INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS E ÉTICA. AULA 09 DA ADVOCACIA NOÇÕES INICIAIS Profª Patrícia Maria Haddad
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- Maria de Lourdes di Azevedo Marinho
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1 1 INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS E ÉTICA AULA 09 DA ADVOCACIA NOÇÕES INICIAIS Profª Patrícia Maria Haddad (...) ser advogado significa haver renunciado a muitos sonhos e também haver sido esposado um alto encargo, pleno de grandes responsabilidades. O homem e o jurista constituem uma unidade inseparável e não há uma linha de fronteira entre aquele o profissional; encontram-se sempre entrelaçadas a dignidade do homem e a responsabilidade da profissão na luta pelo direito, pois só esta é própria da advocacia. 1 1 HISTÓRICO - A sentença proferida no processo mais famoso na história Justiça da Humanidade; Grécia: apresentação das partes para defesa de seus argumentos, com presença facultativa de um amigo para auxiliar nas argumentações (amici) Surgimento dos oratores processos orais Sofistas: oratores que se utilizavam de argumentos falsos para confundir os juízes; Grécia, 479 a. C.: Péricles e Antifonte Roma: utilização de processos escritos (disputationes), surgimentos dos patronus (homens que conheciam as leis) Surgimento dos jurisconsultos ou oráculos: classe de maior hierarquia da época, que apresentava pareceres em resposta às consultas que lhe eram feitas (responsia prudentium) e defendiam clientes em juízo Utilização da toga vestimenta dos oradores no Fórum Romano Século VI constituição da Ordem dos Advogados no Império Romano do Oriente pelo Imperador Justiniano; Portugal Ordenações Filipinas: exigência de curso de oito anos para exercício da profissão de advogado Brasil, Lei Imperial de 11 de agosto de 1827: requisitos para ingresso nos cursos jurídicos (15 anos completos, aprovação em exames de retórica, gramática latina, língua francesa, filosofia racional e moral e geometria) Brasil, 11 de agosto de 1827: criação dos primeiros cursos jurídicos em Olinda (Curso de Ciências Jurídicas e Sociais, que começou a funcionar em 15 de maio de 1828, no Convento São Bento e em 10 de agosto de 1854 foi transferido para Recife) e São Paulo (Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Academia de São Paulo que começou a funcionar em 1º de março de 1828, no Convento São Francisco) Brasil, 1843: criação do Instituto dos Advogados Brasileiros Brasil, 1930: criação da Ordem dos Advogados do Brasil 1 COUTURE, Eduardo Jorge Homens e Juristas. Tradução livre de Jacy de Assis. Revista Brasileira de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 38, 2º trimestre de 1983, p. 63 in MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 2ª Ed., São Paulo: Atlas, 2003, p.31
2 2 02 DA FUNÇÃO DO ADVOGADO Definição (...) o advogado é um servidor da sociedade, permitindo a cada pessoa apresentar-se perante o Estado, bem como perante outras pessoas de Direito Privado, postulando suas pretensões jurídicas e exercitando seus direitos. [...]. Seu trabalho é justamente dar expressão técnica à pretensão de seu representado, permitindo que esta se revista de forma jurídica, hábil a ser aceita ou refutada pelo Judiciário. 2 Finalidades da profissão: orientação das partes; solução de dificuldades; resolução de entraves jurídicos; reestabelecimento da justiça e paz social CONTRATO DO ADVOGADO = CONTRATO COMPLEXO - contrato de locação de serviços - contrato de múnus público = artigo 2º, 2º, do Estatuto da OAB Função do Advogado Art. 133, CF. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Art. 2º, EOAB. O advogado é indispensável à administração da justiça. 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social. 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público. 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta Lei. 03 DOS REQUISITOS PARA A INSCRIÇÃO NA OAB Artigo 5º, inciso XII, da CF: liberdade do exercício de qualquer profissional, desde que atendidas as exigências das leis LEI 8.906, de 04 de julho de 1994 = ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Denominação advogado = privativa aos bacharéis em Direito aprovados no Exame da OAB (art. 3º, EOAB) - Também exercem a advocacia: Advogados-Gerais da União, Advogados da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Consultorias Jurídicas 2 MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 2ª Ed., São Paulo: Atlas, 2003, p.30
3 3 Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil OAB. 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta Lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional. 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do Regulamento Geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. Representação do indivíduo perante o Poder Judiciário: exigência de profissional devidamente habilitado e munido de procuração (artigo 4º e 5º, EOAB e artigo 36, CPC) Possibilidade de representação do indivíduo sem procuração = prática de atos urgentes (art. 5º, 1º, do EOAB e art. 37, CPC) Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido no âmbito do impedimento suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia. Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período. 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.
4 4 REQUISITOS: descritos no artigo 8º, do EAOB a) Capacidade Civil b) Diploma de graduação em instituição credenciada - graduação no estrangeiro: prova do título e validação por instituição brasileira (art. 8º, 2º, EOAB) c) apresentação de título de eleitor e certificação de cumprimento das obrigações militares d) aprovação no Exame de Ordem 3 - finalidade do exame - momento: após a conclusão do curso, com ou sem colação de grau e durante o último ano do curso de graduação em Direito - local: local da graduação ou local do domicílio civil do candidato e) não exercer atividade incompatível com a advocacia f) idoneidade moral - boa conduta na vida pregressa - argüição da inidoneidade por qualquer pessoa perante do Conselho da OAB - declaração da inidoneidade por 2/3 dos membros do Conselho de Ética (art. 8º, 3º, EOAB) - inidoneidade por condenação em crime infamante (art. 8º, 4º, EOAB): tráfico de entorpecentes, homicídio, estupro, estelionato, fraude, falsidade documental, etc. g) Compromisso: ato solene e personalíssimo (art. 20, do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia) Art. 20. O requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta o seguinte compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção: Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. 1º É indelegável, por sua natureza solene e personalíssima, o compromisso referido neste artigo. 04 DA INSCRIÇÃO PRINCIPAL E SUPLEMENTAR Inscrição Principal = local do domicílio profissional (art. 10, EOAB) - exercício da advocacia apenas do território acobertado pelo Conselho Seccional correspondente 3 Artigo 1º, Provimento109/05, Conselho Federal da OAB: É obrigatória aos bacharéis de Direito a aprovação no Exame de Ordem para admissão no quadro de advogados.
5 5 Inscrição Suplementar: exercício habitual da profissão em local diverso do domicílio profissional - participação em mais de cinco causas por ano (art. 10, 2º, EOAB c/c art. 26, RGEOAB) - abertura de filial de sociedade de advogados em região não abrangida pelo Conselho Seccional (art. 15, 5º, EOAB) Mudança de Domicílio Profissional: transferência da inscrição (art. 10, 3º, EOAB) 05 DO CANCELAMENTO E DA LICENÇA I) Cancelamento: ato que desconstitui o indivíduo como advogado e afeta a própria existência da inscrição (art. 11, EOAB) Hipóteses de Cancelamento: a) por requerimento do próprio advogado: ato escrito, sem necessidade de motivação - desistência do requerimento: até o momento do deferimento b) por condenação à exclusão: penalidade imposta devido à infração disciplinar devidamente apurada pelo procedimento competente - ato de execução, sem possibilidade de recurso c) por falecimento d) por exercício de atividade incompatível: atividades que implicam a proibição total do exercício da advocacia - requisição feita pelo próprio indivíduo ou pelo Conselho e) por perda dos requisitos para a manutenção da inscrição - requerimento pelo próprio inscrito, pela família ou pelo Conselho da OAB Art. 22, parágrafo único, do RGEOAB: cancelamento da inscrição pela aplicação de três suspensões decorrentes da falta de pagamento de anuidade Possibilidade de impugnação judicial do cancelamento da inscrição Reingresso: artigo 11, 2º, EOAB - necessidade de prova da capacidade civil, da inexistência de atividades incompatíveis com a advocacia, da idoneidade moral e do compromisso - cancelamento como penalidade: prova de reabilitação profissional II) Licença: afastamento dos quadros da OAB sem a perda definitiva da inscrição, perdendo o inscrito a possibilidade de exercer a advocacia pelo período da licença (art. 12, EOAB) Hipóteses de Licença: a) por requerimento do inscrito: necessidade de apresentação d emotivo justificado, sob pena de indeferimento do pedido - possibilidade de recorrer ao Judiciário em caso de indeferimento do pedido b) exercício temporário de atividades incompatíveis com o exercício da advocacia c) acometimento de doença mental curável: prova por laudo médico
6 6 06 DOS ESTAGIÁRIOS 4 O estágio profissional constitui um noviciado, pelo qual o aprendiz toma contato com os costumes forenses, perde a timidez (um dos grandes defeitos do causídico) e efetua a auto-avaliação de seus pendores para a carreira jurídica 5 Definição: Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. 6 Duração: 02 anos, com carga horária de 06 horas por dia e 36 horas semanais (art. 9º, 1º, EOAB) Momento: dois últimos anos do curso de Direito (art. 9º, 1º, EOAB) Local de Inscrição: local do curso jurídico (art. 9º, 2º, EOAB) Requisitos para Inscrição como Estagiário (art. 9º, EOAB) a) preenchimento dos requisitos dos incisos I (capacidade civil), III (título de eleitor e quitação do serviço militar), V (não exercício de atividade incompatível), VI (idoneidade moral) e VII (compromisso) do artigo 8º; b) ter sido admitido em estágio profissional: requisição da inscrição pelo órgão concedente do estágio Órgão concedente do estágio: escritórios credenciados na OAB, órgãos públicos e instituições de ensino Prática de Atos em Conjunto: atividades de postulação, consultoria, assessoria e direção jurídicas (art. 1º, EOAB) em conjunto com o advogado responsável (art. 3º, 2º, EOAB) Prática de Atos Isolado: carga de autos, requerimento de certidões, petições de juntada Art. 29. Os atos de advocacia, previstos no Art. 1º do Estatuto, podem ser subscritos por estagiário inscrito na OAB, em conjunto com o advogado ou o defensor público. 1º O estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos, sob a responsabilidade do advogado: I retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; II obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; III assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos. 2º Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer isoladamente, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado. 4 Ver Capítulo IV, artigos 27 a 31 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB 5 BARROS, Humberto Gomes de Barros, Ministro do STJ, em acórdão que julgou Recurso Especial /RS in MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 2ª Ed., São Paulo: Atlas, 2003, p Art. 1º, da Lei , de 25 de setembro de 2008
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