RENDA FIXA TESOURO DIRETO
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- Pedro Lucas Clementino Antunes
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1 DESTAQUES DO RELATÓRIO Carteira Recomendada Nossa Carteira Recomendada do Tesouro Direto para os próximos 30 dias continua considerando principalmente o desafio fiscal (reforma da previdência no curto prazo) nos próximos trimestres como principal fator de risco para a esperada queda da taxa de juros. No ambiente externo, a alta do juro americano será o principal fator que pode refletir no mercado de renda fixa local. Acreditamos que a carteira de títulos públicos para os próximos trinta dias deve conter 100% dos novos recursos em Tesouro IPCA (vencimento em 2024). A exposição nula em prefixado deve-se a falta de prêmio contido nestes títulos frente a esperada volatilidade do juro com o cenário fiscal. Reiteramos que a nossa sugestão é manter o título até o vencimento, sendo que se não for essa a estratégia de investimento, a alocação em Tesouro Selic deve ser analisada, apesar da esperada queda dos juros. Cenário Macroeconômico Embora tenhamos convicção de que o Banco Central irá acelerar o passo dos cortes de juros já está semana, ainda somos bastante cautelosos em abraçar a tese de juros na casa dos 8,0% ainda este ano, como boa parte do mercado tem antecipado. Se for depender da política monetária americana, não deveremos ter grandes pressões adversas nas taxas de juros longas e no câmbio aqui no Brasil este ano. Nosso conservadorismo basicamente decorre dos fatores internos, em especial o cenário fiscal. O fato é que ainda temos muitas dúvidas no cenário fiscal tanto no curto, quanto no médio e longo prazo. Projeções Econômicas Ano E 2018E Crescimento Real do PIB (%) -3,6% -0,2% 2,8% Taxa de câmbio - Final (R$/US$) 3,26 3,50 3,65 IPCA (% aa) 6,3% 4,2% 4,5% Meta SELIC - Final (%) 13,75% 9,75% 9,00% Dívida Bruta total (% do PIB) 69,5% 78,1% 82,2% Fonte: Bradesco Corretora
2 CARTEIRA RECOMENDADA Nossa Carteira Recomendada do Tesouro Direto para os próximos 30 dias continua considerando principalmente o desafio fiscal (reforma da previdência no curto prazo) nos próximos trimestres como principal fator de risco para a esperada queda da taxa de juros. No ambiente externo, a alta do juro americano será o principal fator que pode refletir no mercado de renda fixa local. Com o cenário econômico atual, continuamos alocando preferencialmente em títulos indexados à inflação, com juro real próximo de 5,2% e vencimento mais curto possível (2024). Nossa recomendação é que o investidor não venda o título antes do vencimento, dada a possível volatilidade da taxa de juros nos próximos trimestres com impacto no preço do título. Para os investidores com perspectiva de curto prazo (aplicações com prazo menor que 1 ano), o Tesouro Selic ainda é a melhor opção. Para os próximos 30 dias mantivemos a totalidade da carteira em títulos indexados à inflação. Acreditamos que a carteira de títulos públicos para os próximos trinta dias deve conter 100% dos novos recursos em Tesouro IPCA (vencimento em 2024). A exposição nula em prefixado deve-se a falta de prêmio contido nestes títulos frente a esperada volatilidade do juro com o cenário fiscal. Reiteramos que a nossa sugestão é manter o título até o vencimento, sendo que se não for essa a estratégia de investimento, a alocação em Tesouro Selic deve ser analisada, apesar da esperada queda dos juros. MACRO-OVERVIEW Embora tenhamos convicção de que o Banco Central irá acelerar o passo dos cortes de juros já está semana, ainda somos bastante cautelosos em abraçar a tese de juros na casa dos 8,0% ainda este ano, como boa parte do mercado tem antecipado. Ainda esperamos a Selic encerrar o ano em 9,75%, e qualquer possível revisão no curto prazo não traria nossas projeções para um valor muito abaixo deste. No cenário externo, o mercado continua dividido quanto as apostas de aumentos de juros nos EUA ao longo deste ano: 1, 2, ou 3 aumentos ou nenhum aumento nos próximos meses? Hoje em dia acreditamos que o Fed seguirá postura mais comedida com apenas um aumento este ano. Em resumo, estamos mais céticos quanto as perspectivas do governo Trump em entregar mais crescimento (e inflação), o que diminuiria a propensão do banco central americano em elevar os juros. Ou seja, se for depender da política monetária americana, não deveremos ter grandes pressões adversas nas taxas de juros longas e no câmbio aqui no Brasil este ano. Se o cenário externo não promete ser um fator limitante para uma queda muito forte dos juros este ano, então o que deveria ser? Nosso conservadorismo basicamente decorre dos fatores internos, em especial o cenário fiscal. O fato é que ainda temos muitas dúvidas no cenário fiscal tanto no curto, quanto no médio e longo prazo. No horizonte mais curto, a questão principal não é exatamente se a reforma da previdência será aprovada, mas qual reforma da previdência será aprovada. Existe um risco não desprezível (embora não seja nosso cenário base) de que a reforma sofra tantas modificações no Congresso e, portanto, perca boa parte de sua eficácia. Além disso, mesmo se a reforma da previdência for aprovada sem grandes modificações, isto não garante, por si só, o sucesso do ajuste fiscal no longo prazo. Estes riscos só serão dissipados ao longo dos anos, o que impõe um certo piso para o nível natural dos juros, ou seja, aquele nível que não gera distorções na economia e pressões inflacionárias. No entanto, outros fatores têm contribuído para elevar as apostas em cortes mais fortes da Selic este ano. O primeiro deles é a queda da inflação, que tem mostrado resultados muito animadores no curto prazo. O segundo é a atividade econômica que continua a decepcionar no começo deste ano, com dados aquém do esperado. De fato, essa combinação aumenta o espaço para a aceleração dos cortes da Selic nas próximas reuniões: esperamos cortes de 1,0% tanto nesta semana quanto em Junho. No entanto, os riscos fiscais devem continuar a limitar uma ação muito mais ousada do Banco Central ao longo das últimas reuniões.
3 Renda Fixa Títulos Públicos No último relatório disponível, as vendas do Tesouro Direto em Fevereiro/2017 atingiram R$1.780 milhões, enquanto os resgates totalizaram R$901 milhões. Os títulos remunerados por índices de preços responderam pelo maior volume emitido, alcançando 50% do total. Na sequência, aparecem os títulos indexados a Selic, com participação de 26% e por fim, os títulos prefixados, com 24%. O estoque do Tesouro Direto alcançou R$42 bilhões, com uma alta de 2,2% em relação ao mês anterior. Títulos públicos disponíveis para compra Posição em Título Taxa de Rendimento (% a.a.) Indexados ao IPCA Tesouro IPCA (NTNB Princ) 15/08/2024 5,17 Tesouro IPCA (NTNB Princ) 15/05/2035 5,22 Tesouro IPCA (NTNB Princ) 15/05/2045 5,22 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026 (NTNB) 15/08/2026 5,2 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTNB) 15/05/2035 5,19 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) 15/08/2050 5,22 Prefixados Tesouro Prefixado 2020 (LTN) 01/01/2020 9,59 Tesouro Prefixado 2023 (LTN) 01/01/ ,07 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2027 (NTNF) 01/01/2027 9,94 Indexados à Taxa Selic Tesouro Selic 2023 (LFT) 01/03/2023 0,06 Fonte: Tesouro Nacional Evolução dos Principais Indicadores nos Últimos 30 Dias A curva de juros segue sendo impactada principalmente pela ainda tímida recuperação econômica e pelo comportamento da inflação, que segue com tendência de queda. Em 12 meses o IPCA desacelerou para abaixo de 4,57%, nível próximo do centro da meta. Como a expectativa de inflação vem recuando a cada semana (ver comentário na pag.03) e a economia ainda não mostra reais sinais de recuperação, o mercado precifica na curva que o BC deve intensificar o ritmo de cortes na Selic. Entretanto, o problema fiscal continua sendo um grande entrave para uma maior queda nos prêmios de risco de longo prazo no Brasil. Curva DI Futuro (em %) BM&F 11,75 11,50 11,25 10,75 10,25 9,75 9,25 jul-17 jan-18 jul-18 jan-19 jul-19 jan-20 jul-20 jan-21 jul-21 10/02/ /03/ /04/2017 Fonte: Bloomberg
4 No mês de Março o Tesouro Nacional leiloou um montante 3,1% superior ao mês anterior, sendo que a LTN foi o título com maior volume leiloado (R$38,7 bi). Entre os ativos cetipados, o principal destaque foi o aumento de R$ 31,9 bilhões no estoque nas cotas de fundos, fechando o trimestre com captação de líquida de R$108,6 bilhões, a maior da história para um primeiro trimestre. Segundo a Anbima, esse aumento ocorreu predominantemente em fundos renda fixa com destaque também, nos multimercados. Os CRAs também foram destaque com aumento de R$1,1 bilhão e continuam no radar de pessoas físicas que procuram investimentos isentos após a redução nas emissões de LCIs e LCAs por falta de lastro. Ativos Financeiros R$ Milhões Fevereiro Março Var. Leilões de Títulos Públicos (Total) ,1% LTN ,6% Taxa Média (vencimento 2020) 10,30% 9,85% NTN-F ,8% Taxa Média (vencimento 2023) 10,53% % NTN-B ,8% Taxa Média (vencimento 2022) 5,73% 5,28% LFT ,8% CETIP Estoque CDB CDI Cotas de Fundos Debêntures Letra Financeira LCIs e LCAs ² CRIs CRAs Fevereiro Março Rent. Fev. Poupança SBPE Captação Líquida ,67% ² Cetip O último dado de inflação divulgado foi a primeira prévia de abril do IGP-M que apresentou deflação de 0,74%, abaixo do piso das expectativas de mercado. A queda foi puxada principalmente pela forte queda nos produtos agropecuários no atacado e também queda nos itens industriais. O IPCA do mês de março, por sua vez, subiu 0,25% dentro do esperado e mostrou uma difusão maior entre os itens que compõe o indicador, reforçando um cenário de queda na inflação por mais tempo. Vale destacar o recuo nas expectativas de inflação para 2018 segundo o boletim Focus, depois de seguidas semanas ancoradas em 4,5%, a mediana do IPCA recuou para 4,46%, indicando que pode haver mais quedas. Expectativa de Mercado para IPCA ao final de ,0 5,6 5,2 4,8 4,4 4,0 Fonte: Boletim Focus, Banco Central
5 Curvas de Títulos Públicos As curvas dos títulos públicos recuaram em todos os títulos por mais um mês especialmente nos vencimentos mais curtos, apesar de menor intensidade em relação ao recuo do mês passado. Para explicar essa queda maior nos títulos mais curtos temos de pensar em expectativa de crescimento, Selic e IPCA no futuro, levando em consideração o cenário fiscal apertado com uma inflação em queda consistente. No curto prazo, diversos indicadores de inflação desde o início de fevereiro mostraram uma melhora maior que o esperado abrindo espaço para que o BC acelerasse o corte de juros como forma de estimular a economia. Caminhando junto, os ajustes nas contas públicas são cruciais para que seja possível reduzir os prêmios de risco nos títulos públicos do Brasil e manter uma taxa de juros mais baixa por mais tempo. Porém, algumas incertezas com relação a aprovação dos ajustes surgiram, o que diminui o espaço para uma queda similar das taxas de juros reais de longo prazo. 12,00 LTN 13,00 Evolução das Taxas - LTN 18 e LTN 22 11,50 12,50 Rendimento (Pré-fixado) 9,00 jul-17 nov-17 mar-18 jul-18 nov-18 mar-19 3-fev mar abr-17 12,00 11,50 9,00 set-16 out-16 nov-16 dez-16 jan-17 fev-17 mar-17 abr-17 BLTN 0 01/01/18 LTN ,00 NTN-B 6,75 Evolução das Taxas - NTN-B 19 e NTN-B50 6,50 5,75 6,25 Rendimento (IPCA + %) 5,50 5,25 5,00 4,75 ago-18 ago-19 ago-20 ago-21 ago-22 ago-23 ago-24 ago-25 ago-26 3-fev mar abr-17 6,00 5,75 5,50 5,25 5,00 4,75 set-16 out-16 nov-16 dez-16 jan-17 fev-17 mar-17 abr-17 NTN-B 2019 NTN-B 2050 NTN-F Evolução das Taxas - NTN-F 23 e NTN-F 27 12,75 10,75 Rendimento (Pré-fixado) 10,25 9,75 12,25 11,75 11,25 10,75 10,25 9,25 jan-18 mar-19 mai-20 jul-21 set-22 nov-23 jan-25 mar-26 03/fev/17 10/mar/17 10/abr/17 Fonte: Anbima e Bloomberg 9,75 set-16 out-16 nov-16 dez-16 jan-17 fev-17 mar-17 abr-17 NTN-F 2023 NTN-F 2027
6 Rentabilidade dos Títulos Públicos Posição em Rentabilidade Bruta (%) ítulos Últ. Mês 30 dias anterior No ano 12 meses Prefixados Tesouro Prefixado 01/01/2018 1,09 1,1 4,2 16,33 Tesouro Prefixado 01/01/2019 1,09 1,14 5,42 21 Tesouro Prefixado 01/01/2020 1,22 1, Tesouro Prefixado 01/01/2021 1,39 1,05 8,03 28,87 Tesouro Prefixado 01/01/2023 1,96 0,9 10,83 37,79 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2021 1,41 1,08 7,34 25,06 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2023 2,19 1,25 9,4 30,15 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2025 2,36 1,09 10,58 34,09 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2027 2,66 0,89 11,37 37,37 Indexados à Taxa Selic Tesouro Selic 01/03/2021 0,86 0,9 3,16 13,43 Tesouro Selic 01/03/2023 0,78 0, Indexados ao IGPM Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais 01/07/2017 0,07 0,62 2,61 11,53 Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais 01/04/2021 0,6 1,07 4,89 15,77 Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais 01/01/2031-0,11 0 7,32 20,15 Indexados ao IPCA Tesouro IPCA+ 15/05/ ,28 4,5 14,46 Tesouro IPCA+ 15/08/2024 0,84 0,1 6,99 21,19 Tesouro IPCA+ 15/05/2035-2,53-2,35 10,43 33,3 Tesouro IPCA+ 15/05/2045-4, Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2017 0,65 0,6 2,61 11,62 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2020 0,93 1,33 5,04 15,42 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2024 0,87 0,38 6,22 19,01 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2026 0,98 0,32 6,91 20,7 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2035-0,82-0,79 7,99 24,23 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2045-1,74-1,59 8,8 27,74 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2050-1,83-1,95 9,48 29,9 Fonte: Tesouro Nacional
7 DISCLAIMER Este relatório foi preparado pelas equipes de análise de investimentos da Ágora Corretora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. ( Ágora ) bem como da Bradesco S.A. Corretora de Títulos e Valores Mobiliários ( Bradesco Corretora ), sociedades controladas pelo Banco Bradesco BBI S.A. ( BBI ). O presente relatório se destina ao uso exclusivo do destinatário, não podendo ser, no todo ou em parte, copiado, reproduzido ou distribuído a qualquer pessoa sem a expressa autorização da Ágora e da Bradesco Corretora. Este relatório é distribuído somente com o objetivo de prover informações e não representa uma oferta de compra e venda ou solicitação de compra e venda de qualquer instrumento financeiro. As informações contidas neste relatório são consideradas confiáveis na data em que este relatório foi publicado. Entretanto, as informações aqui contidas não representam por parte da Ágora ou da Bradesco Corretora garantia de exatidão dos dados factuais utilizados. As opiniões, estimativas, projeções e premissas relevantes contidas neste relatório são baseadas em julgamento do(s) analista(s) de investimento, envolvido(s) na elaboração deste relatório ( analistas de investimento ) e são, portanto, sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado. Declarações nos termos do art. 17 da Instrução CVM 483: O(s) analista(s) de investimento declara(m) que as opiniões contidas neste relatório refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre os títulos públicos e seus emissores e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Ágora, à Bradesco Corretora, ao BBI e demais empresas do Grupo Bradesco. A remuneração do(s) analista(s) de investimento está, direta ou indiretamente, influenciada pelo resultado proveniente dos negócios e operações financeiras realizadas pela Ágora, Bradesco Corretora e BBI. Analistas Renda Fixa Altair Maurílio Pereira Caio Lombardi André Sonnervig Economista Chefe Dalton Gardimam Economista Tarik Migliorini
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