a acessibilidade em edifícios de habitação
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- Eliana Quintanilha Miranda
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1 a acessibilidade em edifícios de habitação Seminário Internacional Design Inclusivo - Sociedade inclusiva Câmara Municipal de Lisboa 2 e 3 de Julho de 2003 João Branco Pedro Jpedro@lnec.pt Laboratório Nacional de Engenharia Civil
2 conceitos 1 condições 2 princípios 3 4 edifício habitação 5 6 custo 7 notas finais
3 1 O que significa acessibilidade nas áreas residenciais? Significa a possibilidade de todas as pessoas acederem e utilizarem os espaços residenciais (habitação, edifício e vizinhança) em condições de segurança, conforto e autonomia
4 1 Quem é beneficiado com a acessibilidade na habitação? Todas as pessoas, em particular as pessoas com mobilidade condicionada
5 1 O que são pessoas com mobilidade condicionada (PMC)? São pessoas que têm algum tipo de limitação sensorial (cegos, surdos) física (em cadeira de rodas, crianças pequenas, obesos) cognitiva (analfabetos) que restringe a sua mobilidade de modo permanente (com membro amputado) temporário (grávida, pessoa com perna partida) de circunstância (transportando uma crianças de colo ou grandes volumes)
6 1 Quantas são as pessoas de mobilidade condicionada? Se considerarmos o percurso de vida de uma pessoa, verificamos que em algum momento foi ou será uma pessoa com mobilidade condicionada uma criança tem uma estatura pequena e força física reduzida uma senhora grávida cansa-se com maior facilidade um jovem que transporte volumes de grandes dimensões uma mãe com uma criança de colo necessita de a transportar num carrinho de bebé uma pessoa de meia-idade tende a ter uma vida mais sedentária, podendo tornar-se obesa um idoso tende a ter uma menor vigor físico e acuidade visual e auditiva
7 1 Quantas são as pessoas de mobilidade condicionada? Em qualquer altura da vida uma pessoa pode ter um acidente e ficar temporariamente ou permanentemente com mobilidade condicionada um jovem pode partir uma perna e necessitar de utilizar muletas um adulto pode ter um acidente de viação e necessitar de utilizar uma cadeira de rodas Existem pessoas com limitações de funcionalidade de nascença ou decorrentes de doença (cegos, surdos, etc.)
8 1 Quantas são as pessoas de mobilidade condicionada? Segundo dados recentes cerca de 6% a 10% da população portuguesa tem algum tipo de deficiência Alguns estudos estimam que mais de 30% da população possui algum tipo de limitação que condiciona a sua mobilidade
9 1 Porque é importante assegurar acessibilidade na habitação? 1) É um direito constitucional A constituição proclama o princípio da igualdade entre todos os cidadãos, sublinha que os cidadãos com deficiência gozam plenamente dos direitos e consagra que todas as famílias têm direito a uma habitação adequada 2) É uma forma de contribuir para a integração A ausência de acessibilidade na habitação é um factor de exclusão social (ex., algumas pessoas ficam impedidas de sair de casa e outras são confinadas a instituições de solidariedade social) 3) É um forma de assegurar a participação Hoje em dia as PMC estão envolvidas em todos os domínios de actividade da nossa sociedade (administração, saúde, comércio, industria, investigação, educação) e necessitam de condições de acessibilidade para poderem participar activamente
10 1 Porque é importante assegurar acessibilidade na habitação? 4) É uma melhoria que beneficia todos os cidadãos Com a supressão das barreiras as pessoas com mobilidade condicionada podem usufruir de todos os espaços e serviços da comunidade os seus familiares e amigos vêem reduzida a necessidade de prestar auxilio as pessoas em geral dispõem de espaços e serviços mais cómodos e fáceis de utilizar 5) É uma medida económica vantajosa A existência de barreiras constitui um encargo para a sociedade (redução de produtividade, atribuição de subsídios, criação de serviços de apoio) Se a acessibilidade for assegurada na fase de projecto, o aumento de custo é muito reduzido. A realização de adaptações posteriores, não previstas durante a fase de projecto, tem um custo muito superior
11 2 Quais as condições de acessibilidade do parque habitacional? Não existe um levantamento das condições de acessibilidade dos edifícios habitacionais O conhecimento geral permite afirmar que a maioria dos edifícios habitacionais e habitações Portugal não são acessíveis
12 2 Quais as condições de acessibilidade do parque habitacional? Segundo um estudo sobre a acessibilidade nos edifícios habitacionais em Espanha, 96% dos edifícios têm barreiras nos espaços comuns de circulação 47% dos átrios de entrada têm diferentes níveis vencidos apenas por degraus 66% dos átrios de entrada não possuem um espaço livre de manobra com 1,50 m 22% dos ascensores são inacessíveis devido à reduzida dimensão interior da cabine
13 2 Quais as condições de acessibilidade do parque habitacional? Segundo o mesmo estudo, das habitações analisadas não são acessíveis a uma pessoa em cadeira de rodas: 100% das instalações sanitárias 41% dos vestíbulos 21% das cozinhas
14 2 Porque se verifica esta situação? 1) Pela postura face à deficiência Pressupunha-se a incapacidade das pessoas com deficiências e consequentemente tomava-se a atitude de as proteger colocando-as em habitações ou lares próprios 2) Pelo grave déficit habitacional dos anos 70/80 A prioridade política foi a resolução do problema quantitativo 3) Pela reduzida sensibilização da população Prevaleceu a ideia de que a acessibilidade é um problema dos cidadãos com deficiência 4) Pela ausência de legislação Não existe legislação que defina condições mínimas de acessibilidade na habitação 5) Pela deficiente formação do meio técnico A formação de licenciatura e de pós-graduação das profissões relacionadas com o meio edificado não contempla o tema da acessibilidade
15 2 Porquê se (re)começa a discutir o problema da acessibilidade? 1) Pela evolução nos valores sociais Emerge o valor do direito à diferença, da igualdade de oportunidade e do direito a uma vida independente 2) Pela resolução do déficit habitacional Existem actualmente mais casas do que famílias o que permite uma aposta na melhoria da qualidade 3) Pelo envelhecimento da população Cria um faixa da população com capacidade de influência política através do voto e com capacidade financeira 4) Pela existência de uma organismo estatal O SNRIPD planeia, coordena e executa a política nacional relativa às questões das pessoas com deficiência 5) Pelo comemoração do Ano europeu da pessoa com deficiência Realizam-se ao longo de 2003 numerosas acções concertadas destinadas a fazer crescer a consciência para as necessidades especiais das pessoas com deficiência
16 2 Quais os objectivos de acessibilidade na habitação? 1) Assegurar um nível mínimo de acessibilidade em todos os novos edifícios habitacionais e habitações 2) Apoiar a adaptação de habitações existentes cujos moradores tenham necessidades especiais de acessibilidade
17 2 Como se pode atingir estes objectivos de acessibilidade? Através de 7 estratégias integradas 1) Criar e rever a legislação 2) Realizar acções de sensibilização 3) Promover a formação académica 4) Formar e informar o meio técnico 5) Promover a investigação 6) Fomentar a participação 7) Assegurar a aplicação
18 3 Quais os princípios de concepção da habitação acessível? 1) Visitabilidade A habitação deve poder ser visitada com autonomia por todas as pessoas sem que sejam realizadas quaisquer adaptações Porque todos temos familiares, amigos e conhecidos com mobilidade condicionada que queremos receber nas nossas casas Para se assegurar a visitabilidade: Pelo menos o vestíbulo de entrada e a sala devem ser acessíveis A cozinha e uma instalação sanitária deve ser usável
19 3 Quais os princípios de concepção da habitação acessível? 2) Uso universal A habitação deve ser acessível e utilizável pelo maior número possível de pessoas, sem ser necessário realizar adaptações A habitação não pode portanto ser concebida tendo exclusivamente em conta as necessidades de uma pessoa com características médias ou ideais
20 3 Quais os princípios de concepção da habitação acessível? Muitas das características de acessibilidade podem ser de uso universal, se forem adoptadas as seguintes estratégias: adequada selecção (ex., os puxadores de alavanca são utilizáveis por quase todas as pessoas, incluindo as que têm dificuldade de usar as mãos) localização adequada (ex., as tomadas eléctricas colocadas a uma altura do pavimento um pouco superior ao usual estão ao alcance da maioria das pessoas sem ser necessário a pessoa dobrar-se) possibilidade de ajuste (ex., as prateleiras e as bancadas podem permitir o ajuste da altura ao pavimento) existência de alternativa (ex., se no acesso à habitação existirem degraus pode existir uma rampa alternativa)
21 3 Quais os princípios de concepção da habitação acessível? 3) Adaptabilidade Algumas condições de acessibilidade, que não podem ser implementadas através de estratégias de uso universal, devem ser implementadas por operações de adaptação (ex., espaço livre sob o fogão, barras de apoio na instalação sanitária) As operações de adaptação devem ser implementadas: num curto período de tempo por trabalhadores não especializados sem envolver alterações da estrutura, das redes comuns ou dos materiais de revestimento
22 3 Qual o utente modelo da habitação acessível? Usualmente, para estudar as necessidades de espaço, adoptase como modelo uma pessoa adulta em cadeira de rodas (PCR) porque tem necessidades de movimentação com fortes implicações na concepção arquitectónica
23 4 Átrio de entrada Largura útil da porta de entrada não inferior a 0,90 m Ausência de degraus sem rampa alternativa Ausência de soleiras de porta com altura superior a 0,02 m Área de manobra com diâmetro não inferior a 1,50 m Altura dos comandos e controlos não superior a 1,30 m
24 4 Escadas Degrau com 0,28 m de cobertor por 0,17 m de espelho Existência de corrimãos de ambos os lados Ausência de elementos salientes do plano de concordância entre o espelho e o cobertor
25 Escadas
26 4 Ascensores Número de pisos: r/c+1, r/c+2 a escada permite a instalação de elevador de plataforma r/c+3, r/c+4 existe espaço para instalação posterior de ascensor de cabine >r/c+4 é obrigatória a instalação de um ascensor de cabine Dimensão interior não inferior a 1,10 m por 1,40 m
27 4 Patamares Sem degraus ou soleiras Com pelo menos uma área de manobra com 1,50 m de diâmetro em cada piso
28 5 Quais as características essenciais dos espaços acessíveis? Circulação Cozinha Instalação sanitária
29 Circulação: vestíbulo No vestíbulo deve ser possível inscrever uma zona de manobra com 1,50 m de diâmetro
30 Circulação: portas As portas devem ter uma largura útil de passagem não inferior a 0,77 m
31 Circulação: soleiras, ressaltos e degraus Os ressaltos de pavimento e soleiras devem ter uma altura não superior a 0,02 m
32 Cozinha Deve existir um espaço livre de manobra com 1,50 m de diâmetro
33 Cozinha Deve ser prevista a possibilidade de criar um espaço livre sob a placa de cozinha ou imediatamente ao seu lado
34 Cozinha Deve ser prevista a possibilidade de um PCR aceder ao frigorífico
35 Cozinha Deve ser prevista a possibilidade de criar um espaço livre sob o lava-louça
36 Cozinha Deve ser prevista a possibilidade máquina de lavar loiça ter acesso lateral Se o acesso for frontal a máquina deve estar elevada
37 Cozinha Deve ser prevista a possibilidade dos armários serem colocados a uma altura acessível a uma PCR
38 Cozinha Um cozinha acessível após serem realizadas as alterações prevista nas fase de projecto será bastante diferente de um cozinha convencional
39 Instalações sanitárias Deve existir uma zona de manobra com um diâmetro não inferior a 1,50 m A porta de acesso deve abrir para fora da instalação sanitária ou ser de correr
40 Instalações sanitárias Sob o lavatório deve existir um espaço livre para as pernas de um PCR
41 Instalações sanitárias Devem prever-se na fase de projecto os locais para a posterior fixação de barras de apoio
42 Instalações sanitárias A sanita deve ter uma dimensão de uso que permita uma das seguintes formas de transferência: lateral, diagonal, frontal
43 Instalações sanitárias A banheira deve ter uma dimensão de uso que permita a transferência para um assento existente no seu interior ou na parte posterior
44 Instalações sanitárias As instalações sanitárias acessíveis são substancialmente maiores que as correntes
45 6 Quanto custa a acessibilidade na habitação? Habitação T2 não acessível Área bruta do fogo=72,2 m 2 Habitação T2 não acessível Área bruta do fogo=78,6 m 2 Assegurar condições de acessibilidade implicou +9% de área do fogo
46 6 Quanto custa a acessibilidade na habitação? Habitação T3 não acessível Área bruta do fogo=95,5 m 2 Habitação T3 não acessível Área bruta do fogo=104,7 m 2 Assegurar condições de acessibilidade implicou +9% de área do fogo
47 6 Quanto custa a acessibilidade na habitação? Em habitações de dimensão mínima (HCC) implica um aumento de área entre 5% e 15% Segundo alguns estudos europeus uma habitação acessível tem um custo acrescido entre 3% a 7%
48 6 Quanto custa a falta de acessibilidade na habitação? o tempo dos familiares e amigos que dão apoio os subsídios atribuídos pela assistência social a construção de lares e centros de acolhimento as obras de adaptação para assegurar acessibilidade nas habitações
49 7 Notas finais 1) A promoção da acessibilidade na habitação é um benefício para todas as pessoas 2) Uma habitação acessível não tem de parecer diferente nem ser mais cara que uma habitação corrente 3) A promoção da acessibilidade na habitação requer um conjunto integrado de medidas ao nível da investigação, legislação, sensibilização, formação e participação 4) O nível da acessibilidade do parque habitacional é um sinal do nível de desenvolvimento e maturidade do país
50 7 Notas finais A apresentação baseou-se num estudo em curso no LNEC sobre a acessibilidade nas áreas residenciais Está disponível na Internet um documento sobre os espaços funcionais acessíveis (versão provisória): procurar por "qualidade arquitectónica habitacional" João Branco Pedro Jpedro@lnec.pt As imagens utilizadas na apresentação são do autor, retiradas da Internet ou recolhidas de revistas
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