BOLETIM ENERGIAS RENOVÁVEIS. Março 2016
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- Márcio Henriques Fartaria
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1 BOLETIM ENERGIAS RENOVÁVEIS Março 2016
2 Consumo mensal [TWh] Consumo 1º Trimestre [TWh] ELETRICIDADE DE ORIGEM RENOVÁVEL EM PORTUGAL CONTINENTAL O primeiro trimestre de 2016 caracterizou-se do ponto de vista climatológico como chuvoso, com valores de pluviosidade elevados. Por sua vez os índices de eolicidade mantiveram-se em valores médios. Graças a estas condições meteorológicas durante os primeiros meses do ano as fontes renováveis mantiveram-se como as fontes energéticas dominantes na produção de eletricidade em Portugal Continental. Cumulativamente, até ao fim de março, a produção de eletricidade renovável representou 85 %, GWh, do consumo elétrico continental GWh, como se ilustra na figura 1. Esta contribuição elevada das renováveis é reflexo dos investimentos dos últimos anos e destaca-se do período homólogo do ano anterior, em que as renováveis só atingiram um peso de 61 % de produção renovável no consumo elétrico. 5,0 15,0 4,0 12,0 3,0 9,0 2,0 6,0 1,0 3,0 0,0 Janeiro Fevereiro Março 1º Trimestre 0,0 Figura 1: Evolução da produção renovável e do consumo de eletricidade em Portugal Continental. (Valores mensais de 2016 e valores acumulados até ao fim do primeiro trimestre) Fonte: REN, janeiro a março de 2016; Análise APREN Globalmente, o consumo elétrico no 1º trimestre manteve-se estável, quando comparado com os anos anteriores. Só em março de 2016 é que se verificou um aumento do consumo de eletricidade de 5,3 % face a 2015, muito devido às temperaturas médias ambientes inferiores à média para a época do ano. 1 Valor referido à emissão das centrais para consumo, incluindo ainda as perdas nas redes e os consumos em bombagem hidroelétrica. 2 Os valores de consumo e produção para o 1º trimestre de 2016 devem ser lidos no eixo secundário da figura 1. APREN 2
3 Já na figura 2, à semelhança das edições anteriores do Boletim das Energias Renováveis, ilustra-se o valor acumulado, desde o início de 2016, da repartição das fontes de produção de eletricidade no Continente que foram responsáveis pelo abastecimento do consumo nacional e que, adicionalmente, permitiram alcançar um saldo exportador de GWh. 0,9% 3,9% 19,5% Térmica Fóssil Cogeração Fóssil Hídrica Eólica Solar Biomassa 26,3% 72,9% Renovável 27,1% Fóssil 7,6% 41,7% Figura 2: Repartição das fontes na produção de eletricidade em Portugal Continental. (Valores acumulados em 2016 até ao final de março) Fonte: REN, janeiro a março de 2016; Análise APREN Até ao fim de março a hídrica foi a maior fonte renovável de produção de energia elétrica no Continente (41,7 %), seguida da eólica (26,3 %). A biomassa contribuiu com 3,9 % e a tecnologia solar fotovoltaica situou-se nos 0,9 %. No total da produção nacional, responsável pelo abastecimento do consumo nacional e pela exportação, as fontes renováveis contribuíram com 72,9 %. As fontes fósseis asseguraram o resto da produção elétrica. A produção convencional de origem térmica fóssil ocupou 19,5 % e a cogeração fóssil 7,6 %. Na figura 3 ilustra-se o balanço elétrico global repartido pela produção e pelas trocas com Espanha. APREN 3
4 [TWh] 12,00 9,00 6,00 3,00 0,00-3,00 Renovável Fóssil Trocas Figura 3: Balanço da produção de eletricidade e de trocas internacionais de Portugal Continental. (Valores acumulados em 2016 até ao final de março) Fonte: REN; Análise APREN Observa-se que só a componente hídrica (grande e pequena hídrica) foi capaz de gerar mais eletricidade do que toda a produção não renovável, tendo totalizado GWh. Já a tecnologia eólica gerou GWh. A tecnologia solar ainda tem um peso reduzido na produção elétrica nacional, apesar do seu grande potencial, não ultrapassando até ao final do mês passado mais de 144 GWh. A biomassa total, que inclui a biomassa sólida, o biogás e os resíduos sólidos urbanos, totalizou até ao momento 550 GWh. A componente fóssil gerou GWh. A importação elétrica de Espanha foi de 355 GWh, tendo sido largamente ultrapassada pelas exportações que atingiram o montante de GWh.
5 [GWh] A Figura 4 compara a produção de eletricidade acumulada no 1º trimestre, nos últimos três anos, bem como os valores de importação e de exportação registados Figura 4: Evolução da produção de eletricidade por fonte. (Valores mensais acumulados até ao final de março de cada ano) Fonte: REN; Análise: APREN Constata-se que durante o 1º trimestre de 2016 voltou-se a comprovar a existência de uma correlação entre o aumento da produção renovável e o aumento da exportação. Contudo, o mercado português está muito condicionado em termos de canais de exportação, que só existem para Espanha, e em termos de MIBEL, a capacidade de exportação está ainda muito limitada para França e para Marrocos. Assim, estas condições favoráveis de produção renovável podem ser potenciadas caso uma interligação elétrica direta Portugal- Marrocos fosse desenvolvida, uma vez que existe complementaridade do recurso renovável entre Portugal e Marrocos aliado ao intuito mútuo de aumentar as trocas comerciais de energia. Relembre-se que Portugal tem um setor de produção elétrico multifacetado e maduro, enquanto Marrocos ainda está numa fase de expansão e de consolidação do seu mercado interno. APREN 5
6 Na figura, é ainda evidenciada a liderança das renováveis na produção de eletricidade no Continente. Não obstante, verifica-se a variabilidade de produção renovável de ano para ano, algo que depende das condições climatéricas que influenciam diretamente o recurso disponível para produção de eletricidade renovável, em especial eólica e hídrica. Daqui se conclui que se Portugal ambiciona alcançar o objetivo de 60 % de eletricidade de origem renovável no consumo elétrico bruto total em 2020 tem, não só de continuar a apostar no aumento de potência instalada através de uma maior diversificação das várias tecnologias renováveis como investir fortemente no armazenamento energético. variam a sua disponibilidade ao longo do tempo maior relevância adquire a possibilidade do armazenamento e da capacidade de interligação entre os sistemas elétricos para um melhor aproveitamento das complementaridades entre tecnologias de produção elétrica. Atualmente, este armazenamento é realizado em Portugal por bombagem hidroelétrica, a qual assume especial relevância pela reduzida capacidade de interligação entre a península ibérica e outros países. Além deste armazenamento as empresas portuguesas têm-se mostrado na vanguarda da aplicação de outros tipos de sistemas de armazenamento, como é exemplo o projeto-piloto de baterias de lítio de alto desempenho em Évora. De facto, sendo a produção renovável dependente de fontes energéticas que No primeiro trimestre de 2016 o preço médio do mercado spot diário situou-se nos 30,47 /MWh. Este preço traduz as boas condições de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis que se refletiram numa redução do preço médio do mercado spot diário em 15,39 /MWh, face ao período homólogo do ano anterior. De facto, no primeiro trimestre de 2015, o preço médio do mercado spot diário foi de 45,86 /MWh, para uma componente renovável de apenas 61 %. Estes dados evidenciam de forma clara o impacto positivo da eletricidade renovável na redução do preço da energia elétrica no mercado spot. Informação disponível em: APREN Departamento Técnico e Comunicação Av. Sidónio Pais, nº 18 R/C Esq Lisboa, Portugal Tel. (+351) APREN 6
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