ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

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1 si ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO n /003 RELATOR : Carlos Antônio Sarmento, Juiz Convocado para substituir o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho AGRAVANTE ELLO Puma Distribuidora de Combustíveis S/A ADVOGADO: Luiz Elias Mirando dos Santos e outros AGRAVADO: Posto de Combustíveis Nossa Senhora do Rosário e outros ADVOGADO: Antonio Magno PROCESSUAL CIVIL - Agravo de Instrumento Execução por quantia certa - Decisão interlocutória que indeferiu vários pedidos da exeqüente Quebra de sigilo fiscal do executado - Inexistência de esgotamento da via extrajudicial Bloqueio do CNPJ e CPF da empresa e dos devedores solidários - Impossibilidade Pedido de penhora mensal do salário do devedor - Impossibilidade - Aplicação de multa por litigância de má-fé e remessa dos autos à Contadoria Judicial - Reserva para apreciar o pedido após oitiva da parte contrária - Ausência de prejuízo - Decisões irrecorríveis - Decreto de segredo de justiça Hipóteses não configurados - Reforma da interlocutória apenas neste ponto Provimento parcial do agravo. Não tendo sido esgotadas todas as vias extrajudiciais necessárias à localizar bens do devedor passíveis de penhora, descabido é o pedido de quebra do sigilo fiscal. No que tange ao ato judicial que decretou o segredo de justiça do processo executivo, entendo que, neste ponto, merece reforma a decisão, diante de que a situação dos autos

2 não se enquadra nas hipóteses previstas no art. 5 9, LX da Constituição Federal, tampouco, no art. 155 do Código de Processo Civil, inexistindo razão plausível para tramitar o feito sob o manto da sigilosidade. VISTOS, presentes autos de Agravo de Instrumento. relatados e discutidos os ACORDAM os integrantes da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, rejeitar a preliminar e no mérito dar provimento parcial, nos termos do voto do relator e da certidão de julgamento de fls. 61. RELATÓRIO Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto pela ELLO PUMA Distribuidora de Combustíveis S/A insurgindo-se contra decisão interlocutória proferida pelo juízo da Comarca de Cabaceiras que indeferiu alguns dos pedidos feitos pela agravante/exeqüente, dentre eles, a requisição à Receita Federal das três últimas declarações de imposto de renda dos executados; a utilização do sistema INFOSEG para localização de bens em nome dos executados; o reconhecimento da prática de atos atentatórios à dignidade da justiça; e a decretação de segredo de justiça para o processo de execução. Pugna, assim, pela reforma da decisão agravada. Informações do juízo "a quo" acostadas às fls. 48/49. A parte agravada não apresentou contrarrazões, apesar da oportunidade conferida. A Procuradoria de Justiça dispensou-se de opinar sobre o mérito recursal. (f Is. 52/54). É o relatório. VOTO De início é de se rechaçar a alegação de ausência de motivação da decisão atacada, eis que de uma simples análise ao seu teor, vislumbra-se que a mesma encontra-se suficientemente fundamentada, tendo o MM. Juízo exposto de maneira clara e objetiva as razões pelas quais entendeu por indeferir os pleitos da agravante. Preliminar rejeitada.

3 No mérito, tenho que assiste razão em parte à agravante. No que se refere a quebra do sigilo fiscal e financeiro da empresa executada, bem como, dos devedores solidários, tenho que não merece qualquer reforma a decisão vergastada. Pretendeu a empresa agravante que fosse oficiado à Delegacia da Receita Federal desta Capital, e utilizado o sistema INFOSEG, a fim de que viessem aos autos da ação executiva cópias das declarações do Imposto de Renda dos Executados, relativos aos últimos cinco anos, tudo no intuito de localizar bens penhoráveis, e com isso ter garantido o pagamento da dívida executada. O Juízo a quo indeferiu os citados pedidos, sob o argumento de que não ter havido o esgotamento de todos os meios administrativos disponíveis à localização de bens penhoráveis, nisso acostando-se a precedentes da Corte Superior. Decidiu com acerto o juízo a quo. Como tem decidido reiteradamente a Corte Superior, o pedido do exeqüente a fim de que sejam expedidos ofícios a órgãos públicos, no propósito de ser localizado o devedor, ou bens de sua propriedade passíveis de garantir o pagamento da dívida, só pode ser deferido quando demonstrada a excepcionalidade da hipótese', ou que foram envidados pelo exeqüente, todos os esforços necessários a localização de um ou de outro, esgotando-se, por conseqüência, as vias administrativas sem o. sucesso almejado, situação essa não comprovada nos autos. jurisprudenciais: Neste sentido, veja os precedentes AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL PROCESSO DE EXECUÇÃO. SIGILO FISCAL EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À RECEITA FEDERAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. I. O STJ firmou entendimento de que a quebra de sigilo fiscal ou bancário do executado para que o exeqiiente obtenha informações sobre a existência de bens do devedor inadimplente é admitida somente após terem sido l AGRAVO I1É INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À RECEITA FEDERAL. PLEITO NEGADO PELO JUÍZO A QUO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. TENTATIVAS ANTERIORES, NA BUSCA DE BENS, AS QUAIS SE MOSTRARAM INÓCUAS. EXCEPCIONALIDADE. PROVIMENTO. 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de admitir, em situações excepcionais, avaliadas pelo Magistrado à luz das circunstâncias fáticas apresentadas no curso da execução fiscal, a quebra do sigilo fiscal ou bancário da empresa executada para que a Fazenda Pública obtenha informações sobre a existência de bens da devedora inadimplente REsp /SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/12/2008, Die 27/02/ Recurso provido.tipb - Acórdão do processo n Órgão (r Câmara ave» - Relator DESA. MARIA DAS NEVES DO E.A.D. FERREIRA - j. em 10/11/2009

4 esgotadas as tentativas de obtenção dos dados na via extrajudicial. 2. Agravo regimental provido. (AgRg no REsp I135568/PE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 18/05/2010, DJe 28/05/2010) De ressaltar que, o sistema INFOSEG, ao contrário do que sustenta a agravante, não se presta à localização de bens em nome do executado, visto que, a dita rede trata-se de uma ferramenta de integração das informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, auxiliando também a atividade de inteligência, não servindo, portanto, para o fim pretendido pela exequente. No que alude ao pedido de penhora mensal em percentual a ser descontado do salário do devedor Ricardo Jorge Farias Aires, também andou bem o juízo ao indeferí-lo, dada a impenhorabilidade de vencimentos e/ou subsídio para o fim de suprir pagamento de dívidas civis, impossibilidade esta que decorre da lei. No que tange a aplicação de multa por litigância de má-fé e reconhecimento de práticas de atos atentatórios à dignidade da Justiça, neste ponto, fica a sua análise prejudicada, diante de que, sequer houve pronunciamento do magistrado a quo a esse respeito, na medida em que reservou a sua análise para após a oitiva da parte contrária, em atendimento, assim, ao princípio do contraditório e da ampla defesa, no que agiu com acerto. Irrecorrível, também, é a decisão no ponto em que o juízo 'a quo' determinou a remessa dos autos à Contadoria Judicial, porquanto inexistente demonstração de prejuízo para a agravante, devendo esta decisão ser admitida como despachos de mero expediente, necessários ao impulso processual, a teor do que dispõe o 3g do art. 475-B do CPC 2. Andou bem, também, o juízo a quo ao indeferir o pedido de bloqueio de CNPJ e CPF da empresa executada e de seus sócios, porquanto tal pleito não encontra amparo na legislação processual ou constitucional, não podendo o Judiciário obstar o livre exercício da profissão e da cidadania, como meio de coerção ao pagamento de dívidas. Por outro lado, no que tange a decisão de submeter o processo a segredo de justiça, entendo que neste ponto merece reforma a decisão, diante de que a situação dos autos não se enquadra nas hipóteses previstas no art. 5 2, LX da Constituição Federal, tampouco, no art. 155 do Código de Processo Civil, inexistindo razão plausível para tramitar o feito sob o manto da sigilosidade. Isto posto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao agravo para reformar a decisão apenas no que se refere ao decreto do segredo judicial dos autos. 2 3g Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda, e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

5 É como voto. Presidiu a sessão, com direito a voto, o Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participou do julgamento, o Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Presente ao julgamento, o Dr. Marcus Vilar Souto Maior, Procurador de Justiça. em João Pessoa, aos vinte e três essões da Terceira Câmara Cível, e

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