COMUNICADO Nº 01/2012
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- Rafaela Marreiro Clementino
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1 COMUNICADO Nº 01/2012 Aos: Executivos de Associações de Municípios. Referente: Piso nacional do Magistério Considerando a edição da Lei Federal nº , de 16 de julho de 2008, que instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, bem como a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADIn nº , a Federação Catarinense de Municípios apresenta as seguintes orientações aos gestores públicos municipais. Profissionais do magistério público alcançados pela Lei n /08 Consideram-se profissionais do magistério da educação básica aqueles especificados no artigo 2º, 2º da lei supracitada, quais sejam: os que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases da educação nacional. No que tange à habilitação do professor para aplicação do piso, deve ser observado o art. 62 da Lei nº 9.394/1996, (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), que prevê como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
2 Valor do Piso Salarial De acordo com a Lei nº /08, e valendo-se ainda da decisão do STF que definiu o piso salarial como vencimento, tem-se que o valor mínimo do vencimento do profissional do magistério público da educação básica para o exercício de 2012 é de R$ 1.450,79. A fórmula de cálculo do novo valor do piso segue a metodologia aplicada pelo MEC a partir do parecer a Advocacia Geral da União exarada na Nota Técnica AGU nº 36/2009. Ao interpretar o parecer, o MEC aplicou, para o exercício de 2010, a variação da estimativa do FUNDEB ocorrida em 2009 sobre o ano imediatamente anterior (2008). Como resultado, o MEC publicou o valor do piso, para exercício de 2010, em R$ 1.024,67. No ano de 2011, o MEC publicou o piso salarial no valor de R$ 1.187,00. A tabela contém a memória de cálculo da evolução do piso salarial: Ano de Vigência do Piso Valores de referência do FUNDEB (R$) Referência Legal Variação (%) Valor do Piso (R$) , ,34 Portaria ,34 Portaria 788 7,86% 1.024, ,34 Portaria ,85 Portaria 538-A 15,85% 1.187, ,85 Portaria 538-A 1.729,28 Portaria ,22% 1.450,79 Fórmula de cálculo de atualização Conforme anunciado, a fórmula do cálculo de atualização do piso segue metodologia aplicada pelo MEC. Contudo, tal mecanismo considera os valores previstos pelo FUNDEB, os quais podem não ser confirmados durante a execução, trazendo certa incerteza quanto ao planejamento orçamentário. Na verdade, ao estabelecer a correção do piso pela variação anual do valor do FUNDEB, o art. 5º da Lei nº /08 foi omissa sobre quais valores a serem considerados no cálculo, se o efetivamente realizado ou o previsto. Por dedução lógica, deveriam ser
3 considerados apenas os valores efetivamente realizados, já que a previsão é mera expectativa, sendo precária e insegura sua utilização para fins de correção do piso. Entretanto, considerando que o valor realizado em cada ano somente é obtido pelo MEC em abril do ano seguinte, e que a correção do piso deve ser estabelecida em janeiro, o MEC optou por utilizar o valor do FUNDEB previsto, resultando assim na metodologia ora apresentada, a qual poderá vir a ser contestada judicialmente. Em complemento, o mecanismo de atualização automática, estabelecido no art. 5º da Lei do Piso, por mitigar o princípio da autonomia federativa, em especial no que concerne à previsão orçamentária e realização de despesa, poderá ter sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal. Finalmente, vale destacar a tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei nº 3.776/08, com o objetivo de alterar a data-base de reajuste do piso para o mês de maio, além de prever a correção pelo INPC, não mais pelo FUNDEB. Vigência do Piso Salarial O novo valor do piso salarial do magistério vigora desde 1º de janeiro de 2012, muito embora o Ministério da Educação (MEC) esteja em mora ao não publicar ato formal definindo o valor e vigência do piso. Contudo, alerte-se que o cumprimento do piso salarial por parte do Poder Executivo requer a edição de lei municipal específica, vez que toda despesa pública requer tal autorização. Caso não haja tempo hábil para aprovação da lei de adequação do vencimento dos cargos alcançados pelo piso salarial ao novo valor vigente para 2012, sugere-se prever no projeto de lei a autorização para pagamento das diferenças apuradas retroativamente à competência de janeiro de 2012.
4 Previsão do valor do Piso Salarial para o exercício de 2013 Considerando-se a metodologia de cálculo exposta anteriormente, e caso seja confirmada a previsão orçamentária da União, que levou o MEC a emitir a Portaria nº 1.809/11 prevendo o valor de referência do FUNDEB em R$ 2.096,68, tem-se um crescimento de 21,2% no piso salarial, que poderá alcançar o valor de R$ 1.759,00 em Destaque-se que a metodologia de atualização anual do piso salarial poderá sofrer alteração caso o Congresso Nacional aprove nova sistemática de revisão do piso (PL 3.776/2008) ou que a metodologia tenha sua constitucionalidade questionada perante o STF. Valor do Piso Salarial proporcional à jornada de trabalho A aplicação do piso salarial pressupõe carga horária de 40 horas semanais. Para os profissionais contratados sob carga horária distinta, o valor do piso salarial deve ser proporcional. Veja-se alguns exemplos conforme quadro a seguir: Carga horária semanal Carga horária mensal Valor do Piso Salarial (R$) 40 horas 200 horas 1.450,79 30 horas 150 horas 1.088,09 20 horas 100 horas 725,40 Extensão do Piso Salarial aos Aposentados De acordo com o art. 2º, 5º da Lei /08, o valor do piso também é estendido a todas as aposentadorias e pensões dos profissionais do magistério público da educação básica que sejam reajustadas pela paridade, ou seja, as aposentadorias e pensões alcançadas pelo art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e pela Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de Para estes servidores, o reajuste dos proventos é realizado na mesma proporção e na mesma data, sempre que a remuneração dos servidores em atividade for modificada, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
5 Valor do Piso Salarial equivale ao vencimento básico O Supremo Tribunal Federal decidiu que o piso versa sobre a quantia correspondente ao vencimento (retribuição pecuniária fixada em lei pelo exercício de cargo público) e não sobre a remuneração (vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias), ou seja, as vantagens e os adicionais pagos aos profissionais da educação não podem ser computados para fins de cumprimento do piso. Portanto, a decisão da Suprema Corte não permite mais o cômputo das gratificações ou vantagens de qualquer ordem ao vencimento para fins de apuração do cumprimento do piso. Acerca das vantagens pecuniárias já percebidas pelos servidores, a sugestão é no sentido de que os municípios reformulem o Plano de Carreira e Vencimentos, coadunando-o à nova dinâmica remuneratória imposta pela Lei nº /08, especialmente no que toca aos triênios e à regência de classe. Em suma, deverá cada município rever a política remuneratória dos profissionais abrangidos pela Lei nº /08, a fim de preservar a valorização dos mencionados profissionais em consonância com os limites e regras estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000). Repercussão do piso no Plano de Cargos e Vencimentos A Lei nº /08 limitou-se a regulamentar o dispositivo constitucional que atribui ao Congresso Nacional a competência para definir o valor do piso salarial. Assim, restou preservada a autonomia de cada ente federativo em dispor sobre a progressão na carreira e no respectivo padrão remuneratório. Em outras palavras, a definição do piso salarial não implica em efeito cascata no plano de cargos e vencimentos do magistério. De outro lado, compete ao Poder Executivo avaliar as reivindicações da categoria e o impacto orçamentário do aumento dos vencimentos, mesmo que de maneira não linear, nos demais níveis do plano, atentando-se especialmente para atender a progressão funcional, respeitadosos limites e normas previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
6 Cumprimento da hora-atividade Quanto ao cumprimento da jornada de trabalho dos profissionais do magistério, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal restou empatado, de modo que o tema pode ser novamente debatido em sede de controle difuso de constitucionalidade. Entretanto, muito embora não exista efeito vinculante da decisão do Supremo Tribunal Federal aos municípios, ante o princípio da constitucionalidade das leis, a FECAM sugere aos municípios a observância do limite de 2/3 da jornada de trabalho em sala de aula, nos termos do art. 2º, 4º da Lei n /08, sob pena de ser criado passivo financeiro elevado, na hipótese de descumprimento do dispositivo e posterior reconhecimento de sua constitucionalidade pelo Poder Judiciário. É possível, ainda, a regulamentação da matéria por lei municipal, exercendo assim a autonomia federativa, e, uma vez que a norma municipal estabeleça a hora-atividade diferentemente do previsto na lei nacional, ajuizar ação direta de constitucionalidade, buscando o reconhecimento judicial da validade da lei municipal em detrimento da nacional. Destarte, têm-se os seguintes efeitos em relação ao julgado do Supremo Tribunal Federal: i) O piso é de fato correspondente ao vencimento relativo à carga horária de 40 horas, podendo ser reduzido proporcionalmente, conforme diminuam as horas de jornada; ii) Do total da jornada de trabalho fixada, apenas 2/3 do tempo poderão corresponder a horas de efetiva interação com os alunos em sala de aula. As horas remanescentes deverão ser dedicadas as atividades extra-classe, tais como preparação de aulas e correção de avaliações. Referente ao termo horas, tem-se como referência a hora de 60 minutos. Deste modo, aos profissionais que exerçam jornada de 40 horas semanais (2.400 minutos), o limite de tempo para trabalho em sala de aula (2/3) é de 26 horas e 40 minutos (1.600 minutos), pouco importando qual o número de horas-aulas passíveis de serem ministradas neste período.
7 Lembrando que a hora-aula é o padrão estabelecido pelo projeto pedagógico da escola, a fim de distribuir o conjunto dos componentes curriculares em um tempo didaticamente aproveitável pelos estudantes, dentro do respeito ao conjunto de horas determinado para a Educação Básica, para a Educação Profissional e para a Educação Superior. Exemplificando, no caso de a escola estabelecer a hora-aula em 50 minutos, o profissional com jornada de 40 horas semanais pode ministrar, no máximo, 32 horas-aula, alcançando assim o limite máximo de tempo em sala, de minutos (32 x 50 = 1.600). Segue tabela exemplificativa da jornada a ser cumprida em sala de aula: Carga Horária Semanal Limite de tempo em sala de aula 40 horas 26 horas e 40 minutos 30 horas 20 horas 20 horas 13 horas e 20 minutos 10 horas 6 horas e 40 minutos A Federação Catarinense de Municípios renova sua disposição em colaborar na melhoria da qualidade do ensino público, sem desprezar a segurança jurídica e a autonomia financeira dos Municípios. As considerações expostas pela entidade refletem a interpretação exarada por seus consultores, sem pretensão de ser a única interpretação possível. Florianópolis, 01 de março de EDINANDO BRUSTOLIN Consultor Jurídico OAB/SC GISELE STAKFLETT Assessora Jurídica OAB/SC ERICKSEN ELLWANGER Assessor Jurídico OAB/SC ALEXANDRE ALVES Diretor Executivo da FECAM
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