EFEITO DA IMUNOCASTRAÇÃO SOBRE CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E A CORRELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA E PH EM OVINOS

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1 EFEITO DA IMUNOCASTRAÇÃO SOBRE CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E A CORRELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA E PH EM OVINOS Cristina Magalhães de Souza Rebouças *1 (IC), Aracele Pinheiro Pales dos Santos 2 (PQ), Bruna Paula Alves da Silva 3 (PQ), Klayto José Gonçalves dos Santos 4 (PQ), Raiany Soares de Paula 5 (PG), Jéssica Aparecida Rodrigues Martins 6 (IC), Hipólito Rosa Evangelista 6 (IC), Ana Brigida Ribeiro de Amorim 6 (IC) 1Graduanda em Zootecnia, PIVIC/UEG, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos, cmsr21@hotmail.com 2Doutora em Ciência Animal, Docente do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos GO 3Doutoranda em Zootecnia, Docente do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos GO 4Doutor em Ciência Animal, Docente do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos GO 5Zootecnista, Mestranda - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Rural Sustentável - UEG, Câmpus São Luís de Montes Belos. 6Graduando(a) em Zootecnia, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos - GO Resumo: A ovinocultura de corte é uma atividade que vem se desenvolvendo gradativamente no Brasil, crescendo em regiões onde antes esta atividade era insignificante, viabilizando sistemas de produção animal em pequenas propriedades, alternativa de investimento no meio agropecuário. Vem alcançando bons preços no mercado, muito apreciada pelos consumidores mais exigentes. A castração de ovinos é uma prática ainda não utilizada, que tem como objetivo obter animais mais dóceis, um manejo mais fácil, preservação das instalações e pastagens, menos problemas de casco e sem risco de monta indesejada. A tradicional é um procedimento trabalhoso, com complicações pós-operatórias, perda de peso e sofrimento animal. Sendo assim a imunocastração representa uma alternativa, facilitando o manejo, promovendo o bem-estar animal, com melhora da qualidade da carne. O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Goiás, com 17 ovinos machos mestiços Dorper x Santa Inês. Teve como objetivo aferir os valores de ph e temperatura da carcaça no pos mortem e correlacionar os valores através das curvas com os valores de cisalhamento. Concluímos que não houve diferenças significativas, portanto provavelmente não seja interessante financeiramente imunocastrar. Sugerimos mais estudos para verificar a viabilidade econômica, tendo em vista a vantagem do bem estar animal. Palavras-chave: Cordeiro. Castração química. Maciez da carne. Introdução

2 Os maiores rebanhos ovinos do mundo estão distribuídos pelos países pertencentes à Ásia, África e Oceania. A China se destaca com 29,2% como sendo o país com maior número de animais. Em contra partida a Nova Zelândia detém apenas 3,8% do rebanho mundial de ovinos e, ainda assim, é a maior exportador de carne de carneiro e de cordeiro do mundo, responsável por mais de 40% do mercado internacional. (SEBRAE, 2010). Países como Austrália e Nova Zelândia são reconhecidos por desenvolverem sistemas de produção de alta produtividade. Suas criações, altamente tecnológicas, visam à produção de carne e lã, o que os leva a controlar o mercado internacional desses produtos. (VIANA, 2008). O Brasil possui 15,5 milhões de cabeças ovinas distribuídas por todo o país, porém, concentradas em grande número no estado do Rio Grande do Sul e na região nordeste. A criação ovina no Rio Grande do Sul é baseada em ovinos de raças de carne, laneiras e mistas, adaptadas ao clima subtropical, onde se obtém o produto lã e carne. Na região nordeste os ovinos pertencem a raças deslanadas, adaptadas ao clima tropical, que apresentam alta rusticidade e produzem carne e peles (IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal, 2005). Destaca-se também o crescimento da criação ovina nos Estados de São Paulo, Paraná e na região centrooeste, regiões de grande potencial para a produção da carne ovina. A ovinocultura de corte é uma atividade que vem crescendo muito nos últimos anos, principalmente devido à grande procura pela carne ovina, já que esta, especialmente a de cordeiro, produzida sob condições técnicas para o consumo, vem alcançando bons preços no mercado, sendo muito apreciada pelos consumidores mais exigentes, que buscam um produto de qualidade (VIANA, 2008). Enquanto a cadeia produtiva não se consolida, os produtores enfrentam dificuldades como a falta de frigoríficos, baixo consumo, alto preço de reprodutores, pouca organização da cadeia, abate clandestino, entre outros (ALENCAR & ROSA, 2006). A castração de ovinos é uma prática ainda não utilizada, que tem como objetivo obter animais mais dóceis que promovam um manejo mais fácil, preservação das instalações e pastagens, menos problemas de casco e sem risco de monta indesejada. Espera-se que ovinos castrados produzem melhor qualidade de carne, sendo menor o risco de desenvolvimento de, apresentam melhor

3 deposição de gordura e maior marmorização. A castração tradicional é realizada sem anestésicos e em condições precárias de higiene, sendo considerado um procedimento trabalhoso, com complicações pós-operatórias, perda de peso e sofrimento animal. A imunocastração é realizada através da utilização da vacina anti-gnrf (fator liberador das gonadotropinas) fora do período reprodutivo, estimula a produção de anticorpos que neutralizam o fator GnRF e inibem, temporariamente, a liberação dos hormônios sexuais masculinos e femininos, com a correspondente redução no comportamento sexual e agressividade dos animais. A vacina representa uma alternativa imunológica à castração cirúrgica, facilitando assim o manejo, promovendo o bem-estar animal, com melhora da qualidade da carne, controle do comportamento sexual e aumento potencial de produtividade. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Goiás. Os animais foram identificados e distribuídos em dois grupos de criação, recebendo o mesmo manejo nutricional e sanitário. Foram avaliados inicialmente 18 ovinos machos mestiços Dorper x Santa Inês em sistema de parceria, porém, durante o experimento um animal veio a óbito, finalizando o experimento com 17 animais clinicamente saudáveis na faixa etária de 3 meses (± 1) e peso médio de 20 kg (± 1 kg). Foram utilizados 17 ovinos machos mestiços Dorper x Santa Inês onde 09 receberam aplicações de um imunocastrador e 09 machos sem administração de imunocastrador. Quando a média dos animais atingirem o peso médio de 25 Kg, os animais foram submetidos a um jejum de sólidos de 12 horas, pesados e transportados até o frigorífico Cooper Carnes situado na cidade de Rio Verde, Goiás. As meias-carcaças (direita e esquerda) foram identificadas, sendo aferido o primeiro valor de temperatura. Logo após 24 horas de resfriamento em câmara fria a 2ºC, efetuou-se a aferição de ph e temperatura. A análise da força de cisalhamento foi realizada após o cozimento e pesagens de uma fatia de 2,5cm retirado do Longissimus dorsi, onde foram extraídas amostras de feixes de fibras, circulares (OSÓRIO et. al, 2014), logo em

4 seguida foram cortadas perpendicularmente à fibra, por intermédio do aparelho Warner-Bratzler Shear. Por último foram calculadas as perdas de água por exsudação/evaporação e por cozimento. Resultados e Discussão de animais. Segue abaixo a tabela com as médias de temperatura e ph dos dois grupos Tabela 1. Valores de temperatura e ph obtidos no abate de ovinos machos mestiços Imunocastrados e não Castrados. Imunocastrados Não Castrados Ti C após o abate (quente) 35,4 37,0 Tf C após 24 horas 3,3 2,7 phi após o abate (quente) 7,0 7,0 phf após 24 horas 6,3 5,9 *Tiº (temperatura inicial), Tfº (temperatura final), phi (ph inicial), phf (ph final). Na curva de queda de ph após 24 horas executando a força de Cisalhamento para a aferição da maciez da carne de ovinos, obteve se o valor de 2,03 para imunocastrados e 2,12 para não castrados. LOBO et al. (2014) em seu experimento com o imunocastrador em trinta bovinos da raça Holandês/Gir, constatou que a utilização do imunocastrador não alterou significativamente as característica de desempenho produtivo dos animais assim como as características morfométricas, ou seja não havendo diferenças significativas entre os dois tratamentos. Já ANDREO (2013) encontrou diferenças significativas entre os dois tratamentos em seu experimento realizado na Fazenda Araucária, em Luiziana PR, com oitenta bovinos Nelores. Animais imunocastrados apresentaram menor ganho de peso, peso de carcaça quente, rendimento de carcaça, ph final, espessura de perna, profundidade de músculo, área de olho de lombo, porcentagem de músculo na carcaça, força de cisalhamento e umidade. Entretanto, obtiveram maior concentração de lactato e cortisol sanguíneos, profundidade torácica, espessura de gordura, grau de cobertura na carcaça, a*, b*, perda de líquido ao descongelar,

5 índice de fragmentação miofibrilar e extrato etéreo da carne em relação aos não castrados. Considerações Finais Conclui-se com esse experimento que não houve diferenças significativas entre os dois tratamentos, portanto provavelmente não seja interessante financeiramente imunocastrar. Sugerimos mais estudos para verificar a viabilidade econômica, tendo em vista a vantagem do bem estar animal em relação ao procedimento. Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pelo dom da vida. A Universidade Estadual de Goiás, por me receber mais uma vez. Toda a equipe do Câmpus de São Luis de Montes Belos, em especial a professora Drª Aracele Pinheiro Pales dos Santos pela oportunidade e confiança e também, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG pelo apoio durante o desenvolvimento da pesquisa. Referências ALENCAR, Leonardo; ROSA, Fabiano R. Tito. Ovinos: Panorama e mercado. Revista O Berro. 96.ed. Uberaba: Agropecuária Tropical ANDREO, Nayara. Influência da imunocastração nas características de carcaça e na qualidade da carne de bovinos e suínos f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade Estadual de Londrina, Londrina FILHO, G. C. Manejo básico de ovinos e caprinos - guia do educador - Brasília- SEBRAE IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal, Disponível em: << Acesso em 05 de agosto 2016.

6 LOBO, Ulisses Gabriel Moraes et al. Avaliação de imunocastração em relação ao desempenho de bovinos machos mestiços terminados em confinamento. III Encontro de Pesquisa e Extensão, Campus São Luís de Montes Belos, Goiás. Outubro Disponível em:<< Acesso em 05 de agosto de OSÓRIO, José Carlos da Silveira et. al. Técnicas de avaliação in vivo, na carcaça e na carne. In: SELAIVE-VILLARROEL, A. B.; OSÓRIO, J. C. S. (Org.). Produção de ovinos no Brasil. São Paulo, SP: Roca, Cap. 33, p VIANA, João Garibaldi Almeida. Panorama geral da ovinocultura no mundo e no Brasil. Revista Ovinos. Porto Alegre: v. 4, n. 12, março de 2008.

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