ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO EM ATLETAS DE HANDEBOL

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1 ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO EM ATLETAS DE HANDEBOL Noce, F. a, Simim, M.A.M. b, Penna, E.M. b, Ferreira, R.M. b-c, Costa, V.T. b a Universidade Federal de Ouro Preto UFOP b Laboratório de Psicologia do Esporte LAPES/UFMG c Centro Universitário de Belo Horizonte Uni-BH Palavras-chaves: Conhecimento, Tática, handebol, Tomada de Decisão Resumo O objetivo principal deste trabalho é analisar o nível de conhecimento tático em atletas de handebol. Foram analisadas quarenta (40) atletas de quatro equipes de Handebol, de nível escolar, do sexo feminino. Foi utilizado como instrumento de pesquisa o teste de conhecimento tático no handebol. As avaliações constaram de dezessete (17) situações ofensivas de jogo, onde o atleta tomava decisões do tipo o que fazer e justificava a resposta dada. Verificou-se que as atletas atingiram valores médios mais elevados na Situação #6 (3,35±1,70). Em contrapartida, a Situação #11 foi a que obteve menores índices de acertos (0,50±1,01). Concluiu-se que o nível de conhecimento tático da amostra analisada pode ser considerado médio, uma vez que a pontuação do grupo equivale a 49,6% da pontuação total possível.. Abstract The purpouse of this paper is to analyze the level of tactical knowledge on handball athletes. We analyzed fourty (40) athletes from four different school teams. Evaluations consisted of seventeen (17) offensive game situations where the athlete made decisions like what to do and justified the answer. It was found that the athletes reached higher mean values in Scene # 6 (3.35 ± 1.70). In contrast, the situation #11 had lower rates of correct answers (0.50 ± 1.01). It was concluded that the level of tactical knowledge of the analyzed sample can be considered like average, since the score of the group amounts to 49.6% of the total possible score. Introdução Os jogos esportivos coletivos (JEC) e seus componentes para o rendimento têm sido uma temática crescente dentro do ambiente acadêmico (GARGANTA, 2002; GRECO, 1995, 2001; SOUZA, 1999, 2002, IROKAWA et al., 2011). Uma das principais capacidades inerentes ao rendimento esportivo nos JEC é a tática. A capacidade de decisão tática tem grande importância porque as decisões sobre o que fazer, por que fazer, quando fazer, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,

2 onde fazer e como fazer constituem parâmetros imprescindíveis para a compreensão do jogo, possibilitando ao praticante comportar-se de maneira tática inteligente durante uma partida (SOUSA, 2002). Quando se refere à tática nos JEC, conseqüentemente, se pensa na inter-relação dos fatores espaço-tempo-bola-colega-adversário em uma situação de jogo, representando para o atleta, uma tarefa ou um problema a ser resolvido. A resolução do mesmo estará em direta dependência da tomada de decisão que o atleta planeja e executa na situação, considerando que esta tomada de decisão significa possuir, antecipadamente, um objetivo de ação (GRECO; BENDA, 1998). Segundo Greco (2001), a grande dificuldade dos pesquisadores centrase notavelmente na identidade, nas características inerentes aos jogos coletivos. Dentre elas se encontram a variabilidade da técnica, a imprevisibilidade do contexto ambiental, a riqueza, a aleatoriedade e a variabilidade de situações táticas que se manifestam nos esportes. Desta maneira, o processo ensino-aprendizagem-treinamento dos JEC deve ser orientado através do desenvolvimento harmônico, integrado e simultâneo dos componentes do rendimento esportivo, como as capacidades táticas, coordenativas, técnicas, dentre outras (SOUSA, 1994), já que comumente os treinadores estruturam seus treinamentos com o foco apenas nos aspectos técnicos das modalidades, não propiciando a evolução tática de seus comandados (LIMA et al., 2011). Especificamente no handebol, a capacidade tática está presente e se apresenta também, como uma das principais características para a formação e qualidade de um atleta completo. Sabe-se que esse tipo de atleta baseiase em sua experiência para antecipar as ações que pretende realizar no jogo e assim, supera os iniciantes ao regular as suas execuções, detectando os possíveis erros e corrigindo as suas estratégias no decorrer da ação (McPHERSON; VICKERS, 2004). A ação tática não apenas no Handebol, mas em um contexto geral dentro dos JEC, segundo Costa et al. (2010), não deve ser entendida apenas como uma das dimensões tradicionais do jogo, mas como a dimensão unificadora que dá sentido e lógica a todas as outras. Especificamente com relação às ações táticas dos jogadores de handebol, Greco e Ribas (1998) propõem duas divisões: (1) função do jogador na quadra (ataque ou defesa) e (2) forma de comportamento do jogador (tática individual, de grupo e coletiva). Essa divisão está ligada à possibilidade de perda ou ganho da posse de bola caracterizando, portanto, a opção de atacar ou defender. Assim, a idéia central do treinamento tático no handebol é que o atleta 2090 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p , 2012

3 aprenda a controlar de forma efetiva suas ações, isto é, saber que tipos de ações produzem um determinado tipo de resposta desejada (GRECO et al. 1998). Uma maneira eficaz de se avaliar o conhecimento tático de um determinado atleta é através do chamado Conhecimento Tático Declarativo (CTD). Esse conhecimento tático teórico específico do jogo, segundo French e Thomas (1987), é aquele que pode ser exposto verbalmente, que é relacionado com as regras do esporte (por exemplo: a localização dos jogadores em quadra) e com os objetivos e submetas do jogo. Esse tipo de avaliação de conhecimento tático é consolidado em diferentes modalidades como o futebol (IROKAWA et al., 2011; GIACOMINI et al., 2011), futsal, (SOUZA, 2002), vôlei (QUEIROGA et al., 2010). Dessa maneira, dada a importância do conhecimento tático no desenvolvimento dos atletas, o objetivo do presente estudo é analisar o nível de conhecimento tático em atletas de handebol. Procedimentos Metodológicos A Pesquisa foi realizada com quarenta (40) atletas de quatro equipes de Handebol, da categoria infantil, cadete e juvenil, do sexo feminino, com idade entre 12 a 17 anos, que disputam competições escolares em nível regional e nacional. Foi realizado o teste de conhecimento tático no handebol elaborado por Greco (1995). Esse teste foi utilizado para determinação do nível de conhecimento tático e consta de situações típicas de ataque apresentadas em forma de diagrama e elaboradas como slides para projeção. As avaliações constaram de dezessete (17) situações ofensivas de jogo, onde o atleta toma decisões do tipo O QUE FAZER e justifica a resposta dada. A coleta dos dados foi realizada em uma escola particular de Belo Horizonte em data agendada com o responsável pelo treinamento. As atletas avaliadas encontravam-se em uma sala escurecida, sentadas próximas ao local onde foram projetadas as imagens (telão). Para a melhor compreensão da tarefa realizada foram explicadas às atletas duas situações de jogo como exemplo, para facilitar o processo de familiarização com a tarefa (Figura 1). As situações de jogo que foram exibidas uma após a outra, num período de três segundos (tempo que o atleta dispõe para perceber a situação e analisá-la), sendo que foi projetada uma imagem em branco após cada situação para que a atleta utilize esse intervalo para responder de maneira mais adequada à pergunta. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,

4 FIGURA 1 Exemplo de situação do teste tático em handebol. O procedimento de aplicação seguiu o protocolo proposto por Greco 7 sendo as respostas avaliadas quanto à escolha e justificativa da seguinte maneira: 0 (zero) ponto se tanto a decisão, como a justificativa estiverem erradas, ou se a resposta é do tipo não sei ou em branco ; 1 (um) ponto se a justificativa estiver errada, mas a decisão correta; 2 (dois) pontos se a justificativa estiver mais ou menos correta e a decisão errada ou em branco; 3 (três) pontos se a justificativa estiver mais ou menos correta e a decisão certa; 4 (quatro) pontos se a justificativa estiver correta e a decisão errada ou em branco; 5 (cinco) se a justificativa e a decisão estiverem corretas. Foi utilizada uma estatística descritiva para a análise dos dados demográficos (perfil da amostra) e das situações separadamente, conforme o sistema de pontuação apresentado acima. O estudo foi conduzido de acordo com as diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Saúde (resolução 196/96) para estudo com seres humanos. Resultados A Tabela 1 apresenta os dados demográficos da amostra estudada. Verificou-se que a idade média das atletas foi de 14,27(±1,38) anos, com tempo de experiência de 30,55(±16,16) meses R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p , 2012

5 TABELA 1 Perfil da amostra em relação ao tempo de experiência e as equipes Em relação ao resultado do teste (Tabela 2) podem-se observar os valores médios e a distribuição de freqüência alcançada pelo grupo em cada uma das situações. Verificou-se que as atletas atingiram valores médios mais elevados na Situação #6 (3,35±1,70). Em contrapartida, a Situação #11 foi a que obteve menores índices de acertos (0,50±1,01). TABELA 2 Resultados do Teste de Conhecimento Tático em cada situação R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,

6 O diagrama com as situações 6 e 11, bem como as respostas e as justificativas corretas podem ser visualizadas na figura 2. FIGURA 2 Diagrama das situações 6 e 11 do Teste de Conhecimento Tático no Handebol Conforme protocolo do teste, as 17 situações poderiam ser pontuadas entre 0 e 5 pontos, sendo que as atletas somente poderiam alcançar o valor máximo de 85 pontos ao final do resultado. Dessa maneira, a menor pontuação alcançada foi de 19 pontos e a maior 62 pontos. A média de pontuação das atletas foi de 42,18 (±11,44) apresentando, portanto um coeficiente de variação de 27%. O gráfico 1 apresenta a distribuição de freqüência (de acordo com o nível de aproveitamento geral do grupo), destacando ao fundo a curva normal da respectiva amostra, na qual se observa um grupo pouco homogêneo e desvio padrão relativamente alto (±11,44) R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p , 2012

7 FIGURA 3 Distribuição de freqüência do nível de conhecimento tático das atletas de Handebol Discussão O handebol, assim como a maioria dos esportes coletivos, tem como característica o processamento de informação de forma rápida em diferentes situações e sua eficácia se revela na ação consciente e adequação destes novos sinais relevantes durante uma partida. Segundo Elliot e Mester (2000) os processos de tomada de decisão tratam do uso dessa informação para determinar qual a resposta necessária e se esta resposta é necessária, ou seja, é a seleção do modo correto de agir, de acordo com as circunstâncias, com o contexto e com as experiências passadas. A qualidade da tomada de decisão (em termos de velocidade e precisão) será obviamente influenciada pela qualidade de informação sensorial recebida, mas também pelo conhecimento do indivíduo a cerca do contexto e das expectativas da experiência passada. Para Konzag (1984) decidir significa que, do número de alternativas de ação objetiva e subjetiva que existem, será feita a seleção de uma delas. Assim, para que a capacidade tática seja alcançada com eficiência, a tomada de decisão tem papel fundamental neste processo e o conhecimento do atleta de handebol das probabilidades e das preferências de jogo de seus R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,

8 adversários atua, no sentido de redução da quantidade de informação a ser processada, na diminuição do tempo de tomada de decisão e principalmente no aumento do rendimento esportivo. Especificamente em relação às situações do teste, a situação 6 foi a que apresentou maior porcentagem de indivíduos pontuando entre 3 e 5 pontos. Essa é uma situação caracterizada por ser de superioridade numérica do ataque (3x2 - três atacantes e dois defensores) onde o pivô faz um bloqueio no defensor do atacante que está com a posse de bola dando a possibilidade de finta para o mesmo. Segundo Greco e Ribas (1998) o bloqueio é um fundamento bem trabalhado em qualquer nível competitivo, em qualquer idade e por qualquer técnico. Além disso, o bloqueio é uma das ações mais utilizadas nas situações de ataque para que um companheiro de equipe dê suporte para que outro obtenha boas condições de arremesso ou passe. Já a situação 11 apresentou 87,5% da pontuação entre 0 e 1, sendo essa uma situação de jogo 6x6 onde o atacante com a bola é marcado, dando a possibilidade de seu companheiro fintar pois o mesmo está livre e possui um grande espaço. Como o tempo de experiência foi bastante heterogêneo, com algumas atletas apresentando baixa experiência na modalidade, e sendo esta uma importante variável que influencia no CTD (GIACOMINI et al., 2011), algumas atletas menos experientes podem não terem sido capazes de resolver essa situação, explicando assim os baixos escores apresentados pela mesma. O estudo de Greco et al. (1998) verificou o nível de conhecimento tático das modalidades voleibol, handebol e futsal dos atletas participantes do 3 Jogos da Juventude em Goiânia, Os autores identificaram valores médios gerais de 2,26 (±0,45) pontos, sendo que as equipes do Estado do Rio de Janeiro apresentaram valores médios (3,04±0,69) superiores as equipes de outros estados. Em estudo realizado por Greco et al. (2002) com atletas de esportes coletivos (handebol, futsal e voleibol) de várias regiões do Brasil, foram encontrados valores de conhecimento tático geral, no handebol feminino, de 46,18 (±13,97) pontos. Nesse mesmo estudo, os autores verificaram que as atletas do Estado do Rio Grande do Norte foram as que atingiram maiores pontuações (56,10±17,50). As atletas do Estado de Minas Gerais alcançaram a pontuação de 47,20 (±20,60) pontos. No presente estudo foram alcançados valores superiores aos encontrados pelos autores citados acima. Esse fato pode ser explicado uma vez que apesar de terem sidos aplicados os mesmos testes, os estudos de Greco et al. (1998) e Greco et al. (2002) analisaram os atletas em um ambientes de competição, ou seja, as fases semifinais, finais, disputa de 3 e 4 lugares. Talvez, em virtude desse procedimento de coleta de dados, os atletas possam ter se dispersado o que poderia influenciar no resultado do teste R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p , 2012

9 Conclusão Concluiu-se que o nível de conhecimento tático da amostra analisada pode ser considerado médio, uma vez que a pontuação do grupo equivale a 49,6% da pontuação total possível. Em relação à estrutura do teste de conhecimento tático há algumas adaptações a serem feitas. Primeiramente, o tempo de visualização das imagens, se mostrou insuficiente e não deve ser igual a todos os níveis de rendimento (infantil, cadete e juvenil), dado a elevada percentagem de respostas 0 (utilizada quando: se tanto a decisão, como a justificativa estiverem erradas, ou se a resposta é do tipo não sei ou em branco ). Desta forma, recomenda-se a replicação do teste com os mesmos grupos utilizando um tempo de exposição maior, para verificar se a haverá diferença na pontuação dos mesmos. Deve-se também ressaltar que o teste mensura situações de ataque o que limita a mensuração do nível de conhecimento tático, pois de acordo com Greco (2001), no handebol, assim como nos esportes coletivos, em nível tático, é importante que o atleta tenha em conta os princípios individuais e coletivos e também saibam diferenciar os dois momentos: ataque e defesa. Assim, recomendam-se estudos sobre a possibilidade de complementação do teste, com situações defensivas. Logo, o último questionamento se refere ao sistema de pontuação do teste, onde uma grande porcentagem de alunas não obteve pontuações 1, 2 e 4 pontos, levando-se a considerar que tais pontuações não estão adequadas para a mensuração da justificativa dos testados. A recomendação é que se reestruture o sistema de pontuação. Por fim, no decorrer do trabalho salienta-se a importância do conhecimento tático para a formação de um atleta de qualidade, cabe, então, aos pesquisadores, dedicarem maiores estudos sobre a validação dos instrumentos e procedimentos de avaliação dos atletas, no que se refere a este item (conhecimento tático), para que a mensuração aconteça de forma adequada e fidedigna e o rendimento esportivo seja alcançado com mais eficiência. Recomendam-se, também, estudos complementares que relacionem o Conhecimento Tático com outras variáveis, tais como tempo de prática, idade, local de prática, diferença entre técnico ou número de técnicos, dentre outros. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,

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11 IROKAWA, G. N. F.; COIMBRA, A.; FERREIRA, R. M.; PENNA, E. M.; ABURACHID, L. C.; COSTA, V. T. (2011) Comparação do nível de conhecimento tático declarativo de duas equipes de futebol, relacionado ao tempo de prática do atleta e posição que atua em campo. Lecturas Educación Física y Deportes, v. 15. LIMA, C. O. V; COSTA, M. H. C.; GRECO, P. J. (2011) Relação entre o processo de ensino-aprendizagem-treinamento e o desenvolvimento do conhecimento tático no voleibol. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (Impresso), v. 25, p KONZAG, I. (1984) La formacion técnico-táctica en los juegos deportivos colectivos. Revista Stadium, v. 18, n. 105, McPHERSON, S.L.; VICKERS, J. N. (2004) Cognitive control in motor expertise. Journal of Sport and Exercise Psychology. v. 2, p QUEIROGA, M. A.; MATIAS, C. J. A. S.; MESQUITA, I.; GRECO, P. J. (2010) O Conhecimento Tático-Estratégico dos Levantadores Integrantes das Seleções Brasileiras de Voleibol. Fitness & Performance Journal (Impresso), v. 9, p SOUZA P. R. Proposta de Metodologia para o Desenvolvimento do Conhecimento Tático em Esportes Coletivos: a Exemplo do Futsal. (1999) In: INDESP. 1º Prêmio INDESP de Literatura Esportiva. 1 ed. Belo Horizonte: Publicações Indesp; p SOUZA P. R. (2002) Validação de teste para avaliar capacidade de tomada de decisão e conhecimento declarativo em situações de ataque de futsal. [Dissertação de Mestrado em Treinamento Esportivo - Escola de Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional]. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 1, p ,