Segunda forma de jogo SIMBÓLICO OU FAZ-DE-CONTA
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- Ilda Machado de Lacerda
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1 2. Primeira forma de jogo - EXERCÍCIO A principal característica do jogo, nesta fase, é seu aspecto prazeroso e funcional, expresso nos sorrisos que acompanham a atividade. A criança brinca inicialmente com seu corpo, depois com o corpo da mãe e gradualmente vai passando para objetos e brinquedos que estão a seu alcance. Observa suas mãos, apreende objetos e os coloca na boca, coloca o dedo do pé na boca e passa objetos de uma mão para outra, atira objetos fora do berço, engatinha e anda. As sensações de tato, olfato, gosto, audição e visão possibilitam conhecer as pessoas e o mundo externo. Nessa idade aparecem as imitações, primeiro em grau não consciente, que evoluem para reprodução de sons e de ações que a criança observa em seu cotidiano. A função principal da imitação, nessa faixa etária, é fazer uma adaptação da realidade, satisfazer uma necessidade imediata ou apreender uma nova estrutura. Segunda forma de jogo SIMBÓLICO OU FAZ-DE-CONTA Oh! que saudades que eu tenho Da aurora da minha vida Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tarde fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais Casimiro de Abreu O jogo simbólico ou de faz-de-conta implica a representação de um objeto que está ausente, uma comparação entre o objeto imaginado e o objeto real. O faz-de-conta permite não só a entrada no mundo imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam no tema das brincadeiras. É através desse jogo que podemos compreender como a criança vê e constrói o mundo; como ela gostaria que ele fosse e quais suas preocupações e dificuldades em relação ao seu contexto sociocultural. Quando a criança brinca com seus brinquedos, no jogo de faz -de- conta, ela explora, forma idéias sobre as coisas, objetos, pessoas e sobre si própria. Ao observar crianças brincando, podemos vê-las construindo torres com blocos de armar, conversando com bonecas, fazendo o papel materno, alimentando, dando banho, dirigindo carros e se vestindo como adultos. Estas atividades não são triviais nem vazias, mas proporcionam o desenvolvimento cognitivo das crianças. Para Piaget (1978), a criança é um agente ativo em seu próprio desenvolvimento, construindo e adaptando-se ao ambiente, modificando assim seus esquemas básicos. Suas habilidades cognitivas não só dependem do conhecimento e perícia específicos, mas também do ambiente que facilitará o brincar da criança.
2 É brincando que a criança constrói os alicerces da compreensão e utilização de outros sistemas simbólicos como a escrita, assim como da capacidade e habilidade de desenvolver vínculos afetivos duradouros e a confiança nas pessoas. Durante a educação infantil, as crianças possuem habilidades que desabrocham em uma crescente variedade de maneiras para explorar a si próprias e ao ambiente em que vivem. PARE E PENSE: O jogo simbólico abre caminho para a criança na sua autonomia, criatividade, exploração de significados e sentidos. São os jogos, ainda, instrumentos para aprendizagem de regras sociais (Oliveira, 2002 p.159) Sugestão de atividade Para que você possa acompanhar a parte teórica em relação ao jogo simbólico, escolha uma criança da idade do período apresentado por Piaget (1978) e preencha o roteiro de observação abaixo: Terceira forma de jogo - REGRAS O que caracteriza o jogo é a iniciativa da criança, portanto, é no espaço de jogo que a criança pode desenvolver sua iniciativa, organizando e escolhendo sua brincadeira, com acesso ao material do jogo. Assim como o jogo simbólico inclui elementos do jogo de exercício, o jogo de regras também inclui elementos desses dois jogos precedentes. Para Piaget (1978), o jogo de regras é a atividade lúdica do ser socializado. Com relação às regras propriamente ditas, temos: 1- Regras transmitidas: fazem parte de jogos do acervo cultural e foram transmitidos de geração a geração, geralmente de indivíduos mais velhos para os mais novos.
3 2- Regras espontâneas e momentâneas: acontecem de acordo com a escolha do jogador ou dos componentes que estão participando do jogo, ou seja, são frutos de relações entre os pares contemporâneos. Seguir e obedecer a regras prefixadas, num jogo formal e organizado leva o indivíduo a desenvolver-se como ser social, ao mesmo tempo que, seguir e obedecer a regras auto-impostas, num jogo, aumenta o desenvolvimento do respeito próprio e o sentimento de autodomínio. Um jogo de regras (por exemplo, o jogo de esconde-esconde, xadrez) propõe uma situação-problema (objetivo do jogo) que o indivíduo resolve ou não (resultado do jogo). É fundamental que a pessoa que joga tenha claros os objetivos e os resultados que poderão implicar perda ou ganho, mesmo num jogo individual. Bétis, Bétia, Bola, taco de madeira, casinha de Taquara, são os nomes que encontramos para o jogo da foto acima. Há uma infinidade de jogos e brincadeiras que ultrapassaram o tempo e permanecem vivos na memória de todos nós. As brincadeiras de antigamente trazem, em sua bagagem cultural, suas técnicas e regras, transmitidas pelos pais e avós. Junto vem o resgate da convivência. Segundo Kishimoto (1999), as brincadeiras tradicionais infantis, filiadas ao folclore, incorporam a mentalidade popular, expressandose principalmente pela oralidade e assim preservam o acervo cultural de um povo, em um determinado período histórico.
4 Menino com pião, Candido Portinari. Disponível em PARE E PENSE: O BRINCAR POSSIBILITA À CRIANÇA A oportunidade de identificar, reconhecer e entender as propriedades dos materiais e os atributos de objetos conhecidos e desconhecidos. 2- Descobrir e distinguir elementos e características dos objetos, combinar, separar e classificar. 3- Representar as coisas de diferentes formas e estruturas, observar e antecipar transformações e mudanças. 4- Aprender sobre as próprias capacidades, preferências e desagrados. 5- Aprender a lidar com a frustração quando as coisas não acontecem conforme planejado, (por exemplo, quando a torre de blocos cai) e aprender relações simples de causa e efeito. 6- Aprender que é necessário tempo para realizar e completar uma tarefa ou chegar a um resultado desejado. SUGESTÃO DE ATIVIDADES Observe a Tela abaixo de Cândido Portinari (Brodósqui, SP, Rio de Janeiro, RJ, 1962), cujas obras não se limitaram apenas ao legado pictórico brasileiro, mas enquanto artista,
5 Portinari representou um importante pólo de captação e irradiação das principais preocupações estéticas, artísticas, culturais, sociais e políticas de sua geração. Faça uma reflexão buscando recordar a sua infância e responda: Atualmente, quantas crianças têm o privilégio das brincadeiras noturnas nas ruas e praças? Tela Crianças Brincando, de Candido Portinari. Disponível em
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