UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO FERNANDO PEREIRA SILVA

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1 0 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO FERNANDO PEREIRA SILVA PERSPECTIVAS POLÍTICO-ELEITORAL DOS VEREADORES E FIÉIS ASSEMBLEIANOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO DE CASO NOS MINISTÉRIOS JESUS É A FONTE DA VIDA E IPIRANGA São Paulo 2016

2 1 FERNANDO PEREIRA SILVA PERSPECTIVAS POLÍTICO-ELEITORAL DOS VEREADORES E FIÉIS ASSEMBLEIANOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: um estudo de caso nos ministérios Jesus é a fonte da vida e Ipiranga Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Ciências da Religião Orientador: Prof. Dr. Ricardo Bitun São Paulo 2016

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4 3 S586p Silva, Fernando Pereira Perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis assembleianos do Município de São Paulo: um estudo de caso nos Ministérios Jesus é a Fonte da Vida e Ipiranga / Fernando Pereira Silva f.: il ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Orientador: Prof. Dr. Ricardo Bitun Bibliografia: f Igreja Assembleia de Deus 2. Evangélico 3. Vereador 4. Política municipal I. Título LC BX6198.A7

5 4 À minha esposa, pelo constante incentivo e apoio; a meus professores e colegas que confiaram na realização deste trabalho.

6 5 AGRADECIMENTOS A Deus pela vida que concedeu, bem como pela ímpar oportunidade concedida em realizar uma pós-graduação na Universidade Presbiteriana. A Universidade Presbiteriana Mackenzie em conjunto com a CAPES, no fornecimento da bolsa de estudos, que jamais irei esquecer e sempre irei agradecer. Aos Professores Dr. Ricardo Bitun, Dra. Lidice Meyer Pinto Ribeiro, Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa e Dr. João Baptista Borges Pereira, pelos ensinamentos concedidos durante o curso de pós-graduação, bem como no incentivo a essa pesquisa com sugestões e apoio. Aos Professores Dr. Jorge Pinheiro dos Santos e Leonildo Silveira Campos, que colaboraram muito na construção dessa dissertação com indicações precisas acerca dos referenciais usados aqui. Aos Professores Dr. Ubirajara Carnevale de Moraes, Dra. Melanie Lerner Grinkraut, Dr. Rodrigo Augusto Prando, Ms. Domingos Pozzetti Neto, Dra. Miriam Rodrigues, que me encorajaram a ingressar em um curso de mestrado, bem como colaboraram com as pesquisas. Aos meus pais que sempre apoiaram a minha carreira docente e discente ao longo dos estudos. À minha esposa que sempre me incentivou e me auxiliou em diversos momentos, tanto nos agradáveis, quanto nos desagradáveis, com muito amor e paciência. Aos meus amigos de infância, que acompanharam essa trajetória, com muita alegria e satisfação, sendo eles: Arnaldo Andrade, Rodrigo de Jesus e William Charles. Aos meus colegas que estiveram presentes também, com indicações e ajudas como: Alexandre Bueno, Bernadete Marcelino, Marlene Alves, Priscilla Oliveira, Enoc Almeida, João Victor, Eliezer Lírio entre muitos outros.

7 Pensamento político é a expressão de um ser político, de uma situação social. Não se pode entender o pensamento quando se subestima as realidades sociais das quais vem o pensamento político. (Jorge Pinheiro dos Santos). 6

8 7 SILVA, Fernando Pereira. Universidade Presbiteriana Mackenzie RESUMO No ano de 2010 segundo o IBGE, a capital paulista contava com mais de 10 milhões de pessoas e dentro desse número, de pessoas residentes na capital que informaram ao mesmo órgão pesquisador em 2010 pertencer a uma igreja evangélica. Nesse sentido, observarmos que para as eleições municipais em São Paulo obtivemos a candidatura de 30 nomes evangélicos para o cargo de vereador na cidade, dentre 1145 para 55 vagas. Ao término das eleições, somente 12 foram eleitos e receberam um total de votos válidos. Dessa maneira, a pesquisa aqui pretende apresentar quais as perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis assembleianos do município de São Paulo, contando com pesquisa de campo, entrevista, questionário semiestruturado, análises de conteúdo dos dados coletados. Ao longo da pesquisa observamos como se apresentam essas perspectivas com base nas respostas e teorias de Pierre Bourdieu e Max Weber prioritariamente. Ao término das análises podemos observar como essas perspectivas podem dizer muito acerca da relação que esses políticos e fiéis possuem da temática em questão, tendo em vista que há uma via de mão dupla quando falamos de eleições, onde os posicionamentos podem ser os mais diversos possíveis em um ambiente que existem dominantes e dominados. Palavras-chave: Assembleia de Deus. Evangélico. Política municipal. Vereador.

9 8 RESUMEN En el año de 2010 segundo o IBGE, la capital paulista contava con más de 10 millones de personas y dentro de su número, de habitantes de los residentes en la capital que informó sobre el mismo organismo de búsqueda en 2010 pertencer a una iglesia evangelica. Nesse sentido, observamos que para las elecciones municipales en São Paulo tuvimos una candidatura de 30 nombres evangelicos para el cargo de concejal en la ciudad, entre 1145 para 55 ofertas. Al final de las elecciones, solo 12 recibieron un total de votos reales. Dessa manera, una investigación sobre el tema de las perspectivas de los presupuestos políticos y electorales los evangelicos de la iglesia Asamblea de Dios en la ciudad de São Paulo, la investigación cuenta con, investigación de campo, el cuestionario semiestruturado, los análisis de contenido y la discusión de los datos recopilados. Al final del analisis observamos como las perspectivas pueden decir acerca de la relación que los políticos y los fieles tienen de el tema en discusión, teniendo en vista que hay una bidericcional mano cuando hablamos de elecciones, donde sus posicionamientos puenden ser los más variables possibles en un ambiente que hay dominantes y dominados. Palabras clave: Asamblea de Dios. Concejal. Evangélico. Política municipal.

10 9 ABSTRACT In the year 2010 according to the IBGE, the capital of São Paulo had more than 10 million people and within that number, 1,240,660 people living in the capital who informed the same research agency in 2010 belonged to an evangelical church. In this sense, we note that for the municipal elections in São Paulo we obtained the candidacy of 30 evangelical names for the position of councilman in the city, from 1145 to 55 vacancies. At the end of the elections, only 12 were elected and received a total of 568,292 valid votes. In this way, the research here intends to present the political-electoral perspectives of the city councilmen and faithful congregations of the city of São Paulo, counting on field research, interview, semi-structured questionnaire, content and discursive analyzes of the data collected. Throughout the research, we observe how these perspectives are presented based on the answers and theories of Pierre Bourdieu and Max Weber as a matter of priority. At the end of the analysis we can see how these perspectives can tell a lot about the relation that these politicians and faithful have of the subject in question, considering that there is a double way when we speak of elections, where the positions can be as diverse as possible In an environment that there are dominant and dominated Keywords: Assembly of God. Evangelical. Municipal policy. Councilman.

11 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Número de legenda e de candidatos Figura 2: Puxadores de voto Figura 3: Ficha de recolhimento de assinatura Figura 4: Projetos Aprovados Noemi Nonato Figura 5: Projetos Vetados Noemi Nonato Figura 6: Projetos Aprovados Sandra Tadeu...56 Figura 7: Projetos Vetados Sandra Tadeu Figura 8: Características de um político evangélico segundo os fiéis Figura 9: Conhecimento das funções do vereador segundo os fiéis Figura 10: Posição dos fiéis acerca da PL Figura 11: Lei de zoneamento Figura 12: Principais desafios de um cristão no ambiente político Figura 13: Diferença entre os sexos na Câmara Municipal segundo os fiéis Figura 14: Percentual de conhecimento de vereadores e/ou candidatos evangélicos...83 Figura 15: Percentual de reivindicações realizadas pelos fiéis Figura 16: Percentual de eficácia no diálogo entre vereadores e eleitores segundo os fiéis Figura 17: Direcionamento do voto do fiel Figura 18: Percentual de interesse em política segundo os fiéis...96

12 11 TABELAS Tabela 1: Candidatos evangélicos a vereador do município de São Paulo em Tabela 2: Candidatos evangélicos eleitos vereadores do município de São Paulo em Tabela 3: Exercício do vereador...44 Tabela 4: Projetos aprovados e vetados...49

13 12 LISTA DE ABREVIATURAS IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística AD: Assembleia de Deus CCB: Congregação Cristã no Brasil PRC: Partido Republicano Cristão CPAD: Casa Publicadora das Assembleias de Deus TSE: Tribunal Superior Eleitoral HGPE: Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral CGU: Controladoria Geral da União CGADB: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil PL: Projeto de lei INEP: Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação CONPRESP: Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo SESI: Serviço Social da Indústria CEU: Centro Educacional Unificado da cidade de São Paulo

14 13 SUMÁRIO INTRODUÇÃO PENTECOSTALISMO Pentecostalismo no Brasil Assembleia de Deus no Brasil (AD) A QUESTÃO TÉCNICA: A COMPOSIÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL, ASPECTOS INSTITUCIONAIS DO PARTIDO POLÍTICO O Processo de candidatura do vereador O processo eleitoral no Brasil, nas eleições para vereador Estratégia partidária O sistema proporcional de lista aberta O sistema proporcional de lista aberta para o eleitor O sistema proporcional de lista aberta para o partido O voto como elemento democrático O Partido Republicano Cristão (PRC) Mecanismos de criação do partido O EXERCÍCIO DO VEREADOR E A ATUAÇÃO DAS VEREADORAS SEGUNDO OS SEUS PROJETOS Projeto de lei e lei municipal A VISÃO ELEITORAL DO VEREADOR VERSUS ELEITORADO Análise de conteúdo sobre a visão eleitoral A RELAÇÃO ENTRE VEREADORES E ELEITORES, PERSPECTIVAS DE UM AMBIENTE POLÍTICO Perspectiva política das vereadoras e dos fiéis CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS

15 14 INTRODUÇÃO O município de São Paulo no ano de 2010 contava com mais de 10 milhões de habitantes, conforme o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse número informado há em torno de de pessoas residentes na capital que informaram ao mesmo órgão pesquisador em 2010 pertencer a uma igreja evangélica, sendo: Luterana, Presbiteriana, Metodista, Batista, Congregacional, Adventista, Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Evangelho Quadrangular, Universal do Reino de Deus, Casa da Benção, Deus é amor, Maranata e Nova Vida. Os adeptos das referidas constituem cerca de 14,39%, para um número de eleitores para as eleições de Os dados do Censo 2010 serão a base para realizarmos parte da pesquisa aqui apresentada, no que se refere ao número de vereadores eleitos em 2012 no município de São Paulo. Desse modo, houve um número de 1145 candidatos para 55 vagas, que corresponde a uma relação de 21 candidatos por vaga. Com base no número de candidatos em geral, evidencia-se que os elegíveis, os quais se intitulam evangélicos e/ou tiveram seus nomes veiculados na mídia como tais correspondem a 30 nomes o que indica menos de 3%, ou seja, 2,62%. Dentre os números apresentados, somente 12 dos 30 candidatos foram eleitos. Para tal resultado os políticos evangélicos receberam um total de votos válidos. Com base nas informações do Censo, o recorte a ser realizado aqui nessa pesquisa compreenderá somente a Igreja Assembleia de Deus (AD), que corresponde a maior igreja do Brasil, inclusive dentro do seguimento pentecostal e conforme GRACINO e MARIZ (2013) os pentecostais, que representam 13,30% da população brasileira e 60% dos evangélicos tiveram um crescimento maior nas regiões ditas grandes regiões metropolitanas, principalmente nas regiões mais afastadas, que são conhecidas também por periferias. Daí a opção por essa denominação evangélica e estratificação social, no que diz respeito aos dados fornecidos pelo IBGE em Como ponto a ser pesquisado nessa dissertação, objetivamos apresentar quais são as perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis assembleianos da cidade de São Paulo, a fim de explanar seus posicionamentos, acerca dessa temática político-eleitoral. Por se tratar de um estudo de caso, elencamos 02

16 15 vereadoras membros da Assembleia de Deus, as quais são Noemi Nonato e Sandra Tadeu e 24 fiéis pertencentes a mesma igreja, mas de ministérios diferentes. As vereadoras congregam na ADBrás, que pertence ao ministério Madureira. Já os fiéis são de outros ministérios, sendo eles Jesus é a Fonte da Vida e Ipiranga, configurando assim um estudo de caso nesses dois últimos ministérios correspondentes a membresia desses assembleianos em decorrência das análises. Para fins de pesquisa nesse estudo de caso, a metodologia utilizada foi de pesquisa de campo, contendo entrevistas para as vereadoras e questionário semiestruturado aos fiéis. Sendo assim, no decorrer de 04 meses entramos em contato por diversas vezes por telefone e pessoalmente com os assessores das vereadoras na Câmara Municipal de São Paulo. Após as tentativas, no mês de dezembro de 2015 conseguimos as entrevistas com as vereadoras em seus respectivos gabinetes. Paralelamente ao processo de contato com as vereadoras e seus assessores, remetemos um questionário semiestruturado a 60 fiéis das Assembleias de Deus Jesus é a fonte da Vida e Ipiranga, localizadas na macro região do Jardim Ângela na cidade de São Paulo e obtivemos 24 questionários respondidos, conforme já informado anteriormente. Com os dados a mão, realizamos uma análise de conteúdo das entrevistas concedida, utilizando como referenciais teóricos os estudos de Max Weber de político profissional de tipo carismático para as respostas das vereadoras, bem como as teorias de campo e habitus de Pierre Bourdieu. Já para a análise dos questionários submetidos aos fiéis utilizamos como referencial teórico Pierre Bourdieu e suas já mencionadas teorias de campo e habitus. Todo material analisado também conta com as considerações importantíssimas de teóricos das ciências sociais e da religião. Para a redação desse trabalho, optamos por fracioná-lo em 06 partes sendo 05 capítulos seguidos das considerações. Com o intuito de apresentarmos a dissertação de uma forma mais didática, realizamos o seguinte esquema em capítulos: O primeiro capítulo corresponde a um Contexto histórico do pentecostalismo no Brasil e a Assembleia de Deus, o segundo capítulo tratará da A questão técnica: A composição do processo eleitoral, aspectos institucionais do partido político, o terceiro conta com O exercício do vereador e a atuação das vereadoras segundo os seus projetos nesse trabalho em questão, o quarto capítulo apresentará A visão eleitoral do vereador versus eleitorado o quinto e último

17 16 capítulo traz A relação entre vereadores e eleitores, perspectivas de um ambiente político, seguido das considerações finais. Apresentaremos aqui um breve contexto dos capítulos relacionados acima. O primeiro capítulo apresenta a história do pentecostalismo no Brasil, como se deu a sua inserção, por quais meios, igrejas e personalidades marcantes, tanto nas igrejas pentecostais como na Assembleia de Deus que encabeça o pentecostalismo no Brasil ao lado da Congregação Cristã no Brasil (CCB). O segundo capítulo intitulamos de A questão técnica: A composição do processo eleitoral, aspectos institucionais do partido político, que por sua vez nos traz um viés mais recorrente da ciência política, com dados técnicos acerca da candidatura de vereadores, bem como se dá o processo eleitoral no Brasil, no que compete ao legislativo, a estratégia utilizada pelos partidos políticos e o sistema vigente no país e suas possibilidades de eleição. Outros pontos abordados nesse capítulo são discussão sobre o voto como elemento democrático e por fim a apresentação do possível partido político da Assembleia de Deus o Partido Republicano Cristão (PRC). O capítulo terceiro O exercício do vereador e a atuação das vereadoras segundo os seus projetos apresenta o exercício do vereador com base nos dados da Controladoria Geral da União (CGU) e projetos de lei, que fazem parte da função do vereador. Ainda neste capítulo analisaremos a atuação das vereadoras, com base em seus projetos de lei em parte aprovados e em parte vetados. A partir do quarto capítulo A visão eleitoral do vereador versus eleitorado realizaremos as análises dos discursos coletados nas entrevistas para o pesquisador e nos questionários, começando nesse capítulo com a visão das vereadoras e dos fiéis sobre a temática eleitoral e política, dentro dos campos que estão inseridos. Não só nesse capitulo, mas como no próximo e último, as perguntas funcionam como uma espécie de espelho nas respostas para os pesquisados. As respostas das vereadoras, assim como as respostas dos fiéis serão analisadas à luz dos teóricos mencionados acima, bem como por outros teóricos também. A fim de trazermos um caráter mais didático e dinâmico às respostas dos fiéis desse estudo de caso, traremos suas respostas em gráfico, seguidas de comentários baseados em teorias aqui escolhidas. O quinto e último capítulo apresenta A relação entre vereadores e eleitores, perspectivas de um ambiente político. Esse capítulo vai mostrar como se dá o

18 17 relacionamento entre a parte política e o eleitorado, tendo em vista o público alvo da pesquisa. As relações acerca de suas perspectivas do ambiente político são em um primeiro momento comparadas e em seguida tratadas cada qual em seu ambiente coletivo, haja vista que uma parte das perguntas realizadas em entrevistas e remetidas em questionários não funciona como espelho. Nas considerações finais retomamos os capítulos trabalhados, com a finalidade de refutar as analises trazendo uma compreensão do que foi abordado ao longo do trabalho. Não só os comentários, mas também a possibilidade de estudos futuros serem realizados com pessoas que compõem um público semelhante ao aqui pesquisado.

19 18 1 PENTECOSTALISMO O presente relatório trabalhou com o movimento pentecostal 1 em especial a Igreja Assembleia de Deus. Nesse sentido, realizaremos um breve contexto da inserção do pentecostalismo no Brasil, a fim de situarmos melhor o objeto da nossa pesquisa. Para caracterizarmos melhor o movimento pentecostal é importante mencionarmos o protestantismo que ao lado do catolicismo e das igrejas ortodoxas é um dos ramos do cristianismo. O protestantismo tem seu marco histórico na Reforma Protestante do século XVI, que tem como três principais reformadores: Martinho Lutero, João Calvino e Úlrico Zwinglio, além das: [...] igrejas que se originaram da Reforma ou que, embora surgidas anteriormente, guardam os princípios do movimento: luteranas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e batistas. Estas últimas, as batistas, também resistem ao conceito de protestantes por razões de ordem histórica, embora mantenham os princípios da Reforma. [...] São integrantes do protestantismo chamado tradicional ou histórico, tanto sob o ponto de vista teológico como eclesiológico. (MENDONÇA, p, 73). Nesse sentido, tanto os reformadores como as igrejas aqui mencionadas são elementos que constituem a base da Reforma Protestante. No que se refere ao pentecostalismo, creditam-se duas datas como referências históricas acerca de sua aparição, com as datas de 1901 e (CAMPOS, 2005). Assim, esse moderno movimento pentecostal tem sua primeira identificação em 1901 numa dada reunião proferida por Charles Fox Parham no estado do Kansas e mais tarde em 1906 na Califórnia com William Joseph Seymour. Mas, a experiência pentecostal e experiências religiosas que são identificadas também em outras religiões têm sua origem anterior a essa data: [ ] pois há relatos de experiências carismáticas em comunidades cristãs do primeiro e segundos séculos (movimento montanista). A história registra também muitas experiências exáticas e místicas no decorrer da Idade Média, tanto dentro como fora dos monastérios. Aliás, muitos fenômenos reivindicados pelo pentecostalismo, como suas marcas distintivas, não são exclusivos da religião cristã, tratando-se de fenômenos próprios da religiosidade universal. (CAMPOS, 1996, p. 80). 1 O termo pentecostal vem de Pentecostes, uma das festas judaicas. O livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, descreve como os discípulos de Cristo foram batizados pelo Espírito Santo, fato esse comparado pelo falar em novas línguas, ou línguas estranhas (SIEPIERSKI, 2001, p. 34).

20 19 Alguns pesquisadores do protestantismo/pentecostalismo remetem seu início histórico ao movimento montanista atrelado a Montano, um cristão do século II. (CAMPOS, 2005 e MATOS, 2006). Ainda em corroboração ao excerto acima, algumas experiências psíquicas fora do pentecostalismo foram identificadas em outras religiões, tais como casos de possessão e xamanismo em povos primitivos, entre mórmons, sufismo islâmico entre outros já identificados no âmbito da antropologia. (CAMPOS, 2005). Assim, tomamos a origem do movimento pentecostal a partir de sua chegada ao território norte-americano, onde evidenciaram-se situações identificadas como pentecostais no estado do Kansas em uma aula de ensino bíblico ministrada por Charles Fox Parham, sendo elas a conclusão que o batismo do Espírito Santo e a glossolalia 2 estavam de acordo com a Bíblia e nessa mesma reunião uma de suas alunas passou por essa experiência de falar em línguas. (SIEPIERSKI, 2001). 1.2 Pentecostalismo no Brasil Ao situarmos o pentecostalismo no Brasil é importante apresentar as suas características e fases que ele ocorreu, ou seja, o seu contexto conforme as igrejas e sua mensagem: O pentecostalismo brasileiro teve como característica fundamental o intuito de levar a mensagem do evangelho a um mundo que considerava perdido, anunciando a restauração através da ação do Espírito Santo, o qual nas palavras de Daniel Berg, missionário fundador da Assembleia de Deus no Brasil Jesus, salva, cura, vai voltar e batizar com o Espírito Santo. A militância pentecostal no Brasil foi composta basicamente por pregadores urbanos, em praças, ruas e calçadas. Neste contato com a cultura brasileira, algumas de suas práticas, doutrinas e modelos organizacionais foram influenciados pela cultura religiosa popular, constituindo assim um pentecostalismo predominantemente brasileiro [...]. (BITUN, 2011, p. 51). Com a especificação de sua mensagem acerca do evangelho aos que habitam em um mundo perdido, o pentecostalismo brasileiro pode ser também classificado a partir da teoria das três ondas, sendo a primeira onda com as igrejas Congregação Cristã no Brasil (CCB) e a Assembleia de Deus (AD), que compreendem o período de 30 anos entre 1910 e 1940, com ênfase no batismo. A 2 [...] os primeiros pentecostais entendiam o fenômeno da glossolalia como xenolalia, que é a capacidade de falar uma linguagem humana identificada sem havê-la estudado. A xenologia passou a ser, no pentecostalismo, um sinal de vocação missionária (Dreher, 1999: 187; Burgess, 1990 apud ALENCAR, 2013, p. 59).

21 20 segunda onda é iniciada em 1950 com o destaque das Igrejas do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo e Deus é Amor, com ênfase na cura. Por fim, completando a terceira onda, que também são conhecidas no âmbito acadêmico como neopentecostais, temos as Igrejas Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça entre outras, nos anos de 1970 a 1980, com ênfase na libertação FRESTON (1994), no entanto, essas últimas não serão abordadas nessa pesquisa. A titulo de contextualização do pentecostalismo brasileiro, apresentaremos sinteticamente as igrejas que estão nas duas primeiras ondas mencionadas anteriormente. A pioneira Congregação Cristã no Brasil 3, que foi fundada pelo italiano Luigi Francescon em 1910 contava com as primeiras igrejas em São Paulo e Paraná. Conforme o Censo IBGE 2010, a Congregação Cristã no Brasil possui mais de 2 milhões de membros e até hoje mantém um padrão rigidamente igual à igreja fundada em 1910 e além disso, possui características muito peculiares, tais como: Templos padronizados, liturgia fechada, ou seja, a mesma praticada em todas as igrejas, cultos voltados para revelação divina, glossolalia e também a adoração por meio de orquestra sempre muito bem afinada, a qual é considerada a maior orquestra de uma organização do mundo, contando com aproximadamente 250 mil músicos. Não há cobrança de dízimos aos fiéis, não há pastores, somente Anciões, Cooperadores e Diáconos. O batismo é realizado por imersão, a Santa Ceia é realizada uma vez por ano e outra característica marcante é a do ósculo Santo, que cumpre uma recomendação do Apóstolo Paulo, ou seja, ao final de cada culto os homens se beijam no rosto e as mulheres também. (ALENCAR, 2013). A Igreja do Evangelho Quadrangular 4 tem como fundadora Aimée Semple McPherson, que se converteu em Em seu ministério ela pregava em diversos locais, realizando campanhas pelo mundo difundindo a palavra de Deus e em 1922 sentiu-se inspirada pelo Espírito Santo e nomeou o seu ministério de Quadrangular. No Brasil a Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada em São João da Boa Vista (SP) em 1951, no entanto, o seu nome era Igreja Evangélica do Brasil e dirigida pelo missionário Harold Edwin Williams, conhecido por pregar debaixo de 3 Informações completas da Congregação Cristã no Brasil estão disponíveis no site: Acesso em: 20 out Para saber mais sobre a Igreja do Evangelho Quadrangular, consultar Acesso em: 20 out

22 21 lonas com o auxílio do peruano Jesus Hermírio Vasquez Ramos. Atualmente essa igreja, conta com mais de 1,6 milhão de membros espalhados pelo Brasil e até hoje a Igreja do Evangelho Quadrangular tem em seu cerne os mesmos aspectos, como batismo com o Espírito Santo, cura divina e o falar em línguas. (BANDINI, 2004) Segundo ALENCAR (2013) O Brasil para Cristo é uma igreja 100% brasileira fundada pelo pernambucano Manoel de Mello, que foi um evangelista assembleiano e que também passou pela Igreja do Evangelho Quadrangular. A igreja foi fundada em 1955 por meio de uma visão/revelação divina feita de Jesus Cristo para o pastor em sua casa, no entanto, o nome O Brasil para Cristo só foi incorporado de forma regimentar em Muitos dos cultos foram realizados no estádio do Pacaembú e Vale do Anhangabaú. Desde 1979 a igreja saiu de um galpão improvisado no Tatuapé para a sede, que fica no bairro da Pompéia e tem capacidade para mais de 10 mil pessoas. Outra igreja pentecostal bastante conhecida é a Igreja Deus é Amor 5, que foi fundada pelo missionário David Martins Miranda em 1962 no bairro de Vila Maria. Atualmente a igreja conta com mais de 22 mil igrejas espalhadas pelo Brasil e tem a sua sede mundial na Baixada do Glicério em São Paulo, com um espaço para cerca de 60 mil pessoas. (ORO, 2001). A exemplo de Manoel de Mello, a Igreja Deus é Amor também foi criada por intermédio de revelação divina ao missionário David Miranda e os primeiros membros foram os seus familiares. Até os dias de hoje, a igreja mantém a liturgia acerca da manifestação de línguas estranhas, cura divina, revelação e adoração por cânticos. Apresentadas sinteticamente algumas das igrejas evangélicas que compõem o pentecostalismo brasileiro, cabe a partir daqui dissertar especificamente sobre a Assembleia de Deus e sua institucionalização no Brasil. Como mencionando anteriormente, a pesquisa realizada teve colaboração de fiéis dessa igreja, portanto, o relato torna-se importante. 5 Relatos sobre a vida do missionário David Marins Miranda e trajetória da Igreja Pentecostal Deus é Amor estão disponíveis em Acesso em: 20 out

23 Assembleia de Deus no Brasil (AD) A Assembleia de Deus, a maior igreja pentecostal no Brasil com mais de 12 milhões membros atualmente, foi iniciada em solo brasileiro em 1911, CARVALHO (2014) a partir de: Dois seguidores de Durham, os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, crendo ter recebido revelações de Deus, vieram para o Norte do Brasil, Estado do Pará, onde, numa Igreja Batista, começaram a pregar o batismo com o Espírito Santo e ali fundaram a Igreja Assembléia de Deus. (CAMPOS, 1996, p. 82). A partir de 1940 a Assembleia de Deus consolidou-se como a maior igreja pentecostal do Brasil, principalmente no que se refere as regiões metropolitanas, por conta das migrações que ocorreram no espaço de 40 anos, ou seja, entre 1940 e (FAJARDO, 2015). Anterior a isso, a igreja criou um jornal conhecido como Mensageiro da Paz, que possuía uma característica marcante, a qual mencionava as diferenças que havia entre os ramos do protestantismo. Segundo ALENCAR (2013) em 1946 criou-se uma editora, a conhecida Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), que por sua vez criou hinários, lições bíblicas e instrumentos de formação doutrinária. Como parte da estruturação das Assembleias de Deus, podemos destacar a sua teologia utilizada, a conhecida teologia do sofrimento pregada pela instituição até os dias de hoje. Dessa maneira, o: Sofrimento não é um ideal, mas uma prática e uma práxis com fundação ideológica; ela dá a veracidade do grupo, a legitimação da verdade do mesmo, pois é esse sofrimento que constrói a identificação com os Atos dos Apóstolos. (ALENCAR, 2013, p. 146). Assim, esse conceito pode ser considerado como ponto fundamental desde seus primeiros anos de fundação até os dias atuais. Outro ponto de destaque é a estruturação hierárquica nas Assembleias de Deus, inicialmente destacam-se os fundadores Gunnar Vingren e Daniel Berg aos quais somente a fundação lhes é atribuída. Outro personagem de destaque dentro dessa estrutura hierárquica é Samuel Nystron que foi considerado o principal responsável pela tradicionalização das Assembleias de Deus no Brasil. (ALENCAR, 2012). Posteriormente o pastor brasileiro Cícero Canuto de Lima consagrado 6 pastor 6 O termo consagrado encontra-se no Ritual do AT que simbolizava as responsabilidades e os privilégios do sacerdócio levítico (Lv 8.22). A palavra hebraica traduzida por consagrar significava literalmente encher a mão e provavelmente se referia a ofertas depositadas nas mãos deles. (A

24 23 pelo próprio Gunnar Vingren em 1923 também se diferencia dentro da Assembleia de Deus, conforme mencionado abaixo. Em 1937 Canuto planejou transferir-se para São Paulo para assumir a direção da Igreja na capital, conforme declarou: Senti que tinha chamada para cá [São Paulo] em [Porém, na época] Puseram muitos obstáculos aqui para que eu não entrasse.[...].24 Ou seja, já na década de 1930, Canuto, que era uma das principais lideranças na Igreja no Nordeste cria interesse em trabalhar na metrópole, possivelmente antevendo o destaque que a Igreja em São Paulo poderia representar para a denominação no futuro. Não é possível dizer a quais obstáculos o pastor se referia, já que poderiam ser tanto os suecos que dirigiam a Igreja em São Paulo na época [...].(FAJARDO, 2015, p.7). Uma vez que não conseguiu estabelecer-se em São Paulo, deslocou-se ao Rio de Janeiro, onde tornou-se auxiliar de Samuel Nystron, mais tarde em 1946 tornou-se pastor em São Paulo. Um pouco mais adiante retornaremos a falar do pastor Cícero Canuto de Lima, bem como do próximo pastor a ser mencionado, o pastor Paulo Leivas Macalão. Um outro líder importante dentro do cenário assembleiano, o pastor Paulo Leivas Macalão, gaúcho que se converteu no Rio de janeiro em 1924 e já em 1926 desenvolveu um trabalho de evangelização nas periferias da cidade. É possível que o pastor Macalão tenha tido algum atrito com o fundador Gunnar Vingren, por conta de questões nacionalistas, pelo fato de ser de família rica e de tradição militar. Em 1929 fundou a conhecida Igreja no bairro de Madureira e daí cria-se o conceito hoje conhecido de ministério, que caracteriza a heterogeneidade da Assembleia de Deus em um sentido corporativo/institucional, ou seja, está relacionado a uma estrutura hierárquica que vai do pastor presidente até o líder local e diferencia o fiel acerca da membresia, até mesmo porque cada ministério tem sua convenção, que pode ou não ser de abrangência nacional. (ALENCAR, 2013). Anos mais tarde, o pastor Paulo Leivas Macalão por revelação 7 divina em sonho, chegou a São Paulo em 1938 para alugar um salão que lhe foi mostrado em sonho, na rua da Glória, bairro do Brás. No entanto, a Assembleia de Deus já havia sido instaurada anos antes no bairro de Vila Carrão e depois no Belém, por intermédio do sueco Daniel Berg em (FAJARDO, 2015). Desde então, iniciaconsagração ou ordenação de ministros hoje tem raízes nessa prática veterotestamentária). (Dicionário bíblico, 2016) 7 Ação divina que comunica aos homens os desígnios de Deus. (Dicionário bíblico, 2016).

25 24 se a criação de ministérios e consequentemente mudanças na liturgia, políticas etc., mesmo assim ainda carregam o DNA assembleiano. A criação de ministérios não fica restrita aos pastores Paulo Leivas Macalão e Daniel Berg, com Madureira e Belém, respectivamente. Nos dias atuais, podemos verificar que há uma gama enorme de ministérios assembleianos espalhados pelo Brasil inteiro. A título de referenciação, podemos citar os que serão observados nesse trabalho, como ministérios Assembleia de Deus do Ipiranga e Assembleia de Deus Jesus é a Fonte da Vida, os quais têm suas igrejas localizadas nos bairros parque Santo Amaro e jardim Maria Alice (macroárea do Jardim Ângela), no município de São Paulo. Os referidos ministérios foram escolhidos para essa pesquisa, com base em sua membresia, que está distante das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, tanto fisicamente, como ideologicamente. Tal escolha de distância é entendida como uma espécie de neutralidade em relação ao convívio de fiéis e as vereadoras aqui elencadas, pois acreditamos que se fossem questionados fiéis do mesmo ministério e até mesmo da mesma Igreja Assembleia de Deus Madureira, a conhecida ADBrás, a qual as duas vereadoras são membros, alguns fiéis poderiam sentir-se incomodados em relação a pesquisa ou até mesmo poderiam faltar com uma espontaneidade nas respostas. Ao longo do trabalho, observamos que as respostas foram cedidas com espontaneidade e com isso acreditamos que esse distanciamento dos sujeitos de pesquisa tenha sido válido. Continuando a redação acerca dos ministérios, podemos destacar alguns outros mais conhecidos em nível de ilustração, como: o Vitória em Cristo, que pertence ao pastor Silas Malafaia, ministério do Bom Retiro do pastor Jabes de Alencar entre outros. De acordo com ALENCAR (2013) esses ministérios em suas sedes funcionam como uma espécie de identificação institucional, pois as congregações que pertencem aos ministérios fundantes geralmente passam por encontros, que são conhecidos como Congressos e neles são realizadas cerimônias de Ceia do Senhor, casamentos, ensinamentos bíblicos etc. Outra característica dessas sedes são as suas estruturas físicas, grande parte têm extensões enormes que chegam até um quarteirão, o que possibilita reunir as igrejas menores, as quais são pertencentes. Um ponto que é importante a ser mencionado acerca dessas sedes é que elas possuem uma figura conhecida como pastor-presidente, essa figura dentro da denominação/ministério tem o poder de veto, ou seja, é a pessoa que decide o que será feito na igreja. Essa estrutura segue o seguinte esquema de

26 25 funcionamento: o membro responde ao líder ou dirigente local, que por sua vez responde ao pastor setorial, que responde ao pastor-presidente, que é responsável pelo ministério. Para que haja um melhor entendimento sobre a figura do pastor-presidente e outras situações dentro da Assembleia de Deus, utilizaremos os escritos de Gedeon Freire de Alencar, especialista nos estudos sobre a Assembleia de Deus. Nesse sentido, apontemos sobre o início da nomenclatura pastor-presidente, que segundo BOURDIEU (1989) funciona como uma espécie de poder simbólico, o qual está conferido nesse título e se vale perante aqueles que estão debaixo de sua autoridade eclesiástica. Essa titulação surge pela primeira vez em 1958, se referindo a Paulo Leivas Macalão, na época dirigente supremo do Ministério Madureira. Pastorpresidente é um adjetivo que tem e assume substância, natureza e personalidade, pois é impossível essa função ser separada de agora em diante do nome. Não existe mais o irmão X, irmão Y, existe apenas o Pastor-presidente Fulano etc. Isso, e apenas isso, lhe dá a identidade; o culto a personalidade [ ]. (ALENCAR, 2013, p. 178). Ainda sobre o poder exercido pelo pastor-presidente, dentro das Assembleias de Deus, as figuras de Cícero Canuto de Lima e Paulo Leivas Macalão exemplificam a guerra do conservadorismo dentro dos ministérios, Missão versus Madureira respectivamente até o fim de seus dias quando, na década de 80 o ciclo desses grandes nomes encerrou, com algumas semelhanças, inclusive no ordenamento que aconteceu quando ambos possuíam 30 anos de idade, solteiros e com a chegada da idade avançada não deram oportunidade para jovens como ocorreu com eles. Ficaram o máximo de tempo que puderam nas suas posições de pastor-presidente, assemelhando-se a monarcas de um país dentro das Assembleias de Deus. (ALENCAR, 2013). Esse tipo de liderança exercida pelos pastores está atrelada a uma forma de despotismo nuançado, que segundo ALENCAR (2013) não se valida somente no carisma, mas muito em função de suas forças simbólicas que representaram na igreja. Um novo modelo de pastor-presidente acontece nas Assembleias de Deus após a fase de Paulo Leivas Macalão e Cícero Canuto de Lima: Agora o pastor presidente ganha mais muito mais e, com isso, ao longo dos anos, vai ter ascensão social distinta de seus pares; e sua família obviamente, vai ter um nível econômico superior às demais famílias pastorais. Não é sem motivo, portanto, que seus herdeiros vão também assumir cargos no Ministério, pois esse vai se tornar patrimônio da família.

27 26 Isso vai caracterizar as cúpulas dos Ministérios [ ], no qual o filho (ou o genro) é pastor auxiliar ou vice-presidente, esperando apenas o pai/sogro morrer para herdar o trono.(alencar, 2013, p. 228). Ainda sobre estrutura de poder dentro da Assembleia de Deus, podemos apresentar mais três nomes, sendo eles: José Wellington Bezerra da Costa (vicepresidente de Cícero Canuto de Lima), Samuel Câmara (vice-presidente de Alcebíades Pereira) e Silas Malafaia. Os dois primeiros são mais conhecidos dentro do ambiente assembleiano: [...] que apesar de travarem uma guerra pessoal, são símbolos de uma luta de poder muito maior, mais ampla e mais complexa se comparadas às suas desavenças pessoais. É algo macro. No caso dos dois, por causa do Centenário, a luta se tornou mais visível. Ser o presidente da denominação no ano do Centenário tinha um poder simbólico e era a possibilidade de entrar para história. (ALENCAR, 2013, pp ). Os pastores Samuel Câmara e José Wellington Bezerra, também estão na mídia televisiva 8, assim como o mais conhecido de todos, o pastor Silas Malafaia, - que ganhou terreno enquanto os dois primeiros travaram disputas na televisão, nos tribunais e nas Convenções-, com o programa Vitória em Cristo 9 exibido pelas emissoras Band, Rede TV, Rede Brasil em âmbito nacional e em outras emissoras, no que se refere aos âmbitos regionais. O pastor José Wellington Bezerra da Costa apresenta o programa Momento Assembleia de Deus na Rede TV 10. Já o pastor Samuel Câmara também possui um programa na mesma Rede TV e pela TV Boas Novas, o qual é intitulado A Voz da Assembleia de Deus. 11 De longe se percebe que o pastor Silas Malafaia é o mais conhecido do Brasil dentre todos como pastor assembleiano, que conseguiu essa espécie de capital simbólico ao se afastar de um modelo de Assembleia de Deus engessado, pois além de ser o mais conhecido como já mencionado é polêmico, rico, conservador, marqueteiro entre outras características que o permite ser um homem extremamente poderoso, não só no âmbito evangélico com seus mega eventos, que ele mesmo 8 Os programas televisivos aqui mencionados foram identificados na data de 02 de novembro de 2016, na programação disponível no site das igrejas e UOL atrelado as emissoras. 9 Programa Vitória em Cristo. Programação disponível em: Acesso em 15 dez Momento Assembleia de Deus. Programação disponível em: Acesso em 15 dez A voz da Assembleia de Deus. Programação disponível em: < Acesso em 15 dez.2016.

28 27 intitula de cruzadas evangelísticas, mas também no ambiente secular 12, principalmente no cenário político nacional, tendo em vista que diz em quem o fiel pode ou não votar etc. (ALENCAR, 2012). Com as situações de confronto e características de poder apresentadas no campo 13 de disputas, constituindo um habitus, que Bourdieu vai chamar de conjunto de disposições 14 de estruturas estruturantes, no que se refere ao confronto de ideais, ego, figuração pública e poder, acredita-se que o recorte realizado aqui sobre a Igreja Assembleia de Deus, compreende o ambiente de pesquisa sobre fiéis que manifestaram suas posições dentro de um cenário político investigado, a fim de se buscar um entendimento sobre a perspectiva política e eleitoral assembleiana no município de São Paulo, dentro dos ministérios Jesus é a Fonte da Vida 15 e Ipirang 16 a. A seguir, apresentaremos a constituição do sistema político eleitoral no qual as vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato são participantes, bem como estratégias de partidos, quadro de candidatos evangélicos nas eleições de 2012 para vereadores do município de São Paulo e o voto como elemento constituinte da democracia. 12 O Termo secular aqui será utilizado para designar aquilo ou aquele que não está sujeito a uma ordem religiosa. (FERREIRA, 2010). 13 O campo é uma rede de relações objetivas (de dominação, ou de subordinação, de complementaridade ou de antagonismo etc.) entre posições [...]. Cada posição é objetivamente definida por sua relação objetiva com outras posições ou, em outros termos, pelo sistema das propriedades pertinentes, isto é, eficientes que permitem situá-la com relação a todas as outras na estrutura da distribuição global das propriedades. Todas as posições dependem, em sua própria existência e nas determinações que impõem aos seus ocupantes, de sua situação atual e potencial na estrutura do campo [...].(BOURDIEU, 1996, p. 261). 14 Pierre Bourdieu utiliza a palavra disposição, entendendo que seja bastante apropriada para exprimir o que recobre o conceito de habitus (definido como sistemas de disposições): ela exprime, em primeiro lugar, o resultado de uma ação organizadora, apresentando então um sentido próximo ao de palavras como estrutura ; designa, por outro lado, uma maneira de ser, um estado habitual (em particular do corpo) e sobretudo uma predisposição, tendência, propensão ou inclinação. (ORTIZ, 2008, p. 53). 15 A Igreja Assembleia de Deus Jesus é a Fonte da Vida está localizada na rua Antonia de Pina, 258 Jardim Maria Alice. 16 A Igreja Assembleia de Deus (Ministério do Ipiranga) está localizada na rua Capelinha, 3 Parque Santo Amaro.

29 28 2 A QUESTÃO TÉCNICA: A COMPOSIÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL, ASPECTOS INSTITUCIONAIS DO PARTIDO POLÍTICO 2.1 O Processo de candidatura do vereador A realização de uma candidatura para vereador 17 deve seguir alguns passos e tem de estar em conformidade com situações legais e partidárias. Nesse sentido, o norte dessa apresentação tem como ponto de partida a Constituição Federal em seu capítulo IV no artigo 29, sobre o número de cidadãos a concorrer e a votar nas eleições. Logo, a constituição acerca do número de vereadores por município está atrelada ao número de habitantes e, no caso Paulistano temos a indicação do quórum máximo que é de 55 vereadores, conforme a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 58, DE 23 DE SETEMBRO DE 2009: 18 [...] IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de (oito milhões) de habitantes; (BRASIL, 1988). Apresentado os números de habitantes versus candidatos possíveis, cabe apresentar como funciona a sistemática política, no que se refere a candidatura de um vereador, mencionando os artigos e leis, que envolvem o processo de candidatura do vereador. Segundo a Reforma Eleitoral 2015, para uma pessoa se candidatar a vereador em qualquer cidade do país, o primeiro requisito, conforme a Lei nº / , que modifica a Lei nº 9.504/97 Art. 9º 20 é residir na cidade pretendida 17 A palavra Vereador vem do verbo verear, Significativa pessoa que vereia, isto é, pessoa que tinha a incumbência de vigiar pela comodidade, bem-estar e sossego dos munícipes. Vereação era o lugar de verear, ou o conjunto dos Vereadores no exercício de suas funções. A palavra permaneceu no direito brasileiro com sentido bastante modificado, significando modernamente o membro da Câmara Municipal, o legislador municipal. (SILVA, 1997). 18 Constituição Federal de Promulgada em 5 de outubro de Disponível em Acesso: 12 jan Lei nº /2015. Disponível em:< de-29-de-setembro-de-2015>. Acesso em: Acesso em 09 nov Lei nº 9.504/97 Art. 9º Disponível em: Acesso em: Acesso em 09 nov. 2016

30 29 até um ano antes da eleição e estar filiado a um partido político até seis meses antes da eleição e estar de acordo com o Art. 5º da Lei 4.737/ Outros requisitos também são observados e exigidos para haver elegibilidade do cidadão que pretende se candidatar a vereador, tais como: grau de parentesco até segundo grau, sendo pai, mãe, filho (a), avô (ó), neto (a), irmão (ã) e critérios afetivos e/ou de afinidade como adoções, cunhado (a), genro, nora e sogro (a). Cidadãos nessas condições informadas não são elegíveis a candidatura em qualquer cidade do país ao cargo de vereador. A partir do momento que o cidadão está em conformidade com requisitos e exigências acima, o próximo passo é se filiar a um dos 35 partidos políticos 22 registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que existem atualmente no Brasil. Tendo apresentado o processo de candidatura de um vereador, o próximo passo é descrever como se dá o processo eleitoral para esse cargo municipal, não somente com base em leis e artigos, mas também com teóricos da ciência política. 2.2 O processo eleitoral no Brasil, nas eleições para vereador As eleições para vereador no Brasil são realizadas no âmbito de um sistema de representação proporcional que deixa ao eleitor uma ampla margem de escolha (MAINWARING, 2001, p. 302). Mas o que isso quer dizer ao eleitor que não tem acesso a informações dessa natureza? No ano de 2012 no município de São Paulo a população superou o número de 10 de milhões de habitantes, conforme o censo IBGE de Um ponto a ser observado nesse processo eleitoral de representação proporcional é abordado de forma clara no seguinte excerto de Jairo Nicolau: O sistema em vigor no Brasil oferece duas opções aos eleitores: votar em um nome ou em um partido. As cadeiras obtidas pelos partidos (ou coligações entre partidos) são ocupadas pelos candidatos mais votados de cada lista. É importante sublinhar que as coligações entre os partidos funcionam como uma única lista; ou seja, os mais votados da coligação, independentemente do partido ao qual pertençam, elegem-se. (NICOLAU, 2006, p. 692). Nesse sentido, o eleitor pode optar pela legenda do partido ou pelo candidato que melhor lhe apresenta propostas e plano de governo ou o representa nas 21 Anexo A - Art. 5º da Lei 4.737/1965. Disponível em: < Acesso em: Acesso em 09 nov Anexo B Lista de partidos políticos. Disponível em: < Acesso em 09 nov

31 30 atitudes, visões, ideologias etc. Visto as possibilidades de voto que o eleitor possui nas eleições municipais, cabe apresentar de maneira didática como funciona esse sistema de representação proporcional de lista aberta. Entendendo que se todos os candidatos de um partido somam juntos 15% dos votos válidos, isso quer dizer que 15% das vagas serão destinadas ao partido na Câmara. Logo, o sistema proporcional possibilita que partidos pequenos, conhecidos como minorias ou partidos fracos possam ter representantes na Câmara Municipal. No caso das eleições de São Paulo há 55 vagas em disputa, que são disputadas pelos partidos concorrentes, assim: Figura 1: Número de legenda e de candidatos Candidatos que são apresentados dentro de uma possibilidade votação por parte dos eleitores Fonte: dados do autor Cada um dos candidatos da figura 1 possui um número próprio, que é formado por cinco dígitos. Desse modo, os dois primeiros dígitos (em negrito e sublinhado) são a legenda do partido político e os três restantes (em itálico) identificam cada um dos candidatos. Portanto, o eleitor tem a possibilidade de votar somente no partido ou no candidato composto por cinco dígitos e, logo após a votação são somados todos os votos válidos desse partido e contabilizados, a fim de identificar se alcançaram uma determinada cota de votos válidos e consequentemente eleitos. Esse cálculo é realizado a cada eleição e tem o nome de quociente eleitoral, que: Por analogia, pode-se dizer que o quociente eleitoral é o preço de uma vaga em voto. Portanto, divide-se a votação do partido pelo quociente eleitoral para ver quantas vagas aquele partido vai ter, ou seja, quantas vagas, ele pode comprar. Então, por exemplo, para deputado federal, o partido fez um quociente eleitoral em São Paulo de 400 mil votos. Se o partido tiver feito dois milhões de votos, ele terá feito cinco vezes o quociente eleitoral e terá cinco vagas garantidas. (AVELINO, 2015, p.31).

32 31 Portanto, não basta o candidato ser bem votado e seu partido/coligação ter alcançado a cota necessária de votos válidos. Os votos válidos são aqueles que possuem um direcionamento, seja ele para um partido, ou para um candidato específico, excluindo-se então os votos brancos e nulos. Nesse sentido, veja-se 23 hipoteticamente como se dá esse processo de votação, tanto no sentido individual (por candidato), quanto no sentido coletivo (partido político). Os candidatos votados individualmente precisam coletivamente alcançar o número mínimo de votos que está representado pela linha de margem mínima de votos. Nesse período não há mais nada que o eleitor deva fazer, a não ser esperar a apuração dos votos e de certo modo torcer por seu candidato ou partido. Já na tabela de Votação total dos partidos A, B e C 24, há a soma de votos totalizada por candidatos no âmbito individual e votos por legenda. O partido A, não alcançou a cota mínima de candidatos votados, logo não pode eleger ninguém. Em contrapartida, os partidos B e C conseguiram eleger vereadores acima da cota mínima estipulada. O partido C conseguiu um maior número de votos e assim terá mais cadeiras na Câmara em relação ao partido B. Dentro do partido, são eleitos aqueles candidatos que obtiveram o maior número de votos, no que se refere à cota mínima. Assim, os candidatos que obtiveram mais votos que a cota mínima, tem seus votos transferidos e distribuídos a outros candidatos do partido/coligação, para que assim haja uma proporcionalidade nos votos e consequentemente a eleição de candidatos que não alcançaram o número mínimo desejado. Passemos agora para um item importante dentro de um cenário político eleitoral. A estratégia partidária, por muitas vezes permite que um determinado partido e/ou coligação consiga alcançar mais cadeiras ao término das eleições proporcionais Estratégia partidária Por muitas vezes, diversos candidatos são eleitos sem que tenham alcançado a meta mínima de votos e isso se dá pela forma de voto do sistema 23 Anexo C - Votação individual nos partidos A, B e C 24 Anexo D - Votação total dos partidos A, B e C

33 32 mencionado acima. Nas eleições para vereador na cidade de São Paulo não temos um exemplo conhecido aos olhos do eleitor sobre essa condição. No entanto, podemos observar nas propagandas realizadas no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) que Os partidos têm criado diferentes estratégias para lidar com o reduzido tempo do HGPE que eles têm disponível. Alguns asseguram mais tempo para determinados nomes, os puxadores de legenda; outros apresentam apenas as fotos e um breve currículo dos candidatos. (NICOLAU, 2006). Alguns candidatos mais conhecidos pelo eleitor, não por sua competência política, mas sim por alguma outra habilidade/atuação, como ser ator, cantor, palhaço etc., o que não é o caso das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, que receberam juntas mais de votos. Os puxadores de legenda ou puxadores de voto estão presentes em diversas eleições de votação proporcional, mas como citado anteriormente, no caso para vereadores não há um caso tão conhecido do eleitor e desse modo, serão mencionadas as eleições para deputado federal de São Paulo no ano de 2014, com os candidatos Celso Russomano e Tiririca, que ilustram claramente a função de puxadores. Figura 2: Puxadores de voto

34 33 Fonte: Política Estadão. Acesso em: 08 out (adaptado pelo autor). O exemplo clássico do puxador de legenda ou puxador de votos como mencionado na figura 2 é bem caracterizado nas eleições para o legislativo do Brasil, que contemplam deputado federal, deputado estadual e vereador que é o caso estudado nessa pesquisa, mas ressaltamos que o exemplo compete a deputados federais. Geralmente o voto dessa natureza é motivado pelos atributos do candidato, que mais uma vez não são totalmente de competência política e nesse sentido: O voto personalizado refere-se à porção do apoio eleitoral de um candidato que se origina em suas qualidades pessoais, qualificações, atividades e desempenho. A parte do voto que não é personalizada inclui apoio a um candidato baseado na sua filiação partidária, determinadas características do eleitor como classe, religião e etnia, reações às condições nacionais, tais como o estado da economia, e avaliação centrada no desempenho do partido que está no governo. (CAIN, FAREJOHN e FIORINA 1987 apud NICOLAU, 2006, p.701). Essas qualidades pessoais estão bem presentes na figura do candidato do PRB Celso Russomano, que pelo fato de ser uma pessoa muito conhecida no ambiente midiático por ser defensor das causas do cidadão-consumidor, como uma espécie de guardião do código de defesa do consumidor lhe garante uma boa colocação nas eleições proporcionais. Da mesma maneira, o comediante Tiririca do PR é conhecido na mídia televisa, não por atuar junto ao consumidor/eleitor, mas por atuar para o expectador/eleitor com performances circenses e piadas do gosto popular. Os dois casos acima demonstram como se dá esse processo de puxadores de votos, pois dificilmente grande parte cidadãos daquele período eleitoral conheçam os candidatos que se elegeram pela sobra de votos de Tiririca e Russomano, salvo no caso do cantor Sérgio Reis que é por muitos conhecido, por suas músicas sertanejas. 2.3 O sistema proporcional de lista aberta Como informado o sistema de votação proporcional de lista é utilizado no Brasil para as eleições do legislativo sendo para deputados federal, estadual e vereadores. Desse modo, serão apresentadas algumas características desse sistema de votação em relação ao eleitor e ao partido, ou seja, O sistema

35 34 proporcional [...] vai procurar representar a sociedade de acordo com suas opiniões. O objetivo, portanto, é contabilizar todos dos votos e distribuir a representação proporcionalmente. (AVELINO, 2015, p.29) O sistema proporcional de lista aberta para o eleitor O sistema proporcional de lista aberta possibilita ao eleitor votar nas eleições para o legislativo no partido ou no candidato. Como já ilustrado anteriormente: de acordo com a figura 1. Esse sistema apresentado acima se repete entre todos os demais partidos dentro da eleição e faz com que o eleitor encha ou não os olhos com tantas possibilidades. Essas possibilidades estão relacionadas a uma questão de formação de grupo sociais específicos que estabelece uma relação, entre eleitor e candidato e por vezes: [ ] é necessário que haja partidos ideologicamente identificados com tais grupos específicos, especialmente do ponto de vista dos interesses políticos, e que se afirmem e se apresentem socialmente como tal. Por fim, é preciso que esses grupos sociais identifiquem tais partidos e os reconheçam como seus representantes, criando com eles um contrato capaz de estabelecer um vínculo de representação. (LAGO, p.16). A relação ideológica que aproxima um determinado grupo social de um candidato que o represente nas eleições pode ser de diversas naturezas, tais como: o que um candidato diz ser certo ou errado acerca da pena de morte, maioridade penal e outros assuntos que são discutidos de formas acaloradas ou não acaloradas na sociedade. Sobre esses assuntos, muito se entende da posição política do eleitor, que pode ser de direita ou de esquerda. No entanto, como identificar se o eleitor é de esquerda ou de direita dentro de um cenário político de tantas possibilidades da lista aberta? Basicamente as respostas são encontradas nas dimensões econômicas e de costumes, conforme o sociólogo Alberto Carlos Almeida: Na dimensão econômica, diminuir a intervenção e regulamentação estatal está associado com ser de direita. E o oposto está associado à esquerda. Por outro lado, justamente o inverso se aplica à ação do estado em relação aos costumes. Quando o governo intervém, punindo ou regulando comportamentos sociais e culturais, tais como criminalizando o aborto, reprimindo manifestações religiosas, enfim, agindo para dizer o que é certo ou errado fazer, isto é uma ação associada à direita. A não ação estatal para regular tais comportamentos está associado à esquerda. As concepções econômicas de esquerda e de direita, sintetizadas na noção de intervencionismo versus não-intervencionismo estatal na economia,

36 35 estão relacionadas com visões de mundo e programas de ação em diversas áreas. (ALMEIDA, 2001, p. 1) Feita a associação por parte do eleitorado e candidato, no que se refere a uma perspectiva de aproximação de grupo social com base ideológica é importante frisar que o presente trabalho tem como objetivo apresentar a perspectiva políticoeleitoral do assembleiano, acerca das eleições para vereador no município de São Paulo, o qual possui duas vereadoras pertencentes a Igreja Assembleia de Deus. Mais adiante, tentaremos perceber se o eleitor utilizou da sua ampla margem de escolha dentro do cenário de voto proporcional de lista aberta, indicando se possui algum conhecimento para com candidatos evangélicos ou não. Abordada a parametrização da lista aberta para o eleitorado, faz-se necessário apresentar alguns aspectos desse sistema de votação para o partido político O sistema proporcional de lista aberta para o partido Esse sistema eleitoral permite um chamado multipartidarismo, que se caracteriza pelo número e tamanho dos partidos e isso ocorre com o fim do bipartidarismo em 1979 e desse modo: O número e o tamanho relativo dos partidos influenciam a política democrática. Influem na maneira como os governos se conduzem, porque a necessidade e a natureza das coalizões dependem do número e das dimensões dos partidos e, consequentemente, afetam as estratégias do governo e da oposição. (COX 1990; G. B. POWELL 1982, p. 90 apud MAINWARING, 2001, p.170). Logo tantas possibilidades de escolha entre os partidos políticos influenciam positiva e negativamente na disputa eleitoral e mais do que isso, permite a criação exacerbada de coligações entre os partidos e então a possível transferência indireta do voto a um outro candidato de outro partido e assim as coligações: [...] não só são possíveis como adquirem uma conotação particular, permitindo que se vote num candidato de determinado partido e seja eleito um candidato de outro partido. Isso ocorre porque, uma vez que os partidos decidem fazer a coligação proporcional para eleição de deputado, vereador e assim por diante, o Tribunal Eleitoral considera essa coligação como um partido. Somam-se todos os votos de todos os partidos pertencentes a essa coligação para determinar quantas vagas aquela coligação vai ter, e daí saem os eleitos entre os mais votados da coligação, que são ordenados independentemente dos partidos de origem. (FILHO, 2015, p.33).

37 36 Dito sobre a possibilidade da coligação e seu resultado, voltando à lista aberta que permite uma ampla possibilidade de escolha de candidatos para o eleitor dentro de um partido político, como mencionado. Isso quer dizer que os partidos podem apresentar uma lista de candidatos de até uma vez e meia o número de cadeiras da circunscrição eleitoral NICOLAU (2006, p. 693), ou seja, se existem 55 vagas para vereador no município de São Paulo, em média cada partido pode apresentar até 82 candidatos 25 ao cargo. Nas eleições de 2012 para vereador no município foram inscritos 30 candidatos que se intitulavam evangélicos, dentre todos os partidos participantes. A tabela 1 apresenta todos os candidatos que se intitulavam evangélicos, bem como tiveram seus nomes veiculados na mídia 26 como tais, que concorreram ao cargo vereadores: Tabela 1: Candidatos evangélicos a vereador do município de São Paulo em 2012 NOME PARA URNA SIGLA DO PARTIDO NÚMERO DE VOTOS PASTOR EDEMILSON CHAVES PP JEAN MADEIRA PRB CORONEL TELHADA PSDB ELISEU GABRIEL PSB SANDRA TADEU DEM SOUZA SANTOS PSD NOEMI NONATO PSB PATRICIA BEZERRA PSDB MARTA COSTA PSD ATILIO FRANCISCO PRB DAVID SOARES PSD EDUARDO TUMA PSDB PR. CARLOS PPS 255 PR. CARDOSO PTB Conforme a Lei /15 Art. 10 Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a preencher, salvo: I - nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a doze, nas quais cada partido ou coligação poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas; II - nos Municípios de até cem mil eleitores, nos quais cada coligação poderá registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de lugares a preencher. Disponível em:< Acesso em 27 mai Entende-se por mídia, os meios de comunicação de massa, como: Televisão, rádio, jornal, revista e internet. (FERREIRA, 2010)

38 37 BISPO CARLOS SILVA PMDB 902 MODESTO PDT 802 PR EVANDRO ART PV 464 EVERSON MARCOS PSDB 9358 BISPO FERNANDO, O BAIANO PHS 190 PAGLIARIN PSDB JEFFERSON JULIÃO PRB 1425 PASTOR JOÃO LISBOA PHS 1082 PR. JORGE PPS 178 PR. PAGLIARINI PSDB PR ATALAIA DEM 4028 PASTORA LEA PTN 15 PR MARCOS MIRANDA PPS PASTOR MATUSALEM PV 1113 PASTOR MOISES 27 PSC 0 BISPA SIMONE PPL 498 TOTAL DE CANDIDATOS 30 TOTAL DE PARTIDOS 15 TOTAL DE VOTOS Fonte: Eleições Acesso em 29 out (adaptado pelo autor) Assim a tabela 1 apresenta 15 partidos e 30 candidatos, que obtiveram votação desde 15 até um pouco mais de 89 mil votos. A soma de todos os votos válidos alcançou a marca votos para todos os candidatos evangélicos, nas eleições para vereador na cidade de São Paulo 28. Sendo assim, podemos identificar que menos da metade dos votos dos eleitores evangélicos foram destinados aos candidatos mencionados, tendo como referência as 14 igrejas mencionadas com base nos números do Censo IBGE 2010 amostra de religiões evangélicas, que totalizam munícipes. Dessa maneira, observamos a ocorrência entre a quantidade de candidatos que concorreram entre si dentro do mesmo partido. O PSDB lidera essa quantidade com 06 candidatos e é seguido pelos partidos PPS, PRB e PSD ambos com 03 candidatos. Os demais partidos concorreram com 02 e 01 candidato. Outro ponto extremamente relevante e que será abordado mais adiante nas análises com as vereadoras é a existência de diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos. 27 O candidato Moisés Raimundo da Silva (Pastor Moisés) teve sua candidatura indeferida. 28 Segundo o site do TSE 28, somente na capital paulistana tivemos um número de votantes, para um total de votos válidos. Disponível em:< Acesso em: 09 nov

39 38 No que podemos observar no quadro acima, nos nomes para urna, 15 dos 30 candidatos utilizam a nomenclatura de pastor e/ou bispo. Nesse sentido, podemos evidenciar aquilo que BOURDIEU (2003) vai dizer sobre o conceito de habitus que caracteriza a forma que o indivíduo se apresenta para o mundo. E nesse caso o título eclesiástico tem muito a ver com a diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos, pois esses pastores e bispos querem se apresentar diante de seus seguidores como referenciais e acima de tudo líderes que são detentores dessa possível força simbólica, a qual pode ser utilizada em uma futura efetivação de suas eleições aos cargos pleiteados. Retornando ao ponto de vista de votação, individualmente é importante elencar os candidatos, a fim de discorrer um pouco da teoria acerca da baixa institucionalidade partidária que ocorre aqui no Brasil. Tabela 2: Candidatos evangélicos eleitos vereadores do município de São Paulo em 2012 NOME PARA URNA SIGLA DO PARTIDO NÚMERO DE VOTOS PASTOR EDEMILSON CHAVES PP JEAN MADEIRA PRB CORONEL TELHADA PSDB ELISEU GABRIEL 29 PSB SANDRA TADEU DEM SOUZA SANTOS PSD NOEMI NONATO PSB PATRICIA BEZERRA PSDB IGREJA IGREJA MUNDIAL DO REINO DE DEUS IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL IGREJA PRESBITERIANA ASSEMBLEIA DE DEUS MADUREIRA / BRÁS IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS ASSEMBLEIA DE DEUS MADUREIRA / BRÁS COMUNIDADE DA GRAÇA MARTA COSTA 30 PSD ASSEMBLEIA DE DEUS - BELÉM ATILIO FRANCISCO PRB IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS DAVID SOARES PSD IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA DE DEUS EDUARDO TUMA PSDB BOLA DE NEVE TOTAL DE VEREADORES 12 TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE IGREJAS O vereador Eliseu Gabriel teve seu nome veiculado como membro da igreja Presbiteriana, no entanto, ao entrarmos em contato com o seu gabinete, fomos informados por sua assessoria de que ele não faz parte de nenhuma comunidade evangélica, diferentemente do que foi publicado na mídia, como no caso dos sites: e 30 A vereadora Marta Costa ao ser contatada em setembro de 2015, já não era mais vereadora e sim deputada estadual

40 39 PARTIDOS 06 VOTOS Fonte: Eleições Acesso em 29 out (adaptado pelo autor) O quadro de vereadores eleitos apresenta o sucesso absoluto do PSD 31 que conseguiu eleger 100% dos seus candidatos (03), com votos, enquanto o PSDB que possuía mais candidatos (06) elegeu 50% dos seus candidatos (03), com votos. Dentre 15 partidos políticos, somente 06 partidos elegeram seus vereadores, tendo em vista a margem mínima (quociente eleitoral) de votos que foi de , alcançada pelo vereador do PSDB Eduardo Tuma. Podemos também realizar as seguintes abordagens sobre os números acima enquadrados: Dos 12 vereadores eleitos, 11 pertencem a igrejas pentecostais e neopentecostais. Desse modo, podemos atrelar que: As causas básicas da irrupção pentecostal na política brasileira, com candidaturas oficiais, têm a ver com a evolução do campo religioso e com o status dos pastores. A constituição do campo religioso, e as necessidades de expansão dos líderes do protestantismo popular, explicam mais do que qualquer outro fator a entrada na política e o tipo de política praticado. (FRESTON, 1999, p. 334). Na contramão dessa irrupção de políticos pentecostais, percebemos que, dentre todos os eleitos nenhum dos vereadores está atrelado a qualquer igreja considerada tradicional ou histórica, como Batista, Presbiteriana etc. ou se quer intitulam-se pastores, salvo no caso do pastor Edemilson Chaves. Outro ponto que pode ser observado é que nenhum deles também está atrelado a qualquer partido considerado de esquerda. Em continuação a análise, observamos o ponto negativo a ser abordado dentro do voto proporcional de lista aberta, acerca da teoria da baixa institucionalidade partidária, que fica evidente com o partido do PSDB e com a variedade de candidatos versus vereadores eleitos. No sistema proporcional a quantidade de candidatos fica ressaltada em relação aos partidos, pois como informado essa gama tende a ser mais evidente nessa competição intrapartidária 32, o que representa um ponto de baixa institucionalidade partidária e consequentemente o questionamento de uma solidez das raízes do partido na sociedade e Quando os partidos estão bem enraizados na sociedade, orientam o voto dos cidadãos. Em vez de definirem seu voto em função 31 O partido instituído por Gilberto Kassab em 21 de março de 2011, não apresenta em seu estatuto, princípios e valores, quaisquer tipos de favorecimento a filiação de evangélicos. Os documentos podem ser consultados no próprio site. Disponível em: < Acesso em: 15 dez Que ocorre dentro do mesmo partido (FERREIRA, 2010).

41 40 da pessoa dos candidatos, a maioria dos cidadãos geralmente continua votando em um mesmo partido. (MAINWARING, 2001, p.150). Essa ausência de enraizamento dos partidos na sociedade é bem exemplificada na eleição aqui pesquisada, pois o PSD considerado um partido pequeno/fraco teve 100% de seus candidatos a vereador eleitos, no que se refere ao quesito evangélico, então [...] quando os partidos têm raízes fracas na sociedade, a maioria dos cidadãos vota em função de outros fatores, por exemplo, as qualidades pessoais do candidato. (MAINWARING, 2001, p.150). Isso demonstra um fator de baixa institucionalização partidária no Brasil, que se representa na incerteza/instabilidade de se creditar um número maior de vagas na Câmara a um partido grande/forte como PSDB. A prova é que em [...] eleições proporcionais, os candidatos realçam mais suas qualidades pessoais do que sua filiação partidária e, assim como nas eleições majoritárias, organizam e financiam suas campanhas sozinhos. (MAINWARING, 2001, p.180). Os políticos de certa forma buscam fazer o possível e o impossível para se elegerem nas eleições, principalmente nas proporcionais e nesse sentido, Mainwaring nos apresenta uma pontual colocação sobre esse assunto e a tricotomia do partido, candidato e eleitor: Nas eleições para cargos proporcionais, ser eleito depende basicamente das iniciativas pessoais e das conexões dos candidatos. Estes muitas vezes atacam mais os próprios companheiros de partido do que os seus adversários. Se o eleitor tem uma preferência partidária, é menos provável que ele troque de partido do que escolha outro candidato do seu partido preferido. (MAINWARING, 2001, pp ). Portanto, no processo eleitoral as atitudes dos políticos em período eleitoral são de certa forma imprevisíveis, pois as suas manifestações comportamentais não apresentam uma devoção ao partido e tampouco uma disciplina com as visões da instituição, o que está presente nessa grande variedade de políticos e partidos. Mesmo assim, é possível que parte do eleitorado seja consciente e tenha em mente que os políticos devem os seus cargos a si mesmos e não ao partido ou a quem os escolheu, logo: Os efeitos do sistema eleitoral e do processo de escolha de candidatos se manifestam primeiramente no incentivo a campanhas individualistas, mas vão além disso. Uma vez eleitos, os políticos podem agir com independência em relação à liderança nacional do partido, sem grandes receios de sanções. Afinal de contas, eles não devem seus mandatos aos partidos, mas a seus próprios esforços. (MAINWARING, 2001, p.312).

42 41 Os candidatos eleitos pelo voto popular muitas vezes não entendem que estão lá por conta do procedimento democrático desse voto, que analisaremos a partir de agora. 2.4 O voto como elemento democrático Presente na também na Constituição Federal sobre a democracia é importante observar algumas definições, para que assim possa ser entendido esse elemento abordado aqui nesse item. Como primeiro termo, temos a definição de democracia pelo dicionário Aurélio, da seguinte forma: Do grego demokratia. Governo do povo; soberania popular; doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder, ou seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade, e dos poderes de decisão e de execução. (FERREIRA, 2010). A definição elaborada pelo dicionário Aurélio, apresenta a conceituação de democracia de forma bem direta, clara e objetiva. Assim, dentro desse conceito existem algumas derivações adotadas pela ciência política que também foram dicionarizadas, tais como: Democracia autoritária que é um sistema de governo surgido após a 1ª Guerra Mundial, em geral anticomunista, firmado na supremacia do poder executivo em relação aos demais poderes. Democracia participativa que é um sistema que atribui legitimidade decisória à participação direta da população em atos de governo. Democracia popular que é a designação comum aos regimes políticos monopartidários dominantes nos países da área socialista. (FERREIRA, 2010). Sendo democracia um governo do povo, logo a sua constituição é aferida por meio de escolhas e essas escolhas que caracterizam a soberania popular dentro de um regime político são realizadas por intermédio do voto, que segundo FERREIRA (2010), é a expressão da vontade ou da opinião num ato eleitoral. Para que não haja dúvidas em relação ao termo democracia dentro desse trabalho, acreditamos que além das explicações mencionadas acima do dicionário convencional de língua portuguesa, a apresentação do termo elaborada pelo dicionário de política é fundamental para o entendimento do raciocínio. 1) o órgão político máximo, a quem é assinalada a função legislativa, deve ser composto de membros direta ou indiretamente eleitos pelo povo, em eleições de primeiro ou de segundo grau;

43 42 2) junto do supremo órgão legislativo deverá haver outras instituições com dirigentes eleitos, como os órgãos da administração local ou o chefe de Estado (tal como acontece nas repúblicas); 3) todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, de religião, de censo e possivelmente de sexo, devem ser eleitores; 4) todos os eleitores devem ter voto igual; 5) todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião formada o mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos políticos que lutam pela formação de uma representação nacional; 6) devem ser livres também no sentido em que devem ser postos em condição de ter reais alternativas (o que exclui como democrática qualquer eleição de lista única ou bloqueada); 7) tanto para as eleições dos representantes como para as decisões do órgão político supremo vale o princípio da maioria numérica, se bem que podem ser estabelecidas várias formas de maioria segundo critérios de oportunidade não definidos de uma vez para sempre; 8) nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria, de um modo especial o direito de tornar-se maioria, em paridade de condições; 9) o órgão do Governo deve gozar de confiança do Parlamento ou do chefe do poder executivo, por sua vez, eleito pelo povo. (BOBBIO, MATEUCCI & PASQUINO, 1998, p. 327). Com as definições claras sobre a democracia 33 e o voto, acreditamos ser importante para esse trabalho apresentar a explanação realizada por Joseph Schumpeter. A filosofia da democracia do século XVIII pode ser expressa da seguinte maneira: o método democrático é o arranjo institucional para se chegar a certas decisões políticas que realizam o bem comum, cabendo ao próprio povo decidir, através da eleição de indivíduos que se reúnem para cumprirlhe a vontade. (SCHUMPETER, 1961, p. 300). Esse modelo prescrito por Schumpeter é presente até hoje no século XXI, com as eleições realizadas em diversos países e no caso dessa pesquisa é muito bem observado com a gama de candidatos e partidos que se apresentam ao eleitorado, a fim de ocuparem as 55 cadeiras para vereador no município paulistano. 33 A Doutora em Direito Monica Herman Caggiano, também faz uma excelente colocação sobre democracia. A democracia configura, na realidade, uma categoria históricosocial, ajustando-se, nas suas variadas nuanças, à condição de cada povo, às peculiaridades de cada uma das sociedades, donde a extrema dificuldade de uma conceituação precisa. Daí, também, a pluralidade de conceitos diferentes sobre o que se deva entender por democracia. Certo é, porém, que ela exsurge como mecanismo de preservação da liberdade individual - o governo do povo pelo povo - penetrando na história das instituições políticas com o exemplo ateniense, onde a assembléia geral do povo reunida sobre as colinas de Pnyx procede à tomada das decisões. (CAGGIANO, 1990, p.14).

44 43 Como último item desse capítulo, não poderíamos deixar de apresentar o partido político que a Assembleia de Deus está pretendendo criar para as eleições, tanto para o legislativo, como para o executivo. 2.5 O Partido Republicano Cristão (PRC) A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil 34 (CGADB), que foi fundada em 1930 e registrada em 1946 pelos pastores; Samuel Nyström, Cícero Canuto de Lima, Paulo Leivas Macalão, José Menezes, Nels Julius Nelson, Francisco Pereira do Nascimento, José Teixeira Rêgo, Orlando Spencer Boyer, Bruno Skolimowski, José Bezerra da Silva. Em 2015 a CGADB, presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa e mesa diretora iniciaram o projeto de instituição de um partido político. A intenção era de instituir um partido político o PRC 35, a fim de já participarem das eleições municipais de 2016, no entanto, isso não foi possível. Essa iniciativa de instituição não seria também uma forma de criação/aparecimento de mais políticos de Cristo, conforme nos indica CAMPOS (2002) ao nos trazer que esse político de Cristo está ali para também atender as demandas de suas igrejas? Claro que aqui nesse quesito podemos pensar na temática do cientista da religião, porém é importante pensarmos em uma possível disseminação de tipo político dentro do ambiente assembleiano, pois em sua página oficial do partido no Facebook 36, no link sobre há a seguinte informação: O Partido Republicano Cristão em formação foi lançado em 2015 pela Cgadb com o intuito da representação Cristã no cenário político nacional.. (FACEBOOK - PRC, 2016). Se o partido tem a intenção de realizar uma representação cristã em sua instituição, logo, podemos entender que da mesma forma que a Igreja Universal do Reino de Deus estudada pelo professor Leonildo Silveira Campos, [...] precisa de 34 História completa da CGABD está disponível no endereço eletrônico Acesso em: 12 nov As informações completas do partido, bem como missão e história estão em sua página no Facebook. Disponível em:< Acesso em: 12 nov Facebook - uma rede social que é uma das maiores tanto em número de acesso quanto de usuários. Foi fundada em 2004 pelos, até então, estudantes universitários de Harvard: Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Andrew McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes. Informações disponíveis em: < Acesso em: 10 de Nov

45 44 um grupo de pessoas de confiança para defender seus interesses nas várias instâncias políticas, criando assim seu próprio lobby, aqui considerados como os políticos de Cristo. (CAMPOS, 2002). O mesmo o faz a Assembleia de Deus por intermédio da CGADB. Ao analisarmos a informação postada no Facebook com a mensagem de consideração desses políticos de Cristo, realmente teremos uma instituição nesse sentido de lobby Mecanismos de criação do partido A seguir podemos observar a ficha de recolhimento de assinaturas para a criação do partido. O modelo institucionalizado confere CNPJ, resolução do TSE conforme a lei e o ciente e de acordo para com aquele que colhe a assinatura do apoiador. Figura 3: Ficha de recolhimento de assinatura Fonte: Página do Partido Republicano Cristão. Disponível em: < Acesso em: 12 nov Evidenciamos também, ao lado da ficha uma espécie de tutorial 37 abaixo de uma frase de apelo. A frase de apelo produz um efeito muito afetivo ao destinatário, tendo em vista que o partido se remete dizendo que precisamos do seu apoio para tornar esse sonho realidade. A frase é de certo modo impactante, pois leva o futuro 37 Conjunto/série de instruções ou explicações pertinentes a um assunto específico.

46 45 apoiador a pensar que sem ele o partido não irá existir e consequentemente esse sonho não se tornará realidade. A realidade aqui mencionada está atrelada a uma responsabilidade por parte desse potencial apoiador, embora não haja uma especificação na linguagem que o obrigue a ser como tal, até mesmo porque ao final do tutorial a observação escrita exime o apoiador de um futuro compromisso partidário, ou seja, mesmo que o apoiador simpatize-se com a causa, o mesmo não está automaticamente filiado ao partido político apoiado. Com a intenção de legitimar o compromisso do partido político PRC para com aqueles que vão apoiá-lo, em outras postagens em sua página do Facebook os líderes do partido posam para fotos apresentando mapas e uma espécie de planejamento relacionados à construção do partido. Isso se apresenta aqui como poder simbólico, ou seja: O poder simbólico é um poder que aquele que lhe está sujeito dá àquele que o exerce, um crédito com que ele o credita, uma fides, uma auctoritas, que lhe confia pondo nele a sua confiança. É um poder que existe porque aquele que lhe está sujeito crê que ele existe. (BOURDIEU, 1989, p. 188). Essa legitimidade apontada por Bourdieu, no sentido de fidelidade e autoridade por meio do poder simbólico é observada nas imagens e discursos do partido, pois sem esses agentes que apresentam essa legitimidade, não há como o carisma ser reconhecido por aqueles que são obedientes ao credo em si. Apresentado os aspectos institucionais do processo político eleitoral, passemos ao exercício desse vereador aqui estudado institucionalmente, a fim de entendermos melhor a função desse cargo pleiteado nas eleições para o legislativo municipal, bem como a atuação das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato por meio de seus projetos de leis.

47 46 3 O EXERCÍCIO DO VEREADOR E A ATUAÇÃO DAS VEREADORAS SEGUNDO OS SEUS PROJETOS A partir desse momento, o exercício do vereador será abordado pelo ponto de vista técnico, ou seja, as atribuições dadas ao vereador, bem como o exercício do mandato serão apresentadas pela Controladoria Geral da União (CGU). Portanto, antes de qualquer coisa faz-se necessário informar que os projetos a serem apresentados nesse capítulo são de iniciativa e participação das vereadoras assembleianas Noemi Nonato 38, que hoje 39 faz parte do PR (Partido da República) e Sandra Tadeu 40 que ainda permanece no partido dos DEM (Democratas), ambas com membresia na Igreja Assembleia de Deus do Brás e conhecida como ADBrás. Vale ressaltar que pelo fato de serem agentes políticos os vereadores não possuem uma relação de emprego, como os funcionários públicos, pois são eleitos pelo voto dos cidadãos e não aprovados em concurso público. Desse modo, o vereador possui duas funções dentro da Câmara Municipal, a mais conhecida pelos eleitores é a de elaborar leis, que inclusive consta de uma série de perguntas realizadas junto a comunidade evangélica de duas Igrejas intituladas Assembleia de Deus, as quais serão analisadas em capítulos adiante. Desse modo, conforme abaixo indicado pela CGU está o termo vereador e suas funções respectivamente: O vereador é o membro do Poder Legislativo do município. Nessa condição, ele desempenha, como funções típicas, as tarefas de legislar e de exercer o controle externo do Poder Executivo, isto é, da Prefeitura. A função legislativa consiste em elaborar, apreciar, alterar ou revogar as leis de interesse para a vida do município. Essas leis podem ter origem na própria Câmara ou resultar de projetos de iniciativa do Prefeito, ou da própria sociedade, através da iniciativa popular. A função fiscalizadora está relacionada com o controle parlamentar, isto é, a atividade que o Poder Legislativo exerce para fiscalizar o Executivo e a burocracia. O controle parlamentar diz respeito ao acompanhamento, por parte do Legislativo, da implementação das decisões tomadas no âmbito do governo e da administração. (CGU, P. 16). 38 Vereadora Noemi Nonato está em seu terceiro mandato na capital paulistana e é cantora evangélica. Atualmente, é membro da Assembleia de Deus do Brás. 39 Hoje é considerado como dia 12 dez Vereadora Sandra Tadeu está em seu quarto mandato e segundo na cidade de São Paulo. Evangélica há 12 anos e atualmente é membro da Assembleia de Deus do Brás, e converteu-se na igreja Internacional da Graça, com o Missionário RR Soares.

48 47 As funções acima são desempenhadas pelos vereadores e no caso dessa pesquisa pelas vereadoras Noemi Nonato e Sandra Tadeu. As funções mencionadas são denominadas funções típicas e as funções atípicas são conhecidas como funções administrativas e judiciárias. O exemplo da tabela 3 figura as funções mencionadas anteriormente: Tabela 3: Exercício do vereador VEREADORES LEGISLAR FISCALIZAR ADMINISTRAR JULGAR FUNÇÕES TÍPICAS Fonte: CGU,2009 (adaptado pelo autor) FUNÇÕES ATÍPICAS Como funções atípicas os vereadores que compõem a Câmara administram o seu próprio orçamento, o patrimônio e seu pessoal (funcionários) e a função judiciária é de processar e julgar o Prefeito do município por crime de responsabilidade 41, como se apropriar de renda ou bem público e/ou realizar desvios de verba pública em detrimento de sua vontade. Ainda na função judiciária, a Câmara julga os próprios vereadores que a compõe, no sentido de cassar o mandato por falta de decoro parlamentar, bem como por desvio ético como mentir acerca de uma afirmação, votar leis em causa própria ou de parentes/amigos, a fim de promover um favorecimento ilegal. (CGU, 2009) 3.1 Projeto de lei e lei municipal Segundo a Constituição Federal de 1988 cabe ao município legislar sobre os assuntos locais, ou seja, criar leis que deverão ser implantadas e seguidas pelo município em um todo, conforme o art da Constituição Federal. 41 Conforme o art. 29 da Constituição Federal 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao 1º deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000). 42 Anexo E Artigo 30 da Constituição Federal. Acesso em Jan

49 48 Observaremos a seguir alguns projetos de lei 43, que são conhecidos por (PL) e leis das vereadoras entrevistadas nesse trabalho. Como as vereadoras participaram, participam e participarão de diversos PLs, aqui serão apresentados somente aqueles mais conhecidos, bem como aqueles que compreendem temas religiosos. A vereadora Noemi Nonato em 2009 apresentou um Projeto de lei que mais tarde se tornaria lei sobre evangelização, conforme segue o texto: PROJETO DE LEI /2009 da Vereadora Noemi Nonato (PSB) 44 Altera a Lei nº , de 19 de julho de 2007, que consolidou a legislação municipal referente a datas comemorativas, eventos e feriados do Município de São Paulo, para nela incluir a Quinzena Evangelística a ser realizada anualmente entre o primeiro e o terceiro domingos do mês de dezembro, e dá outras providências. (CÂMARA MUNICIPAL - SP, 2009). Outro Projeto de lei que estabeleceu-se lei em 2014 foi o Dia da independência em Cristo, conforme segue: PROJETO DE LEI /2014 da Vereadora Noemi Nonato (PROS) 45 Altera a Lei Municipal nº , de 19 de julho de 2007, para incluir no Calendário de eventos da Cidade de São Paulo, o Dia da Independência em Cristo, a ser comemorado todo dia 07 (sete) do mês de setembro, e dá outras providências. (CÂMARA MUNICIPAL - SP, 2014). É importante observarmos que o dia escolhido para a data de comemoração da Independência em Cristo é a mesma data de Independência do Brasil. Uma data simbólica para o povo brasileiro, pois é a data da independência do país. Da mesma maneira, a data de independência em Cristo traz esse caráter simbólico à libertação de pessoas que comemoram essa data, tendo em vista que essa data comemorativa é baseada em um evento fundado pela Igreja do Evangelho Pleno em Cristo 46. O Projeto 47 realizado pela igreja tem como objetivo auxiliar socialmente as pessoas 43 Entende-se por projeto de lei um conjunto de normas que são submetidas a trâmites nas Câmaras municipais, de Deputados e no Senado Federal, a fim de tornarem-se leis por meio de discussões e votações. (CGU, 2009) 44 Documento disponível em: < Acesso em 27 mai Documento disponível em: < Acesso em 27 de mai Para saber mais: Igreja do Evangelho Pleno em Cristo. Disponível em: < Acesso em: 12 dez Anexo F Dia da Independência em Cristo. Disponível em: < Acesso em: 12 dez

50 49 mais carentes e em condição de rua, com o fornecimento de cestas básicas e internação em casa de recuperação para aqueles que necessitam abandonar o uso de drogas. (NONATO, 2015). O projeto que envolve o dia da independência em Cristo nos apresenta a atuação da vereadora no campo político e religioso, pois a justificativa da vereadora é clara tanto no sentido do político profissional do modelo weberiano, que vive para a política, atuando com situações que expressam valores pessoais em sua conduta WEBER (2008), como na utilização do seu habitus, que de acordo com BOURDIEU (2003) tem a ver com os ideais, pensamentos e fundamentações da subjetividade humana, que são absorvidas e também elaboradas pelos indivíduos ao longo de sua vida. Muitos outros projetos se tornaram lei e outros também foram vetados 48, porém o objetivo dessa seção é apresentar os projetos e leis realizados pelas vereadoras evangélicas pesquisadas no município de São Paulo. Dessa maneira, abaixo os projetos de lei e leis da vereadora Sandra Tadeu, que por si só são muito bem conhecidos na capital paulistana. Uma das leis que são de autoria da vereadora Sandra Tadeu é a lei que proíbe o uso de celulares dentro das agências bancárias, vide trecho de entrevista com a vereadora [...] por exemplo, vou te dar um exemplo eu proibir o telefone celular nos bancos é meu é de minha autoria, então isso é uma coisa fácil das pessoas entenderem [...], que visa diminuir os roubos na saída dos estabelecimentos bancários, as chamadas saidinhas de banco, por parte de assaltantes na capital paulistana: PROJETO DE LEI /2010 da Vereadora Sandra Tadeu (DEM) 49 Dispõe sobre a restrição do uso de telefone móvel no interior das agências bancárias e similares no Município de São Paulo, na forma que especifica. A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO DECRETA: 48 O termo veto ou vetado, aqui está de acordo com a nomenclatura utilizada nos documentos confeccionados e utilizados pela Câmara Municipal de São Paulo, como Razões de veto. 49 Anexo G Documento disponível em: Acesso em 27 de mai. 2016

51 50 Artigo 1º - Fica restrita a utilização de telefone móvel no interior das agências bancárias e postos bancários, bem como nas áreas destinadas aos caixas eletrônicos e de similares, especificamente nos espaços de movimentação financeira, durantes o atendimento a clientes. [...] (CÂMARA MUNICIPAL - SP, 2012). Ocorre que por mais que essa lei tenha o sentido de coibir 50 a ação dos marginais, tanto bancos 51 como a polícia em São Paulo, entendem que não é suficiente, pois muitos dos clientes não respeitam essa lei e consequentemente assaltantes também não e assim, as saidinhas de banco continuam a ocorrer na cidade de São Paulo. Outra lei bastante conhecida pela população da capital paulista é a que visa combater a poluição sonora dentro dos coletivos da cidade de São Paulo, com a indicação do uso do fone de ouvido por parte dos cidadãos que lá estão. Acerca dessa lei a vereadora também concedeu entrevista: [...] sobre o uso de aparelhos sonoros [...]. Eu fiquei na véspera de Natal eu fiquei com a TV Globo falando meia hora, meia hora, mais até com o repórter da Globo do SPTV, o projeto ficou falando aí vários dias, nenhum citou o nome da vereadora só falava assim Prefeito Haddad sancionou o projeto que obriga as pessoas usarem os aparelhos. (TADEU, 2015). Com o discurso da vereadora apresentado, acerca da falta de reconhecimento da mídia em relação ao trabalho realizado, abaixo segue a lei que proíbe o uso de aparelhos sonoros dentro dos coletivos: PROJETO DE LEI /2012 da Vereadora Sandra Tadeu (DEM) 52 Proíbe o uso de aparelhos sonoros ou musicais no interior de veículos de transporte coletivo e dá outras providências. [...]. (CÂMARA MUNICIPAL - SP, 2012). Os exemplos acima são de leis que estão em vigor no município de São Paulo e que foram de autoria e participação das vereadoras aqui pesquisadas. Logo, como função que deve ser exercida, as vereadoras se apresentam atuantes. 50 Aprovada a lei que proíbe uso de celular em banco. Disponível em: < Acesso em: 16 dez O perigo nas saídas dos bancos. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Documento disponível em: < Acesso em: 27 mai

52 51 Como parte da pesquisa, tivemos a oportunidade de acompanhar as vereadoras em sessões na Câmara Municipal e percebemos o quanto são requisitadas em seus gabinetes, pois por diversas vezes fomos até seus gabinetes para realizar as entrevistas, mas sem sucesso, por conta das atividades que são realizadas na câmara. Por vezes, a entrevista já estava agendada por telefone, mas as sessões e compromissos eram vários e em certos momentos sem horário para terminar. Um dos pontos que se pode observar na atuação das vereadoras, quando realizamos a pesquisa de campo é que a relação mantida por elas para com aqueles que trabalham em seus gabinetes é bastante próxima, o que nos permite refletir acerca da teoria de Max Weber, sobre a dominação carismática. O carisma é a qualidade de quem está, nas palavras de Max Weber, fora do cotidiano (ausseralltäglich). (ARON, 2000, p. 487). Sendo assim, a Dominação Carismática é aquela extracotidiana e totalmente pessoal, que tem caráter intransferível, ou seja, o carismático não passa o seu carisma, pelo fato de ser único e possuir características próprias. Geralmente essas características são de cunho mágico, heroico, revelação e oratória. Essas características constituem os tipos de dominação pura e nesse caso o tipo que manda é o líder e o que obedece é o apostolo. (WEBER, 2003). Ao entrevistarmos as vereadoras, também atestamos o quanto são solicitadas, pois por diversas vezes tivemos que interromper os áudios, tendo em vista que as situações de pausa eram caracterizadas por assinaturas de documentos, cumprimentos em pessoas que lá iam visitá-las, comentários acerca de situações políticas que precisavam de suas colocações, caso da PL 272 que trabalharemos um pouco mais adiante, bem como entre uma e outra ligação telefônica. Ainda sobre a atuação das vereadoras, apresentaremos alguns números, no que se referem a projetos de lei sancionados e vetados pela prefeitura de São Paulo. Os números apresentados serão apenas das vereadoras inclusas nesse trabalho e não dos demais vereadores da cidade, então: Tabela 4: Projetos aprovados e vetados NOEMI NONATO SANDRA TADEU PL APROVADOS PL VETADOS PL APROVADOS PL VETADOS Fonte: Câmara Municipal - SP, 2016 (adaptado pelo autor) Acesso em: 27 mai

53 52 Os números apresentados na tabela 4 podem ser mais bem exemplificados por temas. Assim, os gráficos abaixo melhoram a compreensão acerca desses temas, bem como à área de atuação das vereadoras: Figura 4: Projetos Aprovados Noemi Nonato TRANSPORTE SAÚDE REGISTRO MEIO AMBIENTE INCENTIVO IDOSO IDENTIFICAÇÃO HABITAÇÃO RELIGIOSO ESTABELECIMENTO DENOMINAÇÃO DE RUA EDUCAÇÃO DATA COMEMORATIVA CULTURAL COMUNICAÇÃO ATENDIMENTO 6% 2% 4% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 4% 6% 10% 10% 14% 31% Fonte: Câmara Municipal - SP, 2016 Acesso em 27 mai (adaptado pelo autor) A figura 4 conta com os elementos extraídos dos sites radar municipal e da Câmara Municipal, que representam os projetos aprovados, que são de autoria e participação da vereadora Noemi Nonato. Observamos que a vereadora possui em sua margem de aprovação de projetos, muitos de natureza periférica. Periféricas no sentido de serem projetos pequenos, tais como os de datas comemorativas. Essas datas comemorativas, de certo modo não agregam melhorias aparentes na vida no munícipe em um sentido superestrutural, mas possuem um valor simbólico importante, tendo em vista que algumas datas são de cunho incentivador, religioso etc. Assim, apresentaremos exemplos dos projetos realizados por ela, bem como a totalidade dos projetos que envolvem religiosidade no tema. Os projetos que possuem temas de datas comemorativas são os projetos que tem por objetivo incluir no calendário municipal datas para comemorações, como por

54 53 exemplo, o dia de combate ao crack todo dia 15 de junho, conforme a Lei nº , de 19 de julho de Os projetos que envolvem cunho religioso acima contemplando 14% são projetos que também instituem datas comemorativas, mas que são relacionados à temática religiosa, sendo eles: o já analisado dia da Independência em Cristo, dia do círculo de oração 54, que é comemorado todo dia 06 de março; dia dos jovens cristãos 55 a ser comemorado, anualmente, no segundo domingo de novembro; inclusão da quinzena evangelística 56 a ser realizada anualmente entre o primeiro e o terceiro domingos do mês de dezembro; dia do missionário 57 a ser comemorado anualmente no dia 13 de setembro de cada ano e o dia do cantor gospel 58 a ser comemorado anualmente no dia 27 de agosto de cada ano e o Projeto de Lei nº558/ que dispõe sobre a utilização dos logradouros públicos para apresentação de palestras, pregações e manifestações religiosas no âmbito do município de São Paulo. Em relação aos projetos que estão na temática de transportes, temos como exemplo: O Projeto de Lei nº 162/ , que tem como ementa a isenção da tarifa de transporte coletivo para o munícipe desempregado por um período de até três meses, até um máximo de 120 (cento e vinte) passagens. Já os próximos projetos são apresentados em uma perspectiva menor de aprovação e seguem no gráfico acima intitulados por seus eixos temáticos, assim como: Denominação de rua, que pode ser exemplificado pelo Projeto de Lei nº 360/ , que denomina rua Estevam Hernandes o logradouro público denominado rua Projetada, compreendida entre a praça do povo húngaro e a rua Gregório Serrão. Nesse Projeto 53 Projeto de Lei. Disponível em: < Acesso em: 12 dez Projeto de lei. LEI Nº , DE 19 DE JULHO DE Disponível em: < Acesso em: 12 dez Projeto de lei. LEI Nº , DE 19 DE JULHO DE Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei. LEI Nº , DE 19 DE JULHO DE Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 546/2008. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 858/2007. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº558/2013. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 162/2009. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 360/2007. Disponível em:< Acesso em: 12 dez >. Acesso em: 12 dez

55 54 de lei em questão, temos a indicação de uma homenagem realizada ao pai do apóstolo Estevam Hernandes Filho, tendo em vista que a justificativa está pautada na origem simples do homenageado, bem como sua atuação junto a sociedade, conforme mencionado na justificativa do projeto lei elaborado pela vereadora Noemi Nonato. Os projetos que envolvem saúde e estabelecimento comercial compreendem 6% dos números e dessa maneira, podem ser apresentados respectivamente assim: Projeto de Lei nº 115/ , que dispõe sobre a realização de coleta de amostras das águas de reservatórios das escolas, creches e unidades de saúde do município de São Paulo e o Projeto de Lei nº 470/ , que dispõe sobre a proibição da prática de frisagem em pneus em oficinas mecânicas, estabelecimentos de venda de autopeças, borracharias e similares, no âmbito do município de São Paulo. Educação e meio ambiente aparecem respectivamente no gráfico com 4% dos números e são representados pelos seguintes projetos: Projeto de Lei nº 194/ , que institui diretrizes para a capacitação de profissionais de educação para o atendimento às demandas que ultrapassem o currículo pedagógico formal das disciplinas e o Projeto de Lei nº 163/ , que dispõe sobre a instalação de banheiros químicos nas feiras livres do município de São Paulo, para contribuir com a conservação do meio ambiente. Todos os demais apresentados no gráfico, como: Registro, incentivo, identificação, habitação, cultural, comunicação, atendimento a mulheres em situação de violência e idoso correspondem a 2% dos projetos aprovados. Esse último do idoso, mesmo sendo um dos pontos fortes da vereadora na casa, conforme discurso abaixo, não representa uma parcela tão grande como o de tema religioso. [...] faço parte da comissão permanente do idoso, que é uma comissão que eu gosto demais de atuar com eles. Porque toda vez que olho pra eles - - já estou chegando lá, eu estou pertinho - - mais eu olho pra eles e me vejo batalhando e brigando por um futuro que ele vem reduzindo. Tem gente que vai até 70, tem gente que morre aos 50, aos 60, então a gente discute [...]. (NONATO, 2015). 62 Projeto de Lei nº 115/2014. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 470/2013. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 194/2012. Disponível em:< Acesso em: 12 dez Projeto de Lei nº 163/2009. Disponível em:< Acesso em: 12 dez

56 55 Ainda sobre os projetos aprovados, temos um número bastante significativo nos projetos que envolvem o campo religioso, que segundo BOURDIEU (1983) é o campo onde ocorrem os conflitos/lutas, na disputa de um monopólio, a fim de legitimar esse uso do corpo, que seriam os fins estabelecidos pelos projetos de lei que estão sendo parte da disputa a se legitimar dentro dos padrões da sociedade. Assim, podemos observar que dentro dessa perspectiva de 14% de projetos que envolvem o tema religioso, temos a evidência de um habitus de classe BOURDIEU (2003), que são constituídos por suas experiências em comum acerca da religiosidade. Isso não quer dizer que todos os projetos são voltados para os evangélicos, pois o Projeto de Lei nº558/2013 que dispõe sobre a utilização dos logradouros públicos para apresentação de palestras, pregações e manifestações religiosas no âmbito do município de São Paulo, prevê as manifestações religiosas, nos permitindo analisar que essas manifestações pertencem ao campo religioso em geral, nos possibilitando também dizer acerca do candomblé, do espiritismo entre outras religiões que se valem do espaço público para realizar cultos e manifestações religiosas. Por outro lado, podemos identificar que o Projeto de Lei 443/2014 (dia da Independência em Cristo), está totalmente voltado para o âmbito protestante, pois ao observarmos a natureza de sua criação, podemos identificar que esse projeto privilegia uma ação social que foi iniciada por uma igreja neopentecostal. Na sequência dentro da figura 5 constaram os dados dos projetos vetados: Figura 5: Projetos Vetados Noemi Nonato TRANSPORTE SEGURANÇA SAÚDE IDOSO EDUCAÇÃO DATA CULTURAL 8% 8% 8% 17% 17% 17% 33% Fonte: Câmara Municipal - SP, 2016 Acesso em 27 mai (adaptado pelo autor) Os projetos vetados que são de iniciativa e participação de Noemi Nonato, apresentam um percentual considerável em relação aos aprovados. Nesse sentido,

57 56 verificaremos os motivos de vetos em categorias exemplares de cada tema exposto, conforme a figura 5. Iniciaremos a exposição contando com o tema de saúde que corresponde a 33% no gráfico. O Projeto de lei 0285/ Proíbe o uso de caixas de madeira no acondicionamento, transporte, distribuição e venda de alimentos in natura no âmbito do Município de São Paulo e dá outras providências. O referido projeto foi vetado 67 por ilegalidade em relação a artigos contidos no código sanitário municipal e por contrariar o interesse público. Exemplificando os projetos que envolvem o tema de idosos, que assim como próximos dois figuram 17% do gráfico. Desta maneira, temos o Projeto de lei 781/ , que é de participação da vereadora e Dispõe sobre a criação de Repúblicas para a Terceira Idade, para idosos de baixa renda pela Municipalidade de São Paulo. A PL pretendia permitir que pessoas com baixa renda pudessem ter onde morar, tendo em vista que pensões e casas de repouso possuem um custo elevado, conforme justificativa 69. Nesse sentido, o projeto teve seu veto 70 em 08 de janeiro de 2014, via Diário Oficial da Cidade. Em relação ao tema educacional, exemplificamos o Projeto de lei 112/ , que se refere ao programa de Prevenção ao Câncer de Pele - Sol Amigo da Infância como atividade extracurricular obrigatória no ensino de educação infantil e fundamental I e II na rede de ensino municipal e particular da Cidade de São Paulo. O conteúdo extracurricular tinha como objetivo educar/conscientizar as crianças em relação aos perigos de ficarem expostas ao sol, conforme justificativa 72. O veto Proibição do uso de caixas de madeira para transporte de alimentos. Disponível em: < Acesso em 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 285/06. Disponível em: < Acesso em 16 dez Projeto de lei 781/2003. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Justificativa do Projeto de lei 781/2003. Disponível em: < Acesso em 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 781/03. Disponível em: < Acesso em 16 dez Projeto de lei 112/2013. Disponível em: < Acesso em 16 dez. 72 Justificativa do Projeto de lei 112/2013. Disponível em: Acesso em: 16 dez

58 57 realizado tem como fundamentação um programa já desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde, portanto sem a necessidade de criar-se uma lei exclusiva nesse sentido. A temática de datas comemorativas será representada aqui pela PL 506/ , que dispõe sobre a criação da Semana da Leitura nas escolas da Cidade de São Paulo. A justificativa 75 desse Projeto de lei versa sobre o baixo rendimento de leitura dos alunos, com base em pesquisas em percentuais de órgãos competentes, como Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (INEP). O veto 76 realizado sobre o projeto tem como ponto principal evento similar, que possui características mais abrangentes. Com 8% de representação no gráfico, temos os projetos vetados que versam sobre as seguintes temáticas: Transporte, segurança e cultura. Assim, iniciemos pelo Projeto de lei 376/ intitulado Vai e Volta, um Programa de Transporte Escolar Municipal Gratuito na cidade de São Paulo, que tem como justificativa 78, alterações nas disposições contidas na Lei n.º / , sobre o transporte gratuito de crianças que estudam na rede municipal de ensino. O projeto teve seu veto 80 relacionado a questões de distância da unidade escolar, condições de renda familiar entre outros. 73 Razões de veto Projeto de Lei nº 112/2013. Disponível em: < Acesso em: 16 dez projeto de lei 506/2005. Disponível em: Acesso em: 16 dez Justificativa do Projeto de lei 506/ Razões de veto Projeto de Lei nº 506/2005. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Projeto de lei 376/2013. Disponível em: Acesso em: 16 dez Justificativa Projeto de lei 0376/2013. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Lei n.º /2003. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 376/13. Disponível em: < Acesso em: 16 dez

59 58 O tema segurança tem como expoente o Projeto de lei 391/ , relacionado a Prevenção e Controle da Violência na rede pública municipal de ensino, sob a justificativa 82 de crescimento da violência, bem como tráfico de drogas e depredação do patrimônio público. Esse projeto foi vetado 83 em 2011 e possui relação com atribuições e encargos para a administração pública. E por último e não menos importante tema a ser exemplificado aqui em relação aos projetos vetados de criação e participação vereadora Noemi, a cultura será apresentada pelo Projeto de lei 495/ , que altera e acrescenta dispositivos a Lei nº , de 27 de dezembro de , alterada pela lei nº , de 16 de dezembro de e da outras providências. Dispõe sobre a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo (CONPRESP). A criação desse Conselho foi justificada 87 a partir de entendimentos que seriam de competência do CONPRESP a legislação sobre quaisquer atividades construtivas relacionadas aos patrimônios tombados na cidade de São Paulo. Em outubro de 2007 houve o veto 88 desse projeto, por conta de dispositivos constitucionais que já estavam em harmonia com a descrição do projeto, bem como o direito e usufruto do proprietário. 81 Projeto de lei 391/2009. Disponível em: Acesso em: 16 dez Justificativa Projeto de lei 391/2009. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 391/09. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Projeto de Lei 495/2007. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Lei nº , de 27 de dezembro de Disponível em: < Acesso em 16 dez , de 16 de dezembro de Disponível em: < Acesso em 16 dez Justificativa Projeto de Lei 495/2007. Disponível em:< Acesso em 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 495/2007. Disponível em: Acesso em: 16 dez

60 59 Assim como os gráficos que representam os dados dos projetos aprovados e vetados da vereadora Noemi Nonato, apresentaremos da mesma forma os temas propostos nos projetos de lei da vereadora Sandra Tadeu. Figura 6: Projetos Aprovados Sandra Tadeu TRANSPORTE SEGURANÇA SAÚDE REGISTRO MEIO AMBIENTE RELIGIOSO 173/2012 ESTABELECIMENTO COMERCIAL EDUCAÇÃO DENOMINAÇÃO DE RUA DATA COMEMORATIVA CULTURAL COMUNICAÇÃO 4% 4% 4% 4% 4% 8% 8% 8% 8% 8% 19% 23% Fonte: Câmara Municipal - SP, 2016 Acesso em 27 mai (adaptado pelo autor) Os projetos que são de iniciativa e participação da vereadora Sandra Tadeu têm em sua maioria aprovações em denominações de ruas e datas comemorativas. Os demais representam um percentual abaixo de 10%, sendo 5 temas com 8% e 5 temas com somente 4% dos números. Com o quadro pintado nessa situação, apresentaremos 4 projetos de lei da vereadora, que envolvem os seguintes temas: Denominação de rua, data comemorativa, meio ambiente e religioso. Anteriormente apresentamos duas leis de iniciativa da vereadora que são as proibições no uso de aparelhos celulares em bancos e a utilização de aparelhos sonoros no interior de transportes coletivos sem uso de fones de ouvido. Desse modo, iniciaremos a apresentação dos projetos aprovados pela sequência acima mencionada, sendo denominação de rua pelo Projeto de lei 278/ , que Denomina Praça Flavio Leandro Amadeu, o logradouro público, delimitado pelas Ruas Benedito Passos e Rua Aurélio Pinheiro, situado no Bairro Vila Euthalia, Distrito de Vila Matilde, Subprefeitura da Penha. 89 Projeto de lei 278/2014. Disponível em: < >. Acesso em: 16 dez

61 60 Para datas comemorativas elencaremos o Projeto de lei 642/ , que inclui no calendário de eventos da cidade de São Paulo, o Dia da Vila Antonieta a ser comemorado no terceiro domingo do mês de agosto. Outro Projeto de lei que se destaca na atuação de Sandra Tadeu é o Projeto de lei nº 115/ intitulado telhado verde, que tem como característica aumentar a vegetação em áreas fortemente urbanizadas. O projeto religioso é o conhecido show da fé, que será analisado em outro capítulo, pois esse projeto é mencionado pela vereadora na entrevista que nos concedeu, logo, o relato será analisado em um capitulo adiante. Os projetos de lei mencionados na figura 6 ilustram como uma espécie de exemplificação acerca da atuação da vereadora Sandra Tadeu e assim como de Noemi Nonato. Portanto, o próximo item a ser avaliado será o de projeto vetado, no que se refere a iniciativa/criação e participação de Sandra Tadeu. Figura 7: Projetos Vetados Sandra Tadeu TRANSPORTE SAÚDE MEIO AMBIENTE DENOMINAÇÃO DE CULTURAL 10% 20% 20% 20% 20% Fonte: Câmara Municipal - SP, 2016 Acesso em 27 mai (adaptado pelo autor) Dentre os 10 projetos não aprovados de Sandra Tadeu verificados em 27 de maio de 2016 verificamos que a maioria (quatro) se apresenta em equivalência de 20% e apenas 1 com 10% do gráfico. Portanto, apresentaremos a seguir exemplos desses projetos vetados. O ponto inicial se dará com um exemplo de transporte, que dispõe sobre a atividade de fretamento no âmbito do Município de São Paulo alterando alguns pontos da Lei nº , de 12 de novembro de Então o Projeto de lei 90 Projeto de lei 642/2013. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Projeto de lei 115/2009. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Lei nº , de 12 de novembro de Disponível em: < Acesso em: 16 dez

62 61 724/ foi justificado 94 com base em uma renovação de frota, a fim de melhorar a qualidade do serviço prestado. No entanto, em 19 de abril de 2016 houve veto 95 do projeto, por conta de serem transportes que extrapolam os limites da cidade, evitando assim um entrave com regulamentações estaduais e federais. O Projeto de lei 136/ tem como assunto a obrigatoriedade de acomodação, em espaço único, específico e de destaque, de produtos alimentícios recomendados para pessoas com diabetes. A justificativa 97 desse projeto se deu na estratégia de facilitar a vida/cotidiano de pessoas que possuem diabetes ao procurar alimentos específicos nos ambientes de venda. O veto 98 a esse Projeto de lei foi baseado em discordância a princípios constitucionais, como o da liberdade do exercício das atividades econômicas e o da isonomia 99. Em relação aos projetos que envolvem a temática meio ambiente, citamos os seguintes Projetos de lei 115/2009 e 572/ , que tratam de alterações em relação ao Projeto de lei que hoje em dia é lei, ou seja, são projetos que se referem ao Telhado Verde, portanto os textos constam de alterações que não foram aceitas, mas a lei já vigora na cidade de São Paulo. O tema voltado para a denominação de rua consta do Projeto de lei 705/ , que Denomina a Praça Clariçe Monteiro Giglio, logradouro público existente na confluência das ruas Frei Canisio e Pajaú Vila Anhanguera. O projeto 93 Projeto de Lei 724/2015. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Justificativa Projeto de Lei 724/2015. Disponível em: Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 724/15. Disponível em: < Acesso em: 16 dez O Projeto de lei 136/2009. Disponível em: < Acesso em 16 dez Justificativa Projeto de lei 136/2009. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 136/2009. Disponível em: 16 dez Acesso em: 16 dez Igualdade de todos perante a lei, assegurada como princípio constitucional. (FERREIRA, 2010) 100 Projetos Vetados. Disponível em: Acesso em: 16 dez Projeto de lei 705/2009. Disponível em: < Acesso em:16 dez

63 62 apresentou como justificativa 102 a colaboração da referida senhora na expansão do bairro em que morava. Em 16 de dezembro de 2013 o projeto foi vetado 103, pois o local que seria denominado com o nome da senhora mencionada já havia sido nominado por decreto em Enfim, o projeto de tema cultural que não foi aprovado é a PL 273/ que institui a semana da Cultura Italiana nos Centros Educacionais Unificados da cidade de São Paulo (CEU's). O Projeto de cunho cultural apresentou como justificativa 105 a apresentação da cultura italiana dentro do âmbito municipal. O veto 106 do projeto ocorreu pelo fato de que já existem mecanismos nas unidades educacionais que permitem acesso ao conhecimento acerca de culturas de outros países, incluindo a italiana. Como amostra de projetos de lei e ramo de atuação das vereadoras no que tange parte de suas atribuições, identificamos que grande parte dos projetos é considerada como projetos modestos, que de alguma forma não interferem tanto na vida dos munícipes, haja vista que sua maioria está representada por datas comemorativas e denominações de rua. No entanto, não se pode tirar o mérito de projetos que visam melhorar o convívio dentre os cidadãos, como, por exemplo, a proibição do uso de aparelho celular em bancos e isenção de tarifa para cidadãos que estão a procura de emprego. Sobre os projetos de tema religioso é possível perceber uma diferença entre as vereadoras. Enquanto a vereadora Noemi Nonato possui 14% de seus projetos aprovados relacionados a religião no município de São Paulo, a vereadora Sandra Tadeu possui somente 4% dentre todos os seus projetos aprovados. Os maiores percentuais estão nos seguintes assuntos: Datas comemorativas e denominação de ruas, sendo 31% e 10% respectivamente para vereadora Noemi Nonato e 19% e 102 Justificativa Projeto de lei 705/2009. Disponível em: < Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 705/09. Disponível em: Acesso em: 16 dez Projeto de lei 273/2015. Disponível em: < Acesso em 16 dez Justificativa Projeto de lei 273/2015. Disponível em: Acesso em: 16 dez Razões de veto Projeto de Lei nº 273/2015. Disponível em: < Acesso em: 16 dez

64 63 23% para a vereadora Sandra Tadeu, também seguindo o critério de sequência mencionado antes. É importante ressaltarmos que dentre todos esses projetos, nem todos são de autoria única das vereadoras, ou seja, muitos dos projetos aprovados e vetados contam com a participação das mesmas nas suas elaborações. A partir do próximo capítulo as análises serão mais pautadas nos conceitos de estudiosos da sociologia da religião e das ciências sociais, a fim de categorizarmos as respostas das entrevistas realizadas com as vereadoras, bem como das respostas recebidas nos questionários aplicados aos fiéis das Igrejas Assembleia de Deus Jesus é a Fonte da Vida e Assembleia de Deus Ipiranga, localizadas na macroárea do Jardim Ângela.

65 64 4 A VISÃO ELEITORAL DO VEREADOR VERSUS ELEITORADO A partir do presente capítulo realizaremos a análise dos discursos das vereadoras que nos concederam entrevistas e em paralelo as respostas dos fiéis que contribuiram para a pesquisa. Para não deixar que paire qualquer tipo de dúvida em relação as análises, parte dos discursos serão reproduzidos ao longo da redação, para que assim possamos empreender um caráter mais didático para as análises. Sobre as respostas recebidas por intermédio dos questionários aplicados aos fiéis da igreja, as mesmas serão apresentadas em exemplos gráficos e analisadas em seguida. Desse modo apresentaremos aqui as entrevistas e perguntas respondidas que nos remetem ao conteúdo de uma visão eleitoral das vereadoras versus o eleitorado. Esse versus, não quer dizer a rigor que será sempre um conflito de ideias e ideiais, mas sim uma proposta da teoria de campo de Pierre Bourdieu, quando temos a possibilidade de perceber que esses discursos estão presentes tanto para transformar/modificar esse campo como para conservá-lo em detrimento de seus habitus. 4.1 Análise de conteúdo sobre a visão eleitoral Iniciaremos a análise com o discurso da vereadora Sandra Tadeu e em seguida analisaremos o discurso da vereadora Noemi Nonato e também apresentaremos as respostas dos fiéis. Assim como ponto inicial temos a seguinte pergunta: Acha que existe diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos? A vereadora Sandra Tadeu nos deu a seguinte resposta: Não. Eu não acho que há diferença. Cada um tem um público, cada um tem um trabalho. Eu acho que não há diferença é tudo igual. O trabalho pode ser diferente né, do que a gente faça, mais no fundo somos todos iguais. (TADEU, 2015) A vereadora Sandra Tadeu entende que não há diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos, o que nos leva a entender que não há uma distinção entre o sagrado e o profano em um sentido de que os evangélicos estariam

66 65 embebidos de uma missão espiritual em relação ao seu mandato. No entanto, podemos observar que ao dizer que cada um tem um público, podemos identificar que cada um possui um campo de atuação, tão logo pode ser definido pelos seus habitus, pois cada um possui um campo de trabalho e esse campo de trabalho está atrelado aos seus habitus. Em seguida temos a resposta da vereadora Noemi Nonato: Eu acho que não. Eu acho que não, porque todos caminham para um objetivo só. Todos procuram fazer o mesmo trabalho, né, um faz mais social, outro trabalha mais na área do verde, trabalha mais na área da educação, enfim e só que é assim. Talvez a diferença que, a gente possa tentar responder é que: Vou falar de mim, do meu gabinete, por exemplo. Vem muitas pessoas pra gente resolver problemas sociais, enfim que envolve como falei agora, educação, saúde, mulher, idoso, enfim. Só que também vem aquelas pessoas, que vem muito angustiadas e, a gente acaba em um todo fazendo uma oração, um abraço eu trabalho assim com carinho, os outros eu não sei, mais acho que todo mundo tem um olhar só que é o objetivo de trabalhar no social, é isso. (NONATO, 2015) Do mesmo modo, a vereadora Noemi Nonato também entende que não há distinção entre os políticos evangélicos e não evangélicos, pois todos procuram fazer o mesmo trabalho. Ela apresenta o campo de atuação que os políticos possuem afinidade, mas ao falar de si própria apresenta características que a distingue dos candidatos seculares, pois o fato de também ser missionária lhe confere a posição de realizar uma oração para com aqueles que vão até o seu gabinete angustiados. Seguindo esse fio condutor, podemos observar que a vereadora Noemi Nonato apresenta traços do político que vive para a política, pois: [...] Quem vive para a política a transforma, no sentido mais profundo do termo, em fim de sua vida, seja porque encontra forma de gozo na simples posse do poder, seja porque o exercício dessa atividade lhe permite achar equilíbrio interno e exprimir valor pessoal, colocando-se a serviço de uma causa que dá significação a sua vida. Neste sentido profundo, todo homem sério, que vive para uma causa, vive também dela. (WEBER, 2008, pp ). Ao exprimir o valor pessoal de ser uma pessoa que acolhe o outro, a vereadora se encaixa na tipologia weberiana, bem como apresenta um habitus que lhe caracteriza como evangélica. O enunciado da política assembleiana tem sua legitimidade dentro dessa tipologia weberiana, pois utiliza da política como um meio de servir o outro. Já os fiéis questionados de certa forma entendem que há diferença sim entre candidatos evangélicos e não evangélicos, tendo em vista que 54% acreditam que haja diferença e os demais 46% entendem que não há diferença. Dentro desse

67 66 percentual que esboça diferença entre o candidato evangélico e não evangélico, podemos destacar algumas características que foram mencionadas no questionário. A figura 8 é constituída de um gráfico, que ilustra como foram apresentadas as respostas. Figura 8: Características de um político evangélico segundo os fiéis 58% 25% 8% CARÁTER FIDELIDADE COMUNICAÇÃO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai O gráfico da figura 8 apresenta em seu percentual as respostas mais recorrentes do fiel assembleiano, no que se refere às características desse político cristão evangélico que se diferencia na ótica do eleitor. Ao olharmos para esse percentual, podemos identificar que essas características são importantes para o fiel e inclusive são constituintes do habitus deles, pois o fiel entende que em uma escala decrescente o caráter é seguido pela fidelidade, que por sua vez termina na comunicação. Então essas constituintes, ou seja, conjunto de disposições de estruturas estruturantes permeia o pensamento/entendimento desse fiel, tendo em vista que houve uma reincidência nas respostas. Seguindo as teorias de campo e habitus de Bourdieu, temos nessa questão respondida pelas vereadoras e fiéis uma espécie de conflito dentro desse campo religioso, mesmo que não haja um embate direto entre entrevistadas e pesquisados, pois as vereadoras não acreditam que haja uma diferenciação entre os candidatos evangélicos e não evangélicos, já os fiéis sim, acreditam existir uma diferenciação, inclusive com características que podem ser verificadas no pensamento cristão, que estão no livro de Mateus: Vocês são o sal da terra. Mas, se o sal perder o seu sabor, como restaurálo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Ver.13 Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. Ver. 14

68 67 E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Ver.15 Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. Ver. 16 (MATEUS 5:13-16). Quando citamos a Bíblia para justificar o pensamento elaborado nessa análise, levamos em consideração o público questionado e a convivência de pesquisa no ambiente, o que permite estabelecer relação entre as respostas emitidas pelos fiéis e seus habitus de classe. Acerca do caráter apontado pelos fiéis, podemos entender que as palavras ditas por Jesus norteiam o pensamento/entendimento desses fiéis, até mesmo porque o caráter está relacionado ao jeito de ser e com isso temos Vocês são o sal da terra e Vocês são a luz do mundo. Os inícios dos versículos 13 e 14 constituem essa faceta moral do caráter, pois os cristãos aqui entendidos por candidatos evangélicos devem ser o sal da terra e a luz do mundo, características que o diferenciam daqueles que não são, na visão dos questionados assembleianos. Já a fidelidade está expressa ao demonstrar as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus., pois as obras que são fruto desse caráter devem corresponder a tudo aquilo que glorifica ao Pai que está nos céus, por intermédio da comunicação que vem do Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens. Essa luz funciona como um meio de comunicação efetivo, pois assim como a candeia ilumina a todos que estão a sua volta e possibilita a comunicação. Tendo exposto a análise sobre a possível diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos para os pesquisados, passemos para a próxima questão, que será de cunho mais técnico, o que não causa nenhum tipo desvio nessa análise. Muito pelo contrário, essa questão permite observarmos a manutenção dentro do campo político, no qual eleitores e vereadoras estão inseridos. Assim, perguntamos as vereadoras se: O eleitorado observado em suas campanhas sabe qual é a função do vereador? A vereadora Sandra Tadeu nos deu a seguinte resposta: Olha, eu creio que uma boa parte não saiba, mas outra conhece e nas reuniões que eu faço normalmente eu sempre explico a função, porque as pessoas tem que entender. Convido a eles virem aqui, verem o trabalho do vereador, porque eles acha que o trabalho do vereador como dos outros

69 68 políticos deputados é sempre tá lá na comunidade, entendeu? Esse eu acho que mais uma função nossa de vereador de tá, de marcar reunião de ver o problema, porque isso a gente se discute na prefeitura e alguma coisa no órgão do Estado, mas é mais aqui local. Então eu explico que a gente aprova projetos, então tem gente que tem consciência disso. As pessoas sabem disso, tem outros que não, que político é tudo igual, pediu voto ele tem que fazer tudo o que você pedir, entendeu? Você tem que dar cesta básica, você tem que arrumar uma casa, eles pensam isso, que tem que arrumar isso, arrumar aquilo, mas a realidade é outra e eu sempre falo eu não arrumo nada, a gente pode fazer trabalho e tentar fazer com que as subprefeituras trabalhem em prol à comunidade e prefeitura [...]. (TADEU, 2015) Ao lermos a resposta da vereadora Sandra Tadeu, podemos eleger somente o primeiro bloco para a análise, pois é onde está localizada a resposta direta da pergunta, mas se tratando de uma análise de entrevistas é importante relembrarmos que esse fragmento do discurso deve aparecer, para que não haja dúvidas nas análises realizadas. Retornando a resposta, temos a indicação por parte da vereadora que uma boa parte não saiba, mas em contrapartida outra parte conhece por intermédio de reuniões por ela realizadas. Aqui temos uma boa ideia de constituição de campo político, pois a vereadora com seu habitus produz nos cidadãos reações a ações por ela emanadas e consequentemente estruturando essas estruturas estruturantes BOURDIEU (2003). Em um primeiro momento a vereadora nos traz em seu discurso um panorama que representa uma parcela de pessoas que não conhecem a função do vereador e isso nos remete a incompatibilidade de campo, ou seja, os agentes não fazem parte do mesmo campo simbólico aqui representado, pois ela crê que eles não saibam e isso nos leva concluir que não há um contato com esses agentes. Já no segundo momento, observamos que os agentes estão participando do mesmo campo e isso ocorre com a explicação realizada pela vereadora. O campo político observado aqui nesse segundo momento apresenta aquilo que conforme BOURDIEU (2003) é a coerção exercida no campo, que depende da relação ou relações de força ou forças simbólicas. Quando a vereadora convida e explica o que faz um vereador, logo temos a dominação legitimada no discurso, o que é bem característico do líder carismático encontrado na tipologia weberiana em relação ao político. A vereadora Sandra Tadeu explicita no seu discurso que ela é um agente do Estado, quando diz que a gente pode fazer trabalho e tentar fazer com que as subprefeituras trabalhem em prol à comunidade e prefeitura. Essa fala, também está caracterizada sobre o político que vive para a política, tendo em vista a sua

70 69 ação que é realizada para um bem que é comum para aqueles que estão ali naquele momento ou campo. Por fim, a vereadora discorre acerca de detalhes técnicos que envolvem a parte burocrática do sistema político da Câmara Municipal. Agora vamos a resposta da vereadora Noemi Nonato, acerca da questão de conhecimento por parte do eleitorado. Eu acredito que a maioria sim. Tem aqueles que inclusive nós recebemos há pouco tempo agora algumas crianças de uma escola de Itaquera né, e as crianças me fizeram a mesma pergunta, qual a função do vereador e tal. Então assim, embora eu não tenha um conhecimento profundo, a maioria pensa que podemos resolver problemas, qualquer problema da cidade, mas as vezes não compete ao vereador resolver esses problemas, mas sim ao executivo, tem situações que não cabe a nós e então a gente leva para o executivo. Nós só podemos cobrar uma solução mesmo com os problemas. (NONATO, 2015). No caso da vereadora Noemi Nonato, a fala é mais categórica inclusive trazendo exemplos de participação do mesmo campo. Mas, existe algo diferente em relação ao público, pois como crianças foram visitá-la, não temos a possibilidade de analisar o efeito simbólico da explicação. Entretanto, no segundo período podemos perceber que há uma manutenção do campo político, no que diz respeito ao conhecimento emanado pela política, embora ela seja a detentora do perfil carismático como liderança política, não há uma elucidação discursiva por parte dela. Como resposta chave, a vereadora de forma sucinta indica que poucos assuntos são resolvidos por ela (vereadores) e outros são de competência de outras instâncias políticas, que nesse caso é o executivo e com isso o campo é mantido com a afinidade de seus habitus. Os fiéis nos concederam respostas que atestam aquilo que as vereadoras discursaram sobre o conhecimento das funções de um vereador. Figura 9: Conhecimento das funções do vereador segundo os fiéis 58% 42% SIM NÃO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai. 2016

71 70 Os agentes envolvidos nesse campo simbólico estão caracterizados por suas trajetórias sociais, seus habitus, ou seja, suas posições no campo. Quando as vereadoras dizem que nem todos sabem, automaticamente corresponde aos 42% acima ilustrados e a sua maioria corresponde aos 58%. Claro que esses dados apontam para uma manutenção do campo político simbólico em relação ao conhecimento desses fiéis. O mais interessante aqui é entendermos que esse campo é mantido pelos habitus de todos os agentes, agentes esses que são as vereadoras e fiéis pesquisados. Esse habitus é estruturado conforme o conhecimento e ação desses agentes, com base nas respostas aqui obtidas e vistas em um período fora das eleições, que possivelmente seria um atenuante nas respostas e consequentemente mais uma estrutura estruturante que estruturaria o sistema de disposições dos agentes envolvidos. Outra pergunta de cunho técnico foi realizada para os pesquisados nesse trabalho. A pergunta é acerca da PL 272, que se refere ao uso e ocupação do solo. Atualmente a lei foi aprovada e as adequações já estão regulamentadas, mas quando esse ponto foi abordado, as reuniões ainda estavam ocorrendo na Câmara Municipal. Sendo assim, a pergunta foi realizada da seguinte forma para todos: Qual é a sua posição acerca da PL , no que se refere ao uso e ocupação do solo, quanto aos locais de culto e seus anexos? Da mesma forma que configuramos as respostas anteriores, manteremos a mesma ordem iniciando pela vereadora Sandra Tadeu. Não. Realmente isso é uma coisa que eu defendo muito a gente esta discutindo, já tem uma minuta onde a gente está avaliando se as reivindicações que aqui temos uma bancada evangélica. Eu acho assim todo segmento tem o seu representante e as igrejas, elas também tem que ter os seus representantes, por quê? Antigamente, há muitos anos atrás as igrejas chegavam nos locais construíam se as igrejas e tudo bem. Mais agora a lei, ela exige uma série de coisas das igrejas tem a questão do zoneamento, onde estão localizadas essas igrejas e que acontece hoje? Muitas vezes você não consegue legalizar a igreja, tirar o seu alvará porque ela está em um lugar de zona residencial, só que tem igrejas, tipo a Assembleia de Deus, são igrejas muito antigas de 50, de 60 que o vizinho da igreja deu o terreno, deu um pedacinho e foi construído lá. Só que essa igreja hoje está em um zoneamento residencial que ela não poderia estar ou ela tinha uma metragem, a largura da rua que tem um total para ter a 107 A PL 272 é um projeto de lei que visa a regularização em relação ao uso e ocupação do solo na cidade de São Paulo, acerca dos locais de culto e seus anexos. Os arquivos completos contendo o detalhamento de cada ponto da lei está disponível em:< Acesso em: 01 nov

72 71 largura, questão do estacionamento hoje ela é muito de uns dois anos ou três anos pra cá, ela é obrigatória na lei mais a igreja é uma coisa que ela não é todo dia que tem 500 pessoas 200 pessoas dentro de um culto e essas igrejas hoje não conseguem legalizar. Primeiro que elas muitas vezes não têm nem a documentação, segundo ela está num lugar que a lei hoje não permite regularizar e hoje eles pedem porque os vizinhos. Com todos esses acontecimentos há as vezes uma fiscalização da prefeitura, então eles não tem a acessibilidade que hoje é uma coisa obrigatória, hoje tem que ter lá o negócio dos bombeiros, hoje tem a lei do PSIU e o que eu vejo com essas questões? Só na igreja que vão multar, só as igrejas PSIU dificilmente na periferia o boteco está ali o barzinho, não tenho nada contra os barzinhos, mais eu acho que a lei deveria ser para todos a igreja ((ilustrações com os dedos)) aqui é a rua, então a minha igreja é aqui e o barzinho está ali hein, do outro lado. A igreja é multada e o barzinho corre solto até as tantas e ninguém vai lá multar. Eu brigo muito com isso, então o PSIU não tem nada muito a ver, em termos de lei de um modo geral, então o zoneamento a gente está brigando bastante para dar normas com que a gente possa regularizar o que aí está. Que não dá para você aí desmanchar uma igreja de 60 anos, 20, 40 anos, como tem igrejas, por exemplo, católicas também. A praça da Sé aí, ela está dentro de uma área pública na praça, aquela igreja Nossa Senhora do Brasil, acho que igreja São José, ela está dentro do Jardins e a região do Jardins é uma região polêmica que as pessoas brigam de residencial eu falei quero ver de vocês derrubarem a igreja São José lá que ela é famosa tem muito casamento é uma capelinha, mais se você olhar os carros não tem estacionamento quando tem uma missa um casamento, não tem estacionamento para todo mundo. Então essas coisas que a gente está tentando avaliar nessa questão da lei de ocupação que a gente tenta amenizar um pouco os problemas que as igrejas hoje vem e perante a lei muitas vezes vai a fiscalização há denúncias no Ministério Público e muitas vezes as igrejas são obrigadas a ficarem fechadas até criar uma regularização da obra, mas se não mudarem essas questões que estão dentro da lei do zoneamento, as pessoas vão ficar com a igreja fechada e nunca ele vai conseguir regularizar. Então a gente está tentando, fazendo de uma maneira com que as igrejas, não só as igrejas, igrejas católicas, evangélicas, lugares de culto né de um modo geral, não é especificamente só para igreja entendeu? Uma outra coisa, foi nesse projeto que a gente está mudando, a gente quer tirar lugar de culto com negócio de reunião que você não pode ser comparado comum buffet, a igreja não é um buffet, a igreja não é uma boate ou qualquer templo, um centro espírita não é uma boate. Então a gente, não sei se é nesse projeto, é nesse também você entendeu? A gente está tentando fazer essa modificação, lugar de cultos de cultos religiosos eles se diferenciem do bar, de um restaurante de uma boate, até de um Buffet (..) ((entrevistador comentários acerca da audiência)) ((Vereadora Sandra Tadeu)) Eu estava aí e até falei para o Padre que iria pedir voto lá, então todo mundo que está aqui vai lá pedir voto para o Padre lá. (TADEU, 2015) A resposta da vereadora Sandra Tadeu será analisada dentro de uma perspectiva do habitus, do campo, do sagrado e do profano. Bem no início da resposta a vereadora apresenta o seu ponto de vista favorável ao assunto, pois indica que há uma bancada evangélica que está atuando nessa questão. A bancada evangélica aqui, podemos entender que é formada por vereadores evangélicos, logo, temos um campo político que é constituído por um habitus de classe desses políticos. Essa bancada evangélica verbalizada pela

73 72 vereadora está empenhada em analisar as reivindicações realizadas. Essas análises e avaliações por essa bancada realizadas têm a ver com a representação política desses líderes carismáticos, até mesmo porque o campo aqui é bem observado quando temos Eu acho assim todo segmento tem o seu representante e as igrejas, elas também tem que ter os seus representantes, por quê?. A ideia de manutenção do campo religioso é bem clara com a indagação da vereadora, pois muitos seguimentos podem ter representantes e com a igreja não pode ser diferente, mas para que isso ocorra é necessário que esses agentes estejam de acordo com as regras desse campo. Nesse sentido, é evidente que estão, embora façam parte de igrejas diferentes, mas mesmo assim, não deixam de ser evangélicos e atuantes dentro desse campo religioso, ou seja, o campo aqui é entendido por igrejas e o habitus de classe é constituído pelas formas de se apresentarem como evangélicos. Outro ponto fundamental para esse terço de discurso é que segundo Bourdieu a concentração do capital político nas mãos de um pequeno grupo é tanto menos contrariada e portanto tanto mais provável. (BOURDIEU, 1989, p. 164). Essa concentração de informações e decisões, ou seja, capital político na mão dos vereadores evangélicos é passível de aceite perante a Câmara Municipal. Ainda, podemos nos valer da questão de espaço público para falar sobre essa lei. Nesse sentido, segundo GIUMBELLI (2008) além de princípios, outros elementos estão em discussão, no que se refere a relação entre Estado e religião, pois as igrejas devem cumprir com um contrato social que está posto para todos os ambientes, inclusive o boteco citado aqui pela vereadora. Existe no discurso da vereadora uma questão acerca da legitimidade dessas igrejas que estão ali no espaço público há muito tempo, pois são igrejas herdadas pela benevolência de pessoas que doaram terreno e que de certa forma contribuem para um bem social. Outro fator a ser observado é que a manutenção desse campo religioso é muito defendida no discurso, haja vista que aparentemente a lei do PSIU é aplicada muito mais vezes às igrejas evangélicas, do que para os bares. Pegando esse fio condutor, podemos observar que até mesmo dentro desse campo religioso (igreja) há uma separação dos agentes, separação esta que implica no espaço público citado. As Igrejas da Sé, Nossa Senhora do Brasil e São José são mencionadas como agentes que estão dentro de um espaço público que deve ser observado pela lei. No entanto, o campo é restabelecido em sua fala quando menciona que estão

74 73 fazendo o possível para a regulamentação de igrejas que por vezes ficam fechadas por conta da lei do zoneamento, incluindo assim igrejas católicas e evangélicas em um mesmo campo. Observamos ao fim do discurso da vereadora que existe uma necessidade de revisão nos termos utilizados na lei, no que se refere aos locais de culto. O local de culto para a vereadora é um local que não pode ser comparado com uma boate ou um bar, por exemplo. O local de culto como local sagrado deve ser diferenciado, isso nos leva a:[...] confrontar o comportamento de um homem não religioso, em relação ao espaço em que vive, com o comportamento do homem religioso para com o espaço sagrado para percebermos imediatamente a diferença de estrutura que os separa. (ELIADE, 1992, p. 36). O local de culto recebe uma identificação sacra em relação aos bares e boates, tendo em vista que nesses locais de culto são realizadas curas, milagres e liturgias de cunho religioso. Tudo o que pertence à esfera do profano não participa do Ser, visto que o profano não foi fundado ontologicamente pelo mito, não tem modelo exemplar. (ELIADE, 1992, p. 50). Essa citação de Mircea Eliade nos ilustra muito bem o que a vereadora aponta em seu relato, quando quer junto com os demais membros do campo político (bancada evangélica) a diferenciação que deve existir entre um local sagrado (local de culto) e local profano (bares, restaurante, boate etc.). Os locais profanos então são aqueles que não estão de acordo com esse modelo ontológico caracterizado por igrejas e centros espíritas aqui discursados. Em seguida, analisaremos a resposta de Noemi Nonato. Olha, na audiência que tivemos aqui na casa, tivemos a participação de muitas comunidades cristãs, pastores, padres, vieram membros da igreja, vieram trazer suas propostas pra lei de uso e ocupação do solo em relação aos locais de culto. Ela ainda está em andamento, nós estamos na discussão na casa ainda, mais a nossa posição e muito clara. Propomos que a concessão de alvará seja facilitada e que a burocracia seja diminuída, porque consideramos que a igreja contribui muito com a cidade. Eu sempre disse inclusive isso eu gosto de falar e faço questão, nós tivemos no governo Serra, nós tivemos em algumas reuniões com subprefeitos e em uma dessas reuniões os subprefeitos vieram reclamar ao prefeito na época, que estavam tendo dificuldade demais nas periferias, até para as crianças atravessarem pra irem pra escola, enfim estavam tendo dificuldade nas vielas, que certo grupo a e b travava e sabe o que ele respondeu? Ele disse assim vocês subprefeitos procurem os crentes ele disse e isso eu não esqueci, foi no meu primeiro mandato ele disse procurem os crentes, porque os crentes vão dar a solução os pastores das igrejas vão conseguir fazer vocês caminhar melhor dentro da comunidade. Por quê? E o que eu sempre disse a ele e ele também disse, nós somos igreja, nós somos os únicos que ajudamos demais o governo sem oneração nenhuma, a gente não tem problema, as pessoas se dão, se doam, a gente faz um trabalho

75 74 livre. As pessoas fazem um trabalho voluntário e é gostoso de ver, não ficam onerando o governo, não tem custo para o governo. Então eu acho que o governo realmente também eu vou falar agora do meu querido Haddad prefeito tem que abrir as portas para a igreja mesmo e fazer com que a gente transite e trâmite melhor na cidade de São Paulo. (NONATO, 2015). Assim como Sandra Tadeu a vereadora Noemi Nonato também faz parte da comissão organizadora da PL 272 e se apresenta como favorável ao parecer em relação aos locais de culto. A vereadora como membro atuante da Câmara nos informa que diversos grupos compareceram na Câmara Municipal, a fim de debaterem sobre o assunto. Isso nos leva a observar que os agentes estão se relacionando dentro desse campo político e que a sua manutenção é muito clara, pois a vereadora como membro desse campo representa um papel de liderança. Então esse campo político no qual os agentes estão envolvidos provém da harmonização dos habitus. Essa [...] harmonização objetiva dos habitus de grupo ou de classe é o que faz que as práticas possam ser objetivamente afinadas [...]. (BOURDIEU, 2003, p.61). As práticas aqui são entendidas como os movimentos em prol da facilitação da concessão de alvará, uma quebra da burocracia instituída pela lei que rege o Estado aqui em questão. A religião para a vereadora tem papel importante na contribuição para a cidade, assim como afirma Joanildo Burity: Não se pode mais ignorar a visibilidade pública da religião na cena contemporânea. Quer no plano da cultura e do cotidiano, quer no da esfera pública e da política, os atores religiosos movimentam-se e trazem a público sua linguagem, seu ethos, suas demandas, nas mais diversas direções. (BURITY, 2008, p. 84). O excerto de Joanildo Burity é muito peculiar quando o relacionamos ao decorrer do discurso aqui analisado, pois a fala do ex-prefeito José Serra incorporada no relato da vereadora atesta que esses agentes religiosos, que nesse caso são os pastores e as igrejas, são legitimados pelo Estado na fala do exprefeito. Cabe aqui entendermos que os agentes religiosos são um apêndice do governo, tendo em vista a não precificação/cobrança pelo serviço concedido a comunidade. Isso demonstra que as religiões estão aptas no sentido de representação de papéis importantes na esfera pública, contribuindo assim para a formação da sociedade. (BANDINI, 2003). Essa representação não é somente observada aqui com as igrejas evangélicas, mas também com as religiões espíritas, por exemplo, que por vezes atendem pessoas que não têm condições de pagar por

76 75 alimentação, vestuário etc. e são vistas geralmente entregando alimento àqueles que dormem nas ruas das cidades. Um projeto muito conhecido é da Igreja Universal do Reino de Deus, intitulado Anjos da Madrugada 108, que tem como base auxiliar pessoas em situação de rua de maneiras física, social e espiritual. Em relação aos fiéis que responderam aos questionários, obtivemos os seguintes números na figura de número 10. Figura 10: Posição dos fiéis acerca da PL % 17% 4% TEM POSIÇÃO DESCONHEÇO NÃO RESPONDEU Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai Somente 4% dos pesquisados não responderam a pergunta e os fiéis que responderam que tinham posição sobre a PL 272, não discorreram sobre qual tipo de posição estavam falando. Esses 17% não indicaram se realmente sabiam sobre o que se tratava a PL, pois não obtivemos comentários para realizar análises. Já a grande maioria com 79% desconhece a PL 272, que teve início no ano de 2015, o que nos leva a questionar: Por quais motivos esses fiéis desconhecem a PL 272? Tentaremos aqui refutar sobre algumas hipóteses em relação ao desconhecimento desses fiéis. Em um primeiro momento, podemos pensar que essas informações não chegam ao eleitor pelos meios de comunicação. No entanto, podemos entender que a grande maioria dos eleitores questionados está familiarizada com os coletivos da cidade e nesse sentido, destacamos um folder que se assemelha muito aos que estiveram dentro dos ônibus e vans no período em que a lei estava em tramitação. 108 Para saber mais sobre o projeto Anjos da Madrugada, acessar o conteúdo que está disponível em: < Acesso em: 10 nov

77 76 Figura 11: Lei de zoneamento Fonte: Viably blog. Disponível em:< Claro que aqui estamos realizando conjecturas em relação ao desconhecimento do cidadão, que aqui é o fiel assembleiano das igrejas mencionadas. Outra hipótese a ser trabalhada é a de que esses fiéis mesmo desconhecendo o (s) informativo (s) divulgados nos coletivos e estabelecimentos como sub-prefeituras, Ceu s, postos de saúde entre outros é a disponibilidade de horário ao comparecer nessas sessões, que em sua maioria ocorreram nos períodos vespertinos na Câmara Municipal, que fica localizada no centro da cidade de São Paulo. Mais uma hipótese que poremos aqui é a de que esses fiéis possivelmente não se interessam pelos trâmites burocráticos dos quais constituem uma lei ou Projeto de lei. Geralmente são as pessoas que exercem um perfil de liderança dentro de uma comunidade ou grupo que participa mais ativamente de sessões como essas, haja vista que no relato da vereadora Sandra Tadeu, observamos que ao término ela fala de um padre que estava lá em uma das audiências. Como um dos recursos utilizados nessa pesquisa de campo foi o elemento observatório, atestamos que o pesquisador que lá estava em uma das audiências constatou que no momento em que era concedida a palavra ao munícipe, a maioria desses era de padres, inclusive líderes de paróquias de parte do município de São Paulo. Em linhas gerais, podemos estabelecer uma relação de manutenção do campo político entre as vereadoras, no sentido de que elas exercem a função pública e organizam as leis com os demais vereadores. Mais do que a manutenção do campo político, temos as evidências da manutenção do campo religioso que são observadas em seus habitus. O fato de exercerem liderança perante aos munícipes/fiéis, permite que as suas arguições sejam legítimas, pois em conformidade com o saudoso Max Weber o papel de condutores de homens e que a ele se dá obediência não por costume ou devido a uma lei, mas porque neles se

78 77 deposita uma fé. (WEBER, 2008, p. 58). Além disso, BOURDIEU (1989) vai nos dizer que o habitus do político supõe uma preparação especial, até mesmo porque o político precisa ter competência específica para ter sucesso no jogo político. Na esteira da análise de campo político e sua constituição por intermédio do jogo, passemos agora para umas das perguntas que permitem uma reflexão mais direcionada acerca do campo religioso e seus agentes. Dessa maneira, perguntamos: Quais são os principais desafios de um cristão no ambiente político? Para a vereadora Sandra Tadeu: Olha ó, esse principal desafio de um cristão no ambiente político, eu acho que é, ah, o papel é igual a todos né, você tem que ter a sua, o seu caminho, você tem que ter a sua conduta, você quer fazer aquilo com que você acredita entendeu, então é isso que eu tento fazer né tudo o que a gente leu, o que a gente ouviu, o que a gente aprendeu como um cristão eu ponho essa vida cristã que eu recebo eu ponho em prática para que eu atenda as pessoas lógico eu não sou Deus para estar resolvendo tudo, tem coisas que você consegue tem coisas que você não consegue, até para falar não com as pessoas ah não sei, não posso aqui todo mundo tem que ter um jeito de falar ou não, mas eu falo não você entendeu? Eu já, eu parto do principio quando as pessoas me procuram para fazer alguma coisa tentar eu falo, o não nós já temos agora nós vamos tentar o sim se Deus assim permitir a gente consegue sim, mas se não a gente tenta. (TADEU, 2015) O relato inicial da vereadora Sandra Tadeu, nos traz a equivalência entre ser ou não cristão no ambiente político, haja vista que o papel é igual a todos. Mais uma vez percebemos que em linhas gerais o discurso está voltado para uma manutenção do campo político, pois o fato de serem pessoas que possuem os mesmos desafios tira a responsabilidade de serem rotulados por conta de sua posição religiosa, que nesse caso é ser cristão evangélico. Na contramão dessa afirmação realizada pela vereadora, temos em seu discurso a evidência de que particularmente o seu habitus, que segundo BOURDIEU (1989) vem a ser um conhecimento adquirido ao longo de sua experiência de vida e é aqui constituído de valores cristãos, sendo que as características recebidas por meio de leituras e audições acerca do que é ser cristão, são norteadoras de suas atitudes. Mais um fato importante a ser destacado é que as possíveis reivindicações dos munícipes estão a ser aprovadas por instituições acima dela, pois como a vereadora aponta tem coisas que você consegue tem coisas que você não cosegue e consequentemente não são de total competência da política entrevistada. Como liderança política, cabe ressaltar a maneira direta que a vereadora diz não ao

79 78 munícipe, deixando claro que certas situações estão acima da sua alçada ou competência política. O papel representado por Sandra Tadeu aqui reforça a ideia de que ela constitui a manutenção do campo em questão, sendo uma espécie de agente especializado, que segundo WEBER (2008) é o agente que está responsável por realizar uma determinada ação entre aqueles que estão em uma estrutura. A estrutura aqui é o campo político que é composto pelo contato entre agentes que buscam o mesmo ideal, pois estão tentando concretizar uma ação comum, que pode ser, por exemplo, um asfalto a ser implantado em uma rua, um alvará a ser expedido para a criação de uma igreja entre outras solicitações. Complementando as respostas das pelas vereadoras, seguiremos com a resposta de Noemi Nonato: Olha, são os mesmos de todos... não tem... são os mesmos dos demais vereadores. É, ou seja, defender o cidadão, garantir os seus direitos, mas com um olhar espiritualizado. A gente procura, como eu acabei de falar agora, procura seguir... não vou dizer regras, mais a gente procura andar segundo a bíblia, a gente procura fazer as coisas certas e mesmo que a gente tente ou consiga andar certo, a gente sempre tem barreiras pela frente, decepções, acusações e isso é normal [...].. (NONATO, 2015). Da mesma maneira que a vereadora Sandra Tadeu iniciou a sua resposta a vereadora Noemi Nonato também, inclusive afirmando que não tem, ou seja, que não há desafios específicos de um cristão no ambiente político. Nesse sentido, com determinada afirmação podemos classificar que há um habitus de classe muito claro na posição política das vereadoras, pelo menos no início da resposta, pois como mulheres políticas estão determinadas a fazer aquilo que é de certa forma comum a todos os demais vereadores, ou seja, cumprir com o seu papel na vereança. O fato de se expressarem da mesma forma indica que suas atitudes estão em harmonia para conservação do campo político, com a aplicação de seus deveres políticos. O habitus de classe é identificado também no decorrer da resposta, pois assim como a vereadora Sandra Tadeu se apresenta como cristã, a missionária Noemi Nonato também. O princípio norteador da conduta política e de vida de Noemi Nonato é a Bíblia, que funciona também como espécie de manual que a orienta acerca das possíveis dificuldades que venham a aparecer na sua trajetória política. Não há como não perceber que as vereadoras nessa resposta apresentam expressões de cunho pessoal em relação ao servir como mulheres cristãs na política. Vale destacar o olhar espiritualizado das vereadoras, que corrobora com

80 79 aquilo que Paul Freston apresenta na relação entre os seres humanos, que nesse caso vai do político para o povo. A preocupação com os fracos não é questão de generosidade, mas de direitos, porque estes são o outro lado da moeda das responsabilidades. Ora, a responsabilidade faz parte da essência do ser humano, criado à imagem de Deus. É o que é minha responsabilidade é o direito do meu próximo, e vice-versa. (FRESTON, 2006, p. 61). O colocar o que aprendeu em prática com uma doutrina cristã e andar segundo a Bíblia, são características que se assemelham na conduta das vereadoras. Assim, o fato de serem pessoas preocupadas com aqueles que estão precisando de algo, nesse caso os cidadãos que as procuram para realizar possíveis reivindicações está em acordo com o exercer a responsabilidade para com o seu próximo. Mesmo que as atitudes sejam em certos pontos diferentes, podemos identificar que essas características trazidas pelas vereadoras são pontos constitutivos do habitus de classe, pois como mulheres cristãs evangélicas, as mesmas procuram evidenciar que o princípio norteador de suas decisões está pautado em Deus. Ter os princípios pautados em Deus, aqui entenderemos que seja em uma base religiosa, mesmo que na Bíblia não haja uma correlação entre Deus e uma religião voltada para Si. No entanto, temos no livro de Tiago que A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo. (TIAGO 1:27). Quando as vereadoras se apresentam como mulheres religiosas, o excerto bíblico é muito favorável as suas correspondências de vida, pois como tais, elas procuram ajudar o seu próximo, conforme as instruções bíblicas aqui mencionadas. Do outro lado da moeda, temos a resposta dos fiéis assembleianos que indicou que 67% dos pesquisados entendem que há desafios a serem desbravados pelo cristão no ambiente político, já os demais 33% desconhecem existir desafios nesse sentido.

81 80 Figura 12: Principais desafios de um cristão no ambiente político 43% 31% 13% 6% COMPORTAMENTO CORROMPER DEFENDER A CULTURA RELIGIOSA CRISTÃ TENTAR MUDAR A SOCIEDADE Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai Em titulo de análise dos percentuais recebidos pelos fiéis, podemos identificar que o maior bloco se representa pela atitude comportamental. Os 43% que responderam ser o comportamento característica fundamental para ser instituída como desafio pensa em uma conduta de certa forma correta. Afinal, aquele que é escolhido por Deus, tem de ser o sal da terra e luz para o mundo. Nesse sentido, a revista de lições bíblicas da CPAD do mês de maio de 2016 traz o seguinte comentário realizado pelo pastor José Gonçalves: Nesta lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio social como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado. Todavia, como ser moral e espiritual temos deveres para com o outro. Não somos apenas cidadãos do céu (Fl 3.20), somos também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros. (LIÇÕES BÍBLICAS, 2016, p. 51). A revista da escola dominical da Igreja Assembleia de Deus, nos apresenta um modelo de ação social e espiritual ensinado em suas aplicações. A lição explanada sobre os deveres civis, morais e espirituais corrobora com o assunto aqui explanado nas respostas dos fiéis. Quando pensamos em modelo de vida cristã, o fiel possivelmente recorre a Bíblia para trilhar os seus caminhos ou aplica os ensinamentos recebidos na escola dominical ou cultos, que por sua vez também são pautados na Bíblia, segundo a doutrina da Igreja Assembleia de Deus. Os pontos mencionados pelo comentarista são aplicáveis as respostas em um modo geral, mas muito mais para as respostas de percentual 43 e 31, sendo comportamento e corrupção respectivamente. Não podemos aqui, determinar com ponto final que essas respostas estão baseadas na explanação da revista, mas não podemos também deixar de identificar que um habitus de classe é apresentado com essas características. Esses fiéis entendem que o comportamento e o não se corromper

82 81 constituem grandes desafios para um cristão no ambiente político. As constituintes da moral e do espírito como estruturas estruturantes se encarregam de traçar um perfil do cristão, sendo ele político ou não, pois como tais precisam uns dos outros e assim esse campo religioso vai se transformando e se conservando, à medida que, esses habitus desses cristãos vão se confrontado dentro desse campo. A parcela que corresponde a 13% dos pesquisados nitidamente vê esse agente político religioso como um defensor da cultura religiosa cristã. Nesse sentido, podemos entender que essa liderança vai trazer a manutenção do campo. Pierre Bourdieu vai dizer que [...] Weber está de acordo com Marx ao afirmar que a religião cumpre com uma função de conservação da ordem social contribuindo, nos termos de sua própria linguagem, para a legitimação do poder dos dominantes [...]. (BOURDIEU, 2009, p.32). O que ocorre nesse modelo é que o político cristão como ser dominante dentro desse campo simbólico vai legitimar a religião cristã como correta em um sentido de conservação para com os seus irmãos fiéis, que entendem que exista uma necessidade de defesa sobre o seu credo religioso. Os 6% que entendem que o político cristão tem de tentar mudar a sociedade, pode ser representado por aqueles que creem que sua postura como cristão possa trazer uma realidade diferente para a sociedade em que vivem. No entanto, Freston vai nos apontar que A classe política evangélica é muito parecida com a classe política em geral. Não são os grandes vilões da história; mas certamente não são o sal da terra e a resposta para o Brasil. (FRESTON, 2006, p. 37). É possível que essa classe política realmente não seja aquela que mudará a sociedade, mas para alguns fiéis as chances de isso acontecer pode estar naquele político que o representa na organização e elaboração das leis. Outra observação acerca do comportamento de um cristão foi realizada por Robinson Cavalcante ao escrever que: O compromisso básico do cristão é para com o seu Senhor, a Palavra, e sua consciência. Em decorrência, não pode admitir compromissos totais e incondicionais neste mundo, seja com pessoas, seja instituições. À presença alia-se a identidade. Devem ser cristãos os movimentos formados por cristãos que não separam sua vida espiritual do dia-a-dia da existência, mas desejam que os homens, os grupos e os Estados venham a convergir para a Cruz, que almejam viver em um País governado por homens governados por Deus. (CAVALCANTI, 1988, p. 233).

83 82 Assim, a última pergunta a ser analisada nesse capítulo está em uma categoria de gênero. Maria das Dores Campos Machado e Fabiana Melo de Figueiredo escrevem um artigo relacionado a política municipal na cidade do Rio de Janeiro com candidatas evangélicas. Claro que as temáticas aqui abordadas são diferentes, no entanto, o artigo permite que façamos reflexões sobre a verificação das respostas da seguinte pergunta realizada para as (os) pesquisadas (os): A vereadora acredita que há diferenciação entre os sexos dentro da câmara? Como por exemplo, homens têm mais voz ativa/credibilidade do que mulheres? Sandra Tadeu entende que: Na verdade eles acreditam que tem voz ativa maior então eles gritam mais, e aparece mais porque aqui e uma Câmara com 55 vereadores nós somos cinco e eles são em 50 () mas eu grito e meu grito também tem que ser ouvido, entendeu, mas eles acham que eles têm uma voz ativa mais () e a gente acaba deixando acreditar, mas quem, eu grito e eles têm que me ouvir, e eles ficam nervosos, eles dizem que eu que estou nervosa e que eles não estão nervosos então é aquela briga, mas é isso aí. (TADEU, 2015). O discurso da vereadora é muito claro em relação ao que ela constata dentro da Câmara Municipal. Ao lermos, podemos identificar que existe uma relação conflituosa dentro desse campo simbólico, que aqui entenderemos como o campo da linguagem. Acerca do habitus linguístico Bourdieu vai nos dizer que: [...] em primeiro lugar para o habitus linguístico (capacidade de utilizar as possibilidades oferecidas pela língua e de avaliar praticamente as ocasiões de utilizá-las) que, sob tensão objetiva constante, se define por um grau de tensão maior ou menor (correspondente à experiência num mercado linguístico de um grau de tensão determinado); em segundo lugar, voltar-se para o mercado linguístico (definido por um grau de tensão médio e/ou por um certo nível de aceitabilidade); finalmente para o interesse expressivo. (BOURDIEU, 2003, p.168). Dentro desse interesse expressivo, os homens se apresentam de maneira mais contundente em seus gritos frente as mulheres da câmara, até mesmo porque são maioria, conforme nos diz a vereadora. Ao dizer que eu grito e eles têm que me ouvir, a vereadora leva o conflito ideológico ao plano literal, pois como se constatou na observação participante por parte do pesquisador, realmente a vereadora Sandra Tadeu se faz ouvir quando discursa, pois é conhecedora dos assuntos envolvidos caso observado em uma das visitas à câmara- e pelo motivo de possuir uma trajetória política consolidada, não se entregou aos questionamentos realizados no dia.

84 83 Seguindo o exposto acima com a intenção de continuarmos a nossa análise, traremos o discurso da vereadora Noemi Nonato. Não. A gente tem andado tranquilamente aqui na casa. É claro que as vezes, é, as mulheres ficam tristes né, por exemplo, é eu acho que em toda história dessa Câmara nós tivemos uma mulher presidente, eu acho que só teve uma se não me engano, que eu não vou saber dizer exatamente, mais assim, fica aquela coisinha ah... é só os homens que dominam e bê bê bê pá pá pá, só que assim, nos respeitam a gente trabalha tranquilamente, de igual pra igual e nós somos em cinco mulheres. O problema está aí, parou aí. A mulherada que está me ouvindo, acho que é importante, vocês que estão me ouvindo procurarem e fazer parte de um partido, se filiarem a um partido, participar um pouco mais é, das discussões do bairro, procurar trazer pra esta casa de leis os projetos que vocês acham importantes né. Acho que importante as mulheres participarem, porque assim se não a gente não consegue crescer né. Primeiro mandato estou no terceiro mandato, do primeiro até agora se teve muita mulher foi seis mulheres, sempre diminui pra uma, seis, uma se candidata a deputada e sai, então cinco, seis, cinco, quatro e sempre nessa faixa. Então a mulherada, precisa realmente acreditar, eu mesma achava impossível e estou aqui. Eles nos respeitam, a gente trabalha junto com eles tranquilamente, inclusive nós temos comissões de mulheres aqui na casa, que é na saúde e nós estamos levantando, abrindo uma subcomissão da mulher, porque nós temos defendido muito aqui nessa casa a questão da par (), a questão da não violência doméstica né, que a violência doméstica não se trata simplesmente é de agressão física, mas moral não é, social. E as mulheres acabam realmente morrendo, não é que a mulher mais frágil porque ela é mais sensível em algumas questões, mais nós estamos lutando para que isso, se não tenha um fim, pelo menos amenize, então a gente está trabalhando bastante essa questão [...]. (NONATO, 2015). A vereadora Noemi Nonato não vê uma diferenciação entre os sexos na Câmara Municipal em contrapartida, lamenta o fato de serem poucas dentro desse cenário político eleitoral, principalmente no que se refere a uma liderança instituída legalmente, como no caso de presidência da câmara. Como o número de mulheres na Câmara é relativamente baixo em relação aos homens que lá estão, a vereadora utiliza da entrevista para incentivar mulheres a entrarem na política. O discurso da vereadora nesse momento é de transformação do campo político ao convocar as mulheres em defesa dessa causa igualitária. Sobre essa questão, podemos entender que: O campo político é pois o lugar de uma concorrência pelo poder que se faz por intermédio de uma concorrência pelos profanos ou melhor, pelo monopólio do direito de falar e de agir em nome de uma parte ou da totalidade dos profanos. O porta-voz se apropria não só da palavra do grupo dos profanos, quer dizer, na maioria dos casos, do seu silêncio, mas também da força desse mesmo grupo, para cuja produção ele contribui ao prestar-lhe uma palavra reconhecida como legítima no campo político. (BOURDIEU, 1989, p. 185). Ao realizar o papel de porta-voz das mulheres nesse momento em que é uma representante feminina no poder legislativo, a vereadora Noemi Nonato apresenta-

85 84 se como liderança e modelo vitorioso de embate ideológico, no que se diz respeito a uma possível discriminação de gênero na sociedade contemporânea. Ela é uma mulher que discursa em prol daquelas pessoas que não creem no dia de amanhã, pois se refere a sua trajetória de vida quando diz que eu mesma achava impossível e estou aqui. A verbalização de sua trajetória como modelo vencedor tem como ponto principal a legitimidade reconhecida para com a sociedade, tanto a política como a não política. Essa maneira de se apresentar como liderança feminina dentro do campo político corrobora com que Machado e Figueiredo apresentam em seu artigo escrevendo que Sem sombra de dúvida, a participação das mulheres brasileiras no jogo político partidário-eleitoral é um fenômeno de extrema importância na revisão das desigualdades de gênero que permeiam as diversas instâncias da sociedade. (MACHADO e FIGUEIREDO, 2002, p. 145). A desigualdade de gênero que ocorre no ambiente eleitoral é fruto de uma política criada em um berço onde homens detinham o poder e aos poucos isso está mudando no cenário político contemporâneo, haja vista a lei de A mesma questão foi apresentada aos pesquisados das igrejas. Vale ressaltar que em nossa pesquisa não realizamos distinção de gênero ao emitir os questionários. Sendo assim: Figura 13: Diferença entre os sexos na Câmara Municipal segundo os fiéis 63% 38% SIM NÃO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai A maioria dos fiéis respondeu que há diferenciação entre os sexos na câmara. O fato de termos poucas mulheres dentro da política brasileira pode ter levado os 109 Art. 93-A. O Tribunal Superior Eleitoral, no período compreendido entre 1 o de abril e 30 de julho dos anos eleitorais, promoverá, em até cinco minutos diários, contínuos ou não, requisitados às emissoras de rádio e televisão, propaganda institucional, em rádio e televisão, destinada a incentivar a participação feminina na política, bem como a esclarecer os cidadãos sobre as regras e o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro. (Redação dada pela Lei nº , de 2015). Acesso em: 15 nov. 2016

86 85 63% dos pesquisados a se manifestarem dessa forma. Já os 38% restantes não acreditam que haja diferenciação. A questão aqui apresentada não obteve nenhum comentário sobre possíveis diferenciações de gênero na Câmara Municipal, o que nos impede de realizar uma análise mais detalhada desse posicionamento. Desse modo, para que não haja nenhum tipo de equívoco ou até mesmo falta de academicismo na leitura, não traçaremos um perfil dos fiéis nessa questão.

87 86 5 A RELAÇÃO ENTRE VEREADORES E ELEITORES, PERSPECTIVAS DE UM AMBIENTE POLÍTICO O presente capítulo tem como finalidade apresentar como se dá o relacionamento entre os vereadores e os eleitores. Como no capítulo anterior tratamos as respostas de maneira analítica discursiva, utilizando os teóricos que abordam as questões de política e religião. As vereadoras são uma espécie de padrão nas respostas pelo lado político, até mesmo porque não sabemos se todos os eleitores aqui pesquisados por meio de questionário votaram nas mesmas. Sendo assim, utilizemos o primeiro modelo de análise com a vereadora Sandra Tadeu. O seu eleitorado é predominantemente da igreja que tem membresia ou é constituído por outras igrejas evangélicas? Não. O meu mandato tem outras igrejas evangélicas, mais eu também trabalho muito no secular, eu tenho, eu gosto de atender a população, gosto de ver o problema do posto de saúde, da praça, do buraco. A gente atende essa demanda toda também, a gente, todos que nos procuram eu tenho informativo que eu lanço as vezes, mês sim e mês não, as vezes a cada dois meses, onde a gente coloca nível dos projetos que a gente tem, o nosso serviço, é o nosso trabalho. (TADEU, 2015). Inicialmente já podemos constatar que a vereadora tem seguramente votos de outras igrejas que não seja a Assembleia de Deus, bem como votos do ambiente secular. Como mencionado antes a vereadora já está em um quarto mandato político e isso pesa muito a favor da disseminação de seu nome nos ambientes eleitorais, não só por esse fato, mas também por ser uma pessoa ativa em relação as situações do município, como ela mesma relata. Aqui temos a caracterização da política que segundo WEBER (2008) é o sentimento de responsabilidade, que se caracteriza com a sua preocupação em relação ao que ocorre na esfera institucional política. A responsabilidade evidenciada aqui é clara no discurso, quando diz que que eu lanço as vezes, mês sim e mês não, as vezes a cada dois meses, onde a gente coloca nível dos projetos que a gente tem, o nosso serviço, é o nosso trabalho. O fato de ser uma representante política que fornece uma espécie de boletim de suas atividades corresponde ao senso de responsabilidade indicado por Max Weber. No mesmo diapasão a vereadora Noemi Nonato discursa que:

88 87 Nosso eleitorado é bem mesclado, até porque hoje eu congrego na Assembleia de Deus do Brás e já fui da Assembleia de Deus do Belém. Mais a gente tem várias igrejas que nos apoiam, mais a Assembleia de Deus tem nos dado muita força, muita força mesmo, tem ajudado bastante. Mais a gente tem outras aí composto com a gente como comunidades, igrejas de bispos, apóstolos, reverendos, enfim. (NONATO, 2015). A missionária também por ter uma carreira política consolidada possui um eleitorado bem mesclado. Mas, é importante ressaltar que dentro desse eleitorado a parcela evangélica é maior, pois como ela mesma menciona, já foi membro da Assembleia de Deus do Belém. Outro ponto observado em pesquisa de campo foi que grande parte dos munícipes que iam até o seu gabinete da Câmara Municipal pertenciam a igrejas que são de responsabilidade do ministério Madureira e isso nos ajuda a identificar que esse eleitorado pode ser predominantemente evangélico. Estamos aqui falando de um campo religioso que é conservado pelo contato direto entre líder religioso evangélico e seus adeptos assembleianos. Isso pode ser confirmado com as observações que foram realizadas por alguns membros em conversa quando não só dois ou três diziam a missionária nos ajuda muito com as questões da nossa família. A ajuda aqui expressa pelos fiéis funciona como uma espécie de nominação acerca da irmandade em Cristo. Tal terminologia foi verificada em muitos discursos dos fiéis observados no gabinete da vereadora. Em outra resposta já verificada aqui nesse trabalho, observamos que Pierre Bourdieu fala sobre essa questão de dominação do campo realizada pelos agentes que são mais capazes. Isso também identificamos na teoria weberiana do político carismático, que tem as qualidades necessárias para se apresentar com legitimidade frente aos que nele depositam confiança. Para defrontarmos a questão por parte dos fiéis pesquisados, nós remetemos a seguinte questão: Conhece algum vereador evangélico? Figura 14: Percentual de conhecimento de vereadores e/ou candidatos evangélicos 88% 13% SIM NÃO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai. 2016

89 88 Os números apresentados são surpreendentemente díspares, pois 88% não conhece ao menos um vereador evangélico. Alguns fatores podem ser levados em consideração nessa percentagem, tais como a data em que foi realizada a pesquisa de campo com esses fiéis, que estava longe das eleições municipais, bem como falta de informação sobre a política municipal. Se formos tentar realizar algum tipo de análise acerca do campo simbólico, aqui representado pelo campo político é evidente que não há uma relação entre os agentes, pois os fiéis desconhecem vereadores evangélicos. Na subjetividade dos relacionamentos, temos os 13% que conhecem um vereador evangélico e coincidentemente é a vereadora Noemi Nonato, que é conhecida pelo seu título eclesiástico de missionária e por sua carreira de cantora gospel. Nas respostas dissertadas, os comentários foram de seguinte ordem: conheço a missionária Noemi Nonato, conheço a cantora Noemi Nonato. Não podemos afirmar aqui que essa resposta foi condicionada pelo entendimento de um fiel em relação ao outro, como, por exemplo, um reconhece a vereadora Noemi Nonato e o outro só escreve que a conhece porque o irmão escreveu. Mas o fato de termos respostas que mencionam o cargo de missionária e a profissão de cantora, nos remete a pensar que a vereadora é conhecida aqui por esses 13%, por conta de suas qualidades/atributos não políticos. A vereadora é sem dúvida conhecida por ser cantora gospel há muitos anos e pelo seu trabalho missionário ao longo dos anos pelo país. Para a parcela menor de pesquisados que correspondem os 13%, podemos dizer que estão dentro do mesmo campo simbólico que a vereadora Noemi Nonato, pois suas atribuições fora do ambiente político se faz presente ao menos na memória desses fiéis eleitores. Outra questão acerca dos mandatos políticos das vereadoras foram realizadas, no entanto, as respostas das vereadoras estão em concordância com a resposta anterior e servem como uma espécie de complemento para a análise, assim relataremos onde ocorrem as campanhas das vereadoras em época de eleições. Começaremos por Sandra Tadeu e em seguida por Noemi Nonato: Ocorre e não ocorre também. Eu trabalho com a comunidade, com o secular que eu te falei eu atendo várias regiões aí onde a gente tem um trabalho ais concentrado ou muitas vezes as pessoas vem a nossa procura pra ajuda melhor a questão da praça, da rua, da poda ou algum processo alguma coisa nos procuram nesse sentido. (TADEU, 2015).

90 89 O campo político de atuação da vereadora Sandra Tadeu está em conformidade com a resposta anterior, pois apresenta a sua atividade presente frente as questões dos munícipes no espaço público e se levarmos em conta a sua característica religiosa. Podemos dizer que, conforme GIUMBELLI (2008) a presença do religioso no espaço público é legitimada, não só por sua presença como liderança eclesiástica, mas também com o seu modo de atuar com a sociedade. Nessa mesma via, destacamos o comentário da vereadora Noemi Nonato, acerca dessa presença no espaço público quando menciona que A campanha ocorre na igreja sim, mas também nas associações de bairro, nas comunidades ligadas ao esporte, cultura e outros. Nós não podemos ignorar ninguém, todos são bem-vindos e a gente procura abranger no geral. (NONATO, 2015). Essa presença no espaço público está de acordo com a teoria de manutenção do campo político, em vias de todos estarem por perto e presentes no sentido de serem ouvidos e atendidos. Trabalhar com todas as comunidades mencionadas aqui permite mostrar que a vereadora Noemi Nonato está realizando a manutenção do campo político, guiada pelo seu habitus de contato, para com os demais agentes que pertencem ao mesmo campo simbólico, esses demais agentes aqui são os eleitores de diversas camadas, tanto evangélicos, como não evangélicos que estão inseridos nas culturas, no esporte entre diversas outras. Como essa questão se apresentou como um complemento da pergunta anterior, passemos para a próxima que tem como tema central as reivindicações. Assim perguntamos: No decorrer das campanhas, quais são as principais reivindicações do eleitorado? Se sim, quais projetos já foram sancionados e/ou vetados? A resposta da vereadora Sandra Tadeu é demasiada longa, no entanto, nos apresenta elementos que são considerados importantes para análise: Na verdade, o que mais pedem as pessoas, elas nem imaginam, elas nem requerem, elas falam em projeto. Raríssimo, é sempre uma pessoa mais assim ah situada em algum órgão em alguma ONG em alguma coisa direcionada que pensa em algum tipo de projeto, mas depois não existe isso, o que existe hoje, existe assim você está na comunidade, ah o pessoal vai questionar você que não tenha saúde, que o posto de saúde não tem um médico, que não tem isso, a escola, a creche, que ela precisa por os filhos na creche e não tem a creche, as escolas porque mudou a escola, agora ela tem dois filho um ficou aqui o outro ficou lá. Então na verdade, o que eles discutem para nós são as medidas que muitas vezes o governo faz ou a campanha que eles divulgam. Eu digo governo, tanto Estado quanto da Prefeitura, eles não põem fiz tantas mil casas eu vou abrir tantas Unidades

91 90 Básicas de Saúde eu vou tentar colocar toda criança na creche e nós temos quase 180 mil crianças fora da creche, aproximadamente é isso. Então essa é a reivindicação, ou não consegue fazer um exame ou não consegue arrumar uma vaga no hospital ou muitas vezes tá parado numa UTI e precisa transferência e eles vêm aqui ver se a gente consegue tá mudando, que isso também é uma coisa difícil, por que tudo isso tem um sistema dentro da Prefeitura, quanto do Governo, por que em termos de saúde a gente tem falar em Estado e Prefeitura, é e é aquela lista ali as pessoas muitas eles acham que a gente já vai colocar a pessoa que a gente vai ajustar isso, mais isso dificilmente ocorre por que tem um sistema que a turma acompanha lá, então eles vão dando preferência aos casos mais graves, eles têm um método lá que eles vão dando preferência quando as vagas vão aparecendo, entendeu. Então praticamente o que nos pedem na rua são coisas diárias que você sofre diariamente é multas, é transito, acham que você vai resolver problema de multa, não tem como você resolver problema de multa, mais você acaba atendendo a pessoa você acaba explicando o que como eu estou aqui com você eu tem norma que as pessoas venham aqui pra gente explicar como funciona, como isso até para eles entenderem o que é a Câmara de vereadores. Então mais ou menos é essa a sistemática. Dos projetos eles pouco falam, a gente que vai nos locais e ainda faz propaganda, por exemplo vou te dar um exemplo eu proibir o telefone celular nos bancos é meu é de minha autoria, então isso é uma coisa fácil das pessoas entenderem, então você vai e explica olha houve uma diminuição das saidinhas de banco, isso e aquilo agora melhorou e tal e tal, então você muitas vezes é que faz a propaganda do seu projeto porque as pessoas ah eu não sabia que era você olha e não é assim que as pessoas que não tem nível social, nada disso não tem essa hoje é são todos iguais o nível lá embaixo ou nível social o interesse por isso é mesmo entendeu? As pessoas, só que as pessoas de nível mais inferior, não inferior, um pessoal mais carente, ele tem essas problemáticas na questão de saúde em todas essas questões de creche de vaga de escola né. Mais o que eu queria mostrar para você as vezes você fala do projeto ah não me fala que é esse o seu projeto ((entrevistador)) sobre o uso de aparelhos sonoros ((Vereadora Sandra Tadeu)) também. Poucas pessoas sabem, porque eu acho que as pessoas tem um certo preconceito, eu fiquei foi esse projeto foi ano passado foi de 13 para 14. Eu fiquei na véspera de Natal eu fiquei com a TV Globo falando meia hora, meia hora, mais até com o repórter da Globo do SPTV, o projeto ficou falando aí vários dias, nenhum citou o nome da vereadora só falava assim Prefeito Haddad sancionou o projeto que obriga as pessoas usarem os aparelhos.[...] Olha eu fico tão danada da vida que acontece o seguinte vou te dar um exemplo ele deu aquela área do SESI do mercado central, conhece o municipal aqui pra fazer. É uma área imensa, fizeram um estardalhaço na TV, então eu via o Skaf de um lado e o Haddad do outro falando da escola que o SESI vai fazer, tal tal. Quando, isso de um final de semana pra cá, quando eu acabei de ver na televisão, toda Comissão de Justiça vai lá para desafetar a área que não sei o que, para se fazer uma escola do SESI. Poxa, mas nenhum vereador foi convidado para ir lá e se nós aqui da casa não tivéssemos dado a anuência que ele poderia ceder, não iria fazer a escola do SESI lá, você está entendendo? Tudo tem que ter um aval aqui, mas não eu não sei se as pessoas também trabalham aqui os vereadores eu estou toda hora eu brigo com isso. Eu acho que as pessoas devem saber da importância do vereador, porque não é todo mundo que é picareta, que tudo político, entendeu? É complicado, as vezes a gente fica até meia triste desanimada as vezes. E olha que eu falo, vamô que vamô. (TADEU, 2015). A vereadora Sandra Tadeu tem como ponto de partida as reivindicações realizadas pela população do ponto vista sanitário, que perpassa pelo ambiente educacional até voltar ao sanitário. Esses dois pontos abordados permite-nos

92 91 interpretar que todos os agentes estão em constante contato, a fim de realizar transformações nos campos simbólicos e de atuação. Quando aqui falamos de campo simbólico, podemos entender que o contato estabelecido por eles formam, conforme BOURDIEU (2009) um habitus socialmente instituído, que como sistema de disposições de estruturas estruturantes se apresenta com um caráter transformador desse campo simbólico. Um ponto fora do sistema educacional e sanitário é o das convenções de trânsito, que reconhecemos como multa. A vereadora poderia muito bem agir como um político que procura se estabelecer no poder realizando contatos, a fim de sanar os problemas das multas do munícipe, no entanto, se vale do discurso de que isso não é de sua competência. Na sequência, a vereadora Sandra Tadeu aborda a questão dos projetos que em sua concepção os eleitores falam pouco e, por esse motivo a vereadora realiza o papel de dominante no campo político ao dizer que a gente que vai nos locais e ainda faz propaganda. Esse é um típico movimento realizado geralmente por aquele que influencia. Nesse caso a sua ação de propagandear os seus projetos é considerada uma estrutura estruturante nos habitus desses munícipes. Como referencial dos projetos de lei que se tornaram leis, Sandra Tadeu discorre sobre dois projetos, que apresentamos em outro capítulo. Ao discorrer sobre os projetos, a vereadora busca o reconhecimento da grande mídia (rede Globo e rede Record) em relação ao estabelecimento da lei de sua autoria, mas não foi o que ocorreu. Em seu discurso podemos evidenciar que não só a vereadora fica desconhecida no ápice do projeto, como também ela mesma já presenciou outra vereadora não receber o crédito devido em relação a uma lei instaurada pelo prefeito jamais ninguém citou o nome dela lá, como não citam o meu. Ao reconhecer que não é legitimada perante a criação das leis, a vereadora relata sobre o campo político constituído pelos vereadores. Esse campo tem como característica o habitus de classe, que segundo BOURDIEU (2003) é também constituído por suas maneiras de entender o mundo ao qual estão relacionados e nesse caso estão imbricados no campo político, que é mantido e transformado por esses habitus de classe dos políticos. Ao defender o campo político constituído pelos agentes da vereança, Sandra Tadeu exemplifica uma situação que ocorreu em uma parceria entre prefeitura e iniciativa privada Serviço Social da Indústria (SESI), iniciativa que passou pela Câmara Municipal e pelo crivo dos vereadores. No entanto, nenhum vereador foi convidado para participar da cerimônia de pacto entre

93 92 o Estado e a iniciativa privada ao ceder um espaço público para construção de uma escola. (WEBER, 2008), vai nos dizer que características como essas são pertencentes ao político que vive para a política, pois suas expressões pessoais afloram em sua modalidade discursiva ao dizer que É complicado, as vezes a gente fica até meia triste desanimada as vezes.. Esse desânimo mostra que existe uma necessidade de reconhecimento no que foi realizado, não no sentido financeiro, muito pelo contrário no sentido de fazer-se presente como um político que possui responsabilidades, haja vista a lei que proíbe o uso de celulares dentro das agências bancárias. Já a vereadora Noemi Nonato preferiu apresentar um tom mais técnico em relação a pergunta: Como disse antes. Eles pedem tudo, tem gente que pede absurdos, que não compete a gente mesmo. O vereador está aqui para fiscalizar o executivo, enfim o prefeito cobrar as obras e tal. Mas nós temos que prestar bastante atenção, porque a principal função do vereador como eu falei agora é fiscalizar o executivo, votar os projetos encaminhados à Câmara municipal. Nós não podemos fazer projetos que interfiram na secretaria do governo e nem projetos que provoquem despesas para o executivo. Tem alguns projetos que são um tanto exagerados, né eles são ilegais, mais a intenção do vereador é sempre boa, não é? [...] Então eu acho que a intenção do vereador é das melhores, jamais um vereador iria elaborar um projeto para prejudicar a cidade, enfim. Mais mesmo eles sendo ilegais, não competendo ao vereador a gente acaba votando favorável para ajudar esse projeto a andar um pouco né, para gente conseguir êxito. (...) ((assessor Dorivaldo)) Só um adendo, quando ela fala ilegal é que compete ao executivo as vezes né e não compete ao vereador e isso na legislação compete ao executivo e na verdade eles são ilegais, mais eles são bons para a cidade. [...]. (NONATO, 2015) O aspecto legal da situação política é relatado pela vereadora, mais uma situação que podemos evidenciar a atuação do político profissional, segundo a teoria de Max Weber. O conhecimento da vereadora em relação aos aspectos constitutivos do exercício da vereança é atestado pelo assessor dela. A esfera política apresentada nesse relato é algo bem institucionalizado, haja vista que a própria vereadora aponta a sequência dos trâmites. Obsevarmos também, o habitus de classe defendido por ela, à medida que os projetos são sempre analisados em uma ótica comum a todos os vereadores. Quando menciona que a intenção do vereador é sempre boa e Então eu acho que a intenção do vereador é das melhores, podemos verificar que as suas orientações são similares, ou seja, em um modo geral todos os vereadores procuram realizar projetos que sejam bons para todos,

94 93 inclusive para o cidadão. Esse é mais um ponto que ilustra a conservação do campo político, com a ação desses agentes e suas intenções. (BOURDIEU, 2003). Os membros assembleianos também foram questionados em relação as reivindicações. Tal pergunta exprime um certo grau de envolvimento do munícipe com as instâncias políticas, nesse caso os vereadores que os representam na elaboração de projetos e concessões na esfera política. Sendo assim: Já fez alguma reivindicação a algum candidato a vereador ou vereador? Figura 15: Percentual de reivindicações realizadas pelos fiéis 75% 4% 13% SIM NÃO NÃO RESPONDEU Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai Os entrevistados em sua maioria Diante do quadro acima exposto, podemos identificar que os membros aqui não realizou qualquer tipo de reivindicação, nem ao candidato, tampouco para o político. Temos aqui uma situação que nos leva a refutar que esses fiéis ou estão longe de um plano político ou não sabem como fazer uma reivindicação ou entendem que não há reivindicações a serem feitas dentro do município de São Paulo. Essa última hipótese podemos considerá-la como absurda, pois ao andarmos pela cidade sabemos que sempre há algo a ser reivindicado às autoridades. É bem possível que essas pessoas estejam a margem da política e consequentemente fora de um campo simbólico de atuação. Dentro de uma democracia vivida aqui no Brasil, podemos entender que parte do povo vai estabelecer um contato com o político somente em épocas de eleição, fora isso não haverá mais contato. Podemos também entender que não há conhecimento, no sentido de saber onde podem realizar possíveis reivindicações. Outra parcela de questionados não respondeu a pergunta e corresponde a 13% da totalidade.

95 94 Somente 4% já realizou alguma reivindicação para algum político. Esses 4% indagaram o político sobre melhoria de via pública, o que se refere ao calçamento e asfaltamento da rua onde ele possui moradia. Com mais um item sobre o relacionamento entre eleitores e vereadores, portanto, partamos para a pergunta que tematiza esse capítulo: O diálogo entre eleitorado e vereador é eficaz, após o término das eleições? Ele não é, por exemplo, as pessoas que o vereador consegue atingir, é eficaz, mas as coisas quando não, por exemplo, a gente não tem a imprensa, a televisão essas coisas ela não faz esse trabalho para nós ele não consegue ajudar eles não querem ajudar te dei o exemplo do projeto lá dos fones de ouvido. (TADEU, 2015). Na concepção da vereadora Sandra Tadeu o diálogo não é eficaz, uma vez que muitos cidadãos não são alcançados e segundo a sua visão, há um entrave nessa difusão de diálogo, a fim de obter-se eficácia. Mais uma vez, a vereadora entende que faz falta um meio de comunicação para isso, ou seja, isso impede que haja um relacionamento entre os agentes na constituição de um campo simbólico. Ora, a mídia seria um grande aliado da representação política na difusão do habitus dos legisladores, para que consequentemente haja um campo no qual possam exercer poder perante os demais agentes. Segundo (BOURDIEU, 1983) a comunicação realizada pelo agente dominador é dada pelo habitus linguístico, que compõe uma dimensão do habitus de classe, que nesse caso é o habitus dominante da vereadora para com os eleitores que não podem ser alcançados pela falta de instrumentos. Já a vereadora Noemi Nonato tem uma concepção totalmente diferente de Sandra Tadeu. Ah, com certeza, olha o nosso gabinete está sempre aberto a um todo para atender as demandas da população, é nós recebemos pessoas diariamente, geralmente as quintas-feiras eu tiro, sempre tirei o dia para ao sem atender associações, instituições o fã também porque eu sou cantora e então sempre vem alguns falar um pouquinho com a cantora é, enfim todo o eleitorado em si a gente atende com muito carinho e quando não estou a minha assessoria está sempre presente, né aqueles momentos que o pessoal que falar a só com o vereador então a gente marca uma agenda, porque terça e quarta são os dias mais corridos aqui na casa, comissões, CPIs, audiências públicas a gente está sempre atendendo, então é impossível alguém chegar e encontrar o vereador e pra não dizer assim eu fui lá e não encontrei o vereador não estava trabalhando então a gente está sempre no plenário, por isso as vezes eu marco, como nós marcamos agora

96 95 com você aqui na salinha, - - nós estamos aqui embaixo na sala, antessala do plenário - -. Outra coisa, a gente nunca promete o que a gente não pode, eu procuro instruir meu pessoal pra gente fazer só aquilo que está ao nosso alcance, nem tudo está ao nosso alcance. (NONATO, 2015). A maneira de conservar o campo político para a vereadora Noemi Nonato é bastante peculiar, pois é dotada de um carisma que foi observado em diversas oportunidades durante a pesquisa de campo. O gabinete da vereadora serve como um local que ouve as demandas dos que a procuram, tendo em vista a grande rotatividade de pessoas por lá. O fato de ser uma pessoa que vive para política segundo o modelo weberiano, permite que ela receba muitas visitas e exprima seus valores pessoais, tanto na entrevista aqui concedida, como no dia a dia na Câmara Municipal. Como modelo de controle do campo simbólico a vereadora elege um dia específico para a recepção de fãs, eleitores e demais solicitantes, como no caso dessa entrevista também. Dentre 100% dos fiéis questionados, 83% entende que não há diálogo após a eleição e somente 17% entende que existe um diálogo, conforme gráfico abaixo: Figura 16: Percentual de eficácia no diálogo entre vereadores e eleitores segundo os fiéis 83% 17% SIM NÃO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai Se para a maioria não existe diálogo é possível que exista uma lacuna entre os políticos e as pessoas que os elegem, ou pelo menos para esses fiéis que foram questionados. Dessa maneira, não há constituição de um campo simbólico estruturado pelos habitus dos agentes em questão, pois os agentes encontram-se longe uns dos outros e, portanto, não há possibilidade de entendermos uma relação de dominante e dominado, somente uma relação de eleitos e de pessoas que referendam uma eleição.

97 Perspectiva política das vereadoras e dos fiéis A partir desse momento, algumas questões serão tratadas dentro de suas esferas comuns, isso quer dizer que as perguntas e respostas não serão espelhos como nas demais análises. As questões de entrevista e de questionário possuem um direcionamento mais especifico e, portanto, serão trabalhadas por um prisma diferenciado. A primeira pergunta dessa categoria realizada para as vereadoras foi a seguinte: O partido político faz diferença no período de eleições? Se sim, quais os pontos eficazes a serem destacados? Eu acho assim, quando um partido ele está dentro de uma administração e flui bem administração o cara faz alguma coisa que aí e fácil, não é que é fácil aí esse partido é um partido bom ou para você coligar para você se filiar, por exemplo, o PT teve um tempo atrás que era um partido até que bom para você, faz diferença ele estava no auge com o Lula, o Lula estava dizendo que a economia estava maravilhosa, que tudo era maravilhoso que ele tinha acabado com a fome dos pobres entendeu? A economia parecia que estava subindo, então isso faz diferença, eu acho que nessa eleição quem esta no PT ou nos partidos que coligarem com PT eu acho que eles tem um certo prejuízo, não sei, esse é a opinião que eu tenho e você, o que você acha? (TADEU, 2015). Na visão da vereadora Sandra Tadeu o partido político faz diferença sim em um período eleitoral, haja vista as condições necessárias para se obter uma boa administração, conforme indicado pela vereadora. Ao mencionar a questão de filiação para com um partido político, a vereadora utiliza como exemplo o partido dos Trabalhadores (PT), que antes era atrativo de se filiar, mas com o passar do tempo o trunfo acerca do assunto economia foi se esvaindo e consequentemente foi perdendo apoio e credibilidade, tanto ao que se filia, como ao que se coliga. Nesse sentido Sandra Tadeu enxerga que há um prejuízo aos que estão em acordo com o partido do ex-presidente da República no atual momento da política brasileira e dessa maneira, uma boa administração faz a diferença sim. Noemi Nonato também entende que o partido faça diferença sim: Ele faz sim, não é. Mas, embora ele não seja fundamental para a eleição em si, ele é fundamental porque você precisa se identificar um pouco com o seu partido, com o programa do partido, com as suas propostas e quando não há essa identificação ou não te deixam espaço pra atuar, por exemplo, tem alguns partidos que a gente tem certa dificuldade para dialogar, de falar um pouco de nossas propostas, de andar lado a lado, ombro a ombro é difícil. Então o vereador acaba se sentindo um pouco incomodado, um pouco desprezado e ele acaba procurando outro partido quando há oportunidade de sair. Eu, por exemplo, estava no PSB e não deu pra gente ficar e acabei vindo pro PROS, por questão governamental mesmo e acabei e estou por aqui. (NONATO, 2015).

98 97 Dentro do ambiente político partidário, há momentos dos quais o político tem de estar de acordo com a ideologia do partido, da mesma forma que trabalhamos esse conceito de ideologia em outro capítulo, aqui o político tem de estar de acordo. Quando isso não acontece há uma indisposição, segundo a vereadora e é aí que ocorre um conflito dentro do campo político. Pelo fato de não ser fundamental para a vereadora a instituição política para a eleição, podemos identificar que isso se manifesta nas suas relações político-partidárias, tendo em vista que antes ela estava no PSB como indicou, passou para o PROS e nessa temporada está no PR para mais 4 anos de vereança em São Paulo. Isso tem muito a ver com o que MAINWARING (2001) vai dizer sobre as características pessoais do candidato sobre o partido. O partido político se torna assim, uma forma institucional de adentrar na política, forma única de se fazer, pois sem partido o candidato não existe e tampouco disputa uma eleição. É bom deixarmos claro que, as análises realizadas aqui em relação ao partido político e vereador não estão condicionadas a uma faixa de interesse do político e sua igreja, ou seja, não estamos analisando se as candidatas pentecostais têm em seus mandatos a direção da igreja, corroborando com seu atuar ou até mesmo sugestões no sentido de atenderem demandas oriundas de líderes religiosos. Esse ponto de vista será tratado um pouco mais adiante. O último elemento a ser analisado em relação as respostas obtidas pelas vereadoras entrevistadas, está voltado para a questão de leis que compreendem evangelização. Entendemos que esse item pode nos fornecer evidências para a constituição de um campo político de representação evangélica na Câmara Municipal. Existe um diálogo eficiente entre os vereadores, sobre os projetos de lei ou leis que compreendem evangelização? Então isso é uma coisa que mais atinge a via especificamente para a gente não deixar morrer uma coisa muito bonita não sei se você já foi em algum Show da Fé, porque esses shows evangélicos é uma coisa totalmente diferente de você ir de qualquer lugar você não tem, pelo menos nos nossos, a gente não tem sujeira, a gente não tem ah... problemas, entendeu, bem diferente, então eu acho que e uma coisa que é um marco da cidade que reúne mais de 30 a 40 mil pessoas e acho que e isso ai. (TADEU, 2015). Quando expomos os projetos de lei das vereadoras, não apresentamos o projeto citado pela vereadora Sandra Tadeu.

99 98 PUBLICADO DOC 19/04/2012, pág. 120 JUSTIFICATIVA PL 173/ A presente propositura, tendo em vista o compromisso do Poder Público com o reconhecimento e proteção de manifestações de grupos participantes do processo de formação da cultura nacional, visa instituir no âmbito do Município de São Paulo o dia do evento sócio-cultural denominado Show da Fé, uma tradicional festa popular gratuita que atrai milhares de pessoas vindas de todo o Estado. O evento é realizado há mais de dez anos. Porém, foi a partir de 2003, com o tema FOME ZERO, que a mobilização ganhou repercussão. Na oportunidade, segundo dados da Secretaria Municipal de Abastecimento - Banco de Alimentos da Cidade de São Paulo, o evento arrecadou 85 toneladas de alimentos secos. Desde 2004, o Vale do Anhangabaú tornou-se a casa do encontro, realizado anualmente na Capital, com a finalidade de promover a união de pessoas de várias denominações religiosas em uma celebração composta por música e louvor, O encontro possui grande repercussão no Município de São Paulo. Assim sendo, ante a motivação exposta, pedimos o voto favorável dos Nobres Membros da Câmara, por se tratar de medida de relevante interesse público. (CÂMARA MUNICIPAL - SP, 2012). O evento denominado Show da fé é de autoria da vereadora Sandra Tadeu, com anuência em É importante frisarmos que na justificativa desse evento, não há uma especificidade mencionando que é um dia de evento evangélico e sim com a finalidade de promover a união de pessoas de várias denominações religiosas em uma celebração composta por música e louvor. Nas palavras da vereadora é um evento que é uma grande festividade para cidade, uma espécie de marco sociocultural. Nesse caso, podemos nos valer da reflexão realizada por Paula Montero, quando diz que a religião está fora de seu lugar isto é, está invadindo a esfera pública que deveria ser autônoma com relação às crenças e, em conseqüência disso, está tornando-se ela mesma mercadoria, ao assumir uma lógica própria aos espaços profanos de consumo de massa. (MONTERO, 2009, p. 8). O evento em questão possui os traços dessa lógica explicitada pela antropóloga, não somente em relação a comercialização dos bens simbólicos, mas também com a utilização de instrumentos que são próprios de eventos da esfera secular. No evento, são observados vários líderes religiosos conduzindo a massa com seus microfones aumentando o seu campo simbólico ao saírem do mundo privado e penetrando na esfera pública. A resposta da vereadora Noemi Nonato é concebida de outra maneira, inclusive no oposto de uma concepção de Sandra Tadeu em uma questão respondida anteriormente. 110 Projeto Show da Fé. Documento disponível em: < Acesso em 10 de Nov. 2016

100 99 Não exatamente. Cada um tem seu trabalho, defendem suas bandeiras aqui na casa. Já me perguntam se nós temos uma bancada evangélica, não, não temos. Por que não temos? Porque cada vereador aqui tem um segmento, ou seja, Assembleia de Deus, Universal é o vereador que foi eleito pela Brasil para Cristo, vereador que foi eleito pela Batista, né, enfim e outras Igrejas Assembleia de Deus e tal. Então cada um de nós temos um interesse diferenciado um pouco. É e quando se trata de um projeto, que fere um pouco os princípios da igreja, porque a gente acha que vai prejudicar, aí a gente se une, todo mundo se une e a gente acaba conversando com os demais vereadores, assim como eles quando tem algum projeto que vai prejudicar o seguimento dele, eles vem e pedem auxílio para os vereadores evangélicos. Depende muito de situações, não que agente trabalha aqui simplesmente, dizer assim eles fazem acepção. A gente não faz acepção, a gente tenta compreender e acaba dando certo e os irmãos ficam felizes. (NONATO, 2015). Ao dizer que cada um defende sua bandeira, a vereadora apresenta uma divisão entre os evangélicos da casa. Ela afirma não existir uma bancada evangélica, diferentemente da vereadora Sandra Tadeu em outra resposta que diz existir uma bancada evangélica. Para explicar o fato de não existir uma bancada evangélica, a vereadora se apoia nos segmentos de cada político. Nesse relato em específico, tomamos como fundamentação o conceito explanado por Saulo de Tarso Cerqueira Baptista. O contexto faz o político. Esta afirmação exige esclarecimentos específicos no caso do político pentecostal. Por se tratar de político que pertence a um coletivo suprapartidário, mas com interesse em algumas questões, ele deve atender às demandas da instituição que o conduziu ao parlamento ou ao executivo. Além disto, como o seu grupo de interesse não é um segmento econômico, profissional, ou de políticas específicas, como é o caso de certas bancadas, tipo a ambiental, da saúde, educação, habitação e semelhantes, o político pentecostal necessita estar sintonizado com os anseios diversos da sua igreja que representa. (BAPTISTA, 2009, p.286). Para nos apoiarmos na afirmação do professor Saulo, nos basta estabelecer relação entre a sua teoria e o discurso da vereadora. O contexto realmente irá fazer o político, tendo em vista que quando algo pode prejudicar ou ferir os princípios da igreja, automaticamente os vereadores se unem e fazem aquilo que lhes é correto. Isso também nos coloca na esteira da teoria de Pierre Bourdieu, pois o habitus de classe aqui identificado vai agir como instrumento de conservação do campo religioso, por intermédio da política. O fato de trabalharem juntos para a manutenção desse campo religioso dentro do cenário político faz com que os políticos ajam de forma pensada e estruturada, visando assim interesses que lhe são conferidos. Enfim, todos os irmãos ficam felizes, quando o resultado é positivo, mesmo não existindo uma bancada evangélica, somente existindo o modelo de político pentecostal, que nesse caso específico foi constatado. Depois de analisarmos as

101 100 últimas questões voltadas para as vereadoras, nos debrucemos em duas questões que foram apresentadas aos fiéis em relação ao conhecimento político. Em nosso capítulo que apresentamos a questão técnica do processo eleitoral, não coube realizar essas reflexões que seguirão abaixo: O seu voto é direcionado para o partido político ou para o candidato? Figura 17: Direcionamento do voto do fiel 96% 4% PARTIDO POLÍTICO CANDIDATO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai Conforme dissertamos no capítulo de questão técnica, a prática recebida nas questões apresenta a constatação da teoria política da baixa institucionalidade partidária, ou seja, De forma geral, os estudos sobre os partidos no Brasil compartem a idéia de que as organizações partidárias são instituições frágeis. (MENEGUELLO, 1998, p. 28). Com apenas 4% das respostas, podemos apurar que o partido político não possui força perante as qualidades pessoais do candidato. Segundo BORGES (2007) no caso brasileiro há uma estrutura institucional que favorece o político individualmente em relação ao partido que está vinculado, pois os partidos políticos não conseguem estabelecer laços com esses eleitores. O partido político, não se faz presente como norteador das ideologias políticas dos questionados. Por outro lado, podemos entender que os 96% aqui representam o eleitor que vota naquele candidato, que em teoria o representa e isso faz com que as eleições de lista aberta sejam as eleições nas quais um candidato forte leva consigo os menos fortes, que são do partido ou fazem parte de uma coligação. Por fim e não menos importante analisaremos a questão que se apresenta como elemento de extrema importância para o trabalho, pois essa questão representa o interesse que o fiel assembleiano das igrejas estudadas tem em relação a política. Nesse tocante perguntamos: Qual o seu interesse em política?

102 101 Figura 18: Percentual de interesse em política segundo os fiéis 42% 34% 16% 8% NENHUM POUCO RAZOÁVEL MUITO Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo 17 mai A questão nos traz uma realidade de certa forma aquém do ambiente politizado, pois os fiéis em sua maioria não possuem nenhum tipo de interesse em política. Os 42% dos pesquisados que responderam não ter nenhum interesse por política, podem dizer o porquê de certos comportamentos observados nas respostas ao longo do trabalho, tais como não conhecer vereador evangélico e realizar alguma reivindicação a candidatos ou políticos. A falta de interesse na política corrobora com a falta de conhecimento sobre vereadores que professam a fé protestante, pois se o fiel evangélico não conhece um irmão que é vereador, logo, podemos entender que o seu voto é direcionado para candidatos não evangélicos ou em outras oportunidades para brancos e nulos. Em relação as reivindicações, podemos entender que se existe falta de conhecimento para com candidatos e políticos municipais evangélicos, as suas localizações também podem ser desconhecidas, caso da Câmara Municipal ou diretório municipal no qual o candidato se instala em período eleitoral. Reforçando a ideia de que o desconhecimento pode ter sido advindo da ausência de relação com a política, 34% aqui nessa pesquisa pouco se interessa por política e com isso nos leva a pensar mais fortemente que, esse ser alheio à prática política pode ser um fator determinante para uma espécie de indiferença. É possível pensarmos que essa indiferença é algo que não deixa o munícipe estar a par de assuntos que socialmente são importantes para sua cidade. Geralmente, assuntos importantes da esfera social são tratados por líderes políticos, que aqui no caso são os legisladores municipais.

103 102 Para aqueles que possuem um razoável interesse por política, responsáveis pelos 16% podem ser pessoas que estão de alguma maneira, cientes de algumas situações políticas, sejam elas pela mídia, sejam elas por conversas e constatações nas estruturas e superestruturas. Com 8% temos aqueles que se interessam muito por política e possivelmente sejam aqueles que estão mais integrados da situação do cenário político. Sendo assim, as respostas concedidas em questionários, foram de certa forma sucintas, o que não permite realizar uma análise mais detalhada em relação a essa perspectiva acima apresentada. Com as respostas analisadas, tanto por parte das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, como por parte dos fiéis pesquisados, chegamos ao término das análises, permitindo assim que passemos as considerações finais dessa pesquisa.

104 103 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho aqui exposto buscou percorrer um breve histórico do pentecostalismo brasileiro a fim de compreender as perspectivas histórico, religiosas e políticas do fiel assembleiano, o qual, exerce seu voto no município de São Paulo. Procuramos compreender o processo eleitoral a partir de um ponto de vista técnico, pois, tínhamos em mente, estruturar uma situação que envolve um processo institucional e uma experiência por muitos desconhecida. É evidente que muitos pesquisadores dentro da sociologia e das ciências da religião (Baptista, Campos, Freston, Machado entre outros) trabalham o tema religião e política. Partindo de uma intencionalidade de entender as perspectivas políticas e eleitorais dos fiéis aqui estudados, buscamos apresentar de maneira didática como ocorre o processo eleitoral e como ele é visto e vivido, tanto por políticos como por eleitores. Ao escolhermos como objeto de pesquisa a Igreja pentecostal Assembleia de Deus, buscamos tratar um tema com a maior instituição pentecostal do país, o que nos permite apreender muito dentro dessa diversidade de ministérios. Em consonância a isso, também como pode ser entendido o pensamento desses fiéis. O tema de perspectiva político-eleitoral desses agentes religiosos foi tratado tendo como fundamento Pierre Bourdieu e Max Weber. As teorias utilizadas nessa pesquisa permitiram que pudéssemos entender o campo simbólico, juntamente com o habitus. Essas teorias criadas por Pierre Bourdieu para preencher uma espécie de lacuna nas teorias de Durkheim, Weber e Marx, foram fundamentais para entendermos a constituição da perspectiva eleitoral dos assembleianos escolhidos. Como habitus entendemos um sistema de disposições dotado de estruturas estruturantes, que estão presentes no jogo, que é disputado no campo simbólico pelos agentes formuladores desses habitus. A análise das entrevistas realizada ao longo das questões permitiu que ficassem claros os conceitos de habitus e campo. Em conjunto com as teorias de Pierre Bourdieu, utilizamos também as teorias de Max Weber com os conceitos de carisma e político profissional. O carisma foi detectado e explanado nos discursos das mulheres políticas, assim como o fundamento de político profissional. O campo observado durante o trabalho ora foi conservado e ora foi transformado. Isso se deu graças a definição dos habitus dos agentes envolvidos na disputa. Nos capítulos que continham as análises, tivemos a oportunidade de

105 104 entender o pensamento desses pesquisados em relação as suas perspectivas políticas. No capítulo de interpretação de visão eleitoral, observamos a perspectiva das políticas e dos fiéis em relação a uma possível diferença entre candidatos evangélicos e não evangélicos. As vereadoras inicialmente responderam que não havia diferença, mas no decorrer do discurso constatamos que elas se enquadram como diferentes em relação aos políticos seculares, pois são cristãs evangélicas. Da mesma maneira que as vereadoras pessoalmente se destacam, os fiéis também entendem que exista diferença, principalmente pelo ponto de vista religioso que aqui foi aplicado. A segunda pergunta respondida pelas vereadoras mostrou que no entendimento delas, somente parte de seus eleitores sabiam qual é função de um vereador. Do mesmo modo, os fiéis corroboraram para a manutenção daquilo que consideramos como campo simbólico. Como pergunta técnica acerca de uma lei instituída na cidade de São Paulo em relação ao uso e ocupação do solo, as vereadoras se apresentaram tecnicamente conhecedoras do projeto, até mesmo porque são políticas que fazem parte da organização dessa lei. Diferentemente das vereadoras, os fiéis pesquisados em sua maioria não tem posição sobre a lei aqui apresentada e, consequentemente tem a ver com a não participação política do eleitorado em questão, que foi verificada no último capítulo. A pergunta seguinte está relacionada aos principais desafios que um cristão pode enfrentar no ambiente político. As vereadoras inicialmente responderam que não há desafios a serem desbravados por um cristão no ambiente político, e que todos possuem desafios (religiosos ou não). Um pouco mais adiante nos discursos das duas vereadoras há uma inversão de papéis, com a ideia de que seus caminhos são trilhados conforme a ordem religiosa sim, não no sentido doutrinário de igreja, mas em um sentido espiritualizado segundo a Bíblia e conhecimentos cristãos. Taxativamente os fiéis responderam que existem sim desafios para um cristão dentro do ambiente político, principalmente com uma escala de respostas que perpassam pelo comportamento, corrupção, defesa da cultura religiosa cristã e tentar mudar a sociedade. Para apoiar essa perspectiva dos fiéis, trouxemos ensinamentos que são fornecidos pela escola dominical das Assembleias de Deus. A pergunta derradeira do capítulo envolve a questão gênero, no sentido de verificar nas perspectivas dos pesquisados se, há diferenciação ou não em relação a

106 105 mulheres e homens na Câmara Municipal de São Paulo. Para a vereadora Sandra Tadeu há sim uma diferenciação que está sempre em pauta, principalmente pelo fato serem mulheres, serem assim minoria na Câmara Municipal. Já a vereadora Noemi Nonato preza por um discurso mais brando em relação a essa questão de gênero, dizendo que não há uma diferenciação, mas admite que haja uma disparidade entre os sexos na câmara, inclusive na questão de liderança política. Os fiéis pesquisados entendem que há diferenciação entre os sexos sim na Câmara Municipal, mas nada além da posição, ou seja, sem comentários tecidos em relação a pergunta. No capítulo que corresponde ao relacionamento e perspectivas de um ambiente político, foram analisadas mais algumas questões em relação as vereadoras e fiéis assembleianos. O primeiro bloco de questões teve como objetivo analisar as respostas das vereadoras em conjunto com as dos fiéis, assim como no capítulo anterior. Um pouco mais adiante as respostas foram separadas, pois as perguntas não possuíam uma referência de espelho como as demais. Desse modo, perguntamos se o eleitorado observado por elas eram predominantemente das igrejas que congregavam? As duas vereadoras apresentaram em seu discurso que não são constituídos somente por membros de igrejas evangélicas, mas também de eleitores do ambiente secular, haja vista que são políticas que possuem uma carreira consolidada como vereadoras. Em balanceamento a essa questão, procuramos saber entre os fiéis se eles conheciam algum vereador evangélico? Maciçamente (88%) responderam que não. Isso nos levou também a entender que o fato de não conhecerem vereadores evangélicos implica também na não eleição de evangélicos, logo esses fiéis também podem ser pessoas que não estão a par da política brasileira. Dentro dessa perspectiva de eleitores que não conhecem vereadores evangélicos, buscamos saber quais foram as principais reivindicações realizadas pelo eleitorado para as vereadoras e, quais reivindicações foram realizadas pelos próprios questionados. Muitos dos questionamentos realizados pelos munícipes, não são da esfera que competem a elas, salvo nos casos de saúde e educação observados por Sandra Tadeu, que ao longo de seu relato comentou sobre seus principais projetos. Já a vereadora Noemi Nonato preferiu ser mais genérica na sua resposta e comentou mais sobre a intenção dos vereadores em geral. Questionados em relação as reivindicações realizadas por eles, os fiéis mais uma vez se apresentaram distantes do campo

107 106 político ao serem representados por 75% de pessoas que não realizaram qualquer reivindicação. No decorrer das análises, procuramos saber se o diálogo entre vereadores e eleitorado é eficiente após as eleições. A vereadora Sandra Tadeu, assim como os fiéis entendem que o diálogo é ineficiente, ou seja, não há comunicação após o término das eleições. Em contrapartida, a missionária Noemi Nonato entende que o diálogo é eficiente sim e inclusive o contato é constante, o que nos levou a entender que ela como política consegue fazer de maneira bem eficiente a manutenção do campo simbólico que está inserida. A última parte da pesquisa se debruçou na perspectiva política das vereadoras e dos fiéis, com perguntas que se apresentam um pouco mais direcionadas. Para as vereadoras, indagamos se os partidos políticos faziam diferença no período eleitoral e se existe um diálogo entre os vereadores, sobre as leis e os projetos que envolvem evangelização. A primeira pergunta foi respondida por uma ótica positiva no quesito partidário, pois a instituição política faz diferença, ainda mais quando bem administrada e entendida como boa administradora. A segunda pergunta permitiu que trouxéssemos mais um projeto, a fim de realizar uma análise, tendo em vista que o projeto é de cunho religioso e realizado no espaço público, o qual foi instituído em 2013, por iniciativa da vereadora Sandra Tadeu. Já a vereadora Noemi Nonato nos relatou que não há uma bancada evangélica e, que cada vereador pertence a um segmento, ou seja, cada vereador está ali para defender de certa forma interesses das suas respectivas ordens religiosas/igrejas. Em última análise, questionamos os fiéis acerca de suas perspectivas políticas da seguinte forma: O seu voto é direcionado para o partido político ou para o candidato? Qual o seu interesse por política? As perguntas atestam o que escrevemos ao longo da pesquisa, quando mencionamos que no caso brasileiro, o candidato tem mais prestígio do que o próprio partido político, o qual faz parte e isso se dá também, pelo fato de não conseguirem se enraizar na sociedade como instituições. Nessa mesma apuração, identificamos o nível de interesse político desses fiéis em específico e, detectamos que muito mais da metade dos questionados não possui nenhum e pouco interesse por política, elucidando muito do que pode ser analisado durante o trabalho. Portanto, por se tratar de um estudo de caso, a pesquisa pretendeu apresentar a perspectiva política dos assembleianos pertencentes aos ministérios

108 107 Jesus é a Fonte da Vida e Ipiranga. De forma similar, trouxemos os relatos das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, como farol das perspectivas do político evangélico assembleiano no âmbito municipal. Com as teorias de Pierre Bourdieu e Max Weber procuramos categorizar o conceito de habitus e campo para as duas partes pesquisadas, para que assim pudéssemos chegar ao resultado de que, mesmo sendo evangélicos pertencentes a mesma denominação, as suas perspectivas se assemelham somente nos pontos que implicam a manutenção do campo religioso, pois o campo político em grande parte das respostas, foi conservado ou transformado pelo habitus das políticas que foram entrevistadas. Não podemos ainda deixar de mencionar que os fiéis aqui estudados, são pessoas que não se interessam por política, logo, são pessoas que nessa pesquisa entendemos que, façam parte de um ambiente democrático, instituído para votar naqueles que lhes são apresentados. No caso brasileiro, a democracia é o modelo que se apresenta romanceado para o eleitor, pois como constatamos muitos eleitores não possuem interesse na política e, isso pode se dar também pela falta de escolha que essa população tem para votar. Mas, ora, na democracia não se pode escolher em quem votar conforme a sua vontade? Sim e não. Digamos sim, no momento em que você acredita ter escolhido a melhor opção de voto, para representar-lhe nas esferas políticas. Digamos não, pois esse modelo democrático, o qual as pessoas entendem como modelo de escolha na realidade é um referendo a ser realizado pelo eleitor, pois as escolhas são realizadas dentro das instituições políticas e não pelo eleitor. Logo, o eleitor referenda a opção que mais agrada aos líderes políticos de seus respectivos partidos, vencedores nas eleições. Como elemento de estudo, esperamos que essa análise possa contribuir para pesquisas futuras dentro das ciências sociais e da religião, como parte ou trecho a ser refletido dentro de uma análise de perspectiva política de um determinado grupo, que aqui é intitulado como evangélico.

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115 114 ANEXO A - Art. 5º da Lei 4.737/1965. ANEXOS Ser alfabetizado (saber ler e escrever); Ser maior de 18 anos de idade na data da posse; Certificado de reservista (apenas para pessoas do sexo masculino); Ter nacionalidade brasileira (ser brasileiro nato ou naturalizado); Estar em dia com a Justiça Eleitoral; Possuir pleno exercício dos direitos políticos. (ELEIÇÕES 2016, 2016).

116 115 ANEXO B Partidos Políticos 0001 SIGLA NOME DEFERIMENTO PRESIDENTE Nº NACIONAL 1 PMDB PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA 15 2 PTB PARTIDO TRABALHISTA CRISTIANE BRASIL 14 BRASILEIRO 3 PDT PARTIDO DEMOCRÁTICO CARLOS LUPI 12 TRABALHISTA 4 PT PARTIDO DOS TRABALHADORES RUI GOETHE DA COSTA FALCAO 13 5 DEM DEMOCRATAS JOSÉ AGRIPINO MAIA 25 6 PCdoB PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL 7 PSB PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO 8 PSDB PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA LUCIANA BARBOSA DE OLIVEIRA SANTOS CARLOS ROBERTO SIQUEIRA DE BARROS AÉCIO NEVES DA CUNHA PTC PARTIDO TRABALHISTA DANIEL S. TOURINHO 36 CRISTÃO 10 PSC PARTIDO SOCIAL CRISTÃO EVERALDO DIAS 20 PEREIRA 11 PMN PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL 12 PRP PARTIDO REPUBLICANO PROGRESSISTA TELMA RIBEIRO DOS SANTOS OVASCO ROMA ALTIMARI RESENDE PPS PARTIDO POPULAR ROBERTO FREIRE 23 SOCIALISTA 14 PV PARTIDO VERDE JOSÉ LUIZ DE FRANÇA 43 PENNA

117 PTdoB PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL LUIS HENRIQUE DE OLIVEIRA RESENDE PP PARTIDO PROGRESSISTA CIRO NOGUEIRA LIMA 11 FILHO 17 PSTU PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO JOSÉ MARIA DE ALMEIDA PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO 19 PRTB PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO 20 PHS PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE IVAN MARTINS PINHEIRO* JOSÉ LEVY FIDELIX DA CRUZ EDUARDO MACHADO E SILVA RODRIGUES PSDC PARTIDO SOCIAL JOSÉ MARIA EYMAEL 27 DEMOCRATA CRISTÃO 22 PCO PARTIDO DA CAUSA RUI COSTA PIMENTA 29 OPERÁRIA 23 PTN PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL JOSÉ MASCI DE ABREU PSL PARTIDO SOCIAL LIBERAL LUCIANO CALDAS 17 BIVAR 25 PRB PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO 26 PSOL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE MARCOS ANTONIO PEREIRA RAIMUNDO LUIZ SILVA ARAÚJO PR PARTIDO DA REPÚBLICA ALFREDO 22 NASCIMENTO 28 PSD PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO GUILHERME CAMPOS JÚNIOR, no exercício da presidência PPL PARTIDO PÁTRIA LIVRE SÉRGIO RUBENS DE 54 ARAÚJO TORRES 30 PEN PARTIDO ECOLÓGICO ADILSON BARROSO 51

118 117 NACIONAL 31 PROS PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL OLIVEIRA EURÍPEDES G.DE MACEDO JÚNIOR SD SOLIDARIEDADE PAULO PEREIRA DA 77 SILVA 33 NOVO PARTIDO NOVO JOÃO DIONÍSIO 30 FILGUEIRA B. AMOÊDO 34 REDE REDE SUSTENTABILIDADE GABRIELA BARBOSA 18 BATISTA 35 PMB PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA SUÊD HAIDAR NOGUEIRA 35 (*) Nos termos do 1º do art. 58 do estatuto do PCB, para fins jurídicos e institucionais, os cargos de Secretário Geral do Comitê Central e de Secretário Político dos Comitês Regionais e Municipais equiparamse ao de Presidente do Comitê respectivo.

119 118 ANEXO C Votação individual nos partidos A, B e C VOTOS INDIVIDUAIS PARTIDO A PARTIDO B PARTIDO C VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS C3 VOTOS INDIVIDUAIS C2 VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS B4 VOTOS INDIVIDUAIS C1 VOTOS INDIVIDUAIS B3 VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS C4 MARGEM MÍNIMA DE VOTOS EM SÃO PAULO NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS EM 2012 VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS A2 VOTOS INDIVIDUAIS A1 A3 VOTOS INDIVIDUAIS VOTOS INDIVIDUAIS A4 B1 B2

120 119 ANEXO D Votação total dos partidos A, B e C VOTOS COLETIVOS PARTIDO A PARTIDO B PARTIDO C VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS C1, C2, C3, C4 VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS B1, B2, B3, B4 VOTOS COLETIVOS MARGEM MÍNIMA DE VOTOS EM SÃO PAULO NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS EM 2012 VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS VOTOS COLETIVOS A1, A2, A3, A4

121 120 ANEXO E Artigo 30 da Constituição Federal. Art. 30. Compete aos Municípios I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (BRASIL, 1988).

122 121 ANEXO F Vereadora quer tornar 7 de setembro o Dia da Independência em Cristo em SP Câmara Municipal de São Paulo Projeto de lei 443/2014 Para a capital paulista, o feriado de 7 de setembro poderá não mais significar apenas a lembrança da independência do Brasil, mas também ser o Dia da Independência em Cristo. O desejo é da vereadora Noemi Nonato (PSB-SP), integrante da bancada evangélica. Foto: O evento, fundado em 2012 pela Igreja do Evangelho Pleno em Cristo, tem o intuito de ajudar socialmente famílias carentes com cestas básicas, como também retirar das ruas pessoas que necessitam de tratamento através de uma parceria com uma casa de recuperação e procurando estabelecer a paz e a harmonia que Cristo pode estabelecer, justifica a parlamentar. Este evento tem o seu dia estabelecido em 7 de setembro acreditando-se que este dia traz para os participantes deste evento o período de um novo tempo, novas conquistas e libertação, conclui. A íntegra do projeto de lei 443/2014 apresentado em 18 de setembro está disponível no site da Câmara Municipal de São Paulo.

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