SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO BRASILEIRO

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1 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO BRASILEIRO Clarissa Lins Rafael Saavedra Agosto 2007 Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável Rua Engenheiro Álvaro Niemeyer, 76 CEP Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel. +55 (21) Fax +55 (21) fbds@fbds.org.br

2 ÍNDICE Introdução... 3 Sustentabilidade Corporativa: Definição do Conceito... 5 O Setor Sucroalcooleiro Brasileiro... 7 Características Gerais... 7 Formação... 8 Organização do Setor... 9 Práticas para a Sustentabilidade no Setor Sucroalcooleiro...14 Fazenda...14 Conservação e Uso do Solo...14 Uso de Irrigação, Defensivos e Fertilizantes no Cultivo...16 Queimadas e Mecanização da Colheita...18 Condições de Trabalho...20 Usina...22 Gestão de Recursos Hídricos...23 Co-geração de Energia...24 Gestão...25 Competitividade dos produtos...25 Consolidação e Cultura de Gestão...26 Conclusão Sobre as Práticas de Sustentabilidade no Setor...30 A Visão dos Executivos Sobre os Desafios para a Sustentabilidade no Setor Sucroalcooleiro...34 Motivação...34 Capacidade de Implementação...36 Alinhamento das diversas áreas da organização...39 Utilização de ferramentas gerenciais...41 Peculiaridades nacionais e setoriais...43 Conclusões e Agenda Futura para a Sustentabilidade no Setor...45 Anexos...48 I - Metodologia da Pesquisa...48 Amostra da Pesquisa...48 Fonte e Coleta de Dados...49 Tratamento dos dados...51 Limitações do Método...51 Referências Bibliográficas...52 Artigos e Livros...52 Documentação Complementar...53 Websites

3 Introdução Este relatório é o resultado da pesquisa realizada durante o período de dezembro de 2006 a agosto de 2007 pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável FBDS, conduzida em parceria com o Forum for Corporate Sustainability Management CSM do International Institute for Management Development IMD, e com o Instituto COPPEAD de Administração da UFRJ. A FBDS foi responsável pela aplicação da metodologia, cuja concepção foi do CSM/IMD, enquanto o COPPEAD/UFRJ apoiou tecnicamente a aplicação desta metodologia no setor sucroalcooleiro brasileiro. Este trabalho foi patrocinado pelo Departamento Nacional do SESI. Figura 1 Amostra da Pesquisa Grupos do Mercado O objetivo da pesquisa foi mapear os principais desafios para a incorporação da sustentabilidade na estratégia de negócios no setor sucroalcooleiro brasileiro. Participaram desta pesquisa 11 dos maiores grupos produtores de açúcar e álcool Brasil 1, além do Grupo Brenco, por ser um novo player Stakeholders característico do atual movimento de consolidação e abertura do mercado, e mais 4 importantes stakeholders do setor: o BNDES; o Centro de Tecnologia Canavieira CTC; O Sindicato do Açúcar e do Álcool de Alagoas SINDAÇÚCAR-AL; e a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo UNICA. De acordo com a metodologia, foram realizadas entrevistas 1 O Grupo São Martinho não participou das etapas de realização de entrevistas e preenchimento de questionários. 3 54

4 com executivos-chave das instituições acima mencionadas e enviados questionários de forma a atingir, também, o nível gerencial médio. Assim, foram entrevistados no total 35 executivos de diversas áreas de atribuição, com o preenchimento de 45 questionários. Adicionalmente, a FBDS analisou documentos e informações divulgadas ao público geral pelas instituições-alvo desta pesquisa, além de outros relatórios setoriais. A metodologia completa da pesquisa está descrita em maiores detalhes na seção Metodologia da Pesquisa, na página 48. Este relatório está dividido em quatro partes. Primeiramente, o Figura 2 Níveis hierárquicos dos entrevistados conceito da sustentabilidade corporativa, por ter diversas CEO/Presidente - 14% interpretações, será definido de forma a contextualizar o leitor no tema deste trabalho. Em seguida, será feita uma Diretor - 38% Gerente - 34% Coordenador - 14% breve apresentação das principais características do setor N=35 sucroalcooleiro brasileiro. Após isto, o relatório abordará as principais práticas de sustentabilidade no setor, e a sua presença nas instituições pesquisadas, utilizando-se de informações de domínio público. Finalmente, este relatório apresentará as percepções dos executivos do setor quantos aos principais desafios para a incorporação da sustentabilidade na estratégia de negócios do setor sucroalcooleiro brasileiro. 4 54

5 Sustentabilidade Corporativa: Definição do Conceito Embora exista uma definição amplamente aceita para o conceito de desenvolvimento sustentável, que é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades 2, existe um grande debate quanto à definição correta do termo sustentabilidade corporativa, por sua associação com termos já anteriormente conhecidos no meio empresarial como responsabilidade social, responsabilidade social corporativa ou cidadania corporativa. Este trabalho trata a sustentabilidade corporativa como a incorporação de aspectos sociais e ambientais na definição da estratégia, na operação do negócio e nas interações com stakeholders. Fica evidente, portanto, que atividades de cunho social e ambiental que não estejam ligadas à estratégia e à operação do negócio, como as atividades assistenciais e doações tradicionalmente realizadas pelos grupos do setor sucroalcooleiro, não estão no escopo deste trabalho. A ênfase aqui é na palavra incorporação: busca-se neste trabalho investigar como aspectos sociais e ambientais relacionados ao dia-a-dia dos negócios estão sendo tratados pelas organizações. Frequentemente associado ao termo sustentabilidade corporativa, e de fundamental importância para a compreensão do tema, é o conceito do triple bottom line - TBL, proposto por John Elkington em seu livro Canibais com Garfo e Faca. O conceito do TBL refere-se basicamente à prosperidade econômica, qualidade ambiental e justiça social, e à construção de métricas que permitam mensurar a atuação de uma empresa não só na esfera econômica, mas também nas esferas social e ambiental. Figura 3 - Triple Bottom Line 2 Relatório Brundtland (WECD, 1987) 5 54

6 Sustentabilidade corporativa não necessariamente significa maiores custos, processos mais burocráticos e menores retornos financeiros. Sustentabilidade repousa em uma visão de negócios onde desempenho socioambiental caminha lado a lado ao desempenho econômico - uma mudança de paradigma que prioriza a perenidade e a perpetuidade da organização. Em algumas situações, a melhoria no desempenho socioambiental pode gerar ganhos financeiros de curto prazo para as organizações vide, por exemplo, as reduções no consumo de insumos agrícolas pela utilização de resíduos da produção, como a vinhaça, na fertilização do solo. Em outras, esta melhoria pode não gerar benefícios imediatos, porém traz à empresa ganhos de longo prazo, que contribuem justamente para o sucesso contínuo e perene da organização. Assim, uma situação onde melhorias socioambientais estão ligadas primariamente a perdas econômicas viola um dos tripés do TBL, e não é sustentável. Dois princípios têm fundamental importância na promoção da sustentabilidade empresarial: governança corporativa e inovação. Somente apoiada em boas práticas de governança corporativa uma empresa pode assegurar que os interesses das diversas partes interessadas sejam preservados. Uma empresa sustentável é justamente aquela que reconhece e valoriza a sua interdependência não só com agentes internos, como os seus colaboradores, mas também com atores externos à empresa, como fornecedores e clientes. Já a inovação é o elemento catalisador da mudança de paradigma acima mencionada, criando novos produtos, redesenhando processos existentes e repensando o modelo de negócios da organização. 6 54

7 O Setor Sucroalcooleiro Brasileiro Características Gerais O setor sucroalcooleiro brasileiro abrange as empresas que produzem açúcar ou álcool, ou atuam em algum elo da cadeia produtiva desses elementos. No Brasil, esse setor está diretamente relacionado às culturas de cana-de-açúcar, uma vez que este é o principal insumo para os processos produtivos citados. Muitas usinas trabalham com os dois produtos, açúcar e álcool, variando a proporção de cana dedicada a cada linha de produção de acordo com as variações e tendências do mercado. O açúcar pode ser classificado em diferentes tipos 1, 2A, 2B, 2G, etc de acordo com a sua coloração e o grau de pureza do produto. O álcool possui duas variantes básicas, em função da proporção de água presente na mistura final: o álcool anidro, que é utilizado como aditivo à gasolina; e o álcool hidratado, que pode ser utilizado como combustível diretamente nos motores a álcool ou flexfuel. O álcool pode ser destinado a diferentes finalidades, como a indústria farmacêutica ou química, mas a sua aplicação no setor de transportes vem sendo o grande impulsionador do crescimento do negócio sucroalcooleiro e, por isso, essa classificação se popularizou no mercado. Figura 4 Dados do setor e amostra da pesquisa O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar e segundo produtor mundial de etanol. O país responde hoje por aproximadamente 35% da produção mundial de etanol e é o maior exportador de açúcar. Cana processada (ton): Açúcar produzido (ton): Álcool produzido (m 3 ): Álcool Anidro (m 3 ): Álcool Hidratado (m 3 ): Setor Sucroalcooleiro Amostra da Pesquisa Fonte: Ministério da Agricultura, UNICA e SINDACUCAR-AL (%) Amostra da Pesquisa / Setor 25,0 % 30,1 % 24,5 % 29,8 % 20,2 % O uso intensivo da cana-de-açúcar como elemento de base para a produção do açúcar e do álcool, aliado à condição climática e outros fatores ambientais, confere diversos diferenciais à produtividade e à qualidade dos produtos brasileiros frente a alternativas estrangeiras, as quais se utilizam de outros insumos, como o milho ou a beterraba. 7 54

8 Região Figura 5 Comparação de fontes alternativas na produção do etanol. Cultura Custo de Produção (USD/litro) 3 Eficiência Energética 4 Produtividade (litros/hectare) Brasil Cana-de-açúcar 0,21 8, EUA Milho 0,27 1, Europa Beterraba 0,76 1, Fonte: A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (Macedo, 2005) Formação A cultura da cana-de-açúcar no Brasil vem desde o descobrimento do país. As primeiras mudas plantadas datam de 1532 e a história da formação do setor se mistura com a própria história do país: as capitanias, os grandes latifúndios, os engenhos, assim como outras culturas (em especial do café) foram elementos importantes de nossa história e da cultura da cana no Brasil. Notadamente, a crise de 1929, marcada pela decadência do setor de café no interior paulista e pela chegada em larga escala de imigrantes italianos, determinou uma das características que diferencia, até hoje, os produtores dessa região dos que atuam no nordeste do país: o domínio de famílias de origem italiana que buscavam uma nova vida no Brasil. A estrutura atual do setor iniciou sua formação em 1975, com o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que tinha o objetivo de reduzir a dependência energética do país a partir de grandes investimentos na produção e subsídios ao desenvolvimento de um mercado consumidor do álcool. Com a segunda crise do petróleo, em 1979, e o desenvolvimento da engenharia nacional, surgiram os motores preparados para trabalhar exclusivamente com o álcool hidratado. A demanda interna variou fortemente nas duas décadas seguintes: segundo dados da Anfavea, em 1984, 94,4% dos veículos produzidos utilizavam o motor a álcool, chegando-se a 1,05% no ano de A flutuação explosiva desse mercado contou com apoio do governo - também visto como um dos responsáveis pelas variações - para evitar um colapso das empresas e unidades produtoras. Tal ação se deu, principalmente, através de subsídios ao 3 Valor considerando a cotação de dezembro de 2004: R$ 2,80 4 Energia renovável produzida / insumo fóssil consumido 8 54

9 preço, refinanciamento de dívidas e regulamentações que aumentavam a participação do álcool anidro na gasolina. Nesses 30 anos, o Brasil foi capaz de estabelecer estrutura industrial e logística robusta para a produção e distribuição interna do etanol. Desde 1999, o setor sucroalcooleiro se desvencilhou da intervenção governamental nas atividades de planejamento e gestão da operação, sendo hoje regido pelas forças de mercado, sem a presença de subsídios ao preço do combustível. A maturidade do setor se reflete na movimentação dos principais players pela criação de novos mecanismos de mitigação de riscos, como os contratos futuros, e pela transformação do álcool em uma commodity negociável em bolsa. Organização do Setor O setor está organizado basicamente em três estágios: plantação e cultivo da cana-deaçúcar; produção do açúcar ou álcool; comercialização do produto final. Algumas empresas atuam em todos os estágios, mas a grande maioria se utiliza de parcerias e contratos de longo prazo, principalmente para as atividades de fornecimento de cana-de-açúcar e comercialização, mantendo o seu foco na produção do açúcar ou do álcool. As limitações físicas impostas pelo processo produtivo - a distância máxima entre a Fazenda e a Usina é de 30 km - e as características históricas da formação do setor reforçam a concentração das duas primeiras etapas em torno dos grupos familiares de longa tradição. Assim, ainda hoje, vemos grandes produtores individuais de cana-de-açúcar, muito embora essa etapa do processo produtivo também esteja disseminada entre pequenos produtores e fazendas de propriedade das próprias usinas. Família Figura 6 Recorte de controle familiar em usinas Usinas Controladas Toneladas de cana processada % da produção nacional Ometto ,4% Biagi ,1% Lyra ,8% Wanderley ,9% TOTAL ,2% Fontes: Ministério da Agricultura, relatórios das empresas e websites da Unica e das usinas relacionadas. 9 54

10 O setor sucroalcooleiro é extremamente pulverizado entre esses grandes grupos e pequenos produtores independentes. A Figura 7 Comparações entre participantes da pesquisa demonstra a relevância dos participantes da amostra dentro desse cenário. As duas pontas da cadeia produtiva típica do setor as atividades de cultivo de cana e de comercialização dos produtos finais (açúcar e álcool) são dominadas pela atuação de cooperativas, que garantem ganhos de escala para seus cooperados. É o caso, por exemplo, da Copersucar, que atua na comercialização de açúcar e reúne 85 associados, sendo 31 unidades produtoras de açúcar e álcool, sob seu guardachuva. Essa estrutura confere alta competitividade ao setor, principalmente com relação ao mercado internacional: 39,9% do seu total de R$ 5,643 bilhões em vendas de açúcar foram obtidos em exportações 5. No âmbito do quadro competitivo Figura 7 Comparações entre participantes da pesquisa (Safra 2006/07) Toneladas de cana processadas Toneladas de açúcar produzidos m 3 de álcool produzidos Fonte: UNICA e SINDAÇÚCAR-AL Cosan Santa Elisa Carlos Lyra São Martinho Guarani Tercio Wanderley Zilor João Lyra Novamerica Native Alimentos São Manoel no mercado interno, assiste-se ao dilema das usinas de menor porte que, diante de ganhos de escala limitados, demandam apoio do governo para competir, por meio de linhas de crédito facilitado, disponibilização de infra-estrutura física, ou mesmo renegociação de dívidas passadas. A demanda por esse tipo de suporte é maior na região Norte-Nordeste, onde o nível de produção é menor e existe maior dificuldade de escoamento dos produtos. Segundo o Ministério da Agricultura, na safra 2006/2007, a região processou 53,6 milhões de toneladas de 5 Anuário Exame 2007/

11 cana, o que correspondeu a 12,54% da produção nacional. A diferença de alíquotas de impostos entre estados brasileiros pode ser também fator de desequilíbrio na competição entre usinas. Hoje, o ICMS cobrado em Minas Gerais, por exemplo, é de 25%, contra 12% de São Paulo, estado este que já é o maior produtor nacional. Na safra de 2006/07, o Estado de São Paulo foi responsável por mais de 60% da produção brasileira. Apesar do movimento de consolidação do mercado - a ser discutido mais adiante neste documento, a grande disparidade de tamanho e velocidade de crescimento entre os players dificulta análises consolidadas e levanta algumas questões acerca das forças e do poder de barganha entre eles. Essas questões podem ser resumidas na discussão sobre a concentração de terras nas mãos de poucos produtores, tipicamente os donos das usinas. Se, por um lado, os grandes grupos cultivam em lotes cada vez maiores de terra, buscando melhor eficiência e maiores margens, por outro, os pequenos proprietários de terras podem balancear a equação de forças ao perceberem que detém um dos elementos limitadores para o aumento da produção de uma usina. A necessidade de proximidade entre o local da colheita e o ponto de processamento determina o escopo desse dilema a discussões estritamente locais. O grupo São Martinho, por exemplo, anunciou em seu prospecto inicial de emissão de ações que, dos 9,75 milhões de toneladas de cana processadas na safra 2005/06, apenas 3,18 milhões de toneladas vieram de terras próprias, numa área total de 88,6 mil hectares. No que diz respeito às relações de troca estabelecidas entre os diversos atores do setor, deve-se ressaltar o papel exercido pelo CONSECANA local. De fato, as condições comerciais das transações entre produtores de cana e unidades de processamento são 2,99 30,7% Figura 8 Grupo São Martinho Cana processada Safra 2005/2006 (milhões de ton) Comprada de Terceiros Cultivada: 6,75 69,3% em terras próprias em terras arrendadas 3,18 32,6% 3,57 36,7% Fonte: Prospecto Definitivo de Distribuição Pública Primária e Secundária de Ações Ordinárias de Emissão da São Martinho 11 54

12 regidas por manuais públicos, desenvolvidos e monitorados por conselhos regionais de produtores: o CONSECANA 6 de cada região. Esta é uma das principais iniciativas do setor com relação à transparência econômica. O valor das transações comerciais é determinado com base na quantidade de Açúcar Total Recuperado (ATR) que é uma representação da quantidade de açúcares contidos na cana e que varia dependendo da qualidade da planta, admitindo-se ainda uma perda média de 11,0% no processo industrial. O CONSECANA de cada região é responsável ainda pelas relações comerciais entre empresas da cadeia produtiva, produzindo e publicando estudos sobre aspectos técnicos e da qualidade da cana produzida, entre outros. O mesmo não ocorre na outra extremidade da cadeia de valor: a venda do álcool ao mercado consumidor. Apesar das pressões do setor e das iniciativas recentes da Bolsa Mercantil e de Futuros (BM&F), o Brasil ainda não conseguiu estabelecer um mercado sólido de negociação de contratos futuros do álcool, com a conseqüente transformação deste produto em uma commodity, o que poderia potencializar imensamente o crescimento do mercado de etanol. Em matéria veiculada pelo Jornal Valor Econômico em Agosto/2007, especialistas do setor apontam algumas barreiras que se apresentam ao estabelecimento desse cenário, como (i) o alto preço do litro, estimulado pela forte demanda no mercado interno; (ii) as barreiras tarifárias estabelecidas por alguns países como os EUA à importação de etanol brasileiro (US$ 0,54 por galão); e (iii) a própria regulação, que exige que a venda interna aos postos de consumo seja realizada estritamente por distribuidoras de combustível, impedindo a negociação aberta dos contratos futuros no mercado nacional devido ao grande poder de barganha dessas empresas. Outro aspecto ligado à competitividade internacional refere-se à abertura total dos mercados. Uma parte dos analistas considera que, se por um lado, ela criaria mecanismos de escoamento do potencial produtivo brasileiro, por outro, pressionaria o setor a trabalhar com margens menores e possivelmente a reduzir os investimentos em políticas de inclusão social e proteção ambiental. Esta linha de raciocínio assume que este é o comportamento natural dos mercados de commodities, que geralmente são guiados apenas por baixos custos. A outra linha vê com bons olhos a maior exposição aos mercados internacionais, considerando que 6 Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, açúcar e álcool

13 estes públicos são mais exigentes com relação à sustentabilidade do processo de produção, podendo chegar a demandar a adoção de selos de responsabilidade socioambiental para os produtos que consomem

14 Práticas para a Sustentabilidade no Setor Sucroalcooleiro Nesta seção, estão apresentadas as principais questões relativas à sustentabilidade socioambiental do setor sucroalcooleiro, assim como as ações mais significativas das empresas na área. Em função da natureza operacional das atividades, os itens foram organizados em três grandes grupos, associados às etapas da cadeia de valor típica da indústria, como apresentado na imagem a seguir: a Fazenda, a Usina e a Gestão. Figura 9 Cadeia de valor Para efeitos de conceituação, consideraremos atividades da Fazenda aquelas ocorridas antes da chegada da cana-de-açúcar na unidade industrial, responsável pelo seu processamento. Assim, as etapas associadas à Fazenda são basicamente: a preparação da terra, plantio, cultivo, colheita, corte e transporte da cana-de-açúcar. As atividades da Usina serão iniciadas com o recebimento da cana-de-açúcar na unidade de processamento da cana e a etapa de moagem. A partir daí, todas as atividades envolvidas na produção do açúcar ou do álcool serão consideradas como pertencentes à Usina. De forma complementar, a área denominada Gestão envolve questões de gerenciamento e estratégia das organizações, principalmente relacionadas à eficiência e à competitividade da empresa no setor e, cada vez mais, à busca de financiadores e novos sócios. As atividades de comercialização serão analisadas apenas sob o ponto de vista da competitividade e da relação com a estratégia da empresa, de forma conjunta com as questões da Gestão. Fazenda Conservação e Uso do Solo Na relação estabelecida entre o produtor de cana-de-açúcar e o local de cultivo, tornam-se críticos os aspectos de preservação ambiental e uso racional do solo. A não atenção a esses pontos pode levar à deterioração de importantes ativos naturais, como florestas nativas e 14 54

15 ecossistemas característicos, o que é motivo de intensa pressão por parte de diversos stakeholders e está sujeito à regulação do estado. Em função da rápida deterioração do açúcar contido na cana após o seu corte, considerase um limite máximo de 30 km de distância entre o ponto de colheita e o local de processamento, o que estimula a concentração de extensas plantações ao redor da usina. A monocultura da cana-de-açúcar pode aumentar a degradação do solo devido, principalmente, à exposição à erosão (eólica e pluvial), e à ação da colheita: entre 3% e 5% da colheita da cana é solo arrancado junto com a planta 7. Como principais conseqüências diretas e indiretas da degradação ambiental, vemos o esgotamento das propriedades do solo, redução da disponibilidade de recursos hídricos e redução da biodiversidade. As principais medidas com relação a esses aspectos seriam a manutenção de reservas naturais e a aplicação de algumas práticas específicas de plantio a fim de reduzir o efeito da erosão (como a intercalação da cana com árvores mais altas para bloquear a ação do vento). A legislação brasileira exige a manutenção de reservas naturais em 20% da área de qualquer propriedade privada (Leis 4.771/65 e 7.803/89). Tais regras são criticadas por especialistas do setor, por (i) não darem tratamento diferenciado a áreas previamente deterioradas em comparação com áreas de mata natural preservada; (ii) não mencionarem a necessidade de criação de corredores de biodiversidade entre as reservas; e (iii) por não demandarem explicitamente a manutenção/recuperação de matas ciliares (no entorno dos rios e nascentes). A formação histórica do país fez com que o Brasil chegasse a uma condição em que aproximadamente 35% do seu território está dedicado a pastagens, contra 7% à agricultura 8. Nesse cenário a cana-de-açúcar, que ocupa 0,6% da área total brasileira, pode ser tratada como um agente de recuperação ambiental, à medida que pode ocupar terras de pastagens degradadas e iniciar um ciclo de renovação das propriedades do solo. Entre 1992 e 2003, por exemplo, 94% da expansão das áreas cultivadas na região Centro-Sul ocorreu em torno das unidades produtoras já existentes, minimizando a destruição de biomas naturais como o cerrado. A figura a seguir apresenta o mapa da expansão do setor, com identificação das 7 WWF Action for Sustainable Sugar (2005) 8 A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (2005); cap

16 unidades em construção, o que demonstra a intensa concentração da atividade na região centro-sul, especialmente no estado de São Paulo. Figura 10 Mapa da expansão das usinas de açúcar e álcool Fonte: Projeto Etanol NIPE e UNICAMP Uso de Irrigação, Defensivos e Fertilizantes no Cultivo O uso da água nas atividades de irrigação da cana-de-açúcar no Brasil é mínimo, participando apenas como complemento à ação natural em algumas áreas. Enquanto as atividades de irrigação na região de São Paulo são praticamente nulas, vemos que, segundo o Relatório Estatístico da Safra 2005/2006 (Sindaçúcar-AL), elas têm uma participação significativa nas plantações do Nordeste, sendo utilizada em três diferentes níveis: Irrigação de Salvação: aplicação de 1 a 2 lâminas de água por ciclo; Irrigação Complementar: aplicação de 3 a 6 lâminas por ciclo; Irrigação Plena: aplicação de 7 ou mais lâminas por ciclo

17 Uma preocupação comum com relação à água está ligada à sua contaminação por resíduos, nutrientes ou defensivos, o que poderia afetar a qualidade desse recurso para uso pelas comunidades próximas à área plantada. Esse efeito não é encontrado nas indústrias de São Paulo, região em que a atividade é classificada pela EMBRAPA no nível 1: sem impacto sobre a qualidade da água. De forma geral, a plantação de cana utiliza pouca quantidade de pesticidas, inseticidas e fungicidas. A única substância relevante são os herbicidas que ainda ultrapassam as quantidades aplicadas nas plantações de milho ou café. Os fertilizantes são também utilizados em baixo volume, o que ainda é amenizado pelo alto grau de reciclagem de nutrientes, como o potássio, através do uso da vinhaça (ou vinhoto) e da torta de filtro 9 nessa função. Ainda assim, algumas empresas, especialmente no nordeste do país, vêm estudando a possibilidade de aplicação de técnicas mais modernas de irrigação, como o gotejamento, com o objetivo de atingir reduções ainda maiores no consumo da água e de fertilizantes, e aumentar a produtividade por hectare plantado, tornando-se mais competitivos. Figura 11 Situação das áreas de cana irrigada ha 18% ha 37% Sem irrigação Estado de Alagoas (safra 2005/06) ha 3% Com Irrigação Complementar ha 42% Com Irrigação de Salvação Com Irrigação Plena Fonte: Relatório Estatístico da Safra 2005/2006, Sindaçúcar-AL O estudo 10 conduzido pela universidade Utrecht, da Holanda, em parceria com a Unicamp, destaca que a legislação atual não atende a vários padrões internacionais devido, em parte, à ausência de indicadores de desempenho ligados à degradação ambiental, muito embora pareçam atender à realidade brasileira. Ao mesmo tempo em que o relatório reconhece as baixas taxas de contaminação da água e de utilização de defensivos e fertilizantes, ele também 9 A vinhaça e a torta de filtro são dois dos sub-produtos orgânicos do processo produtivo, que precisam ser corretamente gerenciados sob o risco de causarem graves danos ao meio ambiente local. 10 Sustainability of Brazilian Bio-ethanol (Smeets et al., 2006) 17 54

18 aponta uma série de iniciativas com potencial para melhorar ainda mais a posição da cultura canavieira brasileira, como a maior utilização de controle biológico de pragas e a ampliação dos estudos em variedades de cana mais resistentes. Queimadas e Mecanização da Colheita A cana-de-açúcar compõe-se basicamente do caule, contendo o açúcar (que é a matériaprima de interesse do produtor), e da palha, a qual será dispensada durante o processo. Em função do risco de acidentes devido às extremidades cortantes da palha e à presença de animais potencialmente agressivos 11 no canavial, desenvolveram-se quatro alternativas básicas para a colheita, que são combinações entre os seguintes itens: cana crua ou queimada (o que elimina a palha e animais); colheita manual ou colheita mecanizada. O processo mais tradicional é a colheita manual da cana queimada. Apesar de reduzir o risco de acidentes humanos para a colheita manual, a queima aumenta a erosão do solo e a poluição do ar, reduz a qualidade da matéria-prima e, embora não haja estudos conclusivos relacionando-a a problemas de saúde, precisa ser controlada por apresentar riscos de acidentes (caso o fogo atinja a rede elétrica, estradas ou florestas) e pelos resíduos gerados. Embora sejam historicamente aceitas, tais práticas vêm sendo cada vez mais questionadas. O trabalho no setor sucroalcooleiro é tido como um dos mais danosos ao homem, de toda a agricultura. Segundo relatório da WWF 12 (2005), a expectativa de vida dos trabalhadores rurais da cana-de-açúcar está entre as mais baixas das atividades agrícolas do mundo, havendo situações em que a remuneração mensal não é suficiente para a compra de alimento necessário para repor as calorias gastas na atividade de colheita. A eliminação da queimada (colheita da cana crua) possibilita que as folhas sejam dispensadas no próprio local, a fim de aprimorar a renovação da matéria orgânica do solo, evitar a evaporação excessiva e reduzir a erosão. O Estado de São Paulo oficializou suas iniciativas de redução gradual das queimadas através da promulgação da Lei nº , de 19 de setembro de 2002, que considera as evoluções tecnológicas, a situação de emprego e as áreas de risco, e propõe a eliminação total da queimada na colheita da cana até 2031, de 11 Principalmente cobras, lagartos, roedores e diversos tipos de insetos. 12 WWF Action for Sustainable Sugar (2005) 18 54

19 acordo com metas para o setor. Além dessa Lei, que apresenta uma situação limite para as usinas, o governo de São Paulo assinou recentemente (04 de Junho de 2007) um acordo em que propõe a atribuição de um selo especial às usinas que anteciparem o cumprimento dessas metas, seguindo o plano apresentado no gráfico a seguir: Figura 12 Metas para a eliminação das queimadas em São Paulo 120% % da área cortada 100% 80% 60% 40% 20% 0% Lei - área mecanizável Lei - área não mecanizável Acordo - área mecanizável Acordo - área não mecanizável Ano Fontes: Legislação da queima, Lei Nº de 19 de setembro de 2002 Divulgação oficial do acordo, Ethanol Summit, Junho de 2007 Essas metas são acompanhadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através dos órgãos e dos Conselhos Municipais e Câmaras Setoriais da Cana-de-Açúcar, com o auxílio dos equipamentos de Monitoramento por Satélite da EMBRAPA. Essas informações ainda não são disponibilizadas ao público em geral, sendo acessíveis apenas à rede privada da EMBRAPA. Segundo relatório do UNIETHOS 13 a crescente mecanização da colheita confere ganhos de produtividade e uma redução drástica na gravidade e quantidade de acidentes no trabalho, embora reduza também a demanda por mão-de-obra: uma máquina substitui em média 100 empregados nas atividades de colheita. Dessa forma, o avanço da mecanização, embora 13 Estudo de Caso: A Indústria Sucroalcooleira no Estado de São Paulo UNIETHOS (Campbell, 2005) 19 54

20 desejável do ponto de vista das condições de trabalho no setor, configura um impasse social, característico da evolução de uma atividade intensiva em mão-de-obra para uma intensiva em capital. O desafio que se coloca, portanto, diz respeito à necessidade de capacitação de mãode-obra que poderá ser redirecionada para novas atividades e, sobretudo, ao tratamento dado ao contingente não aproveitado. Condições de Trabalho Operando com intensa sazonalidade, a Fazenda é um grande pólo de geração de empregos temporários, principalmente nas épocas de colheita. Em apresentação realizada no evento Ethanol Summit 2007, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Sr. Mauricio Tolmasquim, destacou que o setor emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas diretamente e em 2010 deve gerar 1,8 milhão de empregos, sendo aproximadamente 80% na Fazenda. Apesar da remuneração média do setor estar alinhada com as médias gerais (como apresentado na tabela a seguir), os postos de trabalho criados têm qualidade tradicionalmente baixa, muitas vezes baseados em relações informais e com poucos benefícios aos trabalhadores. Geograficamente distantes dos centros urbanos, comumente em locais de difícil monitoramento, esses centros produtivos são muitas vezes acusados de utilizarem mão-deobra abaixo da idade mínima ou em condições de subemprego. Segundo estimativas apresentadas em relatório da UNICA 14, a informalidade previdenciária gira em torno de 55% na região de São Paulo; o trabalho infantil, em torno de 2,4%, e o analfabetismo funcional em 23,9%. Para benefício do próprio setor, não resta dúvidas quanto à prioridade que tal temática deve ter, inclusive no posicionamento externo claro das usinas e grupos acerca das práticas e avanços. A remuneração média aferida pela UNICA e representada na tabela a seguir, mostra-se acima da média nacional na região Centro-Sul, em especial em São Paulo: 14 A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (2005); cap

21 Figura 13 Rendimentos médios de pessoas ocupadas Rendimentos médios mensais no Brasil Rendimentos médios na área agrícola Cana Rendimentos médios na área industrial açúcar Brasil Agricultura Indústria Serviços R$ 692,00 R$ 390,00 R$ 671,00 R$ 706,00 Brasil N - NE C - S São Paulo R$ 446,00 R$ 283,00 R$ 678,00 R$ 797,00 Brasil N - NE C - S São Paulo R$ 821,00 R$ 707,00 R$ 865,00 R$ 881,00 Fonte: A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (2005); cap. 12 A instabilidade da oferta de trabalho tem reflexos diretos sobre comunidades carentes, que muitas vezes vivem de forma itinerante em busca das oportunidades. A prática de utilização de intermediários nas relações trabalhistas entre os produtores e empregados agrícolas tende a agravar essa situação. Com efeito, nesse elo da cadeia surge a maior parte dos problemas de aliciamentos irregulares, empregos de baixa qualidade e trabalho forçado. Os produtores parecem ainda não possuir clara visão de responsabilidade sobre as atividades ao longo da sua cadeia de valor e, em alguns casos, se desvinculam dos problemas originados nesses fornecedores. Tal postura tende a ser amenizada à medida que o setor ficar mais exposto ao escrutínio constante da sociedade civil e organizada. A crescente mecanização da colheita tende a melhorar as condições de trabalho, reduzindo a sazonalidade dos empregos e permitindo melhor planejamento de carreira e treinamento. Por outro lado, ela também reduz a quantidade de postos gerados e exige uma melhor capacitação da mão-de-obra que será envolvida na atividade, excluindo aqueles que não têm acesso a programas de aperfeiçoamento profissional. Hoje assistimos a uma redução nos empregos agrícolas e aumento nos empregos industriais, demandando um perfil de trabalhador diferente, com formação acadêmica mais ampla. O relatório de atividades sociais da UNICA 15 divulga um grande número de projetos educacionais organizados pelas suas associadas, complementando a ação do Estado nesse sentido: 15 Açúcar e Álcool: Responsabilidade Social numa história de desenvolvimento sustentável (UNICA, 2004) 21 54

22 Figura 14 Projetos educacionais patrocinados por usinas do estado de São Paulo Projetos Pessoas envolvidas diretamente Educação Formal e Informal Profissionalizantes Bolsas de Estudos Kit Escola Fonte: Açúcar e Álcool: Responsabilidade Social numa história de desenvolvimento sustentável (UNICA, 2004) Usina O processo de transformação da cana-de-açúcar começa com a etapa de moagem, em que o caldo é extraído do bagaço. Esse caldo passará por várias etapas de processamento físicoquímico até que se obtenha um dos dois produtos finais: o açúcar ou o álcool. Figura 15 Processo simplificado de produção de álcool Fonte: adaptado de Sustainability of Brazilian Bio-ethanol Copernicus Institute e Unicamp (Smeets et al., 2006) 22 54

23 Gestão de Recursos Hídricos Os processos de transformação da cana em açúcar ou álcool têm como seus principais subprodutos: (i) a vinhaça (ou vinhoto) e águas residuais; (ii) a água de lavagem da cana; e (iii) outras águas utilizadas em processos físicos (resfriamento, condensação, etc). Hoje, a maioria das usinas já opera em regime fechado de água, reaproveitando-a em diversas etapas do processo produtivo, de acordo com a maior ou menor concentração de açúcares e nutrientes, e as condições de temperatura e pressão em que se encontram. Grande parte da água entra no processo junto com a cana (70% do peso dos colmos), além da captação direta para uso na indústria. Segundo estudo da UNICA 16, o uso da água na produção é intensivo (21 m 3 /t cana), mas o índice de reutilização é alto, chegando-se a níveis de captação e lançamento muito eficientes: entre 1990 e 1997 eram captados cerca de 5 m 3 /t cana; em 2004 foi apurado um valor de 1,83 m 3 /t cana em algumas amostras de São Paulo. A lavagem dos moinhos, de forma periódica na linha de produção, envolve a retirada do material acumulado nos seus filtros a chamada torta de filtro, abundante em substâncias orgânicas, que podem ser úteis na função de equilíbrio das propriedades do solo. Esses resíduos precisam ser gerenciados corretamente, uma vez que a sua dispensa direta no ambiente pode, por exemplo, reduzir abruptamente os níveis de oxigênio em rios próximos, causando desequilíbrios no ecossistema local. Outro sub-produto do processo que demanda cuidados especiais é a vinhaça (ou vinhoto). São produzidos, em média, 13 litros de vinhaça por litro de álcool final. Essa substância é muito rica em elementos químicos como o nitrogênio, fósforo, potássio e sulfatos, os quais são necessários à recomposição dos solos agrícolas. Essa característica possibilita a sua reutilização junto à lavoura, no processo de fertirrigação, desde que utilizado em quantidades adequadas. A sua disposição em áreas abertas causa odores desagradáveis, além de este efluente apresentar ph ligeiramente ácido de 4,0 a 4,5. Nesse sentido, já há regulação pertinente para controlar a reutilização desses subprodutos, notadamente a Norma Técnica P 4.231, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São 16 A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (2005); cap

24 Paulo, a qual regulamenta todos os aspectos relevantes à sua aplicação na fertilização do solo: áreas de risco (proibição); taxas permitidas; e tecnologias. Co-geração de Energia Todos os complexos industriais brasileiros do setor de açúcar e álcool têm potencial para operarem de forma auto-suficiente com relação ao uso da energia. A queima do bagaço da cana (biomassa) confere mais energia do que é necessário para a operação da usina, originando a alternativa de venda do excedente: a co-geração. Segundo dados publicados pela UNICA 17, a energia gerada a partir do uso do bagaço como combustível já é equivalente à soma de todo o gás natural e óleo combustível usados no país: 17,5 Mtep 18. Associando-se a essa prática o elevado nível de produção nacional de álcool ( barris/dia registrados no ano de 2005 que é equivalente a 50% de toda a gasolina utilizada no país), pode-se compreender a importância da participação da indústria do açúcar e álcool na matriz energética brasileira. Assim como as queimadas no momento da colheita, a energia obtida a partir da queima do bagaço da cana acarreta em aumento da poluição do ar, podendo afetar comunidades próximas se não houver a adoção de filtros nas saídas de gases dos geradores. Em contrapartida, essa é uma energia renovável, que contribui positivamente para o equilíbrio de emissões de carbono da matriz energética brasileira, o que poderia proporcionar receitas financeiras através de projetos de MDL. Além disso, ao contrário do que ocorre nas negociações de álcool e de açúcar, a venda de energia elétrica pode ser realizada diretamente entre as partes envolvidas, o que possibilita a negociação de margens de contribuição maiores na comercialização desse produto. Dessa forma, a co-geração representa uma interessante oportunidade a ser explorada pelas empresas do setor a caminho da sustentabilidade. 17 A Energia da Cana-de-Açúcar UNICA (2005); cap Mtep = Milhões de toneladas equivalentes de petróleo 24 54

25 Gestão Competitividade dos produtos O resultado econômico-financeiro das empresas de açúcar e álcool depende do desempenho internacional de algumas commodities, principalmente açúcar que pode ser produzido a partir de outras matérias primas, com o milho e a beterraba e petróleo substituto direto do etanol. Dependendo da proporção entre os preços desses elementos, os produtores alternam o seu mix de produção, buscando as maiores margens. Considerando que o consumo médio do álcool por quilômetro rodado nos automóveis flexfuel é ligeiramente superior ao da gasolina, estima-se que ele seja a melhor opção enquanto o seu preço por litro, no varejo, estiver até 70% abaixo do da gasolina. Na tabela a seguir, apresenta-se um exercício do impacto das flutuações do valor do barril do petróleo sobre o preço da gasolina, para duas cotações de taxa de câmbio, a fim de ilustrar os valores limite para que o álcool se mantenha competitivo nas bombas de abastecimento, em cada cenário. Figura 16 Análise da competitividade do etanol vs gasolina Preço máximo do etanol no varejo vs. preços do petróleo Cotação do Dólar Preço do petróleo (US$/barril) Preço da gasolina nos postos (R$/m3) 1,778 1,962 2,146 2,330 2,515 2,699 R$ 2,15 Preço máximo do etanol nos postos (R$/m3) 1,245 1,374 1,503 1,631 1,760 1,889 Preço da gasolina nos postos (R$/m3) 1,571 1,734 1,896 2,059 2,223 2,385 R$ 1,90 Preço máximo do etanol nos postos (R$/m3) 1,100 1,214 1,328 1,441 1,556 1,670 Fonte: Adaptado de UBS/Pactual Investment Research Dezembro/2006 safra 2005/06 O álcool brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar, é o que possibilita maior margem de contribuição no mundo. Segundo estudos realizados pela UNICA em 2005, os custos de produção poderiam chegar a US$ 0,20/litro 19 nas usinas mais eficientes, fazendo com que o álcool tivesse um preço competitivo com a gasolina enquanto o petróleo fosse negociado acima da barreira de US$ 30/barril. Estima-se que, para uma taxa de câmbio de R$ 1,90/US$, esse valor limite suba para aproximadamente US$ 44/barril. 19 Valor considerando a cotação de dezembro de 2004: R$ 2,

26 O baixo custo de produção atingido está diretamente associado às inovações empreendidas pelo setor nas últimas décadas. Notadamente, o desenvolvimento de novas variedades de cana, liderado pelas atividades do Centro de Tecnologia Canavieira CTC, vem possibilitando ganhos de produtividade e a mitigação de riscos na plantação. Segundo estudo da UNICA (2005), mais de 500 espécies são utilizadas hoje no Brasil, e essa diversidade representa uma forte barreira a possíveis pragas e doenças na plantação, além de proporcionar ganhos de produtividade específicos para cada tipo de solo e clima. A manutenção da vanguarda brasileira na tecnologia agrícola é fonte de vantagem competitiva que deve ser sustentada pelo contínuo investimento em P&D. A atividade industrial sucroalcooleira baseada na cana-de-açúcar permite ainda o desenvolvimento de negócios alternativos, geralmente baseados na reutilização e na otimização da utilização dos recursos. É o que ocorre, por exemplo, com as atividades de cogeração de energia, a partir da queima do bagaço da cana, com a produção de levedura, a partir do processamento do bagaço da cana, e com a rotatividade de culturas (tipicamente de amendoim, soja e feijão). No caso das culturas alternativas, a contribuição financeira para o aumento da lucratividade total da empresa é ainda pequeno, o que vem estimulando alguns grupos a direcionar os produtos cultivados para projetos sociais apoiados pela empresa, consolidando ganhos intangíveis junto às comunidades locais. Já a comercialização de energia e levedura vem expandir o portfólio de opções da usina, fortalecendo seu poder de barganha no mercado. Assim como no balanceamento entre as produções de álcool e açúcar, a empresa pode mudar a proporção do bagaço destinado à geração de energia elétrica ou à produção de levedura em função das oportunidades de mercado. Consolidação e Cultura de Gestão O grande interesse global pelo etanol, impulsionado pelas cobranças da sociedade civil acerca de soluções para o aquecimento global, vem atraindo empresas internacionais para o mercado brasileiro e determinando o surgimento de novos players, como os fundos de private equity e as multinacionais. Segundo a consultoria Datagro, especializada no setor sucroalcooleiro, o Brasil conta hoje com 357 usinas em operação, havendo 43 em construção

27 Aproximadamente 21 daquelas em operação pertencem a grupos de capital estrangeiro, os quais são responsáveis por, pelo menos, mais 12 projetos de novas unidades. Companhia Adeco Agro Brenco Figura 17 Projetos de grupos de capital estrangeiro divulgados Característica Usinas próprias. Investimentos de R$ 1,6 bilhão até Fundo de investimento com captação prevista de até US$ 2 bilhões Usinas em operação Cargill Multinacional de alimentos, com 63% da usina Cevasa. 1 Clean Energy Brazil (CEB) Dow Chemical Global Foods Grupo Tereos Infinity Bio-Energy Empresa de investimentos em álcool. Possui 49% da usina Usaciga e investimentos de R$ 500 milhões em outros 2 projetos (greenfield). Planos de incorporar mais 5 usinas, criando um pólo com foco no etanol, com processamento de 30 milhões de toneladas de cana. Parceria com Crystalsev para criação de pólo alcoolquímico integrado: usina e fábrica de polietileno. Capacidade estimada 8 milhões de toneladas de cana. Parceria com Santa Elisa na Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), com investimento previsto de US$ 2 bilhões Usinas próprias. Controle da Açúcar Guarani e participação na Franco Brasileira de Açúcar (FBA). Fundo de investimento. Adquiriu as usinas Usinavi, Alcana, Cridasa e Disa. Investimento de US$ 300 milhões já realizado. Previsão de mais US$ 500 milhões. Louis Dreyfus Usinas próprias. Investimento planejado de US$ 800 milhões TrueEnergy Empresa do grupo americano Upstreamcap, com investimento anunciado de US$ 300 milhões. Fontes: Anuário Exame Agronegócios (2007/2008) e Jornal Valor Econômico Projetos novos Ao mesmo tempo, o crescimento explosivo do setor pode levar a uma queda no valor do etanol, pelo menos para os próximos 2 anos. Essa tendência tem desestimulado a entrada de players oportunistas, além de colocar em xeque grupos menores ou despreparados do ponto de vista de gestão para enfrentar um longo período de lucratividade reduzida

28 Os recentes movimentos de fusões e aquisições no setor apontam também para uma consolidação do mercado em torno de poucas companhias, o que vem estimulando os diversos grupos nacionais a atrair investidores e fortalecer sua base de capital. Esse cenário impõe uma necessidade de mudança também nos padrões de gestão e nas práticas de governança corporativa dessas empresas. Sendo em sua maioria de origem familiar, essas organizações precisam desenvolver novas práticas de gestão, principalmente no que diz respeito à transparência e à prestação de contas, quesitos essenciais para atender às expectativas dos seus novos stakeholders: investidores, financiadores e a sociedade civil. O setor ainda tem como característica a forte centralização do controle acionário entre membros familiares e grande número de empresas com capital fechado, apesar do interesse crescente do mercado pela realização de investimentos na área. Até Julho/2007, apenas três empresas haviam adotado essa estratégia: o Grupo Cosan 20, que mantém a posição de líder de mercado e abriu capital em Novembro/2005; o Grupo São Martinho 21, que realizou sua emissão inicial de ações para o mercado em Fevereiro/2007; e a Companhia Açúcar Guarani S.A 22, controlada pelo GrupoTereos 23, de origem francesa, e que iniciou a sua oferta em Julho/2007. Todos esses grupos aderiram ao mais avançado nível de governança corporativa da Bovespa, o Novo Mercado, assumindo compromissos de prestação de contas e de boas práticas de governança corporativa. Além deles, o Grupo Novamerica recentemente realizou uma emissão de debêntures 24 no valor total de R$ 300 milhões, reforçando o movimento de maior exposição de grupos tradicionais do setor ao mercado de capitais, tanto de equity quanto de financiamento. 20 Documento disponível em 21 Documento disponível em 22 Documento disponível em 23 O Grupo Tereos, estruturado em forma de cooperativa, reúne agricultores franceses. ( 24 Documento disponível em

29 Figura 18 Resumo das regras para empresas participantes do Novo Mercado O Novo Mercado propõe uma série de práticas de governança que têm o intuito de aprimorar a comunicação da empresa com os investidores, estabelecendo também regras de proteção ao acionista minoritário. As medidas podem ser resumidas nos pontos a seguir: Tratar com eqüidade todos os acionistas, principalmente em momentos de mudança do controle da companhia ou de fechamento de capital. Manutenção de conselho de administração amplo em constante renovação, com a participação de conselheiros independentes. Expansão das informações prestadas, incluindo, por exemplo, demonstrações de fluxo de caixa e detalhes sobre os valores mobiliários de emissão da companhia detidos por membros do controle ou corpo gerencial, seguindo os padrões internacionais IFRS ou US GAAP. Divulgação de calendário anual de atividades de relacionamento com investidores, incluindo reuniões públicas com analistas, assembléias, etc. Divulgação detalhada de documentos envolvendo partes relacionadas, como termos de contratos com a companhia e negociações de valores mobiliários de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores. Manutenção de, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) do capital social da companhia em circulação, favorecendo sempre a dispersão do capital nas distribuições públicas de ações. Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos societários. Fonte: Adaptado de Apesar desse movimento por maior transparência e profissionalização da gestão, adequando-se às exigências do mercado, o setor ainda precisa aprimorar o uso dos canais de comunicação e profissionalizar os processos de sucessão. Por exemplo, os relatórios de emissão inicial de ações em bolsa de valores dos Grupos COSAN e São Martinho apontam como fator de risco relevante a extrema dependência dos seus executivos e acionistas controladores (pessoa física). A COSAN ainda destaca o fato de ser controlado por uma única pessoa e o risco de conflitos de interesse devido às operações com partes relacionadas

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