Defeitos do Negócio Jurídico Conceito:
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- Marta Sales Barata
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1 Defeitos do Negócio Jurídico Conceito: São os vícios que atacam os requisitos da vontade, também chamados de vícios de consentimento, bem como os vícios sociais, quando a vontade do declarante é real, contudo, dirigida a ludibriar a lei ou terceiros.
2 Segundo FARIAS e ROSENVALD, classificando vícios de consentimento e sociais temos que: Consentimento: Dizem respeito a hipóteses nas quais a manifestação de vontade do agente não corresponde ao íntimo e verdadeiro intento do agente... exteriorizando divergência entre a vontade que se percebe e o real desejo do declarante. Existe incompatibilidade entre a vontade declarada, exteriorizada, e a intenção do agente, a vontade interna. São vícios de consentimento: Erro, Dolo, Coação, Lesão, Estado de Perigo.
3 Sociais: A vontade é exteriorizada em conformidade com a intenção do agente. No entanto, há uma deliberada vontade de prejudicar terceiro ou burlar a lei, motivo pelo qual o vício não é interno, mas externo, com alcance social. São vícios sociais: Simulação e Fraude Contra Credores.
4 ERRO Ocorre o erro, ou ignorância, quando o agente celebra o negócio jurídico com a falsa percepção da realidade. Trata-se de uma interpretação incorreta de um fato. Completo desconhecimento sobre a verdade de um fato. Inexiste sequer uma representação imperfeita.
5 Segundo CAIO MARIO, Quando o agente por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procede em erro..
6 Se os erros são facilmente perceptíveis pudessem levar à anulabilidade de negócios jurídicos, geraria patente insegurança nas relações jurídicas. Atualmente, no C.C. 2002, privilegia-se o Pr. da Confiança, corolário da boa fé, esperando que nas relações jurídicas os agentes se comportem com ética. Essa diretriz foi abraçada pela Jornada de Direito Civil, sedimentada no Enunciado 12.
7 Essa diretriz foi abraçada pela Jornada de Direito Civil, sedimentada no Enunciado 12. Na sistemática do Art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança.
8 O erro tratado no artigo é o substancial, o que o difere do erro acidental.
9 Substancial é o erro que tem um papel decisivo na determinação da vontade do declarante, de modo que se este conhecesse o real estado das coisas, não teria concluído o negócio.
10 Art O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
11 Falso Motivo Art. 140 do C.C São as representações psíquicas internas ou razões que levam o agente a celebrar determinado negócio jurídico.
12 Dolo é artifício, artimanha, engodo, encenação astúcia, desejo maligno tendente a viciar a vontade do destinatário, a desviá-la de sua correta direção.
13 Venosa, citando a clássica definição de Clóvis: Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro. O dolo visa obter um proveito indevido para quem induz o outro em dolo, ou a terceiro.
14 DIFERENÇA ENTRE DOLO E ERRO Tanto em um, como em outro, existe uma representação errônea da realidade. A diferença é que no erro, o vício da vontade decorre de uma convicção íntima do agente, sem intervenção de terceiros, enquanto que no dolo há a instigação ao erro por uma das partes. Dolo é provocado Erro é espontâneo.
15 REQUISITOS DO DOLO Intenção de induzir o declarante a praticar ato jurídico; Utilização de recursos fraudulentos graves; Que esses artifícios sejam a causa determinante da declaração de vontade; Que os artifícios maliciosos procedam do outro contratante ou sejam por este conhecidos como procedentes de terceiros.
16 Para gerar a nulidade, o Dolo tem que ser a causa da realização do negócio jurídico.
17 Já o dolo meramente acidental este não é a razão principal de contratar, apenas onera para o lesado o prejuízo que sofreria de qualquer forma em virtude do dolo essencial.
18 DOLO POSITIVO VS DOLO NEGATIVO Dolo positivo corresponde a expedientes enganatórios, sejam expressos ou verbais, atos positivos, direcionados a perfazer determinada conduta que levará alguém, intencionalmente, ao erro.
19 O dolo negativo se caracteriza pelo silêncio intencional de uma das partes sobre fato ou qualidade do objeto sobre o qual repousa a declaração de vontade. Assim, nas vendas, o vendedor não deve se calar sobre as qualidades da coisa que conhece melhor, protegendo a boa fé nos negócios jurídicos.
20 Por fim, o Art. 150 traz a regra pela qual ninguém poderá ser aproveitar da própria torpeza. Assim, se ambas as partes atuaram como dolo, nenhuma delas poderá alegá-lo para anular o negócio jurídico. Inexistente boa fé de ambas,compensamse as condutas.
21 COAÇÃO
22 Como já visto no erro, o agente se engana sozinho, espontaneamente, mediante uma falsa percepção da realidade, enquanto que no dolo ele é levado a se enganar em virtude de meios ardilosos utilizados pela outra parte, a quem aproveita o erro.
23 Conceito: Coação consiste em toda pressão física ou moral exercida contra alguém, de modo a forçá-la à prática de um determinado negócio jurídico, contra a sua vontade, tornando-o defeituso.
24 A coação pode ser dividida entre: Coação Física, chamada de vis absoluta, caracterizada por uma pressão resultante de uma força exterior suficiente para tolher os movimentos do agente, fazendo desaparecer a sua vontade. É a violência física que não dá escolha ao coacto, de modo que inexiste a vontade deste. Ex. Individuo conduz a mão do coacto para conseguir a assinatura em um documento, de modo que não há vontade do violentado, que fica reduzido a um mero autômato.
25 Coação moral, também chamada de vis compulsiva, alguns autores a chamam de coação relativa, que é o vício de vontade propriamente dito, pois, em maior ou menor amplitude, haverá alguma escolha do coacto. Ex. Alguém que vende a sua casa a preço vil, soa a ameaça de serem revelados segredos de sua vida pessoal, como uma amante, por exemplo.
26 REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DA COAÇÃO Gravidade Seriedade Iminência ou atual Nexo Causal entre a Coação e o ato extorquido O ato ameaçado seja injusto
27 Por temor reverencial entenda-se o receio de desagradar alguém a quem se deve obediência. A ideia principal é o desejo de não desagradar, de não prejudicar a afeição e o respeito, causar certo desprazer em pessoas ligadas por vinculo afetivo ou por vinculo de hierarquia.
28 A coação exercida por terceiro que beneficiar a parte, que dela tinha ou devesse ter conhecimento, vicia o negócio jurídico, respondendo esta, solidariamente ao terceiro, pelos danos causados.
29 Por fim, a coação deve representar uma ameaça ao declarante, a pessoa da sua família, compreendida aqui na sua expressão mais ampla, englobando não somente pessoas ligadas por laços de sangue ou afinidade, mas também por afeto, logo, a ameaça a um amigo muito próximo, poderá configurar coação, nos termos do parágrafo único do Art
30 LESÃO Se houver desproporcionalidade nas prestações, causada pelo abuso da inexperiência ou necessidade de uma das partes, gerando prejuízo, o negócio jurídico poderá estar viciado pela Lesão.
31 Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:... b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida.
32 REQUISITOS DA LESÃO São dois, um de ordem subjetiva e outro de ordem objetiva: O requisito objetivo reside no lucro excessivo, em desproporção com a prestação que fornecerá. O requisito subjetivo se encontra no dolo de aproveitamento. Ou seja, a circunstância de uma das partes aproveitar da inexperiência leviandade ou estado de necessidade da outra parte.
33 A LESÃO SOMENTE OCORRE NOS CONTRATOS COMUTATIVOS, PORQUE NESTES DEVE HAVER PRESUMIDA EQUIVALENCIA DAS PRESTAÇÕES. OS CONTRATOS ALEATÓRIOS, EM GERAL, NÃO ADMITEM ESSE VÍCIO, POIS SUAS PRESTAÇÕES, POR NATUREZA, JÁ SE MOSTRAM DESEQUILIBRADAS.
34 ESTADO DE PERIGO Em algumas situações, o sujeito, premido pela necessidade, sem outra alternativa ou saída viável, acaba celebrando determinado negócio jurídico que lhe é prejudicial.
35 O estado de perigo atual e iminente da vítima gera o desequilíbrio na celebração do negócio jurídico, restringindo a liberdade de manifestação daquele que assume obrigação onerosa.
36 Para caracterizar o Estado de Perigo são necessários a presença de dois elementos: Um de ordem Objetiva. Que consiste na assunção de obrigações sobremaneira onerosas no momento da exteriorização da vontade, voltada para salvar a si ou pessoa com quem se liga afetivamente, submetendo-se a prejuízo. Outro de ordem Subjetiva, relacionado às condições de inferioridade em que se encontrava a vítima no momento da contratação, tendo ciência da situação de perigo, e o dolo de aproveitamento daquele que conhece o estado de perigo, se valendo da inferioridade pela qual a vítima se encontra.
37 SIMULAÇÃO Segundo VENOSA, juridicamente é a prática de ato ou negócio que esconde a real intenção. A intenção dos simuladores é encoberta mediante disfarce, parecendo externamente negócio que não é espelhado pela vontade dos contraentes.
38 Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem ou transmitirem, havendo interposição de fictícia e interposta pessoa, nos termos do Art. 167, 1, I. Tratam-se dos chamados testas de ferros. Ex. Não podendo transmitir patrimônio para sua amante, transfere ao irmão. Contratos com declarações, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. Ex. Vendo uma fazenda abaixo do preço real. Instrumentos contratuais pós ou ante datados.
39 Para fixar: Na simulação aparenta-se um negócio jurídico que, na realidade, não existe ou ocultase, sob uma determinada aparência, o negócio verdadeiramente desejado.
GEORGIOS ALEXANDRIDIS
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