamos contar tudo o que o(a) espera. De norte a sul do país (sem esquecer as ilhas), há propostas para todos os géneros, se a ideia é ficar a ganhar em saúde e fazer jus ao cliché mente sã em corpo são. H2Otel em Unhais da Serra (Covilhã), Termas da Ferraria em Ponta Delgada (Açores), Longevity Resort em Monchique (Algarve), Banyan Tree no Estoril (Grande Lisboa) e Resort Termal de Monte Real (Leiria) são sítios onde a saúde e o bem-estar estão em primeiro lugar, mas também há lugar para excentricidades como termas que, apesar de novas e recentemente inauguradas, ainda não funcionam em pleno e até uma baba de camelo de enlouquecer. Não perca as histórias a partir da página 14. E imbuídos deste espírito mais campestre, de outros tempos, quando não havia férias sem uma passagem pelas termas para descansar e tratar das maleitas, fugimos das multidões nas praias e rumámos à maravilhosa Villa Pedra uma aldeia abandonada ao pé de Conímbriga que está a ser recuperada casa a casa e a tornar-se num refúgio de charme para quem precisa de uma pausa, para, na companhia dos espíritos de Almeida Garrett e Virginia Woolf (numa inesperada fusão), viver um romance bucólico com a lente do fotógrafo Orlando Gonçalves. O resultado é um editorial de moda que é também um hino ao campo e aos seus encantos, onde nem os cisnes faltaram à chamada (páginas 38-44). E isto não é nada. Porque a FS de Julho promete ser uma viagem. Dessas à Steinbeck, das que transformam as pessoas. Como a que Angelina Jolie fez um dia ao Cambodja e que a fez apaixonar-se pela paisagem de verde e água e pela generosidade das pessoas. Que a fez voltar para ali se tornar mãe ao adoptar Maddox, o filho mais velho dos já seis que tem. Que a fez lá voltar, mais e mais vezes, para melhor conhecer as raízes do filho e para se tornar tão generosa como o povo que lá vive. E que agora a viu regressar para ser fotografada pela lenda dos fotógrafos Annie Leibovitz, claro! para uma campanha (solidária, sempre) da Louis Vuitton (página 49). Capa: Camisa em algodão e seda ( euros) Neil Barrett, no Espaço B. Écharpe em renda, Franco Ferrari e sandálias compensadas em pele envernizada Gucci (preços sob consulta), ambos na Stivali. Sumário: Fotografia de Tim Kiusalaas/GettyImages 8 Fora de Série Julho 2011

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10 Personagem A NOVA VIDA DE CARINE ROITFELD Deixou a revista Vogue Paris e agora todos querem saber qual é o próximo passo de Carine Roitfeld. Projectos não lhe faltam mas a mulher forte da moda francesa só revela o quer. TEXTO DE CAROLA LONG ENTRO NO CAVIAR KASPIA, passo o balcão da secção gourmet no rés-do-chão, o esturjão gigante empalhado suspenso sobre o bar e os quadros a óleo com cenas da vida quotidiana russa, e chego à sala do restaurante, onde Carine Roitfeld me aguarda, sentada na sua mesa preferida, junto à janela com vista para a Place de la Madeleine, no coração de Paris. A antiga editora da Vogue francesa ostenta o look que os blogues da moda procuram retratar ao mais ínfimo detalhe: o cabelo castanho dourado, num tom que lembra o açúcar queimado a derreter sobre o leite-creme, enquadra o rosto e destaca os olhos bem delineados com lápis preto, rímel e eye-liner. É uma mulher petite e elegante. Veste uma blusa de seda Balenciaga com um decote perigosamente sugestivo, uma saia lápis preta da Céline e uns stilettos fetichistas Miu Miu que apertam em laço no tornozelo. Um look absolutamente Helmut Newtoniesco. Uma editrix (palavra fashion para editora) com um toque de dominatrix. Roitfeld está longe de ter uma reputação gélida, como Anna Wintour, editora da Vogue americana. No entanto, e graças à natureza hierárquica da indústria da moda, adoptou um semblante intimidativo sempre que ocupa a primeira fila junto às passerelles. Em pessoa, porém, não tem nada de snobe. Ficamos frente a frente e trocamos impressões sobre o restaurante, cuja atmosfera lembra um salão de chá e onde 125g de caviar Beluga custam apenas euros. Roitfeld é uma habitué do Caviar Kaspia, espaço que lhe agrada especialmente por ter uma iluminação cuidada e suave, amiga da mulher nos dias em que estamos mais cansadas, e pela qualidade das pinturas russas. Apesar disso, recomenda: Se quer ser trendy não venha cá na semana da moda. Roitfeld, 55 anos, construiu a carreira sem perder de vista esse estado de espírito. Deixou uma marca indelével na moda dos anos 90 quando criou, em conjunto com o fotógrafo italiano Mário Testini, campanhas arrojadas para a Gucci, na altura em que a griffe contratou Tom Ford. O trono de editora da Vogue francesa, do qual se despediu em Dezembro ao fim de uma década, transformou-a na mulher mais poderosa da indústria da moda, famosa por sessões de fotografia controversas e frequentemente eróticas. Com a explosão dos blogues street-style, passou a ser objecto de culto enquanto rainha do FOTOGRAFIA DE TONY BARSON/GETTYIMAGES 10 Fora de Série Julho 2011

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12 Personagem look French Vogue, marcado por um certo ar de roque leia-se estética rock & roll. Feitos os pedidos, fico a saber que a sua bebida preferida é a vodka e não o champanhe, como seria expectável. É um drama nas festas do mundo da moda, por isso, tomo sempre um shot antes de sair de casa para ter a certeza de que chego ao destino de bom humor. Como se fosse preciso, penso. É uma mulher que nasceu com o dom da comunicação e da sociabilidade. Mas a pergunta que trago atravessada é porque saiu da Vogue francesa. Durante algum tempo correram rumores de que fora convidada a afastar-se. À laia de enquadramento, refiro apenas que Anna Wintour foi editora-chefe da Vogue americana durante 22 anos e Alexandra Shulman esteve aos comandos da homónima britânica 19 anos. No mundo da moda, a saída de uma editora da Vogue é um acontecimento tão raro e significativo como a passagem do cometa Halley. Roitfeld reitera que foi decisão sua. Quando comecei disse que não ficaria no cargo para sempre, no máximo 10 anos. Até podia ter ficado mais seis meses, mas é bom sair quando estamos no topo. Fiz muita coisa na e pela Vogue. A segunda pergunta que me atormenta é: e depois da Vogue?. Falava-se de uma parceria com Tom Ford, amigo de longa data, ou com Riccardo Tisci, designer da casa Givenchy, mas em Março anunciou o seu primeiro grande projecto: uma colaboração com a conhecida cadeia de retalho de luxo Barneys, com sede em Nova Iorque, na campanha de Outono/Inverno, no catálogo e na renovação da decoração e visual das montras. Ou como diz Roitfeld: Propuseram-me que celebrasse a minha pessoa na semana da moda em Nova Iorque, que decorre em Setembro, e eu não resisti. Adorei a ideia, aliás. É uma escolha inteligente e, acima de tudo, uma excelente oportunidade para cultivar o seu estatuto de ícone da indústria, distanciando-se da marca Vogue e consolidando a marca Carine : além de escolher as peças que quer ver nas lojas Barneys, conta com o talento do fotógrafo Mario Sorrenti para dar corpo à colecção, a que se juntará a sua família de top models e rostos, como o de Bambou, cantora francesa e mulher de Serge Gainsbourg, e de Victoire de Castellane, designer de alta joalharia na casa Dior. Além disso, tenciona celebrar a sua pessoa convidando alguém que se pareça consigo. E até já tem um nome: Toda a gente diz que sou parecida com o Iggy Pop. Não sei se serão os olhos ou o cabelo, mas uma coisa é certa: tem imenso estilo. Chega a comida, mas a conversa não pára. Não vejo nenhum sintoma de crise existencial, como acontece com muitas pessoas influentes quando abandonam cargos de poder. Refere que o título de editora-chefe pode ser uma de duas coisas: coroa ou máscara. Afasta-nos dos outros. Fiquei profundamente admirada quando soube que muitas pessoas se sentiam intimidadas na minha presença porque me julgavam uma mulher rígida e cruel. Uma fortaleza inexpugnável, no dizer de alguns. Nada disso. Pergunto-lhe o que pensa de Anna Wintour. Às vezes as pessoas não correspondem ao que pensamos delas. Dizem que é uma mulher fria e severa, mas tenho-a em grande conta. Como reagiu aos rumores que circularam há uns anos e que a davam como sucessora de Wintour na Vogue americana?. Ri-se. É o maior elogio que me poderiam fazer, editar a mais importante revista de moda do mundo. Acontece que não sou totalmente bilingue. Sou irreverente, o que funciona lindamente num país pequeno como a França, mas nunca funcionaria num país grande como os EUA. Além disso, é uma revista de negócios. Editar uma revista como a Vogue americana implica entrar no jogo político, é um cargo semelhante ao de primeira-dama. Não acredito que Roitfeld tenha chegado onde chegou sem conhecer minimamente os meandros da política. Seja como for, mantém-se discreta sobre o assunto. Diz ter saudades do tempo em que os desfiles eram um verdadeiro espectáculo e a criatividade e a paixão pairavam no ar. Hoje em dia não tem a mesma graça Carine Roitfeld tornou-se uma mulher influente. Muitos diziam até que seria a sucessora de Anna Wintour (na foto em baixo), na Vogue americana. Mas Carine escolheu outro caminho deixando obra feita na moda francesa. Em cima, Carine Roitfeld com Lagerfeld e Ricky Lauren. NO MUNDO DA MODA, A SAÍDA DE UMA EDITOR A DA VOGUE É UM ACONTECIMENTO TÃO R ARO COMO A PASSAGEM DO COMETA HALLEY. de há dez anos. Antes as pessoas eram verdadeiramente loucas pela moda. O entusiasmo era tal que ninguém dormia. Agora há quem esteja mais interessado na roupa que o estilista usa durante os desfiles do que nos desfiles propriamente ditos. Roitfeld diz que a moda perdeu parte da criatividade porque a pressão das grandes marcas tem mudado substancialmente a natureza da indústria. Há muito dinheiro em jogo e o estilista tem de produzir um show fantástico para vender as suas criações e manter o nome da marca nos píncaros para os perfumes também terem saída. O poder do dinheiro é enorme. A grande fatia desta pressão recai sobre os estilistas. Roitfeld refere a explosão anti-semita de John Galliano e subsequente expulsão da casa Dior no início deste ano, e o suicídio de Alexander McQueen no ano passado, como sintomáticos. O mundo da moda é muito duro e não podemos esquecer que os designers de moda eram artistas antes de serem máquinas de fazer dinheiro. Todos eles são pessoas frágeis, não suportam este tipo de pressão. Sublinha que a globalização também tem a sua quota-parte de culpa. Não é fácil agradar a uma mulher em Xangai, no Rio de Janeiro e em Paris, e desenhar um casaco que assente bem a todas. Não é fácil para uma marca falar com pessoas tão distintas e seduzi-las a todas. Às vezes os designers não têm estofo para isso. Roitfeld bebe relaxadamente o seu chá Darjeeling. A sua expressão diz-me que não é uma mulher que perde tempo a olhar para trás. A liberdade que hoje tem de prosseguir o seu novo projecto fá-la sentir dez anos mais nova, diz. Os planos incluem o lançamento de um livro sobre o seu trabalho em formato de entrevista. Sophia Coppola é a entrevistadora e as perguntas tocam aspectos muito diversos. Entre eles, um muito especial: o que mais odeia na moda. Resposta: As mules, esses sapatos horríveis. Odeio-os!. O que ela gosta realmente é de agarrar numa peça de roupa e transformá-la. Por exemplo, usar um soutien preto com uma blusa branca. Adoro transformar uma peça de vestuário clássica e burguesa em qualquer coisa de irreverente. Garante que em 30 anos a única coisa que mudou no seu look foi o tamanho das bainhas, que passaram a ser mais compridas. Não é bem assim. Houve outra coisa que mudou: teve de combater o seu ódio de estimação por malas de mão porque agora é obrigada a usá-las. E explica porquê com um sorriso desarmante: Não tenho escritório, por isso preciso de ter tudo à mão. É uma vida totalmente nova. FT MAGAZINE FOTOGRAFIAS DE POOL7NEWPOOL/REUTERS, BRIAN BEDDER/STAFF/GETTYIMAGES E DE CHARLES PLATIAU/REUTERS 12 Fora de Série Julho 2011

13 Mais informação em Os nossos motores mudam. Os nossos princípios, não. Novo Panamera Diesel. Uma ideia radical: performance por convicção. Ou a máxima performance com o mínimo de consumo e emissões reduzidas de CO 2. Como? Graças ao novo propulsor turbodiesel V6 de 3,0 litros. Performance e respeito pelo meio ambiente. Não há contradição. Apenas Porsche Intelligent Performance. CENTRO PORSCHE BRAGA Av. da Independência, Lote 1-1C CENTRO PORSCHE FARO Estrada Nacional 125, km. 98,9 CENTRO PORSCHE LEIRIA Parque Movicortes CENTRO PORSCHE LISBOA Av. Dr. Francisco Luis Gomes, 1 CENTRO PORSCHE PORTO Rua Manuel Pinto de Azevedo, S. Paio d Arcos - Braga Faro Azoia - Leiria Lisboa Porto Tel.: Tel.: Tel.: Tel.: Tel.: Porsche Panamera Diesel. Consumos (l/100km): Urbano: 8,1 - Extra-urbano: 5,6 - Combinado: 6,5. Emissões de CO 2 (g/km): 172. P.V.P. recomendado a partir de ,00. (Inclui I.V.A. Não inclui despesas de matriculação.)

14 TERMAS AS NOVAS TERMAS De norte a sul do país, a Fora de Série aderiu ao termalismo. Longe da fama antiquada de outros tempos, as renovadas termas são agora conhecidas como medical spas. Num país conhecido pelas águas minerais e sulfurosas, Portugal é um dos bons spots da Europa para quem procura prevenir ou tratar um sem número de problemas de saúde. As termas foram durante anos o melhor chamariz de algumas regiões do país, no entanto, o seu conceito tem mudado ao longo dos últimos anos. Às águas milagrosas e à acção terapêutica, juntou-se o bem-estar e a estética, sendo por isso cada vez maior a aposta de grupos hoteleiros no conceito de SPA (Saúde Pela Água). Com esta mudança, os spas termais começam a pintar o mapa e a serem encarados como a melhor forma de ajudar o corpo e a sempre tão desgastada mente. Aliados estes dois conceitos, rapidamente apareceu um terceiro, os Medical Spas. São espaços onde tudo é feito à medida do cliente. A avaliação e o diagnóstico são ditados pelas necessidades de cada um e o tratamento ou terapêutica raramente é inferior a sete dias. Tudo é feito de forma integrada: desde a reeducação alimentar, por exemplo, à fisioterapia, se necessário. Por tudo isto, a Fora de Série ainda não foi à praia e preferiu dar a conhecer alguns destes novos espaços, espalhados por todo o país, que prometem um daqueles clichés antigos em que hoje temos tanta dificuldade em acreditar: mente sã em corpo são. O Aquadome é o espaço de saúde e bem-estar do H2otel. Divide-se em cinco áreas: Aquatermas, o serviço de excelência do hotel, Aquafisio, onde é possível fazer reabilitação, Aquacorpus, para tratamentos de corpo, e AquaLudic, com um circuito celta e piscinas interior e exterior. 14 Fora de Série Julho 2011

15 H2otel Congress & Medical SPA/Aquadome The Mountain SPA AS TERMAS, O SPA E A BABA DE CAMELO Isto da escrita nem sempre é fácil. Digo isto depois de uma boa meia hora a sofrer do síndrome da folha em branco para tentar descortinar um arranque que se apresente de um texto cujo tema é uma visita fantástica, não disfarço a um dos melhor equipados centros termais em Portugal, o H2otel/ Aquadome. A dificuldade deve-se a uma única coisa: teimosia. Depois de três dias neste paraíso escondido de tranquilidade e de saúde, meti na cabeça que haveria de começar esta reportagem pela mais fascinante baba de camelo que comi na vida. Sim, baba de camelo, leu bem. Sim, sei que o tema é sobre saúde, bem-estar, ser saudável e sobre o efeito muitas vezes milagroso das águas termais. Mas o que posso fazer? Foi a melhor baba de camelo que já comi e não consigo tirar isso da cabeça. Na esperança de já ter conquistado a solidariedade de alguns leitores, arranco. É um creme, quase uma espuma, cor camel, que quando metido à boca, se espalha por todas as papilas gustativas. Todas. Uma colher, duas, três e o paladar ganha um novo sentido, uma nova dimensão. Não é muito doce, é impossível que venha a ser enjoativa. É perfeita. É perfeita a baba de camelo do restaurante Alquimia, do H2otel. Posto isto, vamos às termas e ao medical spa. Os quatro Aquas do Aquadome É considerado o primeiro montain spa do país. Divide o espaço com o Parque Natural da Serra da Estrela, fica, mais precisamente, em Unhais da Serra. A minha herança familiar faz-me conhecer bem a região. Esta pequena vila sempre se deu a conhecer pelas águas que, em tempos, foram apelidadas de medicamento milagroso. A água mineral de Unhais da Serra tem uma circulação muito profunda e o seu efeito milagroso resulta, essencialmente, do facto de estar infiltrada em rochas graníticas e por ser uma água sulfurosa. Foram todas estas capacidades que H2otel aproveitou para criar um espaço de bem-estar. Construído de raiz a partir de um antigo balneário termal, o Aquadome tem uma oferta integrada 100% wellness, quando à saúde alia também a prevenção e todos os mimos que o corpo não nega. Chegar a este hotel não é apenas chegar a um hotel. Chegar a este centro termal também não é apenas isso. Aqui, tudo se cruza, tudo se conjuga. É essa ligação, aliás, que faz com que o Aquadome esteja divido em quatro áreas diferentes. O Aquafisio, um centro de fisioterapia e osteopatia, onde é possível fazer diferentes tipos de reabilitação; o Aquacorpus, um espaço de wellness onde, além do exercício físico no ginásio, se pode fazer massagens tradicionais e holísticas e tratamentos de estética; o AquaLudic, considerado ímpar em Portugal, onde há um circuito celta com banho turco, hammam, sauna com cromoterapia, duches de contraste, quatro jacuzzis, banheiras de hidromassagem, contracorrentes e camas e cadeiras de hidromassagem. Mas é quase garantido que quando estiver no AquaLudic é nas piscinas que vai passar mais tempo. Na verdade, ela é uma só, mas transforma-se em duas, quando passa do interior para o exterior sempre a nadar. Arrisco dizer que, no Inverno, quando a neve cai sem piedade, esta passagem do interior para o exterior pode muito bem ser um dos pontos altos da estadia (já para não falar da vista sobre o vale glaciar de Alforfa). Por último e, neste caso, a estrela deste complexo, o Aquatermas, moderno balneário termal que utiliza nos seus tratamentos a água mineral natural de Unhais da Serra, dir-se-ia quase perfeita para problemas respiratórios, reumatismo, aparelho digestivo e circulatório. É neste espaço que pode usufruir de um sem número de tratamentos, desde o banho de imersão, duche Vichy ou escocês até à massagem terapêutica a 30 graus. Step by Step Com uma estrutura terapêutica e de bem-estar absolutamente integradas, fica tudo mais fácil quando hóspedes e clientes batem à porta do H2otel com um objectivo. E aqui, os objectivos podem ser os mais variados. Desde o clássico tratamento termal até aos programas de medical spa que podem ser de emagrecimento, anti-stress, obesidade infantil, antitabágico ou recuperação de cirurgias estéticas. O lema é Step by Step ou seja, todos os programas são específicos e personalizados, construídos e pensados à medida de cada pessoa, e respeitam, obrigatoriamente, três passos. Numa primeira fase, é feita uma reunião com o cliente para perceber quais as suas necessidades e quais os objectivos a que se propõe. É feita uma consulta médica com o director clínico para o levantamento do historial médico e é feito um check up. Concluídos os exames médicos, segue-se a consulta de nutrição. É essencial que se conheça os gostos alimentares de quem se está a tratar para se desenhar um plano alimentar saudável, mas não doloroso. O primeiro passo só fica completo depois de uma visita ao responsável técnico do ginásio e ao personal trainer que farão uma avaliação física pormenorizada. Não há bela sem senão, já sabemos. Feitas todas as avaliações necessárias, o corpo clínico do H2otel/Aquadome está pronto para estruturar o melhor plano de medical spa para os efeitos desejados. O terceiro e último passo é apresentar o que foi decidido ao cliente. A explicação do que vai acontecer é detalhada e toda a equipa multidisciplinar que vai acompanhar o cliente nas próximas semanas apresenta-se. Uma segurança: esta equipa tem nota máxima na simpatia. Os programas têm a duração mínima de uma semana e máxima de um mês. Dias em que, passo a passo, corpo e alma vão ganhando vida ou uma vida melhor. TEXTO DE ANA FILIPA AMARO CONTACTOS H2otel Congress & Medical SPA/Aquadome The Mountain SPA Unhais da Unhais da Serra, apartado 14 Covilhã Tel.: PAUSA PARA EMAGRECER Emagrecimento Medical Spa é um dos programas mais procurados do Aquadome The Mountain SPA. O plano pode ser de 7 dias/6 noites ou de 15 dias/14 noites, mas a única coisa que muda é o número de vezes que um tratamento é dado ou o tipo de plano alimentar, por exemplo. Assim, quando chegar ao H2otel com a convicção que é desta que vai perder aqueles quilos a mais, vai começar por ter uma consulta médica (serão duas até ao final do programa de 7 dias). Depois, segue-se a consulta de nutrição (seis até o último dia) e a avaliação nutricional e antropométricas. Como fazer pode não ser suficiente em casa o risco de voltar tudo ao mesmo é muito elevado, então o Aquadome propõe três workshops : Métodos de confecção culinária saudáveis e dietéticos ; Rotulagem alimentar e Boas escolhas alimentares. Já percebeu que não vai haver desculpas Numa fase inicial, será ainda feita uma avaliação de enfermagem (serão 5 até ao final do programa). Feito o raio x ao corpo e também à mente, daqui para frente é sofrer. Ou não, afinal, quem corre por gosto não cansa. Os dias seguintes passar-se-ão assim: Exercício físico: Sete sessões de exercício físico com o Personal Trainer (60/90 min.); Prova de avaliação física; Fitball (treino funcional); Cardio fitness ; Jogging ; Hidroginástica; Quatro sessões outdoor (240 min.); Três caminhadas; Caminhada interpretativa; Terapias: Três sessões anticelulite (75 min.); Três sessões adelgaçantes (75 min.); Algoterapia Marine Essence (60 min.); Três pressoterapias (30 min); Três sessões do método de Fornaziele ; Três sessões de drenagem linfática (50 min.); A estas terapias pode juntar-se outros tratamentos termais e de spa. Alimentação: O programa engloba seis refeições diárias, pensadas de acordo com as necessidades nutricionais de cada cliente e com a supervisão técnica de um nutricionista em pareceria com o chef do hotel. Este programa inclui ainda acesso livre ao espaço AquaLudic e a todas as animações que ali decorram. Preço: 2563,50 euros, sem alojamento. Programa de 15 dias/14 noites: 4275,50 euros, sem alojamento. Julho 2011 Fora de Série 15

16 TERMAS SPA Termas da Ferraria ÁGUAS QUE NOS ENVOLVEM Quando pensamos no conceito de SPA vem-nos imediatamente à cabeça um local sofisticado, normalmente rodeado de infra-estruturas de lazer, como hotéis e restaurantes. Mas chegar ao SPA Termal da Ferraria é depararmo-nos com um espaço invulgar. Situa-se no extremo Sudoeste da Ilha de S. Miguel, nos Açores, onde à sua volta nada há mais do que natureza no seu estado mais puro. A força do Oceano Atlântico brinda as rochas escuras, de origem vulcânica, com salpicos de água salgada que absorvem por completo a paisagem. É neste meio inóspito e de alguma forma selvagem que surge o edifício branco, de meados do século XX, recuperado o ano passado para albergar este complexo termal com características únicas. O Lugar da Ferraria, onde se localiza o SPA Termal, é uma fajã que tem duas nascentes de águas termais de origem vulcânica. Uma das suas particularidades é a qualidade terapêutica das águas, trata-se de uma água cloretada, com enxofre e outros minérios. A água do mar infiltra-se no monte do vulcão, aquece e volta quente. É responsável pelo abastecimento das piscinas naturais da Ferraria e do seu complexo termal. Temos um furo onde vamos buscar a água a 200 metros de profundidade, ao lençol freático, o mesmo que despeja a água para a baía natural. Como é muito quente, ronda os 58º/60º, misturamos depois com água do mar. No fundo, replicamos a mesma filosofia da baía natural, misturamos água do mar com a água termal sob condições controladas. Aqui a mistura é de 70% de água do mar e 30% de água termal, explica Paulo Araújo, fisioterapeuta e responsável pelo SPA. Rituais de bem-estar Entrar no SPA Termal da Ferraria provoca-nos uma sensação de abrigo. Lá fora, são os ventos intensos e a energia do mar que dominam o ambiente. Dentro do SPA sentimos o conforto de um local onde o bom gosto e a simplicidade se conjugam com pequenos detalhes decorativos. As madeiras e os tons quentes predominam nas salas principais deste complexo. Ao conforto junta-se, ainda, a famosa hospitalidade de S. Miguel. Lá dentro, é um restaurante e bar que nos abre as portas. Com uma cozinha predominantemente regional, com apetência para pratos mais sofisticados, é possível fazer-se refeições ligeiras ou almoços mais elaborados. Os menus têm pratos de peixe, carne e vegetariano. No piso inferior situa-se a área de tratamentos. A recepção deixa-nos antever um local harmonioso onde não faltam as habituais componentes de SPA: jacuzzi, sauna, banho turco e piscina interior com águas termais aquecidas. O ponto forte é a originalidade dos tratamentos e dos rituais de massagem, que evocam os recursos da região. Como é o caso da Azores Stone Massage, uma terapia feita com pedras vulcânicas, ou do Jazz Massage, um ritual de massagem em que o cliente escolhe quatro álbuns deste tipo de música e recebe quatro tratamentos ao som destes acordes. A técnica do Duche Vichy, que é possível encontrar-se noutros spas, tem aqui a particularidade de ser trabalhada com as águas termais, conhecidas por serem terapêuticas para dores reumáticas e doenças da pele. Os terapeutas desta casa, todos eles fisioterapeutas, emprestam o seu lado mais cientifico às massagens que fazem. Cada toque corresponde a uma passagem única, leve, sem pressão, que de acordo com os profissionais é melhor para a saúde dos músculos. Ao fim de uma sessão, que pode ser a duas ou a quatro mãos, revitalizante ou relaxante, o visitante sente-se revigorado. No fim, é impossível não sucumbir à tentação de experimentar a piscina exterior com água termal, que se situa perto do Oceano. Seja Verão ou Inverno, esta piscina tem a singularidade de estar aquecida a 38 graus. Mergulhar nesta piscina em plena Primavera, ventosa, dá-nos uma sensação única de reconforto. Para depois nos embrulharmos num roupão quente e prepararmo-nos para regressar a casa. TEXTO DE SUSANA ALVES CONTACTOS SPA Termas da Ferraria Rua Ilha Sabrina - Edifício Termas da Ferraria Ponta Delgada Açores Tel.: DICAS E HISTÓRIAS Emoções que flutuam Relaxar e usufruir de experiências sensoriais são os motes da maioria dos tratamentos deste SPA. Float in motion (flutuar em movimento) é uma técnica desenvolvida pelo terapeuta Paulo Araújo que consiste em proporcionar um relaxamento profundo dentro da piscina interior aquecida a 34 graus. Na prática, deitamo-nos de barriga para cima e deixamo-nos flutuar ao sabor do balanço do terapeuta. De olhos fechados, absorvemos os movimentos suaves e constantes que nos transportam para um estado profundo de concentração. Numa primeira fase, a água quente envolve-nos o corpo e as sensações físicas tomam conta da nossa consciência. Em seguida, são as sensações que nos absorvem, que podem ser emotivas ou reconfortantes, dependendo do estado de espírito. No final, é a sensação de conforto que prevalece, para nos deixar num estado de bem-estar. Esta prática dura aproximadamente 45 minutos. Águas Santas O SPA Termas da Ferraria é uma reconstrução de um edifício que funcionava desde meados do século XX como Casa de Banhos, assim apelidado pelo povo da região. É possível, no entanto, encontrar referências sobre as águas da Ferraria em textos que datam ao século XVI. A Casa de Banhos era orientada por um médico hidrologista, Dr. Pavão, que elogiava os efeitos terapêuticos da água termal que nascia na cratera do Pico das Camarinhas. Julho e Agosto eram os meses mais fortes deste espaço, frequentado essencialmente por doentes reumáticos. Diz-se que o médico receitava 21 banhos e os doentes sentiam melhorias visíveis. O povo desta região açoreana passou a apelidar as águas termais como águas santas. NA PÁGINA ANTERIOR, FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELO HOTEL. NESTA PÁGINA, FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELO SPA 16 Fora de Série Julho 2011

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18 TERMAS Longevity Wellness Resort Monchique EM BUSCA DA SAÚDE NA SERRA ALGARVIA Depois de mais uma curva na estrada, surge, aninhado na encosta, o Longevity Wellness Resort. Aberto desde Julho de 2010, o medical spa deste resort de cinco estrelas conseguiu, em menos de um ano, fidelizar clientes. Algumas das razões que conduziram ao sucesso são perceptíveis mal se sai do carro: o perfume a esteva invade o ar e a ligação com a paisagem envolvente torna-se uma constante nos dias que se seguem. A medicina preventiva e o envelhecimento e bem-estar são as principais áreas de actuação do Longevity Welness Spa. Foi o primeiro medical spa instalado num resort a abrir em Portugal, explica Teresa Malheiro, directora do spa. Com direcção clínica do médico António Boavida, especialista em medicina preventiva e medicina estética, o spa tem três áreas de actuação distintas: Saúde e Longevidade, Bem-estar e Bem-estar e Relaxamento. A equipa conta ainda com um osteopata, uma psicóloga, uma nutricionista, bem como uma médica especializada em medicina tradicional chinesa. O primeiro projecto do grupo Longevity arrancou há sete anos. O grupo de capitais portugueses tinha como objectivo apostar numa solução de turismo residencial com âncora na saúde e bem-estar. O Algarve tinha potencialidades para desenvolver este segmento de mercado e, em 2007, uma pequena equipa seguiu para a região de Monchique para encontrar o local. Localização e arquitectura Os três hectares licenciados para hotelaria, junto à estrada que liga Portimão a Monchique município que tem 83% do seu território classificado como reserva natural protegida revelaram ser a localização ideal. Numa espécie de anfiteatro com vista para a costa, o terreno colocou alguns desafios ao Focus Group, gabinete de arquitectura que concebeu o edifício. Era necessário respeitar a serra e o meio ambiente e, ao mesmo tempo, criar uma atmosfera que tivesse elementos de bem- -estar. A solução passou por uma arquitectura em socalcos de um total de 12 pisos apenas quatro são visíveis com coberturas ajardinadas e recurso a materiais como a madeira, o xisto e o sianito, uma pedra extraída das pedreiras de Monchique. Os painéis solares que garantem o aquecimento da água e o sistema de recuperação das águas pluviais foram algumas medidas de salvaguarda ambiental adoptadas pelo resort. No total, são 195 suites, com áreas que variam entre os 60 e os 90 metros quadrados. A decoração é feita em tons de madeira, bege e branco, as cozinhas estão totalmente equipadas, bem como as varandas e os pátios ajardinados. É a vista que marca a diferença e pode ser de pátio, serra ou costa. A vista da costa, apesar de deslumbrante, tem um pequeno contra: está virada para a estrada e, de noite, quando tudo está mais sossegado, ouvem-se os poucos carros que passam. As suites com vista para a serra são mais sossegadas e um bom ponto de observação para os vários pássaros que visitam o resort. À noite, as estrelas, o canto dos grilos e o coaxar das rãs convidam a prolongar um pouco mais a permanência no terraço e, pela manhã, ainda não são nove horas quando se ouve o canto das primeiras cigarras. + RITUAL DE BOAS-VINDAS Não pode haver melhor recepção. Ritual de Boas Vindas Longevity é uma das boas opções que o Longevity Wellness Resort Monchique oferece para quem quer recarregar energias em pouco tempo. É um tratamento de choque mas em bom, claro. O programa foi pensado como um ritual de desintoxicação, estimulação facial e corporal. No mínimo de duas noites, este tratamento inclui alojamento em suite, com vista pátio, pequeno-almoço buffet, servido no Longevity Cuisine by Olivier, e acesso ao Longevity Medical Spa. Os tratamentos são os de assinatura: Thermo Garden Detox Experience (30 min.); esfoliação corporal com Sais Marinhos e Limão (30 min.); Longevity Fonte da Juventude (60 min.); Ritual de Massagem Relaxante Longevity (60 min.) e Retiro Relaxante com Tisana de Ervas. Preço: a partir de 200 euros por noite. Cuidar do corpo O ambiente de serenidade continua nas várias áreas do medical spa, que garante a adaptação dos programas às necessidades de cada hóspede. À chegada é feita uma avaliação. Dependendo do tipo de programa, esta pode ser apenas biofísica e nutricional, ou também bioquímica e psicológica. A avaliação biofísica consta de um teste de bioimpedância (que mede os índices de massa gorda, massa muscular, massa intracelular, hidratação, taxa metabólica basal e distribuição de gordura corporal), e de uma prova de esforço. Já a avaliação bioquímica é feita através de análises. É a partir dos resultados destas avaliações que é traçado um plano personalizado que incluirá, além dos tratamentos, exercício, um programa nutricional e diversas actividades. Mais do que uma actuação pontual, pretende-se que este seja um primeiro passo para uma mudança de estilo de vida, assegura Teresa Malheiro. Assim, quando termina a estadia, o hóspede leva consigo o resultado de todos os testes e análises, e ainda o plano de exercício e nutrição, com algumas receitas incluídas. Fiéis à máxima somos o que comemos, os responsáveis do Longevity Wellness Resort apostaram na cozinha como forma de diferenciação. Da parceria com o chef Olivier nasceu o Longevity Cuisine by Olivier, com uma decoração romântica e vista sobre o vale. Num medical spa faz sentido incorporar a parte da nutrição. Ao mesmo tempo, tratando-se de um resort com um restaurante aberto ao público, também tinha que haver uma cozinha sofisticada, de autor, explica Cristina Ventura, directora de marketing do grupo. Olivier Costa participou na fase inicial da definição do conceito, estando a cozinha a cargo do chef executivo Jan Stechemesser, antigo chef do Villa Joya. É a Stechemesser que cabe conjugar a cozinha gourmet com os preceitos de uma comida saudável e adaptar o menu ao plano alimentar de cada hóspede. O resultado é uma comida saborosa, colorida, apetecível, que recorre a produtos locais e cujas doses não são minimalistas. Quem chegue ao Longevity Wellness Resort apenas para descontrair pode desfrutar da boa mesa e dos programas de bem-estar e relaxamento. Para aqueles que pretendem passar apenas um dia no spa, existem programas como o Ritual de Boas Vindas Longevity que, ao longo de três horas, proporciona uma experiência que inclui massagens, esfoliação, rituais de rosto e uma experiência detox. De referir que, nos rituais de assinatura, como a Massagem Corporal Sinfonia de Ervas Aromáticas ou a Esfoliação Corporal com sais Marinhos e Lavanda Selvagem, são usados produtos da região, como o sal marinho da Ria Formosa ou as essências das plantas locais. Na área da saúde e longevidade alguns dos tratamentos médicos não invasivos obrigam à supervisão de um médico bem como à presença de uma enfermeira especializada. Os programas irão misturar tratamentos da área mais clínica, como a oxigenoterapia, com outros da área estética, como as esfoliações e as sessões de treino especializado. A juntar a tudo isto, os hóspedes têm ainda ao dispor o programa de vitalidade, que inclui caminhadas, pilates, meditação, dança ou aulas de aquafit e aqua fun. Entre tratamentos ou tardes à beira de uma das duas piscinas exteriores, os dias acabam por decorrer inteiramente nas instalações do resort. Em alguns casos, convém até que assim seja, como explica Teresa Malheiro: Nos programas de controlo de peso e detox, a alimentação é toda estipulada à partida. Se o hóspede estiver na piscina ou no ginásio à hora em que deve comer um pequeno lanche, a comida vai ter com ele. TEXTO DE SUSANA TORRÃO CONTACTOS Longevity Wellness Resort Monchique Lugar do Montinho, Monchique Algarve Tel.: FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELO SPA 18 Fora de Série Julho 2011

19 Termas Estoril e Banyan Tree Spa Estoril SPA TEMOS, TERMAS MAIS OU MENOS O conceito de regresso às termas andava a intrigar-nos. Está outra vez a dar, não é coisa só para velhinhos e asmáticos, diziam-nos. Mas tudo o que envolve ranhoca e derivados acende aquela luz encarnada que ilumina os preconceitos aqui na Fora de Série. E abanávamos com a cabeça, desconfiados. Havemos de lá ir. Um dia. De qualquer forma, foi com curiosidade que acompanhámos, há pouco mais de um ano, o aparato que envolveu a inauguração das Termas do Estoril. Com direito a presença presidencial, as novas termas do Estoril beneficiaram de investimento público (no valor de 1.2 milhões de euros) e, com os seus 4500 metros quadrados de área, deram que falar como há quase 50 anos não davam. É que, já antes, muito antes, o Estoril não era só famoso por albergar famílias reais no exílio. As águas termais desta região, provenientes de um lençol de 34 graus que se presume nascer na Serra de Sintra, e suas capacidades regeneradoras de várias moléstias respiratórias, musculares, de pele e articulações eram muito procuradas pela aristocracia do início do século XX. Até o rei D. José I era habitué e ali procurava alívio para as chagas que o atacavam nas pernas. Também os seus cães de caça, conta-se, eram clientes das águas termais do Estoril, para uma mais rápida cicatrização das suas feridas feitas em acção. O balneário, esse, só foi construído em Mas, mesmo em plena guerra, entre 1939 e 1946, as termas tinham 150 inscrições anuais para os TERMAS banhos de imersão salinos e carbogasosos, para os duches escoceses e subaquáticos, banhos de infravermelhos e ultravioletas. Ir a banhos no Estoril foi moda até 1961, quando o Hotel do Parque, edifício que albergava o balneário, foi demolido, obrigando ao encerramento das termas. Meio século depois, e depois da pompa e circunstância, celebridades e Cavaco Silva, holofotes, televisões, todos os que quiseram acompanhar o momento histórico que foi o regresso da região da Grande Lisboa ao mapa dos banhos termais, o novo complexo termal que nasceu com a remodelação do Hotel Palácio e que envolveu um investimento total de 25 milhões de euros tem quatro andares, dois para as termas, dois para o spa da cadeia asiática Banyan Tree, e uma área útil de 4500 metros quadrados. Previsto para ter um funcionamento ao longo de todo o ano, de Verão e Inverno, este complexo dedicado à saúde e à beleza está equipado com piscinas termais, sauna, salas de inalação, banhos de vapor, lamas, duches Vichy, massagens e ginásio fitness/wellness. Só que na verdade, o termalismo ainda não regressou ao Estoril. Desde a inauguração que problemas técnicos têm impedido que as termas funcionem em pleno, nomeadamente no tratamento do reumatismo, de doenças dermatológicas, músculo- -esqueléticas e respiratórias. De momento, e sem data prevista para o funcionamento em pleno, só é possível fazer hidroterapia e fisioterapia, dizem-nos de lá. Mas o Spa funciona em pleno. OK. Parece que as ranhocas vão ficar para outra vez. Contentamo-nos com os pouco termais mas muito atractivos benefícios do Banyan Tree. E não ficámos mal servidos. TEXTO DE RITA IBÉRICO NOGUEIRA CONTACTOS Banyan Tree Spa Estoril Rua Particular do Hotel Palácio Tel.: I DO NOT SPEAK TAILANDÊS Lá chegamos, numa manhã ensolarada, às imediações do casino de Stanley Ho e do histórico Hotel Palácio. Àquela paz requintada do Estoril, com direito a pequeno-almoço na Garrett. Somos recebidos no spa, que se apresenta tal como esperamos, com todas as características de um spa asiático: o silêncio temperado por uma longínqua música ambiente que nos guia pelos corredores do spa como se das florestas tailandesas se tratasse; o aroma dos óleos essenciais usados nos tratamentos que também dão nome às salas baunilha, sândalo, açafrão, rosmaninho, eucalipto, canela, camomila, jasmim, lavanda, menta e tantas outras ; a decoração harmoniosa em tons neutros, à base de madeiras, bamboos e sedas. Explicam-nos que, neste Banyan Tree, e à semelhança do que acontece nos restantes espaços da cadeia, todas as terapeutas recebem formação nas academias Banyan Tree Spa em Phuket, na Tailândia. Todas falam tailandês, poucas inglês e nenhuma português. A nossa terapeuta tem um nome impronunciável e exprime-se razoavelmente em inglês. Num sorriso contido, leva-nos à sala Rosemary (rosmaninho) onde passámos duas horas de total evasão. Um banho nos pés para começar, enquanto negociávamos o estilo da massagem. Strong, medium or soft?. Optámos por soft. Afinal, a ideia era relaxar do facto de não ser desta vez que vamos conhecer termas e, a bem da verdade, também já levámos algumas sovas no lombo à conta do alargado conceito de medium. Depois, a cama, para uma massagem Lomi Lomi (120 minutos, 160 euros). O nome pareceunos sugestivo e, por ser de origem havaiana e o tempo ainda estar incerto, foi uma espécie de evocação ao espírito libertador do Verão. Abrangendo o corpo todo, a nossa terapeuta aplica técnicas ritmadas com os polegares, as palmas das mãos e os cotovelos (só no caso strong ), aliviando e libertando os músculos, terminando na cabeça. A sensação provocada é de bem-estar e vitalidade. A sala está equipada com um grande jacuzzi e se quiséssemos (e tivéssemos tempo) podíamos ter tomado um banho refrescante. Mas fomos desaconselhados, para que o efeito da massagem durasse. Pena. Fica uma boa desculpa para voltar. O jacuzzi. Isso e conhecer as potencialidades dos outros serviços oferecidos pelo spa: hammam, banho turco, sauna, camas de relaxamento, jactos de hidromassagem, piscina, ginásio... e termas, quem sabe? FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELO SPA Julho 2011 Fora de Série 19

20 TERMAS Resort Termal de Monte Real AS BOAS ÁGUAS DOS TEMPOS IMEMORIAIS Logo à entrada das Termas, protegida por paredes de vidro, uma comprida banheira de pedra ancestral cumpre a sua função de arauto do passado. Já os antigos sabiam o que é bom e a História está cheia de exemplos a que a Arqueologia vai dando consistência. Desde os tempos dos romanos que as nascentes de Monte Real se fazem valer pelas propriedades curativas das suas águas. Mas, se é certo que os ecos das gentes que buscaram o consolo das águas de Monte Real se perdem além dos tempos, certo é também que foi apenas no início do século XX, pela mão de Olímpio Duarte Alves, que este lugar começou a ser explorado enquanto estância termal acolhendo, a partir de 1925, o hotel que conserva ainda hoje a sua fachada original. Chegamos quase ao virar da manhã. A distância não é longa. Aliás, essa é mesmo uma das grandes vantagens do Resort Termal de Monte Real. Graças à sua localização geográfica central, quer se parta de Lisboa ou do Porto, não exige mais do que hora e meia de caminho, como faz questão de salientar Luís Mexia Alves, o director-geral, que nos acolhe na espaçosa sala de estar do Palace Hotel, que hoje alberga visitantes e termalistas. Neto do fundador, Luís Mexia Alves não disfarça o orgulho que sente por uma estrutura que, por coincidências da vida, gere hoje com o mesmo empenho com que outrora o fizeram o avô e o pai. E conta-nos a história do lugar que, no passado, foi poiso eleito de veraneio de tantas famílias, locais e não só, porque independentemente das suas qualidades termais, tempos houve em que era chique ir a banhos. Modas aparte, a versatilidade destas águas termais sempre falou por si, indicadas que são para o tratamento tanto dos males do aparelho digestivo, como dos sistemas respiratório e musculo-esquelético. São águas sulfurosas, ricas em sais minerais, como o cálcio, o magnésio, os sulfatos, os cloretos e os bicarbonatos e em elementos raros, como o iodo, o bromo, o flúor e o lítio. Tanto que as Termas nunca deixaram e funcionar, mesmo quando o hotel se viu forçado a fechar portas em 1990, por falta de condições de investimento, conta Luís Mexia Alves. Já em 2005, as instalações foram adquiridas pelo Grupo Lena, que reformulou todo o espaço, apostando em quatro valências distintas: Hotel, Termas, SPA e Resort. Reinaugurado em 2009, Monte Real é hoje a única estância termal do país com 24 hectares, explica ainda o director-geral. Antes do almoço, damos uma volta pelo resort. Os campos, bem cuidados, incluem dois campos de ténis, um mini-golfe de 18 buracos, três quilómetros de caminhos pedonais com circuito de manutenção, um parque infantil e jardins a que não falta um lago artificial. Ao fundo, recortam-se à direita o moderno edifício envidraçado do SPA e, à esquerda, as termas, que segundo nos conta Luís Mexia Alves, foram totalmente reconstruídas para adoptarem os novos equipamentos e serviços, mas sem nunca deixarem de estar em funcionamento. Sem mais demoras, apressamos o passo para os Paços da Rainha. É o restaurante do hotel e reinado do chef Paulo Monteiro. À nossa espera, um prometido menu de degustação cumpre as previsões que, já de Lisboa, nos traziam com água na boca. Mais tarde seguimos para o SPA e para as Termas, mesmo ao lado. No primeiro, a escolha passa por vários menus, que falam de viagens aos sentidos e prometem delícias associadas ao bemestar, quer se opte por tratamentos de rosto, ou de corpo. Os programas são a la carte e incluem várias propostas exclusivas, como a massagem hammam com espuma de sabão ou a massagem esfoliante sob chuva de água Spa Monte Real. Em baixo, a piscina aquecida e as salas de massagem, em cima, o ginásio e o solário. A madeira escura contrasta com o branco das almofadas, num ambiente depurado que convida ao relaxe e à evasão e que contrasta com a variação cromática das Termas, onde as zonas de tratamentos se diferenciam por cores. Nas salas de massagem, reina a luz natural, que entra pelas janelas a rodos e, aqui e ali, deixa adivinhar os jardins. Sem complexos, entrego-me às delícias de uma massagem esfoliante com duche Vichy, seguida de um banho de leite que me revitaliza o corpo e a alma. O tempo parece parar. Pairar sobre a minha cabeça como se à espera que me levante para retomar o seu curso lento/rápido. Mais tarde voltarei a entrar no carro que me levará de regresso a Lisboa. Mais tarde... bem mais tarde. TEXTO DE INÊS QUEIROZ CONTACTOS Resort Termal de Monte Real Rua de Leiria Monte Real Tel.: BEM-ESTAR TERMAL Tempos houve em que as águas termais de Monte Real, com as suas propriedades anti-inflamatórias, anti-alérgicas e anti-infecciosas, eram exclusivas ao tratamento de determinadas patologias. O renascimento do espaço trouxe consigo novas valências e, entre estas, um novo conceito de bem-estar termal destinado a pessoas saudáveis que se preocupam com o seu bem-estar físico e mental, como explica Luís Mexia Alves. O grande objectivo deste novo programa não pretende ter apenas uma acção preventiva e profiláctica, mas também actuar no combate aos malefícios do stress, promovendo o bem-estar físico e mental de quem por ele opta. Naturalmente, tendo estas águas uma fundamental função curativa, o programa de bem-estar termal começa obrigatoriamente com uma consulta médica onde será prescrito o tratamento a seguir, de acordo com o perfil de cada um. O novo programa tem uma duração de quatro dias durante os quais, além do acesso à nova piscina termal, oferece vários protocolos, como sejam o duche escocês, o duche circular, o duche Vichy com massagem ou o duche de agulheta quente, assim como a massagem geral e a hidromassagem. E como se o simples facto de promoverem o bem-estar físico e mental não bastasse, os novos tratamentos termais de oferecem ainda mais um bónus, um complemento cosmético que não é de descurar. É que, além de todas as suas mais-valias, as águas de Monte Real são extremamente ricas em sílica, que tem excelentes propriedades hidratantes. FOTOGRAFIAS DE PAULA NUNES 20 Fora de Série Julho 2011