Proposta de Preços Mínimos

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1 Proposta de Preços Mínimos Safra 2013/2014 (Produtos da sociobiodiversidade) Volume III

2 COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB DIRETORIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA E INFORMAÇÕES DIPAI SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DA OFERTA SUGOF ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE SAFRA 2013/2014 BRASÍLIA (DF), ABRIL DE 2013

3 APRESENTAÇÃO Em cumprimento ao que determina o Decreto-Lei nº 79, de 19 de dezembro de 1966, modificado pela Lei nº , de 17 de setembro de 2008, e o Art. 5º do Decreto nº , de 26/12/1990, alterado pelo Decreto nº 6.407, de 24/03/2008, apresentamos a proposta de Preços Mínimos para os produtos de Safra de Verão 2013/14. Esse compêndio trás os textos de análise de mercado dos produtos da sociobiodiversidade da safra de verão 2013/14 que são objeto da fixação de preços mínimos no presente momento. São textos fundamentais para o entendimento dos cenários analisados pelos técnicos dos produtos e que dão sustentação às respectivas propostas. Conforme o disposto no Plano Plurianual de , fundamentado pelos artigos 4º, incisos II e III, e 5º, inciso V, da Lei n.º , de 24 de julho de 2006, que institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, o Governo Federal pretende conceder um incentivo com preço de garantia diferenciado aos agentes responsáveis por considerável parcela da produção de alimentos no Brasil, uma vez que, segundo o senso agropecuário de 2006, a Agricultura Familiar representa 84% dos estabelecimentos rurais do Brasil; ocupa e fornece renda para 74% dos trabalhadores do campo; contribui com 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do arroz, 30% da carne bovina, além de 58% do leite produzido no país. De forma similar, no Art. 41 da Lei nº , de 25/05/2012, o Poder Público é autorizado a instituir programas de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente para a promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável da agropecuária. Deste modo, trazemos à discussão a proposta de um bônus de 20%, adicional aos preços mínimos ora propostos, para os produtores que estiverem enquadrados nos termos dos Art. 4º e 12 da Lei anteriormente referida. Da mesma forma, entendemos que a aplicação desta medida deve ser escalonada, sendo que para os produtores familiares a proposta é de 100% do bônus (resultando em adicional de 20%), para os produtores classificados entre 4 e 15 módulos fiscais teria direito a 60% do adicional (correspondendo a um ganho de 12%) e para os demais 20% (ganho de 4%). Para ter direito ao recebimento do valor adicional o produtor deverá comprovar sua situação mediante a apresentação de documentação formal devidamente avalizada por órgão com competência para tal. Finalmente, e dentro do contexto formulado acima, espera-se que os argumentos das propostas aqui apresentadas contribuam para o aumento da produção agrícola no Brasil, cumprindo com uma das atribuições do Poder Público que é a de equilibrar forças, proporcionando oportunidades diferenciadas a quem tem maior dificuldade em obtê-las, naturalmente. Paulo Morceli Superintendência de Gestão da Oferta Superintendente Sílvio Isopo Porto Diretoria de Política Agrícola e Informações Diretor

4 SUMÁRIO Página 1 Açaí 5 2 Andiroba 20 3 Babaçu 27 4 Baru 37 5 Borracha (Cernambi e Látex) 53 6 Cacau 62 7 Carnaúba 75 8 Castanha do Brasil 85 9 Juçara Mangaba Pequi Piaçava Umbu 141 Tabela de Preços Mínimos 149

5 Açaí (Fruto) Elizabeth Tebar Turini 1 Introdução O presente documento foi organizado de forma a apresentar as informações sobre a cadeia produtiva do fruto de açaí em nível nacional a partir de recursos da biodiversidade. Adicionalmente foram utilizados dados obtidos em visitas de campo realizadas pelos técnicos da Conab, de modo a mostrar em todos os segmentos a situação vivenciada pela cadeia produtiva de açaí no mercado, além de sinalizar as perspectivas do produto, tornando um ambiente favorável em termos de organização produtiva, social e política dos atores envolvidos nessas atividades. O objetivo deste trabalho é garantir a renda às famílias que vivem da extração e do desenvolvimento sustentável da biodiversidade, por meio de instrumentos de comercialização e da política de garantia de preços mínimos, e assim, sendo oferecidas condições de cidadania às comunidades, além de evitar o desmatamento desregrado das espécies nessas regiões. 2 Características da Cultura O açaizeiro é uma palmeira da Amazônia Oriental, cujo nome científico é Euterpe Oleracea, fazendo parte da família das palmáceas. Existem diferentes estágios de desenvolvimento; florescem e dão frutos quase o ano inteiro, mas a maior abundância de frutos é no período da safra. No entanto existem variações entre as regiões produtoras quanto ao período de produção dos frutos. No Pará a safra ocorre no período menos chuvoso, por isso chamada de safra de verão (QUEIROZ,2004).. O mapa abaixo mostra os três diferentes tipos de açaizeiros encontrados no País 5

6 O açaizal denso ocorre naturalmente em solos de igapó e terra firme, sendo predominante em solos de várzea baixa. Pode crescer melhor em áreas abertas com abundância de sol para o desenvolvimento dos frutos. Açaí é um fruto pequeno, redondo e de cor azul escuro, quase negro, que dá em cachos na palmeira e que chega a alcançar mais de 25 metros, com troncos de 9 a 16 centímetros de diâmetro, possuindo, em média, de 4 a 9 estipes, produzindo, em média 12 cachos por safra, com cada cacho pesando em torno de 7 quilos de fruto. Uma touceira produz até 120 quilos de fruto por safra. Existe açaí preto, quando os frutos maduros têm polpa arroxeada, e o açaí branco, cujos frutos são de coloração verde, mesmo estando maduros.. Do açaizeiro tudo se aproveita: as folhas são usadas para a cobertura das casas; as fibras das folhas para tecer chapéus, esteiras e cestas. A madeira, resistente a pragas e insetos é boa para a construção de casas, pontes e trapiches e os cachos secos são aproveitados como vassoura ou adubo orgânico e, quando queimado produz uma fumaça que repele insetos. O caroço serve para fazer artesanato e adornos para roupas ou também compõe o adubo orgânico. As raízes combatem hemorragias e verminoses. O palmito do açaizeiro é usado na alimentação. O fruto do açaí é a parte mais nobre do açaizeiro que pode ser produzido; sorvetes, mingaus, licores, vinhos, doces e geléias, podendo ser aproveitado, também, para a extração de corantes. O açaí contém vitamina E, B1, minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio), gordura vegetal e fibras. É recomendado na alimentação de crianças, idosos e esportistas, devido ao grande valor nutricional. Tabela Nutricional para 100gramas de Açaí Energia 23(Kcal) Retinol 11,80mg Proteínas 3,60g Vitamina B1 0,36mg Lipídios 2,00g Vitamina B2 0,1mg Carboidratos 57,40g Vitamina C 900mg Fibras 32,70g Fósforo 58,0 mg Cálcio 118,0 mg Ferro 1,9 mg Fonte: ENDEF tabela de composição de alimentos IBGE As qualidades nutritivas do fruto, relacionadas com o suprimento de vitaminas, minerais e, principalmente, como excelente energético, abriram ótimas alternativas para sua comercialização no País, sendo o açaí, hoje, uma das bebida obrigatória nas academias e centros de ginástica do país

7 3 Aspectos Socioeconômico As comunidades ribeirinhas extraiam da floresta os frutos do açaí e recebiam em troca bens de consumo como ferramentas de trabalho e eventualmente algum dinheiro, sempre definidos de forma injusta pelo suposto dono das terras. Esse tipo de relação desigual ainda está presente em algumas localidades do interior da região Norte. Muitas comunidades ribeirinhas dependem dos atravessadores para escoar sua produção, o que se dá sempre em troca de produtos manufaturados de primeira necessidade. As famílias dedicam-se à coleta de açaí no período da safra e para completar a renda no período de entressafra trabalham em outras atividades, tais como apicultura e pesca. O extrativismo do açaí é realizado em consórcio com outros produtos, como: buriti e andiroba. Além desses produtos as famílias cultivam, para a sua subsistência, milho, arroz, feijão e mandioca O açaí hoje é o produto nativo mais importante do Estado do Pará, tanto por ser item principal da dieta, como por seu potencial na geração de renda para as comunidades extrativistas. Mesmo proporcionando rendas maiores, o açaí é considerado secundário. Isso se justifica pela produção sazonal dos frutos do açaí, que tem safra bem definida na maioria das localidades. É visível também em muitas localidades o fortalecimento das Associações e Cooperativas de produtores que se organizaram melhor para evitar a atuação de atravessadores e dos regatões, assim é possível notar que tem aumentado a independência das comunidades extrativistas que passaram a fornecer diretamente seus produtos para pequenos e grandes comerciantes. Ainda há um longo processo a ser percorrido para ampliar ainda mais o potencial produtivo dessas comunidades que vivem de forma sustentável com os recursos da floresta. A produção de açaí que antes provinha do extrativismo das populações ribeirinhas, passou, a partir da década de noventa, a ser cultivada em áreas de terra firme, localizadas em sistemas solteiros e consorciados, vez que antes o consumo era somente para a população da Região Norte, e a partir de novos mercados transformou-se em importante fonte de renda e de emprego. 4 Mapa da Cadeia de Valor do Açaí O processo da coleta é composto por duas etapas. A primeira consiste na escaladas feitas no estipe por homens, com auxílio de peconha e facas para a coleta do cacho do açaí. A segunda é o debulhamento dos cachos. Essas etapas são realizadas por uma ou duas pessoas, no máximo, para reduzir os custos de coletas. Depois os frutos acondicionados em cestos (rasas) com capacidade para 7

8 comportar 14 ou 28 kg de frutos que são transportadas em embarcações marítimas até o porto da cidade de Belém para ser pesada e comercializada. Os frutos do açaizeiro duram de 36 a 48 horas sem refrigeração, por isso é recomendável que o fruto seja despolpado em até 24 horas após a colheita, por ser muito perecível, principalmente quando estocado em temperatura ambiente, sendo transportado no período da manhã, por apresentar temperatura mais baixa. O ciclo da cadeia produtiva do açaí, conforme demonstrado na figura 1 abaixo, movimenta-se a partir dos extrativistas ribeirinhos, incluindo apanhador, carregador, barqueiro, associações e maquineiro (batedores de açaí). cooperativas, agroindústrias de transformação, atacadista, varejista, exportadores e consumidores. Figura 1- Cadeia Produtiva de açaí no Estado do Pará Não existe um padrão de comercialização para o açaí, pois em alguns municípios a produção é vendida para agentes da cadeia que possuem condições de transportá-la até os centros de comercialização. Com base no estudo da cadeia produtiva constatou-se que 68,6% da produção de fruto são comercializadas através do intermediário e, apenas 31,4% são vendidas pelo próprio extrativista, diretamente aos despolpadores. Nesse sentido, as maneiras de organização social e de produção, em forma de associações e cooperativas, têm ganhado força quando se apresenta 8

9 como uma estratégia real de geração de trabalho e renda, ou seja, de melhoria da produção e da qualidade de vida do extrativista. Segundo perspectivas das pessoas envolvidas na coordenação da cadeia existem alguns aspectos positivos e outros que, no médio ou longo prazo, tendem a gerar mudanças significativas no modo de produção extrativista. Entre os aspectos positivos está a garantia de que as cooperativas e demais formas de organização abrem canais que garantem o escoamento de parte de sua produção. Por outro lado, há de se considerar a tendência das empresas exercerem importantes papéis na organização de seus fornecedores e isso poderá significar a intensificação da produção. 5 Panorama Internacional Existe um mercado externo em expansão para produtos ligados à nutrição, saúde, fitness e alimentação natural. O açaí ganha mercado internacional também, por ser reconhecido como fonte natural de energia e por combater o envelhecimento. No âmbito internacional a exportação do açaí vem apresentando novos produtos como; o power bis (suco de açaí com guaraná), açaí em pó, suco concentrado de açaí, xarope de açaí com guaraná, antocianinas para corantes naturais etc, que já estão sendo direcionadas para outros continentes. Desde meados da década de 90 vem aumentando a demanda da polpa do açaí, além de estar ganhando espaço no mercado internacional. Veja no quadro abaixo que em 2010 as vendas para o mercado externo da polpa de açaí atingiram o montante de US$ 18,6 milhões, correspondendo a 65,5% do total da pauta de exportação de sucos do Estado do Pará segundo a Secretaria de Agricultura do Pará. 9

10 6 Panorama Nacional O açaí é hoje a mais conhecida das frutas típicas da região norte, tendo um forte apelo comercial no Brasil, pelo sabor único cada vez mais apreciado. Aceito pelo consumidor brasileiro, se expande rapidamente para o mercado internacional, oferecendo ótimas oportunidades de negócios. O incremento das exportações vem provocando a escassez do produto e a elevação dos preços ao consumidor local em grande parte do ano, principalmente no período de entressafra que acontece de janeiro a junho Porém, como as empresas estão se instalando para produzir, a demanda pelo fruto deve aumentar fortemente, fazendo o consumo local de polpa in natura diminuir e aumentar a exportação. As tentativas de aumentar a produção no Brasil de forma a atender à demanda têm tido pouco sucesso por causa da dificuldade em obter terra às margens dos rios. As palmeiras do açaí são mais produtivas quando cercadas por outras árvores e também precisam de muita água, disse Homma, economista rural da Embrapa em Belém. No mercado nacional, Rio de Janeiro e São Paulo já consomem cerca de 650 toneladas/mês de polpa e mais de toneladas/mês na forma de mix como guaraná e granola. Na Região Metropolitana de Belém, cerca de 471 mil litros de açaí, são vendidos em mais de pontos de venda, no período da safra (Sagri/Pa). 10

11 7 Aspectos de Produção Um documento intitulado A importância do Açaí no Contexto Econômico, Social e Ambiental do Estado do Pará, produzido pela Secretaria de Agricultura daquele Estado - Sagri em 2011, informa que a produção de Açaí no Pará, em 2010, foi de aproximadamente 709 mil toneladas (extrativistas e plantados), mobilizando 50 mil famílias e cerca de 300 mil pessoas nessa produção, que além de representar 70% da fonte de renda da população ribeirinha, também gera emprego para milhares de famílias que trabalham nas fábricas de processamento do fruto no Estado do Pará. Tabela I. - Evolução da produção do Açaí (extrativista e plantado) no Estado do Pará a 2009 Fonte: Sagri/PA A extração do açaí ainda tem dados subdimensionados, principalmente por ser uma atividade desempenhada por extrativistas na Amazônia, onde a coleta e o registro de dados são caros e difíceis. Ou seja, há oportunidade de ampliar a produção e de fortalecer a cadeia produtiva desde que tenha mais apoio do governo para valorizar os produtos florestais. A coleta de frutos até a década de 1990 era extrativista. Com o crescimento das vendas de polpas congeladas para outras regiões ou países, o produto começou a escassear na entressafra e consequentemente o preço da fruta aumentou. Diante deste novo mercado tem havido uma mudança de atitude por parte dos extrativistas que passaram a buscar novas alternativas de exploração do açaí, com o objetivo de atender às expectativas futuras deste mercado e permitindo, assim, atenuar o déficit de oferta, em face do aumento da demanda. O manejo nos açaizais nativos possibilitou o aumento na produtividade dos cachos e a melhoria na qualidade dos frutos, permitindo melhor rentabilidade da produção, e conseqüentemente trazendo mais benefícios para o desenvolvimento 11

12 social e econômico das regiões produtoras. As vantagens para o aumento da produção são significativas: enquanto um açaizal não-manejado produz em média 4,2 t/ha de frutos, um açaizal que usa técnicas de manejo tem a produtividade aumenta para 8,4 t/ha. Isso indica a possibilidade de se aumentar a produção regional, sem que ocorra substancial mudança na área espacial, reduzindo, assim, os impactos ambientais, permitindo atender ao substancial aumento da demanda no mercado Conforme, apresentado no Gráfico - I abaixo, a produção nacional de frutos da palmeira de açaí (extrativista), em 2011 totalizou 215,3 toneladas. Aumento de 73,1% em relação ao ano de 2010, com o valor de produção de R$ 304,5 milhões, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Com crescimento em quase todos os estados produtores, à exceção da Bahia e do Tocantins.O crescimento mais expressivo ocorreu no Amazonas com toneladas em 2011, contra toneladas em 2010, onde se localiza também o maior produtor municipal, Codajás, mas a liderança na produção está no Pará com toneladas. Gráfico I - Série Histórica da Quantidade Produzida, Valor da Produção e Preço Médio do Açaí no Estado do Pará (mil Ton) Produção R$ 1,60 R$ 1,40 R$ 1,20 R$ 1,00 R$ 0,80 R$ 0,60 R$ 0,40 R$ 0,20 R$ 0, Valor da Produção Preço Médio 0,50 0,56 0,64 0,49 0,62 0,83 1,07 0,97 0,87 1,38 1,44 1,41 Fonte:Ibge.Elaboração: Conab O açaí tem se tornado um importante produto de divisas para os Estados produtores. Certamente ainda há muito espaço para que a produção de açaí possa tornar-se muito mais forte, uma vez que a exploração e o beneficiamento ainda são feitos de forma bem artesanal pela grande maioria dos produtores.outra frente que precisa evoluir diz respeito ao plantio de novas áreas; melhoria dos roçados existentes e investimento em pesquisa com vistas a melhorar a qualidade do produto (IBGE). 12

13 Conforme consta no Gráfico - II, o Estado do Pará é o maior produtor de açaí (fruto) com uma produção de toneladas, respondendo por cerca de 50% da produção nacional. É também o maior consumidor. Também com participação importante na produção brasileira de Açaí lista-se os seguintes Estados brasileiros: Maranhão, Amazonas Acre, Amapá e Rondônia. Grafíco- II- Produção do Brasil por Estados e m 2011 Rondônia Acre M aranhão 0% Am apá 1% 6% 1% Am azonas 42% Pará 50% Fonte: IBGE 8- Aspectos do Mercado A produção de açaí no primeiro semestre do ano é pequena, somando cerca de 20% apenas, e cresce bastante nos meses finais do ano, quando são colhidos 80% ou até mais de todo o volume produzido. Durante o verão a oferta é escassa causando aumento dos preços. No inverno, porém, período de safra, a abundância faz com que os preços caiam. O açaí é de grande importância para a região norte do país em virtude de sua utilização por grande parte da população, principalmente dos ribeirinhos. Nas condições atuais de produção e comercialização, a obtenção de dados exatos é quase impossível devido à falta de controle nas vendas, bem como à inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida se apoia, em sua maioria, no extrativismo e comercialização direta. Um dos destaques da biodiversidade amazônica são as frutas regionais, com seus sabores e aromas exóticos. O mercado do Ver-O-Peso em Belém, a maior feira a céu aberto da América Latina é a grande vitrine da riqueza e encanto das frutas da Amazônia: açaí, cupuaçu, bacuri, taperebá, uxi e outras. No Estado do Pará o açaí (fruto) é vendido tradicionalmente nas feiras livres. Em Belém, que se constitui o maior centro de comercialização, entre eles se destaca: Feira do açaí Ver-o-peso, Porto da Palha, o produto é negociado para 13

14 diversos agentes do mercado tais como empresas de exportação, indústrias e também para as batedeiras de açaí e supermercados (varejo), além de proprietários, arrendatários, meeiros ou parceiros, posseiros, feirantes, barqueiros e batedores de açaí. O mercado está crescendo, mas ainda é muito instável, sobretudo o mercado internacional. A maior regularidade, em termos de demanda, se encontra no nível regional, sobretudo para o fruto do açaí, devido à cultura e tradição da região do norte em consumir esse produto. Segundo estudos da Embrapa Oriental, em Belém é estimada a existência de mais de 3000 pontos de vendas de açaí, comercializando, diariamente, 120 mil litros e atendendo às populações de baixa renda. E mais, dos 20 municípios que mais produzem açaí no Brasil, nada menos que 17 ficam no Pará, com destaque para Igarapé-Miri, situado a 200 quilômetros de Belém. A grande demanda pelo produto no mercado local, bem como a abertura para outras regiões, promove o açaí como produto potencial para comercialização e alternativa de diversificação do sistema de produção dos agricultores familiares, já que se faz presente em grande parte das propriedades da região Norte. Quanto aos preços do fruto no Estado do Pará, há variações importantes em função principalmente da oferta local, da distância do mercado consumidor e do tamanho desse mercado. A formação do preço se dá no momento da chegada do intermediário no local de comercialização. Com a chegada de barcos carregados de frutos esse preço começa a cair, dado o aumento da oferta na entressafra. O produtor tem um maior ou menor retorno financeiro de acordo com a distância entre a sua propriedade e o mercado consumidor, em face do custo de transporte do produto até esse mercado. 14

15 Gráfico I- Série Histórica dos Preços Pagos aos Produtores do fruto Açaí no Estado do Pará 5 4,5 4 3,5 R$/Kg 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 jan fev mar abr maio jun julh ago set out nov dez Período A crescente demanda vem provocando a escassez do fruto e a elevação dos preços ao consumidor local, ocasionando uma pressão sobre a área explorada e criando um ambiente favorável à mudança na oferta, principalmente no período da entressafra, de janeiro a junho. Gráfico- III Sé rie Historica dos Preços Re ce bidos pe los e xtrativis tas do Açaí fruto-r$/kg 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 ja n/1 1 f e v /1 1 ma i/1 1 ju n/1 1 jul/1 1 ja n /1 2 f e v /1 2 ma i/1 2 jun /1 2 jul/1 2 AM 2,0 0 0,8 5 ma r/1 1 a br /1 1 0,7 3 0,8 7 0,8 2 0,8 6 0,9 8 a g o/1 1 s e t /1 1 1,2 4 1,4 3 o ut /1 1 1,3 6 nov /1 1 de z /1 1 1,5 4 1,1 0 0,8 5 0,7 9 ma r/1 2 a br /1 2 0,7 1 0,8 2 0,8 1 0,8 0 0,9 4 a go /1 2 s e t /1 2 0,8 3 0,9 3 out /1 2 0,8 8 n ov /1 2 de z /1 2 0,9 2 0,9 6 ja n/1 3 1,0 0 PA 1,0 5 1,4 4 1,7 9 1,7 6 1,8 7 2,3 0 2,1 6 1,3 9 1,1 3 1,7 9 1,7 6 1,7 6 1,9 5 1,9 8 2,0 8 2,4 2 2,2 7 2,3 7 1,6 9 1,1 3 1,0 5 1,2 1 1,4 2 1,6 4 2,3 2 Pre ç o M ínimo 0,6 9 0,6 9 0,6 9 0,6 9 0,6 9 0,6 9 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,8 3 0,9 0 0,9 0 0,9 0 0,9 0 0,9 0 0,9 0 0,9 0 Fonte:IBGE 15

16 O Açaí, por ser uma fruta de produção sazonal, desaparece do mercado na entressafra, e tem alta taxa de perecibilidade e como ainda não é possível a sua conservação in natura, a industrialização constitui uma atividade promissora para a produção de polpa congelada. Assim será possível a oferta do produto durante todo o ano, com melhor índice de lucratividade, pelo maior consumo. Quanto aos preços pagos aos extrativistas, o gráfico acima mostra a elevação dos valores recebidos nos Estado do Pará e do Amazonas. Tal fato vem ocorrendo em função da demanda, ao lado de uma oferta fixa pelo estoque de açaizais nativos, que acabaram produzindo um aumento substancial de preços ao longo de toda a cadeia produtiva do açaí. Em função disto os preços, mesmo na safra, estão elevados. As variações no preço tiveram três períodos distintos, o primeiro envolvendo o período de entressafra do produto, quando atingiu recorde de aumentos que vai de janeiro a maio. O segundo, com preços em queda, tanto nas feiras como nos supermercados, começando em junho e perdurando até setembro, e o terceiro nos dois últimos meses do ano, quando voltou a subir de forma generalizada. Pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos - Dieese no Pará mostra na tabela abaixo que houve uma alta de preços de janeiro a dezembro de 2012 nos tipos de açaí, variando entre 2% e 9%, o médio e o papa foram os que mais sofreram reajustes, entre 7,49% e 8,57%, respectivamente.tais índices são superiores à inflação, que ficou em torno de 6%. A pesquisa foi realizada em 25 locais entre feiras livres, pontos de venda e supermercados de Belém/Pa. No gráfico III abaixo, está demonstra-se a elevação dos valores no início do ano até meados de abril de 2012, recebidos tanto pelo produtor como pelo atacadista. Após, os preços permaneceram sem alteração significativa e no início da safra, em julho, os preços começaram a cair. Tal fato vem ocorrendo em função da grande oferta do fruto. Assim, os preços, na entressafra, estão elevados. Já na safra tiveram uma queda. 16

17 Gráfico IV- Preços praticados no Estado do Pará em ,00 3,65 3,50 3,30 3,00 2,63 2,56 2,50 2,00 1,95 2,58 2,42 1,98 2,08 2,67 2,54 2,27 2,37 2,54 2,32 1,79 1,69 1,50 2,85 1,25 1,25 1,13 1,00 1,30 1,25 1,42 1,64 1,05 0,50 0,00 jan/ 12 fev/ 12 mar/ 12 abr/ 12 mai/ 12 jun/ 12 preço Atacado jul/ 12 ago/ 12 set/ 12 out/ 12 nov/ 12 dez/ 12 jan/ 13 preço Produtor Fonte:IBGE O açaí é um dos produtos da região norte que teve uma evolução na oferta, mas principalmente na demanda que é muito grande, expandindo-se para o mercado nacional e internacional, nas duas últimas décadas. A boa aceitação do produto no mercado se deve às suas características alimentares e funcionais, por conter consideráveis nutrientes em sua composição e níveis de antocianinas e ácidos graxos insaturados, entre outros atributos diferenciados. 9- Custos de produção do Açaí Este trabalho foi realizado com base nos custos variáveis de produção nos Estado do Pará, na seguinte localidade: Municípios Ponta de Pedras - PA Custo R$/Kg R$ 0,98/kg 10 - Propostas de Preço Mínimo do Açaí O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos 17

18 produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. A ideia é fazer com que a atividade extrativista gere renda para a comunidade que vive hoje na região. São famílias cuja única alternativa é sobreviver da floresta. Então há de se ter atividades que de sustentabilidade às famílias que habitam estas regiões. Durante muito tempo, a extração desse fruto era para consumo próprio, mas com a crescente demanda de mercado, nos últimos anos, tornou-se uma importante fonte de renda para as famílias ribeirinhas. O desenvolvimento dessa atividade extrativo hoje é estruturado com o objetivo de interar: a sociedade a natureza e as relações socioeconômicas. Tais transformações expressam-se nas práticas de conservação e ampliação dos açaizais e no ambiente econômico local, onde a maior liberdade de compra e venda possibilita acesso à renda do extrativista. Diante deste cenário achamos importante incluir no preço mínimo um bônus de 10% para incentivar o extrativista. O Preço Mínimo foi calculado encima do valor do custo de produção variável apresentado para a produção do açaí (fruto) no Estado do Pará, no município de Ponta de Pedras, mais o bônus de 10%, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista, Ficando assim a proposta do Preço Mínimo para o açaí (fruto) de R$ 1,07, um aumento de 18,9% em relação ao preço em vigor. 11- Considerações Finais Os produtos da Sociobiodiversidade possuem diferenciação na forma de comercialização, conforme sua localidade. Não existe um padrão de comercialização para esses produtos. As comunidades que possuem maior organização social com a presença de associações e cooperativas possuem melhores perspectivas de retorno financeiro, pois além do produto principal têm a faculdade de comercializar subprodutos com maior valor agregado Resultados Esperados O objetivo desta proposta é contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do açaí, reforçando o papel do Estado como agente de apoio e desenvolvimento econômico e social. 18

19 Com reajuste no preço mínimo do açaí (fruto) os extrativistas terão condições de melhorar a oferta dos produtos e se organizarem melhor por meio de cooperativas, diminuindo a dependência de intermediários e adotando novas tecnologias de manejo, bem como melhorando as técnicas de processamento, além da obtenção de maior autonomia na determinação dos preços nacional e internacional de seus produtos, garantindo a sua sustentação na época da comercialização. Também é esperada a possibilidade de conferir à cadeia produtiva do açaí a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, proporcionar regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, melhorias da garantia de renda para o setor produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados, e por fim, maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos, levado a efeito pelo Governo Federal. 13 Referência Bibliográfica NOGUEIRA, O. L.; FIGUEIRÊDO, F. J. C.; MULLER, A. A. Açaí. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, p. SAMBAZON. Disponível em: <htttp: Acesso em: 18 jul Chagas na Amazônia Brasileira. In: Workshop Regional Do Açaizeiro - Pesquisa Produção Regional Do Açaizeiro E Comercialização, 2005, Belém. Anais. 19

20 Andiroba (Semente) Humberto Lôbo Pennacchio 1 Introdução O presente estudo sobre a cadeia produtiva da andiroba é uma proposta a ser apresentada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Mapa e Ministério do Meio Ambiente MMA visando subsidiar a fixação do preço mínimo para o produto que vigorará no ano safra 2013/2014. Esta proposição se insere no contexto da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, e na qual o principal objetivo é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. De acordo com o Decreto nº 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Ressalta-se que os Povos e Comunidades Tradicionais representam mais de 8 milhões de pessoas que vivem em cerca de um quarto do território nacional e são de grande importância para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Constam do trabalho informações sobre a importância da andiroba, características da cultura, aspectos socioeconômicos, estruturação do mercado, aspectos da produção e do consumo, aspectos do mercado, além do custo de produção e preços baseados no mercado e na classificação do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística por ser esta, a fonte de dados oficiais, sobre valores e volumes comercializados no país. Também serviram de orientação para esse estudo, os resultados obtidos nas visitas de campo realizadas pelos técnicos da Conab e MMA, de modo a mostrar a realidade do mercado e sinalizar aos produtores sobre as perspectivas e o melhor cenário para este produto, tornando um ambiente favorável, em termos de organização produtiva social e política dos atores envolvidos nesse processo. 20

21 2 Características da cultura A andiroba possui duas espécies da família Meliaceae, Carapa guianensis e Carapa procera. No Brasil, a Carapa guianensis ocorre em toda a região Amazônica, com predominância nas várzeas e faixas alagáveis, ao longo dos cursos d'água, frequentemente formando associações com as seringueiras e outras espécies. Registra-se maior ocorrência nos Estados do Pará, Amapá, Amazonas e Maranhão. A Carapa procera é uma espécie mais restrita a algumas áreas da Amazônia, porém com ocorrência também na África. A andiroba é uma árvore de porte médio a grande, podendo atingir 30 metros de altura e apresentando, quase sempre, sapopemas. As sementes de andiroba fornecem um dos óleos medicinais mais utilizados na Amazônia. Este óleo é usado para a produção de repelentes de insetos, anti-sépticos, e anti-inflamatórios. Sua casca tem uso medicinal contra febre, vermes, bactérias e tumores. O período de coleta das amêndoas da andiroba ocorre entre janeiro e abril, podendo haver oscilação na produção dos frutos. As amêndoas são coletadas do chão, e no momento da coleta deve-se observar se estão sadias para produzir um óleo de boa qualidade. As sementes que já estiverem germinadas ficarão na floresta para garantir a regeneração da espécie. A coleta das amêndoas é uma atividade simples e não exige alto investimento, pois para esta atividade não se necessita de materiais e equipamentos caros. A madeira das andirobeiras possui um sabor amargo e é oleaginosa, por isso não é atacada por cupins. Por sua alta qualidade sofreu uma intensa exploração, ocasionando redução das espécies. Tradicionalmente, o principal uso desta planta é a madeira, pois, por suas qualidades físico-mecânicas é muito procurada para construção de casas, forros e esquadrias. Por conta disto sua espécie corre alto risco, uma vez que praticamente não existe plantação tecnicamente organizada, nem replantio sistemático. A andiroba é muito utilizada na medicina doméstica, principalmente sobre tecidos inflamados, tumores, distensão muscular, etc. É usada pelos indígenas em mistura com corante de urucum, como repelente contra insetos, além de medicamentos para parasitas do pé e protetor solar. O óleo de andiroba é utilizado há mais de um século pelas mulheres da Amazônia como cicatrizante, principalmente em ferimentos causados por picadas de cobra, aranha e escorpião. Na indústria farmacêutica fitoterápica é utilizada em forma de cápsulas para diabetes e reumatismo e na fabricação de sabonetes medicinais. Vale ressaltar que estão registrados pela Anvisa 325 produtos que utilizam a andiroba. Outra alternativa é a fabricação de velas repelentes de insetos, sua queima não produz fumaça tóxica ou fuligem, não tem cheiro e a matéria-prima vegetal tem origem certificada pelo Ibama. 21

22 Resultados de pesquisas realizadas na Fiocruz colocam o dispositivo na forma de vela capaz de volatilizar substâncias presentes na semente de andiroba durante um período suficiente para afastar insetos hematófagos, como por exemplo, mosquitos dos gêneros Culex, Aedes Anopheles, piuns ou borrachudos. Rentabilidade das Sementes de Andiroba Para Extração do óleo No método de extração tradicional, as etapas para a obtenção do óleo de andiroba são as seguintes: cozimento, resfriamento, secagem, quebra das sementes, retirada da polpa, maceração, aquecimento ao sol e armazenamento. As extrativistas podem obter cerca de 1 a 5 litros de óleo de uma lata cheia de sementes. Como medida de referência a lata reutilizada foi a de tinta com volume de 18 litros, que em peso equivale a 11 kg e o litro o volume de 965 ml. Avaliando o tempo de antes e após o cozimento das sementes, observou-se que as extrativistas obtiveram somente 1 litro quando armazenaram as sementes de andiroba, após a coleta de 2 a 15 dias e as sementes cozidas de 7 a 20 dias, enquanto que as extratoras que extraíram 5 litros, armazenaram as sementes após a coleta por somente dois dias e as sementes cozidas por pelo menos 15 dias, portanto, esse manejo pode ser um fator que afeta a rentabilidade do óleo. Outro fator que pode afetar o rendimento do óleo é o tipo de semente utilizado, a Carapa guianensis, por exemplo, possui maior rendimento que a Carapa procera. Foi verificado que uma lata cheia de sementes (11kg), contém, em média, cerca de 700 a 800 sementes da variedade Carapa procera, ou 450 a 500 sementes da Carapa guianensis. Este método tradicional de beneficiamento apresenta como vantagem o baixo custo de produção e o emprego de mão de obra familiar. No entanto, tem como principais desvantagens os diferentes teores de umidade, índices de acidez, baixo preço e rendimento e lentidão no processo de beneficiamento. No processo de extração industrial o beneficiamento é mais rápido. As fábricas extraem o óleo de acordo com as seguintes etapas: limpeza, pesagem, secagem, moagem, cozimento, prensagem, filtragem e bombeamento do óleo, acondicionamento e expedição e resíduos. Tal método aqui comentado tem como vantagens: um produto de boa qualidade com aceitação no mercado, um volume de produção permitindo busca de mercado, um alto rendimento e um processo rápido. Porém, tem como principais desvantagens: um alto custo de produção em relação ao artesanal e redução de mão de obra. Nas comunidades existem pré-beneficiamentos, como por exemplo, a pré-secagem e material embalado. Vale ressaltar que alguns grupos também fazem prensagem produzindo um óleo bruto. 22

23 O tempo de coleta do material bruto e o transporte da área rural para a fábrica devem ser o mínimo possível, evitando a deterioração e a degradação do produto. 3 Aspectos Socioeconômicos Os extrativistas combinam o extrativismo com a agricultura de pequena escala, embora sua principal fonte de renda seja oriunda das atividades extrativistas. Cabe ressaltar que o isolamento e a falta de organização social nas comunidades facilitam e perpetuam a figura do atravessador, devido à dificuldade em escoar a produção. 4 - Mapa da cadeia de valor 23

24 4.1 Operadores da cadeia Na cadeia do óleo de andiroba, as associações e cooperativas também atuam na mobilização dos associados e cooperados, com o intuito de centralizar, organizar, pré-beneficiar, transportar e comercializar a produção. As indústrias são responsáveis pelo refino, fracionamento e fabricação de compostos ou produtos acabados. No elo da cadeia situam-se os varejistas locais, farmácias de manipulação, homeopáticas ou naturais e os comércios fracionadores simples, que vendem no varejo ao consumidor final, ou no atacado para revendedoras de feira. Já os consumidores são pessoas de diversas faixas etárias em busca de produtos com componentes naturais. 5 Estruturação do Mercado O Bioma Amazônico, mesmo dispondo de uma rica biodiversidade que pode ser explorada como opção de investimento, principalmente pela indústria de cosméticos e de medicamentos, só agora começa a tratar esta questão como uma atividade econômica promissora para a região. Além de trazer divisas, oferece oportunidade para geração de emprego, não só na zona urbana, mas, sobretudo, na zona rural, contribuindo para a desconcentração de renda e, consequentemente, para a interiorização do desenvolvimento. De fato, os empreendimentos que utilizam matérias-primas naturais têm como fornecedores a população rural, que necessariamente precisa conscientizar-se que a extração ou cultivo desses produtos têm que estar associados aos cuidados de conservação desses recursos, pois, só dessa forma terão garantia de continuidade a longo prazo de mais uma opção de renda para o sustento de suas famílias. No entanto, as informações disponíveis ainda são insuficientes para atrair investidores dando-lhes garantia de que esses empreendimentos são rentáveis economicamente, ao mesmo tempo, ambientalmente sustentáveis e socialmente mais justos (FURLAN, 2003). Dentro da cadeia produtiva para obtenção dos óleos vegetais da andiroba existem quatro segmentos: 1 - Fornecedor de matéria-prima - Está no estágio de coleta, por falta de conhecimento de técnicas adequadas de manejo florestal e de cuidados com a qualidade e padronização do produto. Trabalha geralmente de forma isolada. 2 - Produção familiar Utiliza técnicas empíricas de produção e ao final obtém um produto com baixa qualidade, atendendo, principalmente, o mercado local para medicina popular. 24

25 3 - Usina de extração de óleo bruto - Extração de óleo de forma industrial, através da utilização de equipamentos que permitem melhor rendimento e padronização da qualidade do produto. 6 Aspectos da Produção e Consumo A andiroba (Carapa guianensis) tem como produto final o óleo, que é o objeto da comercialização. Bastante usado principalmente na indústria farmacêutica e cosmética tem como destino final tanto as indústrias internas quanto às do exterior. Os principais importadores desta matéria-prima são os Estados Unidos, Europa, (Alemanha, Espanha e França). Dado o uso do produto, existem potenciais compradores em vários continentes; os listados anteriormente encabeçam uma lista de principais clientes que detêm a prioridade na aquisição por terem tradição neste comércio, aliada a uma oferta bastante justa, afinal, como foi dito anteriormente, trata-se de um produto de difícil extração, manuseio e rastreabilidade, ademais o uso a que se destina exige grande aplicação de todas as etapas listadas. No mercado interno, são três as empresas com maior atuação no mercado de beneficiamento do óleo de andiroba: Cognis do Brasil, CRODA e BERACA, todas fornecendo esta matéria-prima para grandes empresas cosméticas, tanto no mercado interno e externo. 7 Preço Mínimo Para a apresentação da proposta de preço mínimo é norma usar o parâmetro do custo de produção variável apurado, segundo metodologia própria. No caso específico da andiroba, o custo de produção foi obtido levando-se em consideração a coleta das sementes. A região considerada para a apropriação do custo foi a da Floresta Nacional dos Tapajós, no Estado do Pará, pois, caracterizase como área representativa em termos de famílias envolvidas; são cerca de 25 comunidades com um número estimado de famílias envolvidas na coleta da semente. Para tanto, usou-se como referência a safra que tem início em janeiro e finaliza em maio de cada ano, com a coleta das sementes nos igarapés e também em terra firme. Após esse processo, ocorre uma pré-seleção das sementes, as mesmas são armazenadas em sacos, até um período máximo de 15 dias, após se dá o processo de preparo da chamada massa do pão, que consiste no cozimento de grande quantidade de sementes em latas, panelas e outros utensílios domésticos, por um tempo que varia de uma a três horas, deixando esfriar e, posteriormente, seguindo para o armazenamento por cerca de 20 dias.. Com base nesta metodologia e levando em consideração o custo de produção variável obtido, chegou-se ao valor para o custo variável de R$ 1,14/kg. Tomando-se como referência este valor, aliado à prática de comercialização já 25

26 existente naquela comunidade, sugere-se que o valor a ser referência para o preço mínimo seja o mesmo obtido no custo de produção variável que é de 1,14/kg. 8 Bibliografia ASSIS, Gustavo Corrêa de. Análise Preliminar da cadeia Produtiva dos óleos de copaíba e andiroba, em nível nacional e identificação de territórios estratégicos. Brasília: MMA, BOUFLEUER, Neusa Teresinha. Aspectos ecológicos de andiroba (carapa guianebsis aublet., meliaceae), com subsidio ao manejo e conservação. Dissertação (Mestrado em ecologia e Manejo de recursos naturais da Universidade Federal do Acre)Rio Brando, FERRAZ, Isolde Dorothea Kossmann, CAMARGO, José Luís Campana, SAMPAIO, Paulo de Tarso Barbosa. Sementes e Plântulas de Andiroba (Carapa guianensis AUBL E Carapa procera D.C.): aspectos botânicos, ecológicos e tecnológicos. In: ACTA AMAZÔNICA, v.32,n.4, 2002, p

27 Babaçu (Amêndoa) Ianelli Sobral Loureiro 1 Introdução O Babaçu (Orbygnia phalerata) é uma das mais importantes palmeiras brasileiras. Nativa das Regiões Norte e Nordeste representa, atualmente, cerca de 20% do extrativismo vegetal não madeireiro no Brasil. Mais de mulheres vivem diretamente ligadas à sua produção e são representadas pelo Movimento das Mulheres Quebradeiras de Coco - MIQCB. 2 Característica da Cultura A palmeira de babaçu pode atingir até 20 m de altura. Possui estipe característico por apresentar restos das folhas velhas que já caíram em seu ápice. Suas folhas são arqueadas com até 8m de comprimento. As flores são amareladas, aglomeradas em longos cachos que surgem de janeiro a abril. Cada palmeira apresenta, em média, quatro cachos por ano, e cada qual possui entre 200 a 600 frutos, com cada fruto possuindo entre três a cinco amêndoas, com até 70% de óleo em sua composição. 3 Aspectos Socioeconômicos No Estado do Maranhão, a Embrapa estima haver mais de 4,0 milhões de hectares de babaçu em cobertura espontânea. O extrativismo do coco de babaçu participa da tradição cultural das populações rurais. Em que pese o estado ser o maior produtor do país de óleo de babaçu, a atividade ainda não foi capaz de impulsionar o desenvolvimento nas áreas em que é explorada, pois as regiões onde predominam a exploração extrativa de babaçu, ainda coincidem ser as de menor IDH (ALVES, 2010). Dentro da organização familiar a coleta e a extração das amêndoas de babaçu cumprem a função de ocupação da mão de obra familiar, predominantemente feminina, com escassas oportunidades de emprego, possibilitando a geração de renda monetária necessária à aquisição de bens de consumo. Normalmente a população envolvida no extrativismo desta palmeira possui renda inferior a um salário mínimo. Em média, uma quebradeira de coco extrai cerca de 8 kg de amêndoas em um dia de trabalho. 27

28 A quebradeira de coco babaçu é uma categoria de afirmação de uma existência coletiva, enquanto unidade de mobilização que tem como característica básica: a mobilização em torno da terra, do livre acesso e da preservação dos babaçuais e da relevância do trabalho feminino na unidade doméstica, tendo no trabalho extrativo do babaçu o seu principal meio de vida. (ALMEIDA, 1995, p.13) 1. A maioria dos (das) extrativistas, ainda trabalha em áreas que não lhes pertencem, sob a condição de ocupantes, posseiros, parceiros, arrendatários, conforme classificação adotada pelo Censo (IBGE), sendo a aprovação da lei do livre acesso ao produto babaçu o elemento reivindicado para uma possível eliminação ou diminuição da violência simbólica e econômica a que esses povos e comunidades tradicionais estão submetidos. Cerca de 5% das amêndoas coletadas são aproveitados para consumo doméstico pelas famílias rurais, o restante é comercializado por meio de cooperativas e associações, intermediários de indústrias produtoras de óleo, em troca de gêneros alimentícios no comércio local. Este produto (babaçu) é todo aproveitado pelas famílias que sobrevivem da exploração da palmeira. A amêndoa que não é vendida ou trocada por gêne ros alimentícios é utilizada para a produção de óleo e de leite para o consumo doméstico. O amido do mesocarpo do coco é utilizado na alimentação humana. Do endocarpo é produzido o carvão, utilizado como combustível na cocção dos alimentos. As folhas secas (palhas) são utilizadas para a confecção dos telhados das moradias e utilitários. A mecanização da extração da amêndoa é um gargalo a ser discutido com as comunidades. Existe a necessidade de fomentar estudos e ações para criação de maquinário que permita a modernização do processo produtivo, como forma de aumentar a produtividade e proporcionar a maior exploração econômica dos coprodutos (carvão de endocarpo, amido de mesocarpo), porém que não exclua do processo o grupo de mulheres produtoras. 4 Cadeia Produtiva Dentro desta cultura é possível afirmar a existência de um avanço do nível das organizações coletivas para a produção. As quebradeiras de coco estão presentes em associações de mulheres, cooperativas de pequenos produtores rurais, associações comunitárias, e grupos de estudos; porém, esta realidade ainda representa a minoria das comunidades envolvidas na produção. 1 ALMEIDA, A. W. B. Quebradeiras de Coco Babaçu: Identidade e Mobilização. São Luís: III Encontro Estadual das Quebradeiras de Coco babaçu

29 Fonte: MMA, As pesquisas e tecnologias voltadas ao melhoramento desta cultura, se iniciaram na década de 50, com o objetivo de aprimorar o processo produtivo. Parte significativa dessas pesquisas foi realizada na década de 70, quando a crise do petróleo ampliou o interesse pelo aproveitamento energético do babaçu. Atualmente existem pesquisas voltadas ao aproveitamento do óleo de babaçu como fonte para o Biodiesel. Ressalta-se o baixo rendimento de óleo por hectare 77,22 litros/ha, comparativamente a outras oleaginosas: soja: 478,8 L/ha; mamona: 373,5 L/ha; 29

30 algodão: 270 L/ha (MARANHÃO, 2008), aproveitamento integral do coco babaçu. fortalecendo a necessidade de 5 Estruturação do Mercado Atualmente o principal produto comercial deste produto é o óleo retirado da amêndoa por esmagamento e são produzidos dois tipos: um para fins comestíveis (culinária e recentemente emagrecimento) e outro para fins industriais (higiene, limpeza e cosméticos). No aproveitamento dos coprodutos existem também na atividade o carvão que possui excelente qualidade, a amido do mesocarpo e a torta de babaçu (resíduo industrial) utilizada como ração animal. A existência de nichos de mercados no Brasil e no exterior para produtos certificados possibilita a valorização dos produtos da sociobiodiversidade. O babaçu, por exemplo, possui dois apelos importantes: o fato de contribuir com a geração de renda às famílias carentes e ser ecologicamente sustentável. Para a exploração destes atributos faz-se necessária sua certificação. Os selos ambiental e social podem se tornar interessantes instrumentos para a viabilidade econômica da produ ção extrativista, pois com a garantia de sustentabilidade no processo produtivo vislumbra-se possibilidades de melhores preços no mercado. Atualmente, o mercado específico de óleos de coco encontra-se aquecido devido as recentes descobertas das propriedades terapêuticas do ácido láurico presente em sua composição, em especial o de poder ocasionar o emagrecimento. Entretanto, pesquisadores esclarecem que ainda são necessários mais estudos para indicação efetiva destes óleos como suplemento alimentar. 6 Aspectos da Produção e do Consumo No Brasil a amêndoa de babaçu destaca-se como o segundo produto de maior valor da produção no extrativismo vegetal não madeireiro, atrás, somente, do açaí. Segundo os dados de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2011 PEVS publicada pelo IBGE, a produção representou o total de toneladas de amêndoas que, se comparada à produção registrada em 2010, apresenta uma queda de 3,4%, confirmando uma tendência de redução contínua da oferta nos últimos anos, conforme demonstrado no Gráfico I, abaixo: 30

31 Gráfico I: Produção Nacional de Amêndoa de Babaçu R$ R$ Toneladas R$ R$ R$ Mil Reais R$ R$ R$ R$ Fonte: IBGE Quantidade Valor A queda na oferta sugere a busca por tecnologias apropriadas ao processo, visando otimizar, facilitar e tornar mais seguro e ergonômico o trabalho de coleta, quebra e transporte do coco babaçu, em nível comunitário. Entendendo que, a coleta, a quebra e a comercialização do coco são atividades que agregam renda às extrativistas, a Embrapa Cocais está formulando proposta de projeto intitulado Aportes Tecnológicos na Cadeia Produtiva do Babaçu por quebradeiras de Coco, no município e Itapecuru-Mirim. O principal produtor brasileiro continua sendo o Estado do Maranhão, concentrando 93,8% do total nacional. O Município de Vargem Grande é o maior produtor, seguido pelos Municípios de Pedreiras, Poção de Pedras, Bacabal e São Luiz Gonzaga do Maranhão. A área de ocorrência dos babaçuais não se limita à área de exploração, haja vista que este produto se encontra em vários outros Estados amazônicos, a exemplo de Rondônia, distribuído entre outras espécies da floresta. O Ministério da Agricultura avalia que a superfície total de babaçu é de aproximadamente 13,4 milhões de hectares. Supõe-se que nessa superfície encontrem-se 20,1 bilhões de palmeiras que produzem anualmente bilhões de cocos (FERREIRA, 1999). 7 Aspectos de Mercado Os principais concorrentes do óleo da babaçu no mercado de óleos láuricos são o óleo de palmiste (extraído da amêndoa do dendê) e o óleo de coco. 31

32 Atualmente pesquisadores acreditam que os principais limitantes para a expansão do mercado de óleo de babaçu são a quebra essencialmente manual do coco (rendimento de 8 kg de amêndoa por pessoa/dia) e o baixo rendimento de óleo por hectare, comparativamente a outras oleaginosas, conforme tabela abaixo: O preço do óleo de babaçu nos diversos elos da cadeia possui variações significativas durante o ano, de acordo com a disponibilidade do produto no mercado nacional (oferta) e dos preços do óleo de palmiste e palma (dendê) importados da Indonésia e da Malásia. O mercado brasileiro de láuricos (óleos, ácido e gorduras) está estimado em 80 mil toneladas. Os principais consumidores são as indústrias de margarinas, higiene e limpeza localizadas no sudeste do Brasil (HERRMANN et al., 2009). O consumo mundial de óleos láuricos é estimado em 5 milhões de toneladas/ano, sendo 53% de óleo de coco, 46% de óleo de palmiste e 1% de outros óleos (HERRMANN et al., 2009). Os valores auferidos com as exportações brasileiras de Óleo de Babaçu têm se elevado, passando de US$ em 2009, para US$ em

33 Exportações Brasileiras de Óleo da Babaçu $1.400, $1.200,00 $1.000, $800, $600, US$/Ton Toneladas $400, $200, $0, Peso (Ton) 2012 US$/Ton Fonte: MDIC Secex Os preços médios praticados entre os estados produtores de amêndoa estão representados no gráfico a seguir: Preço Amêndoa de Babaçu (R$) 2,00 1,80 1,60 R$/kg 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 fev/1 3 dez/1 2 out/1 2 ago/1 2 jun/1 2 abr/1 2 fev/1 2 dez/1 1 out/1 1 ago/1 1 jun/1 1 abr/1 1 fev/1 1 dez/1 0 out/1 0 ago/1 0 jun/1 0 abr/1 0 fev/1 0 dez/0 9 out/0 9 ago/0 9 0,00 Período Fonte: Conab CE MA PI TO P.M 33

34 Se forem comparados os preços de fevereiro/13 ao ano de 2012, observase que houve uma significativa alta na cotação da Maranhão, que atingiu 10,6%. No Piauí, ainda em relação a fevereiro de 2012, houve também um aumento de 18,26%. O gráfico abaixo apresenta os preços do óleo e amêndoa de babaçu nos Estados do Maranhão e Tocantins. 8 Custos e Preços Os parâmetros de custos de produção e preços foram levantados por técnicos da Conab, em regiões de significativa produção e comercialização do produto. Fonte/Elaboração: CONAB. 9 Proposta de Preço Mínimo A proposta de Preço Mínimo, apresentada pela Conab, visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com a 34

35 perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo principalmente de mulheres, buscando melhorias para as questões econômicas, sociais e ambientais do setor. Nesse contexto, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista, sugere-se a adoção da média dos custos variáveis de produção, apresentada nos municípios de Pedreiras R$ 2,28/kg e Imperatriz R$ 2,24/kg, como valor de referência para a proposição. Desta forma, a proposta do Preço Mínimo para a amêndoa do babaçu é de R$ 2,49/Kg, considerando o custo variável médio e acréscimo de 10%, garantindo renda às extrativistas. 10 Ação Governamental Desde 2009 foram executados R$ (dois milhões seiscentos e sessenta e nove mil reais) em subvenções da PGPM Bio para amêndoa de babaçu, beneficiando o total de famílias nos Estados do Ceará, principalmente Maranhão e Piauí. É fundamental destacar que as comunidades beneficiadas encontram-se, em sua maioria, em situação de pobreza, sem acesso aos serviços públicos básicos, portanto, os impactos das ações implementadas são bem mais elevados que o representado pelo montante de recursos aplicados. O gráfico abaixo apresenta os dados das operações de subvenção direta aos extrativistas do babaçu. 35

36 11- Referência Bibliográfica FERREIRA M. Modelos Log-Normal e Markoviano para estudo da evolução de abundância em uma floresta de babaçu. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina,1999. Acesso em 22/02/2013. HERRMANN, I.; NASSAR, A. M.; MARINO, M. K. M.; NUNES, R. Coordenação do SAG do Babaçu: Exploração racional possível? < >. Acesso em 10/01/

37 Baru (Fruto) Ana Rita Lopes Farias Freddo Entramos no milênio com uma produção deliberada de ignorância sobre riscos ecológicos como (...) a destruição do estilo de vida ecologicamente sustentável de comunidades camponesas, tribais, pastoris e artesanais de todo o Terceiro Mundo. Vandana Shiva 1 Introdução O Cerrado é um território de saberes e culturas diversificado, constantemente ameaçado pela expansão do agronegócio (como exemplo disso tem-se as áreas de plantio de sementes de pastagem no município mineiro de Chapada Gaúcha) e, atualmente, no caso do Norte de Minas Gerais, ausente de divulgação de políticas públicas existentes de combate à insegurança alimentar e nutricional, por parte de algumas instituições federais locais. É consenso entre diversos autores que uma das estratégias mais eficientes de conservação dos biomas é a melhoria das condições de vida e de trabalho das populações tradicionais existentes. Essa proposta de preço mínimo foi construída a partir de uma visão comum da diversidade biológica, cultural e socioeconômica das populações tradicionais do Cerrado, cujos povos encontram-se tão bem descritos abaixo pela Rede Empório do Cerrado: Nós somos os povos das ilhas, das terras crescentes, das águas, das chapadas, dos grotões do Cerrado, nos misturamos com a natureza, somos parte do lugar. Somos reconhecidos como pescadores, vazanteiros, extrativistas, guias turísticos, agricultores familiares, vivemos do nosso ofício de manejar a natureza, tirando dela o alimento, o remédio, o sustento e a inspiração para criar. 2 Características da Cultura Segundo Magalhães (2011), o baru (Dipteryx alata Vog.) (Figura 1) é uma espécie pertencente à família Leguminosae Faboideae, com ampla ocorrência no bioma Cerrado, cujos indivíduos atingem uma altura média de 15 m, podendo chegar a 25 m em solos bem drenados de fertilidade média, sendo mais abundante em Cerradão e Mata Semidecídua, aparecendo, também, com bastante frequência em Cerrado Sentido Restrito, em solos arenosos. 37

38 Figura 1 Baruzeiro. Foto: Xavier Bartaburu. De acordo com Martins (2010), esta espécie tem ampla distribuição pelo cerrado brasileiro, podendo ser encontrada nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e São Paulo (Figura 2), além de distribuir-se, também, nas cercanias do complexo do Pantanal e em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia. Figura 2 Distribuição geográfica do baru no Cerrado Sentido Restrito, em 84 localidades, entre 316 levantamentos no Bioma Cerrado. Fonte: Ratter et al (2000) apud Sano et al (2004). 38

39 Segundo a Embrapa Cerrados, a formação dos frutos inicia-se a partir de dezembro. A maturação dos frutos ocorre de julho a outubro, podendo variar, dependendo da localidade, sendo os frutos maduros coletados no chão ou quando de vez. Martins (2010), citando outros autores, menciona que o baruzeiro ou barueiro possui safra intermitente com variações bruscas de intensidade de produção de frutos, de um ano para o outro. Para efeitos práticos relacionados à utilização comercial, produz uma safra boa a cada dois anos, produzindo uma árvore adulta, cerca de cinco mil unidades ou 150 kg de fruto por safra boa. O autor, citando Ferreira et al. (1998), descreve que, morfologicamente, o fruto é uma drupa elipsóide, monospérmico, ovóide ou deprimido, com alguns frutos de forma não bem definida, fibroso e opaco, cor variando de bege-escuro a marrom-avermelhado, superfície irregular apresentando algumas depressões, textura lisa e bordo inteiro, como linha de sutura, com aproximadamente 50 mm de comprimento e 40 mm de largura e pedúnculo de consistência lenhosa. O autor, citando Almeida et al. (1998) e Botezelli et al. (2000), relata que o pericarpo apresenta três camadas (Figura 3): epicarpo coriáceo (casca), o mesocarpo marrom, com consistência macia, farináceo e espesso, que juntos constituem a polpa, e o endocarpo lenhoso (caroço ou casca), de cor amareloesverdeada, formado de fibras lignificadas que o torna duro e resistente. O fruto apresenta uma única semente. Figura 3 Corte transversal mostrando a composição do fruto. Foto: Xavier Bartaburu. 39

40 3 Aspectos Socioeconômicos e Ambientais No Bioma Cerrado encontramos Geraizeiros 2, Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu, Sertanejos, Retireiros 3, Ribeirinhos4, Vazanteiros5, Quilombolas e Indígenas. Segundo Silva (2010), os Gerais constituem um local em que todos têm livre acesso, local comum como um grande quintal, espaço de todos onde é possível a colheita de frutos nativos como pequi, panan, coquinho azedo dentre outros e que são vendidos pelas ruas ou nas feiras para complementar a renda familiar. O mesmo autor menciona que os geraizeiros são pequenos agricultores que vivem do plantio de lavouras diversificadas como lavoura de milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, frutas, verduras e são grandes conhecedores de ervas medicinais. Eles desenvolvem um modo de vida muito peculiar, associando a produção de alimentos e a criação de animais com o extrativismo. Também relata que os gerazeiros têm lutado pela garantia de seus direitos de permanecerem em suas terras, preservando suas tradições, apesar da expansão das áreas de monocultura do eucalipto e o surgimento das carvoarias. Segundo Silva (2009), os vazanteiros possuem uma forte ligação com a terra e com o Rio São Francisco nas suas relações sociais de produção. A vida e as atividades produtivas das comunidades se baseiam no comportamento do rio, onde vivenciam cheias e secas, em um território móvel e fluído. De acordo com Oliveira (2005), os materiais usados na construção do tipo mais comum de casa, a de pau-a-pique (Figura 4), limita-se ao que é fornecido Geraizeiros são povos que se localizam à margem direita do Rio São Francisco no Norte de Minas Gerais. O nome vem da denominação Gerais, ou seja, planaltos, encostas e vales das regiões de cerrados. 2 3 Retireiros são trabalhadores que vivem no campo, trabalhando como ordenhador. População tradicional que reside nas proximidades dos rios e têm a pesca artesanal como principal atividade de subsistência e cultivam pequenos roçados para consumo próprio. Podem praticar também atividades extrativistas 4 5 São pequenos agricultores que usam as vazantes para o plantio. 40

41 pela natureza: estacas ou pequenas toras como esteios; varas trançadas em treliça formando a estrutura das paredes; barro, em alguns locais misturado com esterco de boi, para cobrir a estrutura; cipós ou tiras de buriti e caroá para arrumar entre si todas as partes; e sapê, capim ou, dependendo da área, folhas de buriti, carnaúba, ou folhas de coqueiro como cobertura. Atualmente, diversas casas possuem cobertura de telha e algumas são de alvenaria. Figura 4 Casa de pau-a-pique com cobertura de telha na Ilha da Curimatá, Manga (MG), no período da seca. Foto: Cláudia Luz (2001). Segundo a mesma autora, em períodos de grandes enchentes, quando o rio lava as ilhas (cobre as ilhas), inundando a beira-rio, o barranco e as lagoas criadeiras, as casas são abandonas. É para as Caatingas, em outras situações para os Cerrados, que os vazanteiros migram para se protegerem dos ciclos de enchentes. Levam consigo, quando possível, mantimentos e alguns objetos como colchões, vasilhas e roupas, além de criações. Também menciona que nas áreas de uso comum da terra-firme é praticado também o extrativismo de frutas, lenha, plantas medicinais, plantas utilizadas na fabricação de sabão, de óleo e na construção de casas, além da caça. Relata ainda que, no contexto regional do Norte de Minas, existem diversos movimentos socioambientais, vinculados a processos políticos de autoafirmação e construção identitária em que populações tradicionais se mobilizam para 41

42 reinvindicar seus direitos ancestrais de acesso ao território, à biodiversidade e à água. No Vale do Rio Gurutuba, afluente do Rio São Francisco, 26 comunidades se auto-definem como Quilombolas e se movem pela reconquista de seu território. Diversos autores mencionam que, em quase todas essas áreas, há conflitos e/ou instabilidades no tocante à questão da regulação fundiária. Esses movimentos tensionam o contexto regional do Norte de Minas, evidenciando manifestações de inconformidade com questão agrária e com o impacto das empresas agropecuárias sobre a ecologia dos aqüíferos da região. De acordo com a Embrapa Cerrados, o baru é uma espécie-chave do Cerrado porque apresenta uma grande importância ecológica visto que seu fruto amadurece na época da seca alimentando muitas espécies da fauna. A empresa relata ainda que seu uso sustentável pode contribuir na conservação da biodiversidade desse bioma, sendo valorizado como produto que contribui para a conservação da natureza. Em áreas a serem recuperadas como reservas legais e de proteção ambiental, a exploração sustentável desta espécie favorece a sua conservação e a manutenção de outras espécies associadas ou que a usam como alimento. Segundo Martins (2010), na região de Pirenópolis (GO), de acordo com Nepomuceno (2006), o baru é obtido apenas da atividade extrativista, sendo a maioria dos extrativistas trabalhadores rurais, não existindo plantio sistemático. A produção de baru é sazonal, ou seja, ocorre apenas uma vez ao ano, sendo esse fato um fator limitante a sustentabilidade econômica do baru. O autor acrescenta que a espécie apresenta potencial de aplicação em projetos que conciliam a preservação dos recursos naturais com rentabilidade econômica, pois permite, na época de seca, renda extra aos agricultores familiares. Martins (2010), citando outros autores relata que, através de experimentação com 170 famílias rurais no Assentamento Andalucia em Nioaque, Mato Grosso do Sul foi demonstrado que o baru desponta como uma importante alternativa para a produção sustentável porque, além de aumentar a renda familiar com cultivo e beneficiamento, propicia a melhoria da qualidade de vida, aumento da auto-estima e do bem estar social, estimulando a cooperação e o interesse da população envolvida. 42

43 Figura 5 Fruto do baruzeiro. Foto: Xavier Bartaburu. Esse mesmo autor aponta o baru como uma importante alternativa para a produção sustentável, além de aumentar a renda familiar, propiciando a melhoria da qualidade de vida, aumentando a autoestima e o bem estar social, assim como estimulando a cooperação e o interesse da população envolvida. Relata ainda, citando outros autores, que o baru (Figura 5) é uma das poucas espécies que apresentam polpa carnosa durante a estação seca no bioma Cerrado, sendo importante para a alimentação da fauna, de morcegos, macacos que comem inclusive a amêndoa, de aves silvestres como a arara-azul, roedores como a cotia, além de insetos como besouros, formigas ou cupins. 4 - Cadeia Produtiva 4.1 Os Agentes da Cadeia Produtiva A cadeia produtiva do baru é composta pelos seguintes elos: a) os consumidores do mercado nacional, b) o setor produtivo integrado por catadores (populações tradicionais, agricultores familiares e/ou agroextrativistas) e associações/cooperativas, c) o setor beneficiador do qual fazem parte as micro e pequenas empresas em âmbito nacional e, em pequena escala, d) o setor industrial, composto por indústrias de fármacos e cosméticos. Encontram-se ainda os 43

44 segmentos fornecedores de insumos básicos (indústria de máquinas) e o elo representado pelas ações governamentais. A seguir, apresenta-se o modelo genérico da cadeia produtiva (Figura 6) do baru: Figura 6 Modelo genérico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiás. Fonte: Magalhães (2011) 5 Estruturação do Mercado Para a Embrapa Cerrados, a exploração comercial de amêndoas de baru é sustentada no extrativismo. A exploração extrativa do fruto do baruzeiro pode complementar a renda familiar através da comercialização da amêndoa e seus subprodutos. É uma espécie que tem potencial para expandir a comercialização pela facilidade no transporte e armazenamento e pode ser oferecida para consumo durante o ano todo. 44

45 De acordo com Magalhães (2011), atualmente nos municípios de Pirenópolis e Formosa, a exploração do baru, como atividade econômica, pode ser identificada como extrativismo com uso intensivo de mão de obra não qualificada e de tecnologia não rudimentar, estando sujeita às leis de mercado como qualquer outro produto extrativista. Martins (2010), citando Nepomuceno (2006), menciona que, no beneficiamento do fruto do baruzeiro, as operações envolvidas na extração da amêndoa são realizadas de forma artesanal, sem segurança e com baixa eficiência, influenciando na produtividade e nos custos. A torração da amêndoa é realizada sem controle de tempo e temperatura, influenciando na qualidade e despadronização, dificultando a entrada no mercado. O despolpamento e o aproveitamento da polpa são limitados e pouco aplicados em unidades produtoras. Segundo Magalhães (2011), após recolher o fruto, o agricultor o estoca ou inicia a extração da amêndoa com o auxílio de instrumentos criados por ele ou máquinas manuais (Figura 7). A amêndoa (Figura 8) é torrada em casa e vendida diretamente ao consumidor ou para empresas. O fruto in natura pode ser entregue à associação/cooperativa da qual é membro, que se encarrega da sua quebra e comercialização. Algumas associações/cooperativas com pequeno capital de giro costumam comprar o fruto de terceiros para fazer estoque. Figura 7 Máquina manual utilizada para extração da amêndoa do baru. Foto: Xavier Bartaburu. 45

46 Figura 8 Amêndoa do baru. Foto: Xavier Bartaburu. O autor relata ainda que a relação comercial entre o agricultor familiar que explora o baru e os compradores da amêndoa (associações/cooperativas, empresas, consumidor, governo federal) é bastante fragmentada em razão da irregularidade no fornecimento do produto. Isso pode ser consequência de fatores tais como: a sazonalidade da frutificação, irregularidade nas quantidades produzidas pelas árvores, falta de local apropriado para estocar o produto, descapitalização e dificuldade de acesso ao crédito. Essa falta de recursos financeiros impede o agricultor de armazenar o fruto em quantidade suficiente para que possa atender aos seus clientes durante a entressafra. O mesmo autor cita que outros fatores que podem contribuir para as deficiências nessa relação são o pouco conhecimento existente sobre o processamento do fruto e a dificuldade histórica dos agricultores familiares de se organizarem socialmente e a pouca ou nenhuma experiência em lidar com o mercado. No Estado de Goiás, para garantir a comercialização desta cadeia produtiva foi constituída a Cooperativa Mista de Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores, Vazanteiros e Guias Turísticos do Cerrado (COOPCERRADO), produzindo farinha e biscoitos de baru para instituições como escolas e asilos. Nos municípios de Pirenópolis e Diorama, Estado de Goiás, e Poconé, Estado de Mato Grosso, a comercialização é feita, respectivamente, por meio da Associação de Desenvolvimento Comunitário do Caxambu (ADCC), do Centro de 46

47 Tecnologia e Agroecologia de Pequenos Agricultores (AGROTEC) e pela Cooperativa Mista dos Produtores Rurais de Poconé Ltda (COMPRUP). Martins (2010), citando Pimentel (2008), relata que, no ano de 2005, a comercialização e outros serviços relacionados com o fruto do baru representaram até 67,24% da renda anual das famílias amostradas. Contudo, o maior domínio das etapas de produção e a máxima utilização dos produtos do fruto do baruzeiro aumentariam o retorno econômico. Este mesmo autor relaciona ainda algumas micros e pequenas empresas que atuam na cadeia produtiva do baru, em âmbito nacional, como a empresa Pró-Baru, do Município de Jussara (GO), que produz artesanalmente petiscos, farinha e doces com a amêndoa torrada; a Trem do Cerrado, do município de Pirenópolis (GO), que produz artesanalmente e comercializa amêndoas torradas, biscoitos com aveia, pães integrais e barras de cereais de amêndoa de baru; a Licores Marinho, de Belo Horizonte (MG), que produz artesanalmente e comercializa licores de polpa; a Rudá, do Município de Petrópolis (RJ), que fabrica biscoitos com a amêndoa e a Franchel Indústria e Comércio de Cosméticos, de Aparecida de Goiânia (GO), que fabrica um sabonete íntimo com o extrato da planta. Há também a empresa goiana Nonna Pasqua que produz alimentos e bebidas finas de qualidade, utilizando matérias-primas do Cerrado como baru e pequi. Seus produtos (licores, pesto, castanhas torradas, doces e a caixa Collezione del Cerrado) podem ser adquiridos em lojas especializadas nos Estados do Amazonas, Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Goiás, Brasília, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já no Estado de Mato Grosso do Sul, onde o fruto é conhecido por cumbaru, as famílias do assentamento rural Andalucia, em Nioaque, produzem de forma artesanal pães, bolos, biscoitos e doces, para uso próprio e venda a comerciantes. Em parceria com outro grupo de trabalho comunitário, do município de Diorama, Estado de Goiás, os assentados já fizeram até uma pequena exportação para a Alemanha de produtos derivados do baru. Com relação às pesquisas e tecnologias voltadas à cultura do baruzeiro, (Bruno) a empresa japonesa Ichimaru Pharcos, através dos pesquisadores Kojima Hiroyuki,Ohara Mitsuharu e Tanaka Kiyotaka desenvolveu e patenteou um cosmético que inibe a formação de melanina, utilizando um ou mais tipos de extratos das plantas do gênero Dipteryx da família Leguminosae como Coumarouna odorata, Dipteryx alata Vogel, Dipteryx oppositifolia (Aublet) Willd. 47

48 6 Aspectos da Produção e do Consumo O período da safra é de julho a outubro, quando o fruto do baru costuma cair e o agricultor-coletor se desloca para o campo para proceder sua coleta. O período de entressafra ocorre nos meses de novembro a junho. Segundo Magalhães (2011), citando Sano et al. (1999), as árvores que fornecem o fruto são nativas, uma vez que não existem plantações dessa espécie. Normalmente, a maior produção de frutos ocorre a partir de indivíduos adultos que se encontram nas pastagens, poupados do corte raso. Um homem colhe de 4 a 5 sacos de 60 kg de frutos de baru por dia. Essa atividade extrativista exige um grande esforço físico, pois o baru é coletado do chão, sendo necessários frutos para se encher um saco de 60 kg. A Embrapa Cerrados relata que mesmo com pouca ou praticamente nenhuma informação oficial sobre a produção e comercialização dos produtos provenientes do baru, verifica-se o bom potencial que essa espécie apresenta, embora a oferta se encontre restrita a algumas cidades próximas à área de produção como alguns municípios do Estado de Goiás, Brasília, no Distrito Federal, Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul e Mateiros no Estado de Tocantins. De acordo com Magalhães (2011) não existem estatísticas disponíveis sobre o consumo da amêndoa comercializada ou mesmo consumida, no Estado de Goiás. 7 Aspectos do Mercado Para Magalhães (2011), o baru é uma espécie vegetal que vem apresentado interesse econômico em função do sabor diferenciado da sua amêndoa, consumida in natura na forma de pães, biscoitos, bombons, licores, pratos típicos, entre outros. O mercado dessa amêndoa começa a crescer nos Estados de Goiás e Distrito Federal com perspectiva de alcançar o mercado externo. Entretanto, ainda é um mercado incipiente em razão da demanda ser baixa e localizada. Ainda Martins (2010), citando outros autores, menciona que o baru é o carro chefe de diversas pequenas iniciativas de agronegócio nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais e Distrito Federal. Em alguns casos, a produção dessas atividades apresentou potencial de crescimento, mas acabou encontrando dificuldades para alcançar mercados. 48

49 Para o autor, apesar de suas qualidades, o baru não é extensivamente comercializado, sendo raro encontrá-lo nas feiras e nas cidades, salvo em algumas regiões onde a amêndoa é apreciada. Esta pode ser consumida torrada, inteira ou na forma de farinhas, incorporadas em merendas escolares, inovações gastronômicas ou em processamentos industriais artesanais de doces de leite, péde-moleque, rapadura, paçoca, granolas, molhos prontos tipo pesto, licores, barras de cereais, biscoitos e bombons. O autor menciona que, além de originais e com ótima aceitação, os produtos preservam e valorizam a cultura e recursos naturais do Cerrado. Cita, também, que pelo Grupo Super Extra de São Paulo, a amêndoa do baru, denominada de castanha torrada do Cerrado tipo exportação, é considerada como o mais jovem diamante brasileiro, sendo comercializada em dólar, correspondendo a US$ 47,85/kg. O autor informa ainda que a utilização do baru aponta para um potencial de aplicação no nicho de mercado de alimentos orgânicos e funcionais, aliando inovações tecnológicas e segurança alimentar com o desenvolvimento econômico e social do Cerrado. Segundo o Empreender, informe do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a castanha do baru vem chamando a atenção por meio da rede Empório do Cerrado. Do baru estão sendo produzidos, desde cookies e biscoitos até as castanhas in natura e torradas, as barrinhas de cereais com baru. O Empreender relata que a procura por produtos agroecológicos cresce 20% ao ano no Brasil, e mais ainda em redes de varejo, como o Pão de Açúcar, que aposta num novo tipo de consumidor, preocupado com a sustentabilidade. Para a Embrapa Cerrados, devido a incipiência do mercado, o preço de comercialização é muito variável e sazonal, dependendo da região. A demanda de produtos oriundos de espécies nativas e de sabor exótico é crescente, tanto no mercado interno quanto no externo. Todavia, a produção não atende a essa demanda, devido ao pequeno volume comercializado informalmente em vários locais da região do Cerrado. Em 2010 e 2011, segundo a COOPCERRADO, os preços pagos pelo fruto (ouriço) do baru aos extrativistas, nos Estados de Goiás e Minas Gerais, foram de R$ 0,25 e R$ 0,30/kg respectivamente. Já em 2012 foi R$ 0,37/kg. O gráfico 1 apresenta a série de preços recebidos pelos extrativistas, a partir de novembro de 2011, nos dois Estados em referência. A série mencionada é comparada ao preço mínimo do governo federal que atualmente é de R$ 0,20/kg. 49

50 Durante o período analisado, os preços recebidos pelos extrativistas mineiros e goianos estiveram acima do preço mínimo fixado pelo governo. Ressalta-se que o cálculo do preço mínimo está baseado no custo variável de produção. Preço Pago aos Extrativistas 0,50 R$/kg 0,40 0,30 0,20 0,10 1 m 2 ar /1 2 ab r /1 m 2 ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 ag 2 o/ 12 se t /1 2 ou t /1 2 no v/ 12 2 fe v/ /1 ja n z/ 11 de no v/ 11 0,00 Período GO MG PM Gráfico 1 - Preços pagos aos Extrativistas pelo Fruto (Ouriço) do Baru (R$/Kg) Fonte/Elaboração: Conab Ainda em relação ao gráfico acima, em novembro de 2011, os preços pagos pelo fruto (ouriço) do baru aos extrativistas nos Estados de Minas Gerais e Goiás variaram de R$ 0,30/kg a R$ 0,36/kg. No Estado de Minas Gerais, a partir de outubro de 2012, os valores foram maiores que os registrados nos meses anteriores, aumento este de 33,33%. Já o Estado de Goiás apresentou um pequeno incremento a partir de dezembro de 2011, todavia, manteve o mesmo preço para os demais meses, excetuando-se os dois últimos meses onde não houve registro de preço, conforme pode ser observado no gráfico 1 8 Custo de Produção Os parâmetros como os preços e os custos de produção foram levantados por técnicos da Conab, no Estado de Goiás, no município de Pirenópolis, região de significativa produção e comercialização do produto, conforme pode ser verificado no anexo I. 9 Proposta do Preço Mínimo O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos 50

51 produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. Atualmente, o custo variável de produção para o fruto (ouriço) do baru é de R$ 0,23/Kg, sendo que 56,59% correspondem à mão-de-obra do extrativista. Em relação ao ano passado, o atual custo variável de produção apresentou variação de 4,55%. Desta forma, a proposta do Preço Mínimo para o fruto (ouriço) do baru é de R$ 0,23/kg, considerando o custo variável e acréscimo de 10%, garantindo renda aos extrativistas. 10 Resultados Esperados Espera-se, a partir desta proposta conferir à cadeia produtiva do baru a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, a regularização da oferta e a melhoraria da qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, com melhorias, ainda, da garantia financeira para o setor produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados. E por fim, maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Todavia, para isso ser alcançado, há de se adotar outros instrumentos de identificação das populações tradicionais do cerrado porque muitas pessoas que exploram o baru moram em vazantes ou em localidades, distritos e periferias das sedes dos municípios, não se enquadrando como agricultores familiares. Para essas comunidades, o acesso à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), cadastro utilizado pelo MDA como instrumento de identificação do agricultor familiar para acessar políticas públicas fica inviabilizado. 11 Referência Bibliográfica Magalhães, Rogério Marcos (2011). Obstáculos à exploração do baru (Dipteryx alata Vog.) no Cerrado Goiano: sustentabilidade comprometida? Tese de Doutorado. Universidade de Brasília (UnB). Brasília. 241 p. Martins, Bruno de Andrade (2010). Desenvolvimento tecnológico para o aprimoramento do processamento de polpa e amêndoa do baru (Dipteryx alata 51

52 Vog.). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Campinas. 208 p. Oliveira, C. L. de. (2005). Vazanteiros do Rio São Francisco: um estudo sobre populações tradicionais e territorialidade no Norte de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de Sociologia e Antropologia. Belo Horizonte. 134 p. Silva, Reginaldo Ribeiro da. (2010). Os Geraizeiros e os Impactos SocioAmbientais Vividos Município de Grão Mogol. 4º Encontro da Rede de Estudos Rurais. Mundo Rural, Políticas Públicas, Instituições e Atores em Reconhecimento Político. 06 a 09 de julho de UFPR. Curitiba (PR). Silva, Rosangela da. (2009). Unidade de Conservação em Território de Comunidade Tradicional Vazanteira: Um Estudo de Caso da Comunidade Pau Preto Norte de Minas. V Seminário de Extensão Universitária. Formação Acadêmica e Compromisso Social. 14 a 16 de setembro de PUC Minas

53 Borracha Natural Extrativismo Humberto Lobo Pennacchio 1 Introdução O extrativismo da borracha foi uma atividade importante no início do século passado, mas, devido a fatores como baixa qualidade do produto, grande distância dos centros consumidores, baixo rendimento e altos custos de produção, cedeu lugar ao cultivo comercial, principalmente nas áreas de escape que, entretanto, ainda não conseguiram acompanhar o crescente aumento do consumo interno, condicionando o país à difícil situação de importador do produto a preços subsidiados pelos países asiáticos. O estudo da Cadeia Produtiva da Borracha Natural no Brasil está diretamente relacionado à questão da viabilidade dos investimentos na produção de borracha natural no país. Com o processo de globalização, na busca de auto-suficiência na produção de borracha natural, deve-se ponderar a sua importância estratégica vis-àvis, com os custos sociais da atividade. Mais recentemente vem sendo discutida a viabilidade e oportunidade de estimular a reativação de todos os elos da cadeia da borracha natural no país. Para avaliar a cadeia produtiva do produto procedeu-se o levantamento e análise de informações junto a produtores, usineiros, seguido de avaliação dos fatores críticos, restritivos e impulsores ao desempenho da produção. 2 Características da Cultura A Hevea Brasiliensis, planta originária da região Amazônica, encontrada naturalmente nas florestas dos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Pará e em áreas vizinhas do Peru e Bolívia, produz a borracha natural que, dadas as suas características físico-químicas (elasticidade, resistência ao desgaste, impermeabilidade a líquidos e gases, isolante elétrico, plasticidade, etc.), a indústria química ainda não foi capaz de produzir um substituto apropriado. A cadeia produtiva da borracha natural no Brasil possui três segmentos distintos: a atividade rural, subdividida em atividade extrativista e de cultivo (heveicultura), as indústrias de beneficiamento e a indústria consumidora final. O extrativismo é praticado na Região Norte, local de origem da planta, 53

54 enquanto que a heveicultura está localizada nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia e São Paulo. As indústrias de beneficiamento estão localizadas em dez estados e as indústrias de consumo final estão distribuídas em dezesseis estados. Desde a década de 70 foram implementados vários programas de apoio à produção de borracha com recursos subsidiados pelo Tesouro Nacional. Em 2004, o Governo Federal objetivando fomentar a cadeia produtiva, propôs, através da Conab, a inclusão da borracha na Política de Garantia de Preços Mínimos, nas modalidades de EGF, sem opção de venda, para financiar a estocagem das indústrias e AGF, para compra direta da produção amazônica. Nas avaliações que se seguiram foi aprovado, apenas, o EGF, estendido a todo o País. 3 Aspectos Econômicos Sistema de Produção Agrícola Extrativista: Seringal nativo Este segmento já foi a base da economia regional e nacional, sendo que a borracha vegetal extraída dos seringais nativos (hoje praticamente abandonados), foi um dos principais produtos da pauta de exportação do país, concorreu para financiar as grandes plantações do sudeste da Ásia e para implementar a cafeicultura paulista.. Hoje o setor agoniza por falta de apoio governamental e pela destruição criminosa e indiscriminada da floresta e, por consequência, dos seringais nativos, para se transformar em exploração madeireira e em atividade pecuária predatória e incompatível com a realidade da região. O seringal nativo como empresa envolvia a existência de organização administrativa mínima e de toda a infra-estrutura necessária para o funcionamento do processo extrativo, incluindo as instalações da sede do seringal, transporte externo e recolhimento do produto, com as vias de acesso indispensáveis, abertura de estradas de sangria, barracos de seringueiros e aparelhamento das estradas para extração e processamento primário do látex. A estrutura de funcionamento desses seringais nativos era alicerçada na sua sede, circundada por colocações dispersas na mata. Cada colocação constitui-se de um tapiri, a casa do seringueiro, e de duas a três estradas de seringueira - trilha sinuosa ao longo da mata interligando as chamadas madeiras ou árvores em sangria, cujo número varia de 150 a 300 árvores por estrada, sendo uma chamada estrada de porta, pois tem início e fim no tapirí do seringueiro. Como figuras atuantes no sistema produtivo destacavam-se o mateiro - homem responsável pela identificação das madeiras e abertura das estradas; o 54

55 noteiro - responsável pelo aviamento das mercadorias e produção dos seringueiros; o tropeiro responsável pelo comboio de mulas destinadas ao transporte de gêneros alimentícios e pélas ou bolas de borracha, produzidas pelo processo de defumação, pesando, em media, 60 kg cada; o regatão - espécie de atravessador encarregado integralmente da comercialização, possuindo embarcação fluvial própria onde transportava o produto oriundo dos seringais e alimentos e roupas para o seringueiro e sua família. Tratava-se de uma relação de extrema dependência por parte do seringueiro, mormente aqueles com colocação próxima às margens dos rios, furos ou igarapés, ou para que o regatão vendesse a sua produção às usinas de beneficiamento, ou mesmo para trazer dos centros urbanos os produtos de que necessita (gêneros alimentícios e vestuário). O seringueiro deve ser considerado como um agente econômico especial, pois extrai da floresta quase tudo que precisa para a sua subsistência, borracha ( kg/ano), castanha, madeira, preservando a floresta como um verdadeiro guarda-florestal. Sem a sua presença a devastação para extração de madeira e implantação de pecuária extensiva (nessa atividade a necessidade aproximada é de 1 trabalhador para cada 587 ha - 30 vezes superior à utilizada por um seringueiro), seria extrema e a erosão genética, incalculável. O seringueiro produtor de borracha defumada, mais tradicional em termos de técnica de produção, era obrigado a perfazer duas vezes por dia o percurso de uma estrada, para a sangria e para a coleta do látex a ser defumado, num processo de produção extremamente penoso, havendo muitos casos de perda de visão pela exposição contínua à fumaça. Este tipo de produtor era encontrado na Amazônia, ocupando seringais do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará e Amapá. Para estancar este processo, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram, em caráter experimental, uma tecnologia de processamento que é a adição do acido pirolenhoso (subproduto da fabricação do carvão, composto por mistura de ácido acético e ácido fórmico) que promove simultaneamente a coagulação e defumação do látex sem os perigos do processo original e mantendo a alta qualidade do produto. Outro tipo de seringueiro é o produtor de cernambi cocho (coagulação expontânea na tigela e prensagem), neste caso não é necessário fazer a segunda volta na estrada. Originalmente este processo era característico do Estado do Mato Grosso, mais tarde sendo expandido para o Sul de Rondônia. Segundo estimativas do CNPT - Centro Nacional para o Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais existiam cerca de famílias de seringueiros nas reservas extrativistas da Amazônia e fora delas, com média de duas pessoas por família na atividade, assim, teriam seringueiros extraindo látex, com média de produção anual de 900 kg de borracha, chegando a uma produção anual estimada em toneladas, ou seja, valor muito acima da realidade de hoje, quando a participação do seringal nativo 55

56 atualmente é de 10% ou de apenas toneladas. O Quadro I, com informações do IBGE, até o ano de 2011, ilustra claramente a situação do setor extrativista nos últimos oito anos, com a produção sofrendo uma queda de 32%, significando que, de toneladas para apenas 2.856, ou ainda, cerca de 0,3% da produção nacional. Quadro I Quantidade produzida na extração vegetal (Toneladas) Produto Hevea (látex coagulado) Unidade da Federação Ano Brasil Rondônia Acre Amazonas Pará Amapá Bahia Mato Grosso Pelo visto o potencial produtivo dos seringais silvestres acha-se significativamente subaproveitado, quando o extrativismo da borracha, em associação ao extrativismo de outros recursos naturais, além de acarretar expressivos efeitos sócio-econômicos, poderia proporcionar a salvaguarda da região de fronteira e do bioma amazônico, que teriam, na figura do seringueiro, o seu guardião natural e efetivo. 4 Cadeia Produtiva O setor de borracha natural nacional é representado por uma cadeia produtiva composta pelos seguintes elos: a) Os consumidores, do mercado nacional e do exterior, b) O setor produtivo integrado por extrativistas (seringais nativos da Amazônia), pequenos, médios e grandes heveicultores (seringais cultivados), c) O setor beneficiador do qual fazem parte as usinas e mini-usinas de beneficiamento de borracha e d) O setor industrial, composto pelas indústrias de pneumáticos (81%) e de artefatos leves (19%). Encontram-se, ainda, os segmentos fornecedores de bens e insumos básicos (máquinas, adubos, sementes, mudas, implementos, defensivos 56

57 e demais serviços) e o elo representado por atacadistas e varejistas, além das ações governamentais (Figura 1). FIGURA1 - CADEIA PRODUTIVA DA BORRACHA NATURAL AÇÕES GOVERNAMENTAIS Melhoramento Genético (clones) Indústria de Defensivos Combustíveis Produção de mudas (viveiro comercial) UNIDADE PRODUTIVA SERINGAL NATIVO AÇÕES SOCIAIS. - Assistência e Saúde - Assistência- Educação - Revenda de Insumos e alimentos. Indústria de Fertilizantes E Insumos Revenda de Insumos/equipe. Produção de Mudas na Propriedade UNIDADE PRODUTIVA SERINGAL DE CULTIVO REGATÃO POLÍTICA DE PREÇOS AÇÕES DE APOIO TÉCNICO -Pesquisa em Heveicultura - Assistência Técnica - Revenda de Insumos - Capacitação de rec. humanos - Controle fitossanitário - Infra-estrutura botânica AÇÕES DE APOIO FINANCEIRO - Linhas de crédito p/ formação de seringais cultivados Conab - PGPM - EGF USINAS DE BENEFICIAMENTO POLÍTICA DE PREÇOS INDÚSTRIA DE PNEUMÁTICOS (85%) POLÍTICA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL INDÚSTRIA DE ARTEFATOS LEVES (15%) IMPORTAÇÃO SMR e outras (Sudeste Asiático) COMERCIALIZAÇÃO CONSUMIDORES 5 Panorama Nacional A seringueira de produção extrativista tem sua principal atividade Amazônica que possui aproximadamente 325 milhões de hectares, dos quais aproximadamente 300 milhões de hectares correspondem ao Brasil (Ortiz, 2002). O 57

58 Brasil é o berço do gênero Hevea e como tal a reativação do potencial produtivo poderia atingir um patamar de produção de 40 a 50 mil toneladas por ano, cerca de um terço da importação, com possibilidade de gerar emprego e renda para aproximadamente 80 mil famílias (Pastori et al, 2008). Atualmente, a extração de seringa na Amazônia envolve algo entre 5 e 10 mil famílias, nos Estados do Acre e Amazonas (DEX, 2008). No Amazonas, boa parte da estrutura anteriormente estabelecida para exploração dos seringais ainda se mantém produtiva ou encontram-se em condições de revitalização, dada a relevância que esta exploração continua tendo para as economias locais, regional e nacional (SDS, 2005). Da perspectiva socioeconômica a borracha ainda é um dos produtos principais de geração de renda depois da castanha para muitas famílias, o que faz da borracha natural um produto estratégico de alto valor econômico-social. O forte interesse de empresas privadas em investir e adquirir toda produção de borracha coagulada e látex líquido a serem produzidos enfatiza a urgente necessidade da elaboração de programas que, além de viabilizarem alternativas para superação dos principais problemas da produção, ampliam a produção de borracha no país. Considerando que há uma capacidade ociosa nas usinas de beneficiamento de borracha nas indústrias consumidoras, assim como uma capacidade instalada em organismos governamentais federais e estaduais para deflagrar e executar uma política pública voltada para esse setor (SDS, 2007; Pastori, 2008). Existem várias iniciativas governamentais estaduais, municipais, em parceria com a sociedade civil organizada voltada à revitalização da borracha natural. Dentre essas ações cita-se o apoio à instalação de fábricas, usinas de beneficiamento, incentivos fiscais e tributários, além de pagamento de subvenções estaduais e municipais a título de compensação pelos serviços ambientais prestados, e o apoio à organização da produção. Na esfera federal há vários programas dos quais podem ser citados: o PAE (Programa de Apoio à Produção e Comercialização do Extrativismo) que possibilita aos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares que coletem, beneficiem e comercializem seus produtos com o apelo da manutenção da floresta em pé, associado ao respeito às suas culturas. Os dados do ano de 2011 demonstram que a Região Norte detém, apenas, 2% da produção, enquanto que a Região Sudeste, produziu, praticamente, 98% do látex nacional Importação/Exportação O Gráfico I indica que o Brasil é importador tradicional de borracha, fato que vem acontecendo desde o ano de Nos últimos dezesseis anos (1995 a 2011), a produção nacional saltou de para toneladas (estimativa), ou seja, um acréscimo de 218%, enquanto o consumo interno obteve um crescimento de 140%, saindo das para toneladas. Já as importações do produto 58

59 tiveram um crescimento menor no período, 109,11%, saltando de para toneladas Gráfico 2 BORRACHA NATURAL Produção, Importação e Consumo Brasileiros, de 1991 a 2010 em mil toneladas Produção Demanda Importação Fontes: IBGE, Secex e Conab - Elaboração: Conab O Brasil é importador tradicional de borracha, fato que vem acontecendo desde Nos últimos dezessete anos (1995 a 2012), a produção nacional saltou de para toneladas (estimativa), um acréscimo de 230%, enquanto o consumo interno obteve um crescimento de 121%, saindo das para toneladas. Já as importações do produto tiveram um crescimento menor no período, 75%, saltando de para toneladas. O país continua importando cerca de 60% da borracha necessária ao consumo interno. Nota-se que o incremento da produção nacional na última década, foi inferior ao crescimento, tanto do consumo quanto das exportações. Tal movimento pode ser verificado quando se subdividem os diferentes tipos de borracha que foram importados, com a predominância pelas compras da matériaprima prensada ou granulada, utilizada pela indústria de pneumáticos. Até 1998, tendo em vista a relativa estabilidade no consumo e na produção interna, as importações também eram mantidas com relativa constância. A partir de então, o consumo começa a crescer de forma acentuada, levado pelo aumento da produção interna, mas, abaixo das necessidades do setor industrial, de modo que as importações foram a única maneira de manter abastecidas as indústrias. A julgar pelo ritmo de crescimento da produção de borracha natural no Brasil, 5% ao ano e o consumo, 6,0% ao ano, mostra uma realidade que vai demandar muito esforço para ser revertida, já que o déficit tende a aumentar. Seriam

60 necessários nas condições de produtividade atuais, cerca de hectares em produção para o abastecimento do mercado interno frente aos atuais hectares em produção, sendo hectares plantados. Para suprir tal déficit de matéria-prima cada vez mais crescente, fontes do setor estimam que para o ano de 2020 seriam necessárias toneladas, e que a preços de janeiro de 2013 o país desembolsaria o equivalente a US$ 1,3 bilhões, valor necessário justamente para promover o crescimento interno da produção, visando suprir o déficit projetado. 5.2 Preços No que diz respeito aos preços recebidos pelos produtores observa-se que ao se tomar por base as cotações praticadas no Estado de São Paulo, centro formador de preço, durante o ano de 2012 o coágulo virgem com 53% de DRC alcançou a média de R$ 2,64/kg, valor este 7,42% inferiores à média observada no ano de 2011, ou seja, reflexo da queda na atividade industrial interna. Entretanto, no início do ano de 2013 os preços já apresentam uma recuperação com a média dos dois primeiros meses de R$ 2,71/kg, indicando um movimento de recuperação da demanda pelo produto, verificado, inclusive, pelo bom desempenho da indústria automobilística no período. O Gráfico II apresenta a variação dos preços nos principais estados com prática extrativista. Grafico II Borracha Natural- CVP Preço Recebido pelos produtores 4,50 4,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 AC AM MT PA 12/ / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /2009 0,00 04/2009 R$/Kg 3,50 3,00 RO 60

61 6 Propostas de Preços Mínimos Como conhecido a produção extrativista segue processos totalmente diferenciados daqueles adotados na produção cultivada. Tendo em vista a dispersão das árvores dentro da floresta, o seringueiro se obriga a andar longas distâncias entre uma árvore e outra que, aliado ao trabalho em uma floresta inóspita, faz com que sua atividade se torne difícil e pouco produtiva. Desta forma, os programas de apoio devem ser diferenciados em relação aos propostos para a atividade de cultivo. Os parâmetros utilizados para a formulação desta proposta são os seguintes: Custo de produção: O Governo Federal definiu a inclusão de produtos extrativistas e dentre eles a seringueira na Política de Garantia de Preços Mínimos PGPM para este ano como política da sociobiodiversidade. Com base nesta definição a Conab foi a campo e desenvolveu um trabalho, utilizando painéis técnicos, com participação dos agentes das cadeias de produtos extrativistas, visando definir os parâmetros, atividades e insumos modais utilizados para estabelecer os custos de produção relativos ao produto. Foram levantadas informações em dois Estados, ou seja, no Amazonas nas regiões de Lábrea e Manicoré, e no Acre nas regiões de Brasiléia e Sena Madureira. Tabuladas as informações obtidas chegou-se ao produto final de três custos de produção, um dos critérios a serem considerados para a proposição em questão, com valor médio de R$ 6,76/kg. Preços de mercado: tomando como base as informações coletadas nas áreas produtoras dos Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará e Rondônia o preço médio de venda do Cernambi Prensado com 80% de DRC, em 2012 foi de R$ 2,67/kg. Nos Estados do Amazonas e Acre é adicionado o valor da subvenção econômica estadual (R$ 1,00/kg). Com este auxílio do Governo Estadual os preços elevam a R$ 3,67 por kg. Baseado nos parâmetros acima propõe- se o seguinte para o setor extrativista: A iniciativa do Governo Federal para este programa será direcionada para a borracha produzida nos seringais nativos e tem como objetivo principal incentivar o aumento da produção, através da criação de mais um canal de escoamento da produção, dando suporte à produção extrativista. O valor a ser considerado para o preço mínimo da Borracha Natural Extrativa é o valor do custo de produção variável, obtido nos Estados do Acre e Amazonas, quando da inserção do produto com práticas extrativistas em 2008, quando este já apresentava um valor nominal de R$ 4,50/kg para o cernambi virgem com 80% de DRC. Tendo em vista que a borracha 61

62 bruta produzida pelo extrativista não tem condições de ficar armazenada por longo tempo, serão aplicados nos programas os instrumentos da PGPM, disponíveis e que melhor se adequarem ao produto em questão. Cacau Amêndoa Bruno Nogueira 1 Panorama Internacional Segundo dados consolidados e divulgados pela Organização Internacional do Cacau (OICC) o mundo nunca colheu tanto cacau quanto na safra internacional 2010/11, afinal, a colheita mundial do cacau pela primeira vez na história, ultrapassou a marca de 4 milhões de toneladas, chegando a uma produção bruta de 4,3 milhões de toneladas. Este número é 18,5% maior que a safra 2009/10 e um dos mais expressivos da série histórica da OICC. Até então, o maior salto de produção havia ocorrido no ano agrícola 2003/04, quando a colheita mundial foi de 3,54 milhões de toneladas, 11,6% a mais do que no ciclo anterior. De lá para cá, foram colhidas em torno de 760 mil toneladas a mais de cacau, quantidade suficiente para atender praticamente toda a demanda anual de moagem das Américas. 62

63 O continente africano é responsável por cerca de 70% da produção mundial. O maior produtor é a Costa do Marfim, que passou de 1,24 milhão de toneladas para 1,51 milhão de toneladas na safra 2010/11, seguido por Gana, que no ano agrícola de 2010/11 quase dobrou a produção em relação à safra anterior, passando de 632 mil toneladas para 1,02 milhão de toneladas. O crescimento da produção mundial de cacau verificado nos últimos anos é explicado pelo aumento da demanda. De acordo com dados da OICC o volume de moagem entre os anos de 2002/03 e 2010/11, apresentou crescimento em torno de 5% ao ano. Na safra de 2009/10 os dados apontam que a procura pelo produto foi maior que a oferta, o que resultou num déficit de 132 mil toneladas. Porém, considerando os estoques mundiais não houve desabastecimento. No ano agrícola 2010/11, considerado uma supersafra, houve saldo positivo em torno de 340 mil toneladas, que foi incorporado ao volume de estoques mundias, que era da ordem de 1,77 milhão de toneladas. Entretanto, cenário como este de supersafra e aumento nos estoques mundiais não deve ser a regra, a tendência é de que haja redução no volume de cacau entregue anualmente para as indústrias. Porém, na safra mundial 2011/12 (de 63

64 outubro a setembro), mesmo diante de previsões pessimistas de que a produção mundial ficaria levemente abaixo do volume de moagem, a realidade mostrou o contrário. A produção deve ficar em cerca de 4,05 milhões de toneladas, total 3% acima da moagem, que deve ficar por volta de 3,92 milhões de toneladas. Na visão da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) caso seja mantida a tendência atual, faltará cacau no mundo. A equação seria simples, o consumo está crescendo ano após ano e os principais países produtores podem começar a estagnar ou, até mesmo, encolher suas safras, por conta de problemas sanitários, econômicos e políticos, principalmente em países como Costa do Marfim, Gana e Nigéria, três dos quatro principais países produtores de cacau. 64

65 1.1 Preços Internacionais O cacau tem os preços definidos, sobretudo, nas bolsas de mercadorias internacionais de Nova York e de Londres. Segundo Fernando Antônio Teixeira Mendes, doutor em Economia e técnico da Ceplac, oferta e demanda quase sempre não são lógicas para formação de preço, pois há uma forte influência da especulação em todo processo. Isso faz o cacau ser umas das commodities mais difíceis de se trabalhar. Outro fato relevante é que qualquer movimento atípico nos principais países produtores, como os da África, que respondem por 70% da oferta global, pode acarretar reflexo imediato no bolso do cacauicultor brasileiro. Isso significa um grande problema para os agricultores, pois o fato do cacau ser uma lavoura perene, impede a adoção de medidas utilizadas por produtores de culturas de ciclos curtos, que adotam cautela quando o momento é desfavorável. Como pode ser visto no gráfico abaixo, no início de 2011, a tonelada do cacau chegou a US$ 3,5 mil, pico que segundo especialistas não possui uma explicação muito clara. Já no segundo semestre, a crise econômica na Europa, que reduziu o poder de compra dos consumidores de chocolate, fez com que os preços do cacau nas bolsas de valores caíssem, com a desvalorização entre janeiro e dezembro de 2011, maior que 30%. A tonelada de amêndoa começou 2012, cotada, em média, a US$ 900 a menos do que valia um ano antes. E a perspectiva é que continue nesse padrão, pressionada pela instabilidade econômica nos países europeus e nos Estados Unidos. 65

66 1.2 - Perspectivas Segundo o Resumo das Previsões e Estimativas do ICCO, de 28 de fevereiro de 2013, o mundo deve colher menos cacau que o necessário para satisfazer a moagem na safra 2012/13. Neste ciclo, a previsão é de déficit de 45 mil toneladas. A escassez desta safra seria resultado da redução na produção da África Ocidental. Em julho de 2011, a Organização Internacional do Cacau fez uma previsão de que o aumento da produção de cacau muito rápida e de forma não coordenada na África Ocidental poderia levar a um colapso dos preços. Pode-se dizer que hoje esta previsão já se tornou uma realidade. O setor cacaueiro viu um aumento notável na produção na safra 2010/11 nos quatro principais países africanos produtores. Gana produziu um recorde de 1 milhão de toneladas de cacau, a Costa do Marfim, de acordo com registros oficiais, produziu 1,3 milhão de tonelada, Camarões produziu um recorde de 236 mil toneladas, enquanto a Nigéria teve uma produção de cerca de 230 mil toneladas. Essa superprodução é responsável, em grande parte, pela queda nos preços mundiais do cacau. Os preços atingiram um nível tão baixo que muitos agricultores da África Ocidental, que produzem 70% do cacau do mundo, afirmam ter um rendimento que desestimula a permanência na atividade. Ressaltam que os custos do trabalho, agrotóxicos, transporte e outros insumos subiram, e com o aumento do custo de vida o cultivo de cacau já não parece tão atraente. Além da falta de interesse econômico, fatores como a falta de rápida substituição das plantações de cacau envelhecidas, uma incapacidade de trazer uma nova geração para substituir os antigos produtores e a não modernização da cultura, contribuem para inibir a produção desta amêndoa na África Ocidental. Nesse contexto, há uma certa perda de interesse por parte dos agricultores africanos. Vários agricultores nos quatro principais países produtores abandonaram o cultivo de cacau e começam a se deslocar para outras culturas, como óleo de palma e borracha. Diante deste fato, há uma grande expectativa sobre o resultado da safra de cacau na temporada 2012/13. Enquanto a oferta pode ficar mais restrita, a demanda deve se manter em patamares razoáveis na Europa e nos EUA e continuar se elevando na Ásia, principalmente em países emergentes como a China e Índia. A ICCO estimou que a demanda no continente cresceria 10% em 2012, porque o rendimento da população aumentou e os fabricantes de chocolate investiram pesado em publicidade na Ásia. 2 Panorama Nacional Pode-se dividir a atividade cacaueira no Brasil em duas partes. O cacau cultivado, com destaque para a Bahia e o Pará, responsável por cerca de 66

67 90% da produção nacional, e o cacau extrativo, principalmente no Amazonas. Apesar de representar uma pequena parcela da produção nacional, o cacau extrativo é de extrema importância, pois além de ser uma atividade econômica, que gera renda aos povos da região, esta, indiretamente, conserva a floresta. Nesse início do século XXI, a cacauicultura brasileira passa por um período de recuperação. Após alcançar 348 mil toneladas de amêndoas na safra 1989/90 um ano depois da chegada da vassoura-de-bruxa no Sul da Bahia a lavoura brasileira se reduziu a níveis históricos poucos anos depois. Com esse desequilíbrio entre demanda e oferta, na safra 1997/98 o Brasil passou de exportador a importador de amêndoa e derivados, como cacau em pó. Nas últimas safras, contudo, estimulada pela demanda interna e externa e pelos significativos avanços na área de pesquisa, a produção nacional voltou a crescer. A cacauicultura, mesmo estando organizada em duas safras por ano, a principal, aproximadamente de novembro a fevereiro, e a temporã, de abril a agosto, o produtor de cacau colhe quase o ano inteiro. Como se trata de uma planta perene, mesmo não recebendo os tratos culturais adequados o cacaueiro produz. A vida útil de um pé de cacau pode chegar a 100 anos, mas o ciclo ideal não passa dos 40. O Brasil registrou, na safra de 2011/12, o maior aumento dos últimos 19 anos, com 255 mil toneladas, o que representou 50% a mais, comparado à safra de 2003, que foi de 170 mil toneladas e aumento de 2,6% em relação à 2010/11. A previsão para a safra de 2013 também é otimista, pois até agora, só na Bahia, está estimada em 155 mil toneladas, significando que, após a conclusão do levantamento de safra, incluindo os outros estados, deverá haver um aumento ainda maior da produção. As moagens totais do Brasil para o ano safra internacional 2011/12 registraram recorde histórico, com 242,4 toneladas, superando as 239,1 toneladas do ano safra 2010/11. A diretoria da Ceplac informou que o consumo de cacau no Brasil saiu de um patamar de 300 gramas per capta registrado em 2002, para 2 quilos registrados em De acordo com a fonte, esses números são os reflexos das políticas públicas implementadas pelo governo, que resultou no aumento de renda da população, o que gera mais otimismo com relação ao futuro, no tangente ao incremento do consumo interno de cacau. 67

68 Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa a indústria importou 54,8 mil toneladas do cacau inteiro ou partido, número elevado se considerar a boa safra nacional em Na visão do produtor, essa quantidade elevada se deu por motivos estratégicos. Segundo eles, empresários da indústria do chocolate estariam buscando importar quantidade significativa de amêndoas de cacau com o objetivo de forçar a queda do preço. Já a indústria se defende apontando que muito desse valor é resultado da expectativa que havia se formado de quebra de safra, ou seja, houve um erro de dimensionamento do tamanho da safra. Deste modo, previa-se uma quebra de safra, que não ocorreu, e os contratos de importação seriam firmados em um período de cerca de um ano e meio. Independentemente disso, o fato é que com o incremento da oferta, a arroba de cacau, que chegou a ser vendida por R$ 90,00, agora está com o preço em baixa, em torno de R$ 58,00, o que vem acarretando perdas aos produtores. Tabela 1 - Fonte: Ministério da Agricultura IMPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO PRODUTOS IM CACAU E SEUS P Valor Valor P Var P CACA CHOCOLATE E PREPARAÇÕES ALIM. CONT CACAU INTEIRO OU CACAU INTEIRO OU PRODUTOS D MANTEIGA, GORDURA E OLEO D PASTA D Existe uma pequena quantidade de exportação do Cacau Inteiro e Partido, cerca de 482 toneladas. As companhias que atuam no país também 68

69 exportam uma parte da produção, principalmente para a América Latina. Uma parcela desta exportação acaba sendo incentivada pelo fato de participarem do Regime de Drawback, por meio do qual têm isenções de tributos na importação da matéria-prima a ser usada na industrialização e posterior exportação. Tabela 2 - Fonte: Ministério da Agricultura EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO PRODUTOS EX CACAU E SEUS Valor 420 CACAU INTEIRO OU CACAU INTEIRO OU PRODUTOS Valor P Var P CAC CHOCOLATE E PREPARAÇÕES ALIM. CON DESPERDÍCIOS MANTEIGA, GORDURA E OLEO PASTA A Bahia é o Estado que mais produz o fruto no Brasil, mas sem o vigor do passado. Em 2012 responderá por cerca de 60% do total, enquanto que até a década de 1980 a participação chegou a 95%, segundo a Ceplac. Calcula-se que os cacauicultores baianos acumulem em torno de R$ 800 milhões em dívidas. O quadro de baixo investimento nas lavouras acaba comprometendo a produtividade, o que não se repete em estados como Pará e Rondônia, onde ficam as atuais zonas de expansão do cacau no Brasil. O Estado do Pará quer conquistar, até 2020, pela primeira vez a liderança no cultivo de cacau no Brasil. É naquele estado que fica a capital nacional do cacau na atualidade, no município de Medicilândia, que deverá colher cerca de 30 mil toneladas de amêndoa em 2012, segundo estimativas locais. A título de comparação, em 2010, considerada uma boa safra, o município baiano de Ilhéus, berço da cacauicultura nacional, colheu 11,5 mil toneladas. 69

70 Gráfico 3 - Fonte: IBGE Participação dos principais Estados produtores 2% 3% 6% 26% Bahia Pará Rondônia Espírito Santo Amazonas 63% De acordo com dados da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau, a amêndoa é produzida por 50 mil agricultores de sete estados no Brasil. O setor produtivo movimenta, por ano, em torno de R$ 900 milhões, ficando longe dos principais produtos da pauta agropecuária brasileira, mas não deixando de ser um valor importante. A consolidada vivência brasileira na produção de cacau levou a estruturar, ao longo dos anos, um dos principais parques de beneficiamento de amêndoas do mundo e que ganha importância crescente a cada ano. Concentradas no Sul da Bahia região de Ilhéus e em São Paulo, as indústrias moageiras abastecem cada vez mais o mercado nacional da indústria do chocolate e derivados. O Brasil é o sexto no ranking dos maiores produtores mundiais de cacau e sétimo no de beneficiamento, atrás, somente, da Holanda, Alemanha, Costa do Marfim, Estados Unidos, Malásia e Gana. A indústria moageira tem capacidade instalada de processamento em torno de 250 mil toneladas por ano; Cargill, Delfi, Joanes, Barry Callebaut e Indeca são as principais. Muitas vezes para não ficarem ociosas as multinacionais importam matéria-prima, beneficiando no Brasil e exportando novamente. Essa prática vem sendo adotada desde a safra 1997/98, quando de exportador o Brasil passou a importador de cacau. 2.1 Preços Nacionais Para a safra que se inicia, existe muita incerteza entre os produtores sobre o rumo dos preços do cacau no país. Há uma grande quantidade de cacau sendo importada, principalmente da África, mesmo diante da melhora significativa da safra nacional, forçando o preço pago pela amêndoa ao produtor para baixo. Na 70

71 Bahia, exemplo de lavoura plantada a arroba de cacau, que chegou a ser vendida por R$90,00 no inicio de 2010, seguiu uma tendência clara de baixa, sendo vendida em torno de R$58,00 (equivalente a R$ 3,86/Kg) em Com o cacau extrativo a tendência de queda não é diferente. No Pará e Amazonas os preços pagos aos produtores pela amêndoa, que em 2010 giravam em torno de R$ 5,00 o quilo, estão neste início de 2013 em torno de R$ 3,85/Kg. Diante desse cenário, o sinal amarelo acende para o produtor. Gráfico 4 Fonte: Ceplac Preço Nominal - Cacau Amêndoa R$/Kg 6,50 6,00 5,50 5,00 Bahia 4,50 Rondonia Pará 4,00 3,50 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M 3, Perspectivas Considerando a recuperação dos níveis de produtividade da cacauicultura baiana e capixaba, associada à expansão da produção na Amazônia, as projeções da Ceplac apontam para produção de 300 a 400 mil toneladas nos próximos oito anos, assegurando a autossuficiência brasileira na produção de cacau. Por outro lado, o incentivo ao processamento local para os pequenos produtores, abre perspectivas de agregar valor e gerar emprego e renda. Tecnologias: a recuperação da cacauicultura pode ser atribuída à implantação de técnicas que permitem a convivência com a vassoura-de-bruxa. Os trabalhos de melhoramento tecnológico, desde sua instalação no sul da Bahia, voltaram-se quase que exclusivamente para fontes de resistência ao fungo. A 71

72 clonagem é uma das práticas mais bem-sucedidas e cria espécies da planta resistentes à praga. Outra ação para recuperar as lavouras baianas de cacau é o sistema de plantio consorciado com seringueiras, tanto para produção de borracha, quanto para o sequestro de carbono e sombreamento dos cacaueiros clonados. 3 Atuação Governamental Durante muitos anos do século 19, o cacau foi um dos principais produtos agrícolas do Brasil, cultivado principalmente no sul da Bahia. O País chegou a ser o segundo maior produtor mundial a abastecer mercados importadores. Para promover o desenvolvimento, estimular a competitividade e sustentabilidade da cadeia, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou em 1957 a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - Ceplac. A atuação da instituição centra-se no apoio aos seis Estados produtores: Bahia, Espírito Santo, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. A economia cacaueira atravessou grave crise na comercialização do produto, provocada pela queda do preço internacional. Em 1980 surgiu a praga vassoura-de-bruxa que, em cinco anos, devastou a cultura do cacau no País. A produção caiu de 460 mil toneladas por ano para menos de um quarto desse total. Desde então, a Ceplac desenvolveu um programa de pesquisas para variedades resistentes ou tolerantes, além de novos métodos de controle da praga. Atualmente, a Ceplac investe na recuperação da economia regional, com ênfase no combate à "vassoura-de-bruxa", incentivo à mudança de atividade agropecuária, implantando agroindústrias e expandindo novos cultivos. Para isso, o governo federal lançou, em 2008, o Plano de Desenvolvimento e Diversificação Agrícola na Região Cacaueira do Estado da Bahia (PAC do Cacau), que prevê a aplicação de R$ 2,2 bilhões até 2016, beneficiando 25 mil produtores regionais. Quanto à tendência persistente de queda do preço pago ao produtor, fica evidente a necessidade de buscar medidas urgentes do Governo Federal no que tange a proteção da produção nacional, evitando a competição predatória e a especulação com os preços, que está impedindo a recuperação da economia do cacau. Também, torna-se necessário definir uma estratégia de desenvolvimento e agregação de valor à produção cacaueira e à produção de chocolates, que venha consolidar esta indústria tradicional que pode ser a base da recuperação de toda uma economia regional. 72

73 4 PREÇOS MÍNIMOS PROPOSTOS A Política de Garantia de Preços Mínimos para as culturas regionais é muito importante, pois garante ao produtor a sustentação de preço na época da comercialização, já que é um instrumento de parâmetro na negociação. É, portanto, importante para o segmento que o preço mínimo esteja dentro da realidade de mercado e de custo, para que o produtor possa se manter na atividade. O procedimento para elaboração do preço mínimo desenvolvido pela Conab busca melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. A partir de metodologia própria, a companhia apurou os custos variáveis de produção em algumas regiões que representam bem a diversidade da atividade cacaueira no Brasil. Para a atividade extrativa no Amazonas (Manicoré e Coari), chegou ao valor médio de R$ 5,46/Kg para a amêndoa de cacau. No caso do cacau cultivado, a companhia apurou os custos variáveis de produção no valor médio de R$ 5,58/kg para a amêndoa de cacau na Bahia (Ilhéus) e de R$ 4,69/kg, no Pará (Medicilândia). Com base nos parâmetros apresentados, considerando as análises efetuadas sobre os mercados interno e externo, conclui-se que o momento é extremamente oportuno para que se proceda à inclusão do cacau na PGPM, tomando como base o valor apurado nos custos de produção. Neste sentido, propõe-se a seguinte linha de ação: Cacau extrativo: Visando a necessidade de estruturação da produção e comercialização do Cacau extrativo, é oportuna sua inserção do cacau no Programa Garantia de Preços Mínimos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), por meio do sistema de subvenção. Já no âmbito do PGPM-Bio, propõe-se que o preço mínimo que venha vigorar na safra 2013/14 venha ser de R$ 5,46 para o cacau extrativo da região Norte, valor dos custos variáveis de produção apurados pela Conab. 5 - Resultados Esperados Sob a ótica governamental, a elaboração desta proposta de preço mínimo contribuirá para fortalecer a cadeia produtiva do cacau, bem como reforçar o papel do Estado como agente de apoio e de desenvolvimento econômico e social. Considerando a necessidade de reestruturação da cadeia produtiva do cacau, visando a promoção da melhor qualidade de vida do agricultor e da conservação ambiental, a proposta visa amparar o agroecossistema formado pelo 73

74 cacau cabruca que nada mais é que o cultivo dos cacaueiros entre a vegetação nativa, dispensando a derrubada de árvores e diminuindo o risco de propagação de pragas. Busca-se também o fortalecimento de novos usos e mercados para o cacau brasileiro, para que os agricultores não aproveitem unicamente a amêndoa para a indústria moageira, agregando outros valores à lavoura, pois segundo a Ceplac, cada tonelada de cacau seco representa aproximadamente 400 quilos de polpa integral. 74

75 CARNAÚBA (PÓ CERÍFERO E CERA) Ianelli Sobral Loureiro A Carnaúba (Copernicia prunifera) é uma palmeira nativa de região semi-árida do Nordeste brasileiro, atingindo, em média, 20 metros de altura, possuindo vida produtiva de 200 anos. É uma espécie bastante resistente e se adapta muito bem às estiagens severas e inundações, duas determinantes das condições climáticas do semi-árido. A carnaubeira é encontrada, principalmente, nas matas ciliares dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e parte do Maranhão. No caso do Ceará, a carnaubeira prolifera com abundância nas zonas do Baixo - Jaguaribe, Curu, Aracatiaçu, Granja e Sobral. No Piauí a carnaúba é o principal produto extrativo e os carnaubais estão localizados, principalmente, nos vales dos rios Longá, Poti e Canindé. O processo de extinção dos carnaubais nativos é preocupante, pois, apesar das medidas implementadas pelo governo federal e governos estaduais, ainda existe grande incidência de desmatamento devido à competição por áreas para a instalação de culturas irrigadas e criação de camarões (carcinocultura). A espécie é de fundamental importância para o equilíbrio ecológico, em especial à conservação dos solos e proteção dos rios contra a formação de processos erosivos e assoreamento. O Brasil é o único país do mundo que produz a cera de carnaúba, embora existam palmeiras primas da carnaúba, da mesma família, na África Equatorial, no Ceilão, no Equador, na Tailândia e na Colômbia, porém as folhas não produzem a cera adequada. As altas temperaturas do semi-árido nordestino proporcionam o aumento da transpiração da planta e a salinidade dos solos eleva a concentração do suco celular da folha, estes fatores somados estimulam um mecanismo de defesa foliar, que é a produção de uma substância cerosa (cutina), fazendo com que a planta evite a perda excessiva de água. A Cera é produzida a partir do pó cerífero presente na superfície foliar. As características são diferentes daquelas extraídas das folhas jovens que ainda não foram abertas, chamadas de olho e o pó das folhas já abertas, verdes, também, chamadas de palha. As principais características da cera de carnaúba são; brilho - ótimo produto para polimento, é reconhecida como a melhor cera para esta finalidade; dureza e alto ponto de fusão - é uma cera dura e que permanece em estado sólido sob altas temperaturas, o que lhe garante alta demanda em aplicações como 75

76 revestimentos isolantes e componentes eletrônicos; baixa toxicidade e tolerância para consumo humano - pode ser utilizada em produtos em que há contato ou ingestão humana, como cosméticos, alimentícios e farmacêuticos. 2 Características da Cultura O nome científico da carnaúba é copernicia prunifera, pertence à família Arecaceae e suas características morfológicas são de uma palmeira de copa esferoidal e altura de 7-10 m, eventualmente chega a 15m, possui o tronco reto, cilíndrico, de 10 a 20 cm de diâmetro, e coberto por sulcos. As folhas de 1 m de comprimento apresentam-se em forma de leque, com a superfície plissada e as pontas recortadas em longos filamentos rijos, sustentadas por hastes duras e espinhentas de até 2 m de comprimento. O conjunto de hastes parece sair de um mesmo ponto da coroa, justificando a copa esferoidal. A tonalidade verde das folhas é levemente azulada, em consequência da cera que as recobre. A floração ocorre principalmente entre julho e outubro. Os frutos amadurecem entre novembro e março. As flores são pequenas, de cor creme, dispostas em espigas ralas e lenhosas de 4-7 cm de comprimento, agrupadas em longos cachos de até 4 m de comprimento e afixados no encontro das hastes com a coroa. Os frutos são ovalados ou esféricos, de cerca de 1,5 cm de comprimento, de cor verde escura no amadurecimento, possui semente tipo esférica, parda, entre o cinza e o amarelo, até 1 cm de diâmetro. 3 Aspectos Socioeconômicos A carnaubeira é fonte de geração de emprego e renda, com elevado fator social devido ao grande volume de mão de obra empregada na estação seca, (período de julho a dezembro). Estima-se que a atividade no Nordeste (Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte) ocupe, direta e indiretamente, em torno de 200 mil pessoas. Na safra passada, a renda obtida com a atividade foi muito importante para os trabalhadores, tendo em vista as grandes dificuldades enfrentadas na região Nordeste, em consequência da forte estiagem. A concentração de renda é o maior problema social do extrativismo da carnaúba, segundo Oscar Arruda d Alva 6, na medida em que a remuneração de trabalhadores e pequenos produtores não é suficiente para garantir um padrão mínimo de qualidade de vida. A região de produção possui uma estrutura fundiária D`alva, Oscar Arruda. O Extrativismo da Carnaúba no Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, p. (Série BNB Teses e dissertações, n.4). 6 76

77 concentrada que contribui para a estruturação do extrativismo da carnaúba em bases desiguais, o que implica na generalização do sistema de produção por arrendamentos, realizados por rendeiros sem-terra e pequenos produtores. A maioria dos extrativistas e produtores diretos não tem a propriedade dos carnaubais, assim, a perspectiva de criação de assentamentos e reservas extrativistas pode vir a constituir novos espaços de produção de cera de carnaúba, onde a propriedade coletiva dos carnaubais e a organização dos trabalhadores e extrativistas permitam melhor distribuição de renda, pois, em que pese todas as etapas do processo ocuparem muitos trabalhadores a organização social no processo produtivo do pó e cera ainda é praticamente inexistente. 4 Cadeia Produtiva Dentro da cadeia produtiva da cera de carnaúba é possível verificar a presença de três atividades, caracterizando complexas relações sociais e econômicas: o extrativismo, beneficiamento e processamento industrial, além das atividades comerciais e financeiras desempenhadas por diferentes atores, conforme demonstrado na cadeia de suprimento abaixo: 77

78 Fonte: MMA. O processo produtivo convencional do pó cerífero envolve um grande contingente de mão de obra. Os vareiros derrubam as folhas com varas de bambu de até 10m; aparadores separam as folhas do talo com o uso de facas; enfiadores formam feixes de folhas já sem os talos; carregadores levam os feixes em cima de jumentos até o lastro (área para secar as folhas); o lastreiro espalha as folhas no lastro para secagem; após a secagem. As folhas verdes (palhas) são batidas na máquina de bater palha para obter o pó cerífero tipo B, os rejeitos se transformam em adubo orgânico (bagana); As folhas ainda jovens (olho) são batidas e riscadas manualmente para obtenção do pó cerífero tipo A; a fibra permanece preservada e é utilizada na confecção de vassouras e peças artesanais. Destaca-se que na cadeia produtiva da carnaúba existe um grande mercado para as palhas da palmeira (fibras), a utilização desse material é muito diversificada. A Petrobras na região nordeste está substituindo a proteção dos dutos externos que eram de alumínio, pelas esteiras de carnaúba, com a fibra trançada e impermeabilizada, o material está em uso por cerca de 5 anos e superou as expectativas da empresa, reduzindo custos e resolvendo o problema de furto de material confeccionado a partir do alumínio. 78

79 A cultura da carnaúba atualmente possui grandes expectativas de desenvolvimento, principalmente pela reativação da Câmara Setorial da Carnaúba no Estado do Ceará. A Câmara se reúne uma vez por mês com representantes de diversos órgãos do governo, sociedade civil, industriais, produtores, academia, entre outros. A sede é a cidade de Fortaleza, aonde se discute significativas estratégias para o desenvolvimento do setor. Considerando a importância dessa atividade para a região nordeste, bem como o interesse de todo o setor, sugere-se ao Ministério da Agricultura a criação da Câmara Setorial da Carnaúba Nacional. 5 Estruturação do Mercado Aproximadamente 80% do volume de cera de carnaúba produzidos são exportados, sendo 25% para o Japão, 25% para o EUA e 25% para a Europa. O mercado interno ainda é pouco explorado, possuindo grande potencial para o seu desenvolvimento, atualmente os principais estados compradores são: o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. O mercado da cera de carnaúba é regido por preços internacionais. Embora os preços da cera no mercado interno sejam fortemente influenciados pela cotação do dólar, os preços do pó (matéria-prima para a produção da cera) são cotados em real. As vendas internacionais podem ser diretas ou indiretas. No primeiro caso, após o beneficiamento e a embalagem da cera, o processo pode acontecer de várias maneiras: por meio de contato direto com o importador, venda por intermédio de agentes exportadores, estabelecimento de filiais no exterior e venda por correio eletrônico ou pelos correios. Na segunda opção as empresas comercializam o produto via consórcios de exportação, venda a empresas internacionais e tradings companies, venda para empresas autônomas de exportação e representantes de empresas externas que atuam no mercado nacional. De maneira geral, quem dita os preços são os exportadores. As indústrias brasileiras precisam investir em tecnologia, a fim de ampliar o mercado interno e também vislumbrar a possibilidade de exportar sua produção com maior valor agregado. Atualmente, apesar de ser um produto nacional, há indústrias no Brasil que importam a cera de carnaúba após o beneficiamento em outros países, para utilizá-la na composição de seus produtos. 6 Aspectos da Produção e do Consumo. 79

80 O extrativismo da carnaúba no Brasil ainda possui características muito rudimentares em seu processo produtivo. Atualmente, a ausência em avanços tecnológicos em toda a cadeia configura-se como o principal obstáculo para o aumento da oferta de matéria-prima. Quanto à demanda, esta se apresenta crescente, principalmente pela característica de um produto com inúmeras utilidades nas indústrias, tais como a farmacêutica, cosmética, alimentícia, eletrônica entre outras. Segundo dados do IBGE a produção de cera e pó cerífero encontra-se estabilizada desde A produção nacional de cera bruta (tipo 4) concentra-se, basicamente, em dois Estados nordestinos: Ceará e Rio Grande do Norte. Em 2011 a produção brasileira de cera foi de aproximadamente toneladas. A produção total de pó cerífero, matéria-prima para fabricação da cera, foi de toneladas em Produção Brasileira de Carnaúba (cera) (pó) Fonte: IBGE (cera) (pó) Produção de Cera e Pó Cerífero nos Estados Brasileiros Toneladas Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba Carnaúba (cera) (pó) (cera) (pó) (cera) (pó) (cera) (pó) (cera) (pó) Brasil Fonte : IBGE Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte

81 A atividade desenvolvida pelo setor da carnaúba, principalmente a do corte da palha, é ofertada aos trabalhadores rurais do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, no período de estiagem das culturas de sequeiros, quando a oferta de trabalho no meio rural é reduzida. Esse trabalho é necessário para a extração do pó cerífero que, na fase seguinte, será transformado em cera de carnaúba bruta e posteriormente em cera industrializada. Segundo dados do Sindcarnaúba. Do total da cera produzida, 50% são processados no Ceará, 40% no Piauí e 10% no Rio Grande do Norte. 7 Aspectos de Mercado O mercado mundial de ceras compreende as ceras de origem vegetal, animal, mineral, derivadas do petróleo e as sintéticas. Entre as ceras vegetais as mais demandadas são as ceras de carnaúba, ouricuri e a mexicana de candelila. Segundo Oscar Arruda d Alva o Brasil é o principal exportador mundial de ceras vegetais, possuindo 59% do mercado e tendo a cera de carnaúba como principal responsável por este percentual. Também é o único exportador de cera de carnaúba no mundo. Devido à oferta limitada, esta cera é utilizada, principalmente, como insumo na composição de blends, em fórmulas que combinam ceras sintéticas minerais e naturais. Quadro I: Mercado Mundial de Ceras 2002 Ceras Ceras Vegetais Ceras Animais Ceras de Parafina Ceras Minerais e Sintéticas Total Qtde kg % 0,9 0,3 51,2 47,6 100 Valor US$ % 4,3 2,8 53,1 39,8 100 Fonte: UN Commodity Trade Statistics Database (D`alva, Oscar Arruda) Elaboração: Conab No passado havia a preocupação com a substituição da cera de carnaúba por ceras sintéticas, porém novos usos industriais permitiram o aumento da demanda nas principais economias mundiais. Países como o Japão, que possuem alto desenvolvimento tecnológico, utilizam a cera na indústria de componentes eletrônicos. Outro fator importante que mantém a cera de carnaúba como produto nobre, é a ausência de toxicidade para sua utilização em produtos de consumo humano, como farmacêuticos e alimentícios. O uso da matéria-prima pelos países importadores é bastante diversificado, há uso em indústrias cosméticas, fonográficas, de informática e na fabricação de produtos de limpeza entre outros. 81

82 O desempenho das exportações brasileiras, nos últimos cinco anos oscilou pouco, mantendo-se em aproximadamente toneladas. Em 2012 o Brasil exportou toneladas de cera, gerando um montante de receita de US$ , o valor médio por tonelada ficou estabelecido em US$ 7.810/Ton ou o equivalente a US$ 3,54/lb. Em 2012 os preços de exportação da cera no mercado internacional apresentaram um bom desempenho quando comparados aos anos anteriores. A análise do comportamento da curva dos preços FOB Fortaleza, nos últimos cinco anos, demonstra uma recuperação dos preços. Exportação FOB CE US$/lb $12,00 $10,00 US$/lb $8,00 $6,00 $4,00 $2,00 82 ja n/ 1 fe 0 v/ 10 m ar /1 ab 0 r/1 m 0 ai /1 0 ju n/ 10 ju l/1 ag 0 o/ 10 se t/1 0 ou t/1 no 0 v/ 1 de 0 z/ 10 ja n/ 1 fe 1 v/ 11 m ar /1 ab 1 r/ 1 m 1 ai /1 1 ju n/ 11 ju l/1 ag 1 o/ 11 se t/1 1 ou t/1 no 1 v/ 1 de 1 z/ 11 ja n/ 1 fe 2 v/ 12 m ar /1 ab 2 r/1 2 m ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 ag 2 o/ 1 se 2 t/1 2 ou t/1 no 2 v/ 1 de 2 z/ 12 $0,00 Fonte: Conab Tipo 1 Tipo 4

83 7.1 Preços Pó Cerífero Em 2012, o mercado de pó cerífero iniciou o valor médio dos preços recebidos pelos produtores nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte em R$ 10,69/kg para o Pó Tipo A (que produz a cera tipo 1) e de R$ 4,94/kg para o Pó Tipo B (que produz a cera tipo 4). Preço Pago ao Produtor de Pó Cerífero 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 01/ / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /2012 0, Preço PóPago Tipo A ao Produtor Cera de Carnaúba Pó Tipo B 300,00 Preço Mínimo Pó Tipo A (acima de 75 até 80% de cera) Fonte: Conab Cera de Carnaúba 250,00 Preço Mínimo Pó Tipo B (acima de 55 até 60% de cera) Em 2012, o preço médio pago ao produtor da Cera Tipo 1 nos Estados do150,00 Ceará e Rio Grande do Norte foi de R$ 233,12/@. A Cera Tipo 4 no Estado do Ceará no mesmo período apresentou o valor de R$ 120,57/@. O Gráfico IV a seguir 100,00 demonstra os preços médios das ceras tipo 1 e 4, comparados ao valor dos preços mínimos nos últimos 5 anos. 50,00 200,00 01/ / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /2012 0, Fonte: Conab Média dos Estados Cera Tipo 1 CE Cera Tipo 4 CE Preço Mínimo Cera Tipo 1 CE Preço Mínimo Cera Tipo

84 A paridade de exportação, considerando a taxa cambial de U$2,06 encontra-se R$ 8,34/kg para a cera Tipo 3/4, valor ainda superior ao que o produtor está recebendo. 8 Custo de Produção 9 Proposta de Preço Mínimo O procedimento de elaboração do preço mínimo desenvolvido pela Conab busca melhorias para as questões sociais, ambientais e econômicas do setor. A partir de metodologia própria, a companhia apurou um custo variável de produção no valor de R$ 7,43/kg para a Cera Tipo 4, e de R$ 4,55/kg para o Pó Tipo B. Fundamentado neste custo, propõe-se um Preço Mínimo para a safra 2012/13, no valor de R$ 7,43/kg para a Cera Tipo 4 e de R$ 4,55/kg para o pó cerífero Tipo B, ambos para região Nordeste. 84

85 10- Referência Bibliográfica D`alva, Oscar Arruda. O Extrativismo da Carnaúba no Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, p. (Série BNB Teses e dissertações, n.4). Alves M. O.; Coelho J. D. Extrativismo da Carnaúba Relações de Produção, tecnologia e Mercados. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, p (Documentos do Etene Escritório de Estudos Econômicos do Nordeste). Castanha-do-Brasil Humberto Lobo Pennacchio 1- Introdução Nos últimos anos, os Estados que compõem a região amazônica, em especial Acre (com ações em conjunto com o Governo Federal), Amazonas e Amapá e Pará vêm desenvolvendo políticas de revitalização e de valorização de atividades extrativistas sustentáveis na floresta. 85

86 Nesse sentido, ganha destaque a cadeia produtiva da castanha-dobrasil, em razão de sua perfeita adaptação às exigências de preservação da natureza e de seu elevado cunho social, pois representa, em conjunto com a seringueira, a base de sustentação das famílias extrativistas, gerando renda e as fixando nas áreas nativas, fortalecendo, assim, a preservação da floresta. Desta forma, a proposta a seguir apresentada, insere-se nesse contexto, sugerindo preços para aplicação nas políticas públicas governamentais, em patamares que procurem atender esta nova realidade. 2 Panorama Nacional Com relação à produção mundial de amêndoa em casca, a mesma está restrita a quatro países apenas, que são: Brasil, Bolívia, Costa do Marfim e Peru, assim distribuídas pela ordem: , , , 315, totalizando toneladas no ano de 2011, com cerca de 90% dessa produção. Há de se formalizar que toneladas são oriundas do Brasil e Bolívia, conforme dados do último levantamento, estimados pela FAO. Em relação ao ano de 2010, a realidade mundial não se alterou muito, com a produção se estabilizando neste patamar, com pequenas variações na produção da Costa do Marfim, ou seja, incremento de 19% e no Peru de 22%, o que refletiu um aumento na produção mundial de 2,6%. Dessa maneira, para o ano de 2012, a expectativa é que a produção total deverá apresentar um crescimento de 5%, observando a produção dos dois principais produtores mundiais: Brasil e Bolívia. Os preços internacionais da amêndoa de Castanha-do-Brasil, Fob Londres, Gráfico I, fecharam o ano de 2012 com média de US$ 3,20/kg, ou, em outras palavras, 63% superior à média observada no ano de 2011, mas refletindo a recuperação observada pelos compradores, a partir do final de Gráfico I Castanha do Brasil 14,00 Preços Médios m ensais (FOB-UK) 12,00 US$/Kg 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 86 Medium ex store UK

87 A produção brasileira de castanha em casca está distribuída entre os Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará e Rondônia, sendo que os três primeiros respondem por mais de 90% do volume produzido. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE a safra brasileira em 2011 alcançou toneladas. Para 2011 a estimativa é de que ocorra uma pequena elevação de 10%, devido, principalmente, à conquista do mercado interno, e consequentemente, à menor dependência do externo. O Gráfico II ilustra perfeitamente o movimento da produção brasileira, consumo e exportação. O Estado do Amazonas contribuiu com a maior parcela da produção, toneladas, seguido pelo Acre com , Pará com praticamente 8.000, e Rondônia toneladas. Tais Estados são responsáveis por praticamente 90% da produção nacional. 87

88 Curiosamente, a partir dos anos 90, mais precisamente a partir de 1995, a Bolívia, que até então detinha uma produção menor que a brasileira, passou a apresentar um crescimento considerável em sua produção, fruto da exportação do produto in natura, o que não traz resultados desejáveis à economia das regiões produtoras, principalmente o Estado do Acre, em que pese toda a agregação de valor ao produto ser realizada naquele país. A saída do produto ocorre de maneira duvidosa, sem obediência às normas tributárias ou fitossanitárias, com perdas anuais equivalentes a toneladas. 3 Mercado Basicamente a produção brasileira de castanha, no que se refere ao comércio, obedece a dois fluxos: o consumo interno e a exportação. Essa relação tem se alterado na proporção de 35% para a exportação e, 65% para o consumo interno. No caso das exportações pode-se destacar como principal destino a Bolívia com o produto in natura, seguida dos Estados Unidos, incluindo castanha beneficiada, Honk Kong, Europa, Austrália. Foram citados somente os países mais significativos em No ano citado, o volume total das exportações de castanha do Brasil atingiu toneladas, gerando uma receita de U$S 25,2 milhões, valor 77,5% superior ao observado no ano de A elevação na receita com a exportação do produto, bem como nos volumes exportados é reflexo de uma melhora nos preços internacionais, principalmente dos compradores Europeus e dos Estados Unidos da América, pois são os que melhor remuneram o produto. Por se tratar de uma atividade extrativista, muitos são os fatores interferem nessa relação, sendo o mais forte, com certeza, o fator preço. Sob esse aspecto, a ação governamental de apoio à produção extrativista tem gerado resultados muito positivos, uma vez que a organização dos núcleos extrativistas em 88

89 cooperativas e organizações de classe tem dado maior poder de comercialização já que a cadeia produtiva é muito frágil, dependendo de poucos compradores que, praticamente ditam o preço. Essas ações fizeram com que o preço médio pago aos produtores se elevasse nos últimos onze anos praticamente em 450%, passando de uma média de R$ 0,35/kg em 2000, para os atuais R$ 1,91/kg em No Gráfico III pode-se visualizar a movimentação dos preços nos principais estados produtores. Apesar do aumento dos preços, o que se notou foi apenas uma correção nos valores pagos aos produtores, já que eram irrisórios e de caráter explorador por parte dos comerciantes que se viram obrigados a diminuir suas margens de lucro para o comércio varejista. Já o valor de exportação da castanha tem equalizado com os do mercado interno, pelo menos durante o ano de 2012, pois permaneceram, em média, na casa dos US$ 2,26/kg, ou seja, bem acima dos praticados em 2011, que se situaram na casa dos US$ 1,37/kg, resguardada a taxa cambial. Gráfico III Castanha do Brasil Preço Recebido Produtor 3,60 AC AM AP PA RR RO 3,10 R$/kg 2,60 2,10 1,60 1,10 ar /1 0 ab r /1 m 0 ai /1 0 jun /1 0 jul /1 ag 0 o/ 10 se t/ 1 0 ou t/ 1 no 0 v/ 1 de 0 z/ 10 jan /1 1 fe v/ 1 m 1 ar /1 1 ab r /1 m 1 ai /1 1 jun /1 1 ju l/1 ag 1 o/ 11 se t/1 1 ou t/ 1 no 1 v/ 1 de 1 z/ 11 jan /1 2 fe v/ 1 m 2 ar /1 2 ab r /1 m 2 ai /1 2 ju n/ 12 jul /1 ag 2 o/ 12 se t/ 1 2 ou t/ 1 no 2 v/ 1 de 2 z/ 12 ja n/ 13 fe v/ m /1 fe jan v/ 0 0,60 Fonte: Conab/Siagro 4 Ação Governamental Nos últimos dois anos, os preços médios no mercado interno apresentaram estabilização, o contrário de 2012, período em que estiveram estáveis, suportando bem a pressão do movimento de mercado e superando o custo 89

90 médio de produção apurado pela Conab que foi de R$ 0,61/kg, nas principais regiões produtoras. Tal quadro se deve aos seguintes fatos: Programas estaduais de revitalização do extrativismo florestal sustentado, incluindo melhoria de renda do produtor (coletador), com destaque para o Estado do Acre e Amazonas, responsáveis por quase 65% da produção nacional; Melhoria da qualidade do produto, via implantação de programas de boas práticas de manejo, junto aos Extrativistas; Manutenção do Programa de Compra Antecipada da Produção de Extrativistas Familiares, dentro do PAA, junto às cooperativas localizadas no Acre, Amazonas, Amapá e Para; Manutenção do Programa de Garantia da Agricultura Familiar - PGPAF e da Subvenção direta ao Produtor Extrativista SDPE; Forte redução na saída de matéria-prima do Acre e Amazonas, por conta da tributação da castanha in natura em mais de 100% sobre o valor de mercado e implantação de usinas de beneficiamento naquele Estado. Tal medida refletiu diretamente nos preços do produto nos outros estados; Fortalecimento do mercado interno, com a prospecção de novos nichos de mercado e ações de apoio ao marketing local. Para o próximo ano/safra, 2013/2014, as expectativas de comercialização do produto deverão obedecer a uma manutenção e incremento de valorização do mercado interno, visando aumentar e consolidar o consumo interno do produto, que já tem mostrado respostas, tais como: comercialização da produção através da modalidade de leilão eletrônico, via Conab. Aliado a esse cenário os governos estaduais têm incentivado a comercialização, via medidas tributárias, objetivando reduzir a saída de matéria-prima do Acre (responsável por quase 50% da produção nacional), sustentando os preços nos patamares observados no atual momento. 5 Preços Mínimos Com relação ao produto em casca in natura, o custo de produção refere-se às despesas de coleta (apanha e quebra do ouriço, ensaque das castanhas, transporte colocação até armazém comunitário, lavagem e primeira secagem). De acordo com o levantamento efetuado pela Conab, nas principais regiões produtoras dos Estados do Acre e Amazonas o custo médio de produção obteve como resultado o valor médio de R$ 0,61/kg, com praticamente 70% desse valor atribuído ao item mão de obra. Desta maneira e considerando a conjuntura atual, a proposição é que se conceda um reajuste equivalente ao custo de produção 90

91 variável, apurado nas localidades pesquisadas. Sendo assim, o novo valor a ser considerado será de R$ 59,00/hl, correspondente a R$ 1,18/kg (1 hectolitro corresponde a 5 latas de 10kg), para o preço mínimo a vigorar no ano safra 2013/14.. Juçara (fruto) 91

92 Elizabeth Tebar Turini 1 Introdução O presente documento foi organizado de forma a apresentar informações sobre a cadeia produtiva do fruto de juçara em âmbito nacional, a partir de recursos da biodiversidade. Adicionalmente foram utilizados dados obtidos em visitas de campo realizadas pelos técnicos da Conab, de modo a mostrar, em todos os segmentos, a situação vivenciada pela cadeia produtiva de juçara no mercado, além de sinalizar as perspectivas do produto, em um ambiente favorável, no tangente à organização produtiva, social e política dos atores envolvidos nessas atividades. O objetivo deste trabalho é fornecer mecanismos que propiciem à cadeia mencionada gerar renda e fortalecer as famílias que vivem da extração e do desenvolvimento sustentável da biodiversidade, por meio de instrumentos de comercialização e da política de garantia de preços mínimos, para que sejam oferecidas condições de cidadania às comunidades, além de evitar o desmatamento desregrado das espécies nessas regiões, preservando os recursos naturais para a conservação da Mata Atlântica. 2 Características da Cultura As palmeiras de juçara da espécie (Euterpe edulis Mart), pertencem à família Arecacea (Palmae) e são encontradas, principalmente, em áreas remanescentes de Mata Atlântica do Brasil que desempenham um papel essencial para a manutenção do ecossistema. Alguns nomes comuns da palmeira juçara: açaí do sul, ensarova, içara, inçara, iuçara, jiçara, juçara, palmiteiro doce, palmiteira, palmito, palmito branco, palmito doce, palmito juçara, palmito vermelho, ripa, ripeira. Sua dispersão é feita por vários mamíferos (morcegos, porcos-do-mato, serelepes) e aves (sabiás, jacus, tucanos, macucos, jacutingas). O nome da palmeira nativa (juçara), que dá frutos passou a ser escrito com ç na Reforma Ortográfica de 1970, que estabeleceu norma para todas as palavras com origem indígena; juçara, em tupi-guarani significa "tronco de árvore". A mata atlântica já foi bastante rica com esta espécie, entretanto, com a degradação da floresta, nas últimas décadas, ocorreu enorme escassez deste produto. A partir dos anos 90 as leis ambientais tornaram a exploração desta espécie restrita a um manejo florestal. 92

93 A palmeira juçara (Euterpe edulis) e o açaí (Euterpe oleácea) são espécies irmãs; o fruto da juçara nativa da Mata Atlântica é muito similar ao do açaí, fruto do Norte do país que é extraído de palmeiras multicaules (Euterpe oleracea Mart.) e também de uma palmeira monocaule (Euterpe precatoria) semelhante à juçara. A produção do fruto juçara tem sido apontada como alternativa e estratégia importante para a conservação desta espécie e das florestas nativas, além do potencial sócio-econômico, da segurança alimentar e geração de renda das comunidades rurais na área de abrangência da Mata Atlântica (NOGUEIRA e HOMMA, 1998; MAC FADDEN, 2005; SILVA FILHO, 2005). O mapa abaixo mostra os três diferentes tipos de palmeiras (Euterpe edulis) encontrados no Brasil. Apesar de ser um produto bastante popular, são escassos os trabalhos na literatura acerca da composição do açaí e da juçara, e as diferenças entre as espécies de Euterpe são extraídas em regiões do território brasileiro. A palmeira da juçara cresce naturalmente na área remanescente da mata Atlântica, no sudeste e sul do Brasil. A árvore chega a atingir até 20m de altura e 93

94 estão em áreas de solos poucos drenados e de baixas elevações. Seu tronco reto, cilíndrico, não-estolonífero (não brota na base); seu estipe (caule) não é considerado fuste e suas folhas são pinadas, de 2 a 2,5 metros de comprimento. Apresenta grande variação no peso de seus frutos e sementes, variando de 1000 a 2000 sementes por kg (FLEIG e RIGO, 1998). Por suas características ecológicas e econômicas o Euterpe edulis Mart é uma espécie chave para o manejo sustentável das formações florestais nativas da área de domínio da Floresta Atlântica. O processo reprodutivo inicia ao redor dos seis anos de idade. A frutificação é, em gera, abundante, podendo uma planta produzir 200 a 500 cachos/ha e de 6 a 8 kg de frutos por ano, o que equivale a uma média de 5 kg (CK AGRÍCOLA, s/d). As flores são unissexuais, sendo as masculinas em maior número, de coloração amarelada, com 3 a 6 mm de comprimento, distribuídas em grupo de três, uma feminina entre duas masculinas. A inflorescência é uma espádice de 50 a 80 cm de comprimento composta de várias espigas, inseridas abaixo das folhas. Na antese, a inflorescência está envolta por uma grande bráctea que a protege até o seu desenvolvimento (CK AGRÍCOLA, s/d). A floração ocorre de setembro a dezembro no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e de setembro a janeiro, em São Paulo. A produção dos frutos ocorre de abril a novembro em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul; de maio a outubro no Paraná e, de maio a novembro em São Paulo (CK AGRÍCOLA, s/d). Os frutos de juçara são muito abundantes durante o ano e também muito mais saborosos e ricos em nutrientes que os de outras espécies. É também tolerante à sombra. A palmeira da juçara tem apenas uma estirpe (caule) e não produz perfilho, o que significa que a extração do palmito implica no sacrifício da palmeira. 94

95 As sementes desta espécie possuem endosperma muito abundante, com alto teor de reservas, as quais se constituem de carboidrato (cerca de 88%), proteínas (10%) e lipídeos (2%) (REIS, 1995). Segundo Nogueira (1982) apud Fisch (1998), o estipe novo pode ter suas fibras utilizadas na fabricação de vassouras; o estipe maduro para caibros e ripas para construção; as folhas usadas para coberturas temporárias e forragem, também são usadas no artesanato e como ração animal. A polpa dos frutos da juçara pode ser utilizada na forma de alimento: sucos, sorvetes, cremes, iogurtes, molhos e licores. Após a obtenção da polpa, suas sementes podem ser utilizadas para o replantio e para a produção de artesanato, servindo, ainda, como adubo orgânico. O fruto pode ser utilizado ainda em produtos nutracêuticos, cosméticos, entre outros. O reconhecimento e a valorização do potencial produtivo da palmeira juçara como alimento, matéria-prima e fonte de renda, favorece o aproveitamento dos recursos florestais como estratégia de desenvolvimento rural, e o seu cultivo oferece benefícios para a conservação da Mata Atlântica. A palmeira da juçara era explorada para extração de palmito e os agricultores que tinham a intenção de repovoar a espécie mantiveram exemplares de palmeiras para obtenção de sementes. Por isso é comum encontrá-la em quintais e pomares nas regiões do literal do norte de São Paulo. A coleta do fruto da juçara tem potencial para gerar renda adicional a agricultores familiares, que podem ser produtores de frutos ou beneficiários da polpa da juçara. A exploração dos frutos da palmeira juçara, utilizando um manejo sustentável adequado, pode ser mais lucrativa do que a comercialização do seu palmito. Além de contribuir para a preservação da espécie e o ecossistema. O consumo da polpa dos frutos de juçara fornece grandes benefícios à saúde. A comercialização das sementes é muito importante para a produção de mudas junto aos projetos de conservação da espécie ou na recuperação de áreas degradadas. Segundo trabalho realizado no Centro de Pesquisa do Cacau Cepec/Ceplac no Sul da Bahia, a polpa de açaí da juçara apresentou composição nutricional compatível, e para alguns nutrientes até superior ao açaí do Norte do 95

96 país. Com relação aos minerais, os teores de ferro, potássio e zinco da juçara foram 70,3%, 65,7% e 20,8%, respectivamente, superiores aos encontrados no açaí do Norte. Já os valores de fósforo e cobre foram significativamente maiores no fruto do norte. Quanto aos teores de cálcio, magnésio e manganês, não foram encontradas diferenças significativas. A juçara é considerada uma excelente fonte de antocianinas; um grupo de pigmentos hidrossolúveis que atuam como antioxidantes. A utilização da polpa do fruto da juçara é uma alternativa contra a extração do palmito, que altera o equilíbrio ecológico além de matar a palmeira da juçara. Este trabalho está trazendo diversos benefícios, desde a incorporação do fruto da juçara na dieta nutricional das crianças de áreas mais carentes até o acesso ao mercado e à preservação da Mata Atlântica. A produção de polpa de frutos da juçara pode vir a ser não só uma alternativa importante de renda, como também contribuir para a harmonia do ambiente preservando as espécies de mamíferos e aves da Mata Atlântica. 3 Aspectos Socioeconômico As famílias dedicam-se à coleta de juçara no período da safra e para completar a renda no período de entressafra trabalham em outras atividades, existe a possibilidade de consórcio. Alguns já vêm sendo utilizados por agricultores familiares, sendo uma delas o plantio com bananeiras e a apicultura. Algumas das vantagens destes consórcios são a diversificação do ecossistema, o aproveitamento da área produtiva, da mão-de-obra e dos custos de instalação e manutenção. Além desses produtos as famílias cultivam, para a sua subsistência, milho, arroz, feijão e mandioca. A busca por alternativas para o uso dos recursos vegetais presentes na Mata Atlântica torna-se um fator extremamente importante. O desenvolvimento de pesquisas de prospecção por produtos florestais não-madeireiros, como fármacos, cosméticos e alimentos, é uma estratégia para a construção de um modelo de exploração sustentável do bioma, aliada à geração de renda do extrativista da região. O fruto da juçara, mesmo proporcionando rendas maiores, é considerado secundário. Isso se justifica pela produção sazonal que tem safra bem definida na maioria das localidades. A coleta dos frutos pode ser realizada ano após ano na mesma palmeira e representa uma alternativa para a conservação da espécie e para o equilíbrio da cadeia alimentar da Mata Atlântica. Os frutos de E. edulis são processados tanto de forma artesanal, quanto industrial e são beneficiados em Agroindústrias Rurais de Pequeno Porte. 96

97 Atualmente, a juçara vem ganhando espaço no mercado internacional por ser um alimento exótico e com elevado teor de lipídios e pigmentos antociânicos, substâncias com elevada capacidade antioxidante e de comprovados efeitos benéficos à saúde, quando presentes na dieta humana (ROGEZ, 2000; DEL POZOINSFRAN, 2004; KUSKOSKI et. al., 2006; DUAILIBI, 2007). 4 Panorama Nacional A palmeira de juçara (Euterpe edulis Martius) é uma palmeira nativa da Floresta Tropical da Mata Atlântica do Brasil. As áreas de maior ocorrência se estendem desde o Sul da Bahia até o Norte do Rio Grande do Sul no litoral, adentrando, no Sul, até o Leste do Paraguai e Norte da Argentina. Observa-se também um maior interesse das populações locais pela coleta dos frutos, em detrimento da extração do palmito. Isto decorre da melhor remuneração obtida pelos coletores em conseqüência do aumento do mercado para a polpa de açaí da juçara, principalmente com a introdução e aceitação do produto no sudeste do Brasil. Os frutos da juçara são encontrados naturalmente nas populações que ainda existem nos remanescentes florestais da região. Um dos cuidados que se deve ter, após a extração da polpa, é em repor as sementes nas áreas onde os frutos foram colhidos. As sementes podem ser semeadas na mata a lanço, ou em pequenas covas abertas com a ponta do facão e em local não muito sombreado para permitir o desenvolvimento mais rápido da planta. A extração do fruto juçara está consorciada a outras culturas e tem sido um importante passo para a sustentabilidade econômica e ambiental local, gerando renda e trabalho aos agricultores familiares da região e contribuindo para a conservação da palmeira juçara, espécie hoje ameaçada de extinção. A demanda por juçara no mercado nacional e internacional é crescente e suprida principalmente com o açaí proveniente do norte do País. O fruto da palmeira juçara tem grande possibilidade de entrar neste mercado num futuro próximo. Em quase todos os Estados do Brasil o consumo do açaí é grande e vem da região norte, mais especificamente do Estado do Pará. Existe uma produção de frutos da palmeira juçara nas regiões do sul e sudeste do país. Os produtores ainda não atingiram o grau de organização social e não possuem a infraestrutura de armazenamento e transporte necessários para abastecer o mercado regional, como acontece com a cadeia do açaí. 5 Mapeamento da Cadeia Produtiva da Juçara 97

98 O ciclo da cadeia produtiva da juçara movimenta-se a partir dos extrativistas, incluindo apanhador, carregador, associações, cooperativas, agroindústrias de transformação, varejista, e consumidores. A colheita é efetuada no início da manhã, pelo método tradicional, através de escaladas feitas no estipe, com auxílio de peconhas e facas. Ao alcançarem os cachos faz-se um corte no estipe, sendo acondicionados em sacos com capacidade para comportar 30 kg de frutos, posteriormente transportados no período da manhã, por apresentar temperatura mais baixa. Fig.1 - Etapas iniciais do beneficiamento dos frutos da juçara Os frutos da juçara duram de 36 a 48 horas sem refrigeração, por isso é recomendável que seja despolpado em até 24 horas após a colheita, por ser muito perecível, principalmente quando estocado em temperatura ambiente. Nas comunidades, o procedimento para o processamento da polpa é feito pelas mulheres, que tiram as sujeiras, debulham os frutos e em seguida são lavados em água corrente e de boa qualidade, ficando em imersão em água morna (40º C), por 15 minutos para amolecimento da polpa. Depois de dez minutos começa o processo de despolpar nas máquinas. O despolpamento é feito em maquinário apropriado, ou, quando em pequenas quantidades, em liquidificador sem o cortador de hélice ou em peneira de malha grossa, amassando manualmente os frutos. O tempo de batimento não deve ser demorado (4 a 6 minutos), para evitar alteração na qualidade da polpa. Se a extração for manual o produto deve ser coado nas despolpadeiras mecânicas que possuem sistema de filtragem e o produto já sai isento de impurezas. A polpa obtida deve ser usada imediatamente ou conservada sob congelamento. O resultado é um Suco concentrado de juçara. Para que as palmeiras da juçara continuem a existir é necessário que seja fonte renovável de riqueza, deve-se conhecer as orientações legais voltadas à preservação, extração e industrialização do produto. As sementes que sobram no processo também são reaproveitadas. Elas são plantadas e vendidas como mudas para viveiros e empresas de reflorestamento. 98

99 5.1 Mapeamento Os dados apresentados abaixo serviram de apoio em Oficina para mapeamento da cadeia da juçara, realizada no Rio de Janeiro, no mês de maio/2012, como ferramenta de planejamento e de elaboração de estratégias de melhoria dos dados, a partir da contribuição de diferentes organizações integrantes da Rede Juçara, parceiros do Projeto Palmeira juçara e comunidades. A Rede Juçara foi criada com o intuito de desenvolver uma articulação de organização dos produtores que trabalham com o uso sustentável da Palmeira Juçara (Euterpe Edulis) nos Estados do RS, SC, SP e RJ e aliada à conservação da espécie, tendo como principais protagonistas, agricultores familiares e comunidades tradicionais na Mata Atlântica. O objetivo deste encontro foi de desenhar o mapa dos municípios por Estado e pessoas envolvidas na cadeia produtiva da juçara, para construir uma visão comum entre estas, objetivando identificar as oportunidades e gargalos, como forma de priorizar e definir um território estratégico para a elaboração de um plano de melhoria da cadeia, deste produto Dados Apresentados em Oficina (MMA) Rio Grande do Sul Produção: Kg Municípios: Rolante/Riozinho Osório, Maquiné, Itati, Terra de Areia, Região de Torres e Santa Cruz. Dados Gerais: Nestes municípios existem arranjos produtivos bem estruturados entre Torres e Três Cachoeiras, geridos através de organizações de agricultores familiares, com produção orgânica baseada em Sistemas Agro Florestais - SAFs sendo um dos principais focos de comercialização, a merenda escolar, por meio do PNAE. Nos outros locais a produção é informal, a maioria agroecológica. Santa Catarina Produção: 162 toneladas. 99

100 Municípios: Guaruva, Paulo Lopes, Antônio Carlos, São Bonifácio, Morro da fumaça, Turvo, Timbó, Jaraguá do Sul, Praia Grande, jacinto Lopes, Araquari, Blumenau, Morro Grande e Guaramirim. Dados Gerais: Nestes municípios os quintais são as principais fontes de produção do fruto, com estimativa de 200 ha de pomares domésticos (bananais e quintais estão, na maioria, no litoral norte e no vale do Itajaí com 50 ha de sistema plantados). A estrutura do arranjo produtivo local é focada no mercado do açaí. Não há informação sobre a relação dos agricultores familiares com as diferentes funções da cadeia de valor. O Estado de Santa Catarina tem potencial para manter uma cadeia produtiva com fornecimento regular de frutos maduros provenientes de diferentes regiões daquele estado, em diferentes épocas do ano, ou seja, com capacidade para manter uma linha de produção com frutos maduros, ao longo dos 12 meses do ano. Paraná O total produzido neste Estado não foi informado. A cadeia é incipiente e os municípios que têm a palmeira da juçara são Antonina e Morretes. Dados gerais: O Estado do Paraná que, nas décadas de 1940 e 1950, chegou a ser o maior produtor nacional do palmito juçara (Euterpe edulis), atualmente contribui com apenas 0,1% da produção total consumido no país, evidenciando que, ao longo dos últimos 30 anos, a palmeira da juçara vem sendo praticamente extinta. São Paulo Produção: Kg Municípios: Vale da Ribeira (Adrianópolis, Bocaiúva do sul, barra do Turvo, Sete Barras, Eldorado) e Litoral Norte/Vale do Paraíba (Ubatuba, São Luiz do Paraytinga e Natividade da Serra). Dados Gerais: Algumas famílias da comunidade do Sertão do Ubatumirim estão envolvidas na produção da polpa de juçara e no repovoamento da espécie, estando prevista a construção de uma Unidade de Beneficiamento dos frutos da palmeira no local. As áreas de Ubatumirim são muito ricas em Juçara, é a comunidade que tem a maior produção de polpa até o momento. Conforme pode se visto no mapa abaixo, o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo é a região de maior concentração das palmeiras de juçara em unidades de conservação. Ali há muito roubo e a grande preocupação dos agricultores familiares é impedir o desaparecimento da espécie, além disso lutam para que a população do Vale 100

101 do Ribeira encontre alternativas de desenvolvimento social, com a Mata atlântica em pé. A maior parte dos 400 mil habitantes do Vale do Ribeira sobrevive da agricultura familiar e do extrativismo. São caiçaras, índios, quilombolas, e também pessoas empurradas pela falta de perspectiva nos grandes centros urbanos. Rio de Janeiro Produção: 5.000Kg Municípios: Região de Rezende (Rezende, Itatiaia, Engenheiro Passos) e Costa Verde (Paraty, Angra dos Reis). Dados Gerais: São observados dois arranjos produtivos distintos: um está vinculado ao empreendimento associado ao projeto socioambiental, na região de Resende, o outro está situado na Costa Verde e é protagonizado por agricultores familiares e comunidades em todas as etapas da cadeia de valor. Este último tem forte atuação na organização local e no repovoamento da espécie, em ações junto às Unidades de Conservação Local e também vem desenvolvendo mercado de sementes e mudas. Espírito Santo Produção: 672 Kg Municípios: Iconha - local de realização do mapeamento da cadeia da Juçara. Dados Gerais: Existe uma agroindústria da associação. Minas Gerais 101

102 O total produzido no estado não foi informado. Ao final do Encontro ficou evidente a relação homem e palmeira da juçara, sendo possível, assim, uma nova fase, na qual, a condição principal se baseia nas comunidades, com as organizações se unindo para o fortalecimento da cadeia produtiva da juçara. 6 Aspecto de Produção No gráfico abaixo os dados utilizados foram retirados do trabalho realizado e divulgado na oficina de mapeamento da cadeia da juçara, em maio de A produção nacional de frutos da palmeira de juçara totalizou 193 toneladas. O Estado de Santa Catarina é o maior produtor brasileiro já que o volume produzido totalizou 162 toneladas, concentrando 84% da produção nacional. Gráfico - I Produção Estadual de Juçara (fruto) Posição em (Kg) Espirito santo Rio Grande do Sul Santa Catarina Rio de Janeiro São Paulo Fonte: Trabalho de Mapeamento da Juçara realizado pelo MMA-2012 Faltam dados mensurados e relacionados com a extração da juçara, principalmente por ser uma atividade executada na Mata Atlântica, onde a coleta e o registro de dados são caros e difíceis. Ou seja, há oportunidade de ampliar a produção e de fortalecer a cadeia produtiva, desde que haja uma política pública eficiente. 7 Aspectos do Mercado 102

103 O fruto da juçara é de grande importância para a Mata Atlântica em virtude de sua utilização por grande parte da população, principalmente dos extrativistas. Nas condições atuais de produção e comercialização, a obtenção de dados exatos é quase impossível devido à falta de controle nas vendas, bem como à inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida se apóia, em sua maioria, no extrativismo e comercialização direta. A grande demanda pelo produto no mercado local, bem como a abertura para outras regiões, promovem a juçara como produto potencial para comercialização e alternativa de diversificação do sistema de produção dos agricultores familiares, já que se faz presente em grande parte das propriedades das regiões do sul e sudeste. A alternativa foi manejar as palmeiras de juçara possibilitando o aumento na produtividade dos cachos e a melhoria na qualidade dos frutos, permitindo melhor rentabilidade da produção, e, consequentemente trazendo mais benefícios para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico das regiões produtoras. Isso indica a possibilidade de se aumentar a produção regional, sem que ocorra substancial mudança na área espacial, reduzindo, assim, os impactos ambientais, possibilitando atender o mercado e o consumo local. O consumo da juçara está restrito no sul e sudeste do Brasil, mas atualmente vem conquistando novos mercados em outras regiões brasileiras. Como a demanda pelo fruto está em crescimento, os extrativistas passaram a intensificar a coleta do fruto. Não existe um padrão de comercialização para a juçara, pois em alguns municípios a produção é vendida para agentes da cadeia que possuem condições de transportá-los até os centros de comercialização. É visível em muitas localidades o fortalecimento das Associações e Cooperativas de produtores que se organizaram para evitar a atuação de atravessadores, dando para perceber que tem aumentado a independência das comunidades extrativistas que passaram a fornecer diretamente seus produtos para pequenos e grandes comerciantes, mas ainda com um longo processo a ser percorrido no intuito de ampliar ainda mais o potencial produtivo dessas comunidades que vivem de forma sustentável, com os recursos da floresta. Os locais de comercialização são: as Feiras ecológicas, os pequenos quiosques, mercado institucional (alimentação escolar). Em 2004 foi implantada a primeira unidade de fabricação de açaí do Sul do Brasil, no município de Guaruva em Santa Catarina, a qual utiliza como matéria103

104 prima os frutos da palmeira de juçara. Antes os mercados do sul e sudeste do Brasil eram abastecidos unicamente pelo açaí proveniente da Amazônia. O gráfico abaixo mostra os valores recebidos pelos extrativistas no Estado de São Paulo. Tal fato vem ocorrendo em função da demanda, ao lado de uma oferta fixa pelo estoque de juçara nativa, que acabou produzindo um aumento substancial de preços, ao longo de toda a cadeia produtiva da juçara. Grafico II - Preços Pagos aos Produtores de Juçara (fruto) no Período da safra - Maio ,00 1,90 1,80 1,80 1,70 1,70 R$/Kg 1,60 1,50 1,50 1,50 R$/Kg 1,40 1,30 1,20 1,10 1,00 São Paulo Rio de Janeiro Santa Catarina Rio Grande do Sul Fonte: Rede Juçara 8 Custos de produção do fruto da Juçara Este trabalho foi realizado com base nos custos variáveis de produção, no Estado de São Paulo, na seguinte localidade: 104

105 9 Proposta de Preço Mínimo do fruto da Juçara O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. Também é importante para o reconhecimento e a valorização do potencial produtivo da palmeira juçara como alimento, os frutos como fonte de renda e aproveitamento dos recursos florestais como estratégia de desenvolvimento, e o seu cultivo oferecendo benefícios para conservação da Mata Atlântica. Nesse contexto, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista, sugere-se a adoção do valor do custo de produção variável do município de Ubatuba, apresentado para a produção da juçara (fruto) no Estado de São Paulo, como valor de referência para a proposição. Desta forma, a proposta do Preço Mínimo para a juçara (Fruto) é de R$ 1,69/kg. 10 Considerações Finais Os produtos da Sociobiodiversidade possuem diferenciação na forma de comercialização, conforme sua localidade. Não existe um padrão de comercialização para esses produtos. As comunidades que possuem maior organização social com a presença de associações e cooperativas possuem melhores perspectivas de retorno financeiro, pois além do produto principal têm a facilidade de comercializar subprodutos com maior valor agregado. 11 Resultados Esperados O objetivo desta proposta é contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva da juçara, reforçando o papel do Estado como agente de apoio e desenvolvimento econômico e social. Com o preço mínimo da juçara (fruto) os extrativistas terão condições de melhorar a oferta dos produtos e se organizar melhor por meio de cooperativas, 105

106 diminuindo a dependência de intermediários e adotando novas tecnologias de manejo, bem como melhorando as técnicas de processamento, além da obtenção de maior autonomia na determinação dos preços nacional e internacional de seus produtos, garantindo a sua sustentação na época da comercialização. Também é esperada a possibilidade de conferir à cadeia produtiva da juçara, a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, proporcionar regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, melhorias da garantia de renda para o setor produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados, e por fim, maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos levado a efeito pelo Governo Federal. 12 Referência Bibliográfica MAC FADDEN, J. A produção do açaí a partir dos frutos do palmiteiro (Euterpe edulis Martius) na mata atlântica p. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SILVA, J. L. V. F. Análise econômica da produção e transformação em ARPP, dos frutos de Euterpe edulis Martius em açaí, no município de Garuva, no estado de Santa Catarina Biodiversitas. Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção. Disponível em: Acesso em junho de Wikipedia: O projeto Manejo Florestal Comunitário da Juçara na continuidade Ubatumirim desenvolvido pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (IPEMA) SILVA, M. G. C. P. C., BARRETTO, W. S. & SERÔDIO, M. H. Caracterização Química da Polpa dos Frutos de Juçara e de Açaí. In XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. Florianópolis, SC, REJU - a revista da Rede Juçara Alternativas Tecnológicas de Valoração do Fruto da Juçara : O Projeto Juçara atua na divulgação e incentivo de uso dos frutos da palmeira juçara para produção de polpa alimentar e uso culinário

107 Mangaba (Fruto) Martha Helena Gama de Macêdo 1 - Introdução O estudo em análise é uma proposta a ser apresentada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento - Mapa com vistas à fixação do preço mínimo do fruto da mangaba, relativo à safra 2012/2013. Tal proposição se insere no contexto da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, na qual o principal objetivo é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais7, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. 2 Características da Cultura A mangabeira, nome científico Hancornia speciosa Gomes, também possui nomes populares: Mangabeira, Mangaba, Mangabeira-do-Norte, Fruta-dedoente. É uma planta frutífera de clima tropical, nativa do Brasil, e encontrada em várias regiões do país, desde os Tabuleiros Costeiros e Baixada Litorânea do Nordeste até os Cerrados das Regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Desenvolvese, também, em paises vizinhos como Paraguai, Bolívia, Peru e Venezuela. (Lederman et al, 2000) 7 De acordo com o Decreto nº 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. 107

108 A palavra Mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer. É uma das frutas mais ricas em ferro, sendo também uma boa fonte de vitamina C. A planta alcança de 5 a 10m de altura, copa de 4 a 5m de diâmetro, folhas verdes lanceoladas, flores alvas com cheiro suave. O fruto tem forma de pêra e é muito viscoso quando verde, contém suco leitoso, que quase embriaga e pode matar. Maduro, o fruto tem casca amarelada com manchas vermelhas, é aromático, delicado, tem ótimo sabor, mesmo sendo ainda um pouco viscoso, e a polpa branca, fibrosa recobre as sementes circulares possuindo alto rendimento, na ordem de 93,7%. É uma das frutas mais ricas em ferro, e uma boa fonte de vitamina C. Embora a mangabeira seja uma planta produtora de látex o seu fruto é o principal produto explorado, sobretudo pelas indústrias de polpas, sucos e sorvetes. Algumas partes da planta têm aplicação na medicina popular, como a casca, com propriedades adstringentes, e o látex, que é empregado contra as pancadas, inflamações, diarréia, tuberculose, úlceras e herpes. O chá da folha é usado para cólica menstrual. Além de inibir a produção de substâncias que causam a hipertensão, ele também é vasodilatador. Tabela 1 Características químicas da polpa da Mangaba 3 - Aspectos Socioeconômicos O extrativismo é a principal forma de exploração da mangaba. Na região nordeste, inúmeras famílias têm na colheita e comercialização da mangaba uma importante ocupação e fonte de renda. Atualmente a organização social, no setor de coleta da mangaba, ainda é muito incipiente e 99% dos extrativistas são mulheres, e destas, a maioria é negra. 108

109 A coleta da Mangaba é a base de sustento de mais de cinco mil famílias em situação de vulnerabilidade social, só no litoral sergipano. Devido à crescente dificuldade de acesso às mangabeiras em decorrência da expansão imobiliária e das fronteiras agrícolas, o fruto está cada vez mais escasso. Outro problema enfrentado pelas catadoras é a dificuldade de comercialização do produto. Nas cadeias produtivas de produtos da sociobiodiversidade as famílias produtoras normalmente não detêm a posse da terra onde é realizada a coleta dos produtos. Na atividade relacionada à Mangaba não é diferente. Os grandes proprietários de terras nos Tabuleiros Costeiros e baixada litorânea do Nordeste costumam arrendar áreas para as catadeiras de mangaba, porém, em algumas localidades existem famílias que possuem cerca de 4ha de terras, das quais ocupam aproximadamente 2ha com a mangaba em consórcio com outros frutos da caatinga/cerrado, como o murici, cajuzinho do mato, etc. Em Sergipe os extrativistas trabalham com o sistema de meia, ou seja, pagando o uso da propriedade com parte da produção coletada; trabalham também em terras próprias; coletam em uso de áreas comuns que são determinantes nas estratégias de conservação. O acesso a essas áreas comuns ou fazendas particulares não são garantidos, e a cada ano a coleta se torna mais difícil. Alguns fazendeiros colocam cercas para impedir a entrada e as coletadeiras de mangaba se arriscam ao entrar nestas fazendas. Com o avanço da cultura canavieira na região Nordeste, a devastação de áreas para implantação de coqueirais e principalmente a instalação de loteamentos imobiliários (Barra dos Coqueiros/SE), a conservação da espécie começa a ser ameaçada, preocupando ecologistas e milhares de famílias que sobrevivem exclusivamente da coleta da mangaba. Para garantir o uso da terra por um longo período a solução de imediato seria a criação de uma Resex na região. No norte de Minas Gerais as catadeiras de mangaba coletam em suas pequenas propriedades, porém não aproveitam todo o potencial produtivo. Somente uma Cooperativa adquire a produção na região: Cooperativa Grande Sertão/MG. 4 - Aspectos de Produção A produção brasileira do fruto de mangaba vem apresentando declínio desde 2003, com ligeira recuperação em 2005 e Apresentou, também, queda de produção entre 2007 a Pequena elevação na produção em 2010, e um pequeno decréscimo em 2011, como pode ser observado no gráfico a seguir. 109

110 Produção de M angaba (fruto) a Segundo o IBGE, Sergipe é o grande produtor de mangaba, com 51,6% da produção nacional em O Estado da Bahia também se destaca, sendo responsável por 18,8% da produção nacional de mangaba. A partir de dados do IBGE, para o ano de 2011, tem-se 7 Estados produtores do fruto da mangaba, sendo os principais: Sergipe, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. (Tabela 1). Tabela 1: Produção de Mangaba nos principais Estados produtores UF 2011 Participação (%) ,6 Sergipe ,8 Bahia 79 11,6 Paraíba 85 12,5 Rio Grande do Norte 34 5,0 Alagoas 1 0,1 Minas Gerais 1 0,1 Maranhão ,9 Sub-total ,0 TOTAL BRASIL Fonte: IBGE Elaboração: Conab A coleta de mangaba se concentra entre dezembro a junho em SE e de novembro e dezembro em MG. 110

111 5 - Cadeia Produtiva A cadeia produtiva da Mangaba pode ser descrita pelos seguintes segmentos: Catador Carroceiro Caminhoneiro ou intermediário Comercialização nos grandes centros consumidores. Catador Carroceiro Cooperativa Industrialização Comercialização nos grandes centros consumidores. 6 - Aspectos de Mercado O extrativismo da mangaba consiste na catação dos frutos caídos, algumas vezes ainda pendentes na planta, que são colocados em baldes e transportados para casa, onde são lavados para tirar o latex. O fruto apresenta um alto rendimento de polpa na ordem de 93,7%, porém as agroindústrias informam que seu processamento é limitado, pois a oferta de produto oriundo do extrativismo ainda não é suficiente para atender à demanda. Nos Estados de Sergipe e Minas Gerais a mangaba não é um produto de trânsito livre, portanto, sua comercialização não é isenta de taxas/impostos, havendo necessidade de nota fiscal. Predomina tanto na região produtora, quanto no mercado atacadista. Apenas uma parcela inexpressiva da safra da mangaba é processada e comercializada sob a forma de licor, bombons, doces e polpa (congelada). Em Sergipe as mangabas são vendidas em feiras livres na pedra (como chamam vender na rua, sem barracas) de R$ 7,00 a R$ 8,00. O litro resulta em 1/kg do fruto. Já no varejo os atravessadores revendem o produto a R$ 6,25/kg, pois o balde de 4/kg está sendo comercializado a R$ 25,00, o que evidencia necessidade de intervenção como a criação, por exemplo, de uma Resex (Reserva extrativista), coibindo o abuso econômico. No Norte de Minas Gerais este produto é vendido pelos produtores à Cooperativa Grande Sertão a R$ 0,50/Kg, ou a R$ 1,00/Kg, diretamente para donos de barracas nas feiras. Os preços médios recebidos pelos extrativistas, segundo dados da Superintendência Regional da Conab, Bahia,/Sergipe e de Minas Gerais, estão demonstrados no Gráfico abaixo: 111

112 PREÇO MÉDIO PAGO AO PRODUTOR DO FRUTO DA MANGABA NOS PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES (R$/KG) 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0, SERGIPE 0,47 0,25 0,33 1,12 1,45 1,50 1,55 0,71 0,80 0,75 0,75 0,75 1,45 1,45 1,50 1,50 2,50 BAHIA 0,80 0,52 0,54 0,60 0,63 0,68 0,74 0,72 0,79 0,89 1,02 1,02 2,00 2,00 1,25 1,25 2,00 M INAS GERAIS 0,09 0,07 0,16 0,29 0,31 0,29 0,50 0,50 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,50 0,50 0,50 SERGIPE BAHIA MINAS GERAIS Fonte: IBGE Elaboração: Conab 7 Preços e Custos Em janeiro de 2013 foi revisto o custo de produção da Mangaba nos Municípios de Barra dos Coqueiros/SE e Rio Pardo de Minas/MG, visando a atualização do Levantamento dos Custos de Produção realizado em janeiro de De acordo com os coeficientes técnicos apurados, constatou-se que o custo de produção do fruto da mangaba é de R$ 2,30kg, em Barra dos Coqueiros/SE e R$ 1,09kg na região de Rio Pardo de Minas/MG. 8 Proposta do Preço Mínimo 112

113 Esta proposta se insere no contexto da Política de Garantia de Preços Mínimos PGPM e foi elaborada a partir de diversas variáveis que incluem as cotações de mercado, os custos de transporte até os centros de consumo, conforme observado no artigo 5º, do Decreto Lei Nº 79, de 1966, que institui as normas para sua fixação e execução das operações de financiamento e aquisição de produtos agropecuários. Segundo o IBGE, e como já dito anteriormente, Sergipe é o grande produtor de mangaba, com 51,6% da produção nacional em O Estado da Bahia também se destaca, sendo responsável por 18,8% da produção nacional deste produto. Desta forma, para subsidiar o processo decisório da presente proposta, sugere-se atualizar os preços mínimos vigentes para as regiões amparadas, com base no Custo Variável de Produção efetuado pela Conab, e mais 10% de bônus em cima deste custo, uma vez que, dentre estes coletadores, 90% são mulheres que trabalham de sol a sol em regiões inóspitas do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, sem nenhum tipo de benefício, e estas, inclusive, muita das vezes, precisam até adentrar propriedades particulares para a coleta da mangaba, como acontece no Estado de Sergipe. Há de se ressaltar que tais mulheres, na maioria, são arrimos de famílias, com baixa ou nenhuma instrução, e com 5 a 6 filhos, em média, sós, negras; o que dificulta, sobremaneira, sua inserção no mercado de trabalho normal. Partindo deste pressuposto, a sugestão é assim descrita: atualizar no Nordeste o valor de R$ 1,63 para R$ 2,53/Kg, por entender que tal preço atende os extrativistas da região, garantindo remuneração ao seu trabalho. Tendo como base, também, o Custo Variável de Produção e mais 10% de bônus, conforme análise realizada pela Conab, e o especificado acima, atualizar o valor de R$ 0,95, para R$ 1,20/Kg. Chegou-se a este valor dentro do entendimento que é um valor condizente para o Centro-Oeste e Sudeste, vez que tal preço atende os extrativistas da região, com a garantia de remuneração ao seu trabalho. (conforme tabela abaixo). 9 Considerações Finais 113

114 Devido a importância, bem como a grande relevância dos produtos do agroextrativismo e, visando atender aos povos, comunidades tradicionais e agricultores/ familiares PCTAF s o Governo Federal vem implementando esforços no contexto da Agenda Social do Programa de Aceleração do Crescimento, por meio da atuação de diversos órgãos, incluindo o MMA, MDA, MF, MP e Conab. Nesse sentido, insere-se a proposição de inclusão do fruto da mangaba na pauta da PGPM - Política de Garantia de Preços Mínimos. Como principais gargalos dessa cadeia destacam-se: pouca articulação nos arranjos produtivos locais; alta perecibilidade do fruto (vida curta pós-colheita, maturação rápida e amolecimento da casca delicada e frágil, pois a queda no chão provoca danos e sujeira); ponto de colheita difícil de determinar; látex na polpa dificultando a limpeza; uma safra rápida por ano e alternância de produção (no Cerrado); a grande quantidade de intermediários na cadeia; a baixa divulgação da importância nutricional, a falta de incentivos fiscais e, por fim, o alto custo com envase e rotulagem. Como principais oportunidades destacam-se: a diversidade de subprodutos; a identificação cultural dos PCTAF s com a produção; o conhecimento de tecnologia de produção; o conhecimento de tecnologia de conservação dos produtos; a inserção no Programa de Aquisição de Alimentos e a emergência de um mercado diferenciado. Esta proposta de preços mínimos para a Mangaba, além de proporcionar benefícios sociais que essa cadeia produtiva sustenta como cultura regional e tradicional especialmente na região da Caatinga, enumera benefícios econômicos de ordem estrutural que corroboram para a construção de um novo modelo de desenvolvimento rural: 10 Resultados Esperados Espera-se, a partir desta proposta, contribuir para a manutenção da Sociobiodiversidade, uma vez que o Brasil é um país megabiodiverso e essa riqueza biológica está traduzida na diversidade sociocultural dos Povos e Comunidades Tradicionais, detentores de considerável conhecimento e habilidades sobre sistemas de manejo da biodiversidade. Também se espera a possibilidade de conferir à cadeia produtiva da mangaba a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, proporcionar regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, melhorias da garantia financeira para o setor produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados, e por fim, maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos, levado a efeito pelo Governo Federal. 114

115 Pequi (Fruto) Ana Rita Lopes Farias Freddo Parte do tempo o Cerrado é um jardim, outra parte é um pomar, mas o tempo todo ele é uma farmácia (dito popular da Chapada dos Guimarães). 1 Introdução O Cerrado é um território de saberes e culturas diversificados e constantemente ameaçado pela expansão do agronegócio (como exemplo tem-se as áreas de plantio de sementes de pastagem no município mineiro de Chapada Gaúcha) e, atualmente, o Norte de Minas Gerais, ausente de divulgação de políticas públicas existentes de combate à insegurança alimentar e nutricional, por parte de algumas instituições federais locais. É consenso entre diversos autores que uma das estratégias mais eficientes de conservação dos biomas é a melhoria das condições de vida e de trabalho das populações tradicionais existentes. Assim, essa proposta de preço mínimo foi construída a partir de uma visão comum da diversidade biológica, cultural e socioeconômica das populações tradicionais do Cerrado, cujos povos encontram-se tão bem descritos abaixo, pela Rede Empório do Cerrado: Nós somos os povos das ilhas, das terras crescentes, das águas, das chapadas, dos grotões do Cerrado, nos misturamos com a natureza, somos parte do lugar. Somos reconhecidos como pescadores, vazanteiros, extrativistas, guias turísticos, agricultores familiares, vivemos do nosso ofício de manejar a natureza, tirando dela o alimento, o remédio, o sustento e a inspiração para criar. 2 Características da Cultura Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical (2008): diversas espécies do gênero Caryocar são conhecidas popularmente pelo nome de pequi e outros derivados como, piqui, piquiá e piqui-vinagreiro, diversidade explicada pelo fato de o Brasil ser o centro de dispersão desse gênero. Por esse motivo ocorrem espécies em todas as regiões do país, do Amazonas a São Paulo, incluindo Pará, Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. Há ainda algumas espécies que são encontradas nas savanas da Costa Rica ao Paraguai. 115

116 Para Giulietti et al. (2004), o pequi é uma planta mais característica do cerrado e só aparece em áreas de caatinga quando essa formação se mistura a de carrasco ou cerrado, como na Chapada do Araripe (microrregião do Cariri), zona de maior produção no Ceará. Sant Anna (2011), citando outros autores, relata que o fruto, de casca dura e verde, abriga em seu interior de 1 a 4 caroços (putâmens) amarelos, formados pelo mesocarpo (polpa) e pelo endocarpo, uma resistente camada de espinhos que abriga a semente (amêndoa) (Figura 1). Da parte amarela produzem a polpa e o óleo, enquanto que das amêndoas retiram-se as castanhas. Figura 1 Corte transversal mostrando a composição da polpa e da amêndoa do pequi. Foto: Alessandro de Lima (2008). Segundo a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (2010), a época de floração e frutificação varia entre as regiões, principalmente devido às diferenças de temperatura, umidade e períodos de chuvas. Nas regiões mais ao norte do país, como no Estado de Tocantins, a floração e a frutificação são mais adiantadas, quando comparadas com outras regiões mais ao sul. Os frutos amadurecem geralmente de outubro a fevereiro, antes do final da estação chuvosa, três a quatro meses depois das flores aparecerem, mas o pico da safra ocorre nos meses de dezembro e janeiro. Em alguns locais, como, por exemplo, o sul de Minas Gerais, pode também ocorrer uma eventual produção temporã, menos abundante, em julho e agosto. Já no Estado do Ceará, o ciclo de produção do pequizeiro varia de dezembro a abril, podendo chegar até o mês de maio, dependendo das condições climáticas (Brasileiro et al., 2010). 116

117 A produção é maior em anos secos, nos chuvosos há irregularidade de frutificação. Os pequizeiros podem produzir mais de frutos por safra. A colheita é feita no chão. 3 Aspectos Socioeconômicos e Ambientais Em que pese a proibição do corte e da comercialização de madeira do pequizeiro, o habitat da árvore tem se reduzido. Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), com o avanço das atividades agrosilvopastoris e expansão das cidades no Centro-Oeste brasileiro, tem havido uma intensa redução da população de pequizeiros. A espécie predomina nos solos mais planos do Bioma Cerrado, que são os mais adequados para a mecanização agrícola e para atividades econômicas como a implantação de pastagens, lavouras de grãos e reflorestamento. Portanto, as populações de pequizeiros estão ficando restritas às áreas de reservas ambientais ou de preservação permanente. Nessas áreas, restritas em extensão e nem sempre preservadas, os frutos dos pequizeiros são coletados intensamente para consumo das populações regionais ou para a venda nos centros urbanos da região Centro-Oeste, diminuindo a quantidade de sementes remanescentes que germinaram para repovoamento dos pequizais nativos, comprometendo a sobrevivência de muitas espécies vegetais e animais, essenciais ao equilíbrio do ecossistema na região do Cerrado. Todavia, ainda, segundo a SNA, em estudos realizados nas comunidades do Norte de Minas Gerais observou-se que a vegetação no Cerrado, nas proximidades dessas comunidades é explorada de forma extrativista, sendo o pequizeiro um exemplo dessa realidade, podendo ser empregado em programas de revegetação de áreas degradadas, auxiliar na complementação alimentar da população e propiciando aumento da renda familiar. De acordo, também, com a SNA, o valor econômico do pequizeiro no Norte de Minas Gerais é notado pela presença de fábricas de licor de pequi, que produzem milhares de caixas desta bebida por ano, o que representa dezenas de empregos permanentes e uma expressiva contribuição anual em ICMS e IPI. Para os produtores dessa região o pequi contribui com 17,73% da renda familiar, atrás, apenas, do feijão (33,52%) e da mandioca (32,64%). De acordo com a Embrapa Agroindústria Tropical (2008), na parte mais setentrional do Nordeste brasileiro, é encontrada a espécie Caryocar coriaceum, que exerce um importante papel socioeconômico na Chapada do Araripe e circunvizinhanças, nos Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. O pequi é um fruto bastante consumido na região do Cariri cearense. O extrativismo do pequi na região do entorno da Floresta Nacional do Araripe (FLONA 117

118 Araripe) teve início antes da criação desta referida Unidade de Conservação. Durante o ciclo da coleta os moradores da comunidade de Cacimbas estabelecem uma territorialidade sazonal na Chapada do Araripe do lado cearense, deslocandose de suas residências para ocuparem espaços dentro da FLONA do Araripe, construindo, para isso, barracas de acampamento, atividade permitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) (Brasileiro et al., 2010). De acordo com a Associação dos Moradores do Distrito de Cacimbas (Horizonte) existem aproximadamente 130 associados na comunidade de Horizonte, na qual também é empregada a mão-de-obra feminina no processo de catação (Brasileiro et al., 2010). Recentemente, Sant Anna (2011) avaliou a viabilidade de geração de renda pelo uso sustentável de uma Reserva Legal (RL) no Cerrado, comparando-a a rentabilidade obtida com o cultivo da soja, por exemplo, para determinar se essa atividade seria suficientemente rentável para que o proprietário cumprisse o Código Florestal em vigor. Neste estudo, confirmou-se a hipótese de que o extrativismo sustentável do pequi em RL constitui uma forma de amenizar as perdas do proprietário e de incentivá-lo à conservação do Cerrado em propriedade privada. Com base em dados das Ceasas de Goiás, Uberlândia e Belo Horizonte, juntamente com informações da Conab e de estudos da Embrapa, estimulou-se, utilizando simulações de Monte Carlo, a margem bruta do extrativismo sustentável do pequi por hectare. Os resultados mostraram que a extração sustentável do pequi pode sim ser um uso econômico viável da RL no Cerrado. Na microrregião de Iporá, o extrativismo do pequi de um hectare, com pelo menos dez árvores, e vendido nas Ceasas de Minas Gerais, já o torna rentável. Em Pirapora, o resultado é semelhante. Hectares com dez ou mais árvores de pequi, vendidos nas Ceasas de Minas Gerais geraram uma margem bruta maior ou igual àquela obtida com a da produção da soja. Figura 2 Pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.). 118

119 Foto: Breno Régis Santos (2004). 4 Cadeia Produtiva 4.1 Os Agentes da Cadeia Produtiva A cadeia produtiva do pequi é composta pelos seguintes elos: a) os consumidores do mercado nacional, b) o setor produtivo integrado por catadores (extrativistas e/ ou agricultores familiares) e associações/cooperativas, c) o setor beneficiador do qual fazem parte as redes de cooperativas e micro e pequenas empresas em âmbito nacional e, em pequena escala, d) o setor industrial, composto por indústrias de fármacos e cosméticos. Encontram-se, ainda, os segmentos fornecedores de insumos básicos (indústria de máquinas) e o elo representado pelas ações governamentais. A seguir, apresenta-se o modelo genérico da cadeia produtiva do pequi. Figura 3 Modelo Genérico da Cadeia Produtiva do Pequi. Fonte: AGENCIARURAL de Goiás e MMA 119

120 Elaboração: Conab (2011) Em relação às ações governamentais, a tabela abaixo apresenta os dados da operação de subvenção direta aos extrativistas. Em setembro de 2011 foram subvencionados kg do produto, com o pagamento de R$ 2.662,50 em subvenção aos extrativistas. Esta operação foi realizada no município de Chapada Gaúcha em Minas Gerais. Tabela 1 Comercialização da Sociobiodiversidade Extrativismo (1) Produto Pequi (fruto) Nº de Extrativistas Beneficiados (janeiro a dezembro) Quantidade Valor (kg) (R$) ,50 Fonte/Elaboração: Conab (2011) (1) Programa novo incluído em 2009 na Política de Garantia de Preços Mínimos PGPM. 5 Estruturação do Mercado Sant Anna (2011), citando Nogueira et al., (2006), relata que os usos do fruto e de sua árvore são diversos. O pequi é ingrediente de receitas culinárias, licores, castanhas, polpa, óleo e remédios caseiros. Sua madeira é utilizada para a produção de móveis, construção civil e naval, carvão vegetal e na xilografia, e sua casca fornece uma tinta amarela usada por tecelões e no curtume (Figura 4). Já suas folhas servem como adstringentes na medicina caseira. Figura 4 Os diversos usos do pequi por segmento em Fonte: Nogueira et al., Para Sant Anna (2011), o fruto do pequi é usado, principalmente, na alimentação e entre seus demandantes estão restaurantes, sorveterias e o consumidor final, apesar de ser também utilizado na fabricação de cosméticos. Segundo a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (2010), por questões de quebra de dormência, a domesticação do pequi ainda está no início, e com isso, o fruto é coletado, predominantemente, de forma extrativista, o que faz do 120

121 extrativismo do pequi, para Sant Anna (2011), uma atividade atraente a ser exercida nas RL s. Sant Anna (2011), citando outros autores, menciona que a coleta do pequi é feita após sua queda no chão, momento em que se encontra maduro, sendo a retirada do fruto da árvore não aconselhada porque prejudica tanto a qualidade do fruto, quanto danifica o pequizeiro e sua futura produção. Além disso, um terço dos frutos caídos deve ser deixado no local para garantir a reprodução da espécie e conservação da fauna. Segundo a autora, atualmente existem famílias que geram renda a partir da coleta e venda de espécies do Cerrado. Tanto em Japonvar, município de Minas Gerais, Iporá, Goiás, e Jardim, Ceará, os catadores de pequi, que moram na área urbana, comercializam os frutos à beira das rodovias. Já os cooperados coletam os pequis do Cerrado, vendendo-os para a cooperativa e, na época de mais abundância da fruta entre novembro e fevereiro trabalham em uma pequena fábrica produzindo os alimentos. Nos Estados de Goiás e Minas Gerais, para garantir a comercialização desta cadeia produtiva, foi constituída a Cooperativa Mista de Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores, Vazanteiros e Guias Turísticos do Cerrado (COOPCERRADO) e a Rede de Comercialização Solidária de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado (Rede Empório do Cerrado). No Estado de Minas Gerais há ainda a Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais e Catadores de Pequi do Japonvar (COOPERJAP) e a Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão. E no Estado de Mato Grosso, a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais de Poconé Ltda (COMPRUP). Os associados das cooperativas coletam os frutos e os entregam para serem processados como alimento. Essas cooperativas produzem doces como compotas, lascas e rapadura de pequi, além de creme, óleo, farinha, castanha, farofa e polpas para suco. Os produtos processados adquirem preços mais elevados e tornam-se mais rentáveis. A Rede Empório do Cerrado e pequenas e médias empresas, como a empresa goiana Nonna Pasqua, produzem alimentos e bebidas finas de qualidade, utilizando matérias-primas do Cerrado como baru e pequi. Seus produtos (licores, pesto, castanhas torradas, doces e a caixa Collezione del Cerrado) podem ser adquiridos em lojas especializadas nos Estados do Amazonas, Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Goiás, Brasília, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 121

122 6 Aspectos da Produção e do Consumo O pico da safra ocorre de dezembro a janeiro. Porém, o fruto do pequi apresenta sazonalidade que varia entre os meses de setembro a março. Durante este período, o pequi representa uma espécie de base econômica extrativista que alimenta diversas famílias e serve como alternativa de renda, tanto para o meio rural, quanto para o meio urbano. Segundo ainda a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (2010), a exploração do pequi ainda é feita apenas de forma extrativista e há poucas iniciativas de cultivo comercial. No período da safra, muitas pessoas coletam e comercializam os frutos e caroços naturais ou processados, principalmente como polpa e óleo, sendo a coleta dos frutos feita nas próprias terras dos extrativistas, em reservas de uso sustentável como as Reservas Extrativistas (Resex) ou Reservas de Uso Sustentável (RDS) e Florestas Nacionais (Flona) ou Estaduais, ou em propriedades de terceiros. Para Sant Anna (2011), o fruto do pequi é um bem de consumo final ou intermediário. Citando Nogueira et al. (2006), a autora informa que, em 2006, a demanda pelo pequi no Centro-Oeste foi de toneladas. Devido ao seu valor nutricional e às novas técnicas de conservação do fruto, o pequi vem se destacando pelo constante aumento na produção nacional de suas amêndoas. Todavia, o preço médio nominal da amêndoa do pequi oscilou ao longo do período analisado, sendo observado um decréscimo de 14,6% do preço médio nominal de 2010 a 2011, conforme Gráfico I. Gráfico I Histórico da Produção Brasileira, Valor da Produção e Preço Médio Nominal da Amêndoa do Pequi de 2000 a

123 Em 2011, o Estado do Ceará foi o que apresentou maior participação na produção nacional, com 60,75%, chegando a toneladas. Já a participação das produções mineira e goiana foi de 25,06% e 1,87%, chegando, respectivamente, a e 132 toneladas. Esses três estados foram responsáveis por 87,68% da produção nacional, conforme Tabela 2. Tabela 2 Principais Estados Produtores de Amêndoas de Pequi em 2011 UF Produção (ton) CE MG GO Sub-total Total Brasil Participação (%) 60,75 25,06 1,87 87, Fonte: Ibge (2012) Elaboração: Conab (2012) Gráfico II Evolução do Extrativismo do Pequi nos Principais Estados Brasileiros (1990 a 2011) Gráfico II - Evolução do Extrativismo do Pequi nos Principais Estados Brasileiros Toneladas Período Pará Tocantins Maranhão Ceará Minas Gerais Mato Grosso Goiás Fonte: Ibge (2012). Elaboração: Conab (2012) A partir de 1996, o Estado do Ceará passa a ser o maior produtor de amêndoa de pequi, mantendo-se ao longo dos anos na 1ª posição no ranking nacional, conforme verificado no Gráfico II. Já o Estado de Goiás, a partir da década de 90, vem diminuindo sua produção de pequi a cada ano, sendo uma possível hipótese levantada, para explicar tal acontecimento, a diminuição das áreas dos pequizeiros. De acordo com a Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL), a comercialização do pequi, no Estado de Goiás, 123

124 estende-se de setembro a março, sendo que os comerciantes do município de Iporá atuam durante este período. A razão disso deve-se ao fato de que trabalham com o fruto proveniente de outras regiões e mesmo de outros Estados, como Tocantins e Minas Gerais. Já os meses com maior volume de comercialização são outubro, novembro e dezembro. De acordo ainda com a AGENCIARURAL, o preço pago pelos comerciantes na aquisição do pequi em casca ou descascado sofre variações durante a safra, aumentando conforme a escassez do produto. O extrativismo do pequi, na agricultura familiar, geralmente é explorado juntamente com a pecuária de leite e corte, em áreas de pastagens onde foram preservados os pequizeiros, entre outras árvores nativas do cerrado. No município de Japonvar, Minas Gerais, uma parte da produção já foi vendida a Conab, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que utilizou os produtos na merenda escolar das escolas locais. Outra parte foi vendida em feiras e eventos. 7 Aspectos do Mercado Para a Embrapa Cerrados, a demanda de produtos oriundos de espécies nativas e de sabor exótico é crescente, tanto no mercado interno quanto no exter no. Todavia, a produção não atende a essa demanda, devido ao pequeno volume comercializado informalmente em vários locais da região do Cerrado. Em 2010 e 2011, segundo a COOPCERRADO, os preços pagos pelo fruto do pequi aos extrativistas, nos Estados de Goiás e Minas Gerais foram de R$ 0,31 e R$ 0,47/kg, respectivamente. Já em 2012, foi de R$ 0,39/kg. Em 2011 os pre ços pagos pela Cooperativa Grande Sertão variaram de R$ 0,75 a R$ 0,50/kg. Essa variação deveu-se ao início, meio e final da safra. Já em 2012, os preços não foram repassados pelas duas cooperativas visto que o pico da safra do pequi ocorre nos meses de dezembro de 2012 a janeiro de Dados da Conab indicam que, no período de um ano, os preços pagos pelo fruto do pequi aos extrativistas nos Estados do Ceará e Tocantins variaram, respectivamente, de R$ 0,21 a R$ 0,63/kg e de R$ 0,30 a R$ 0,41/kg, conforme pode ser observado no Gráfico III. No Estado do Ceará, poderia ter ocorrido, no mês de fevereiro do ano passado, uma subvenção aos extrativistas do pequi. 124

125 Gráfico III Preço Pago ao Extrativista (R$/kg) nas Regiões Norte e Nordeste 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 CE TO dez/12 nov/12 out/12 set/12 ago/12 jul/12 jun/12 mai/12 abr/12 mar/12 fev/12 jan/12 PM dez/11 R$/kg Preço Pago ao Extrativista do Fruto do Pequi (Norte e Nordeste) Período Fonte/Elaboração: Conab (2013). Já no mesmo período, o preço pago pelo fruto do pequi aos extrativistas no Estado de Goiás manteve-se em R$ 0,61/kg, não sendo observado nenhuma variação de preço. No Estado de Minas Gerais os preços variaram de R$ 0,30 a R$ 0,32/kg, conforme pode ser observado no Gráfico IV, podendo ter ocorrido uma subvenção durante a época de safra do pequi. Gráfico IV Preço Pago ao Extrativista (R$/kg) nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste Fonte/Elaboração: Conab (2013) 125

126 Em relação ao óleo do pequi, o Gráfico V apresenta a série de preços recebidos pelos extrativistas, a partir de dezembro de 2011, no Estado do Ceará. Durante o período analisado, o menor preço recebido foi de R$ 32,33/litro e o maior, R$ 48,33/litro. Gráfico V Preço Pago ao Extrativista (R$/kg) pelo Óleo de Pequi no Estado do Ceará. Preço Pago ao Extrativista pelo Óleo de Pequi no Estado do Ceará R$/litro 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 no v/ 1 de 1 z/ 11 ja n/ 12 fe v/ 1 m 2 ar /1 2 ab r/1 m 2 ai /1 2 ju n/ 12 ju l/1 ag 2 o/ 12 se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 1 de 2 z/ 12 10,00 0,00 Período Fonte/Elaboração: Conab (2013). Gráfico VI Quantidade Comercializada do Fruto do Pequi na Ceasa Goiás (2008 a 2010) Quantidade Comercializada Ceasa Goiás Volume Outros Participação GO Participação Outros % Participação Quantidade (ton) Volume GO Período Fonte: Ceasa-GO (2008 a 2010). Elaboração: Conab (2013). 126

127 De acordo com o Gráfico VI, o volume comercializado de pequi no Mercado Atacadista da Ceasa/GO, no período de 2008 a 2010, totalizou aproximadamente toneladas. De 2008 a 2009, observa-se uma redução do volume ofertado e da participação do Estado de Goiás no fornecimento do pequi. Já em 2010, o Estado de Goiás, que já era o maior fornecedor do produto, passa em volume e participação os demais Estados fornecedores do fruto. Gráfico VII Preço Comercializado do Pequi em kg no Período de Janeiro de 2011 a Abril de 2012 na Ceasa GO. abr /12 fev / jan / dez /11 11 no v / ou t /11 set / 11 ma r/11 jan / fev / 11 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 11 R$/kg Preço Comercializado do Pequi em Kg na CEASA GO Período Fonte: Ceasa-GO (2011 a 2012). Elaboração: Conab (2013). No Gráfico VII, o preço comercializado pelo kg do pequi no Mercado Atacadista da Ceasa/GO, no período de janeiro de 2011 a abril de 2012, variou de R$ 0,47/kg a R$ 1,47/kg. Já na 1ª semana de janeiro de 2013, o preço médio registrado foi de R$ R$ 1,13. Gráfico VIII Quantidade Comercializada do Fruto do Pequi na Ceasa MG, Unidade Grande BH, nos Últimos 4 anos ,16 Kg , ,75 4, Pe ríodo Quantidade (kg) ,5 8 7,5 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 3 R$/kg Ceasa MG - Unidade Grande BH - Série História 2009/ * Preço Médio (R$) *Atualizado pe lo IGP-DI de Nove m br o de 2012 Fonte: Ceasa-MG (2009 a 2012). Elaboração: Conab (2013). 127

128 De acordo com o Gráfico VIII, o volume comercializado de pequi no Mercado Atacadista da Ceasa/MG, Unidade Grande BH, no período de 2009 a 2012, totalizou kg, ou seja, 1.030,83 toneladas, havendo um constante aumento do preço médio anual real durante todo o período analisado. O preço médio real anual variou de R$ 3,75/kg a R$ 8,16/ kg. Gráfico IX Quantidade Comercializada do Fruto do Pequi na Ceasa MG, Unidade Uberlândia, nos Últimos 4 anos. Fonte: Ceasa-MG (2009 a 2012). Elaboração: Conab (2013). De acordo com o Gráfico IX, o volume comercializado de pequi no Mercado Atacadista da Ceasa/MG, Unidade Uberlândia, no período de 2009 a 2012, totalizou kg, ou seja, 1.111,13 toneladas. Já o preço médio real anual variou de R$ 2,13/kg a R$ 2,58/ kg. De acordo com os gráficos apresentados anteriormente, pode-se supor que o Estado de Goiás, apesar de não se destacar como grande produtor de pequi, é o maior consumidor dessa fruta, no cenário nacional. Em relação a grande quantidade fornecida pelo Estado de Goiás, vale ressaltar que, provavelmente, grande parte desse pequi é adquirida de outros estados, sendo comercializada por atravessadores goianos na Ceasa de Goiás. Em relação à procedência do pequi na Ceasa-MG, observa-se que, em 2012, 100% deste fruto, comercializado na Unidade Grande BH (CEAMG), é de origem mineira, destacando-se o município de Paraopeba como o grande fornecedor da fruta, com 44%, seguido dos municípios de Santana de Pirapama e Curvelo, com 128

129 22 e 16% respectivamente. Esses três municípios foram responsáveis por 82% do pequi comercializado no entreposto da CEAMG, conforme Gráfico X. Gráfico X Procedência do Pequi em kg na Unidade Grande BH em 2012 Fonte: Ceasa-MG (2012). Elaboração: Conab (2013). Já na Unidade de Uberlândia (CEART), observa-se que, em 2012, aproximadamente 89% do pequi comercializado neste entreposto é de origem mineira, destacando-se o município de Montes Claros como o grande fornecedor da fruta, com 64%, conforme Gráfico XI. Entretanto, vale ressaltar que boa parte do pequi de origem montes clarense é obtido diretamente do município mineiro de Japonvar, que é o maior produtor em MG de pequi, segundo dados do IBGE e da própria Cooperjap. 129

130 Gráfico XI Procedência do Pequi em kg na Unidade Uberlândia em 2012 Procedência do Pequi em kg na Unidade de Uberlândia (CEART) em % 2% 0% 4% 2% 0% M ORRINHOS - GO 7% M ONTES CLAROS - M G 5% M ONTE ALEGRE DE M INAS MG IBIAI - M G 7% JANAUBA - M G PIRAPORA - M G IBIA - M G 9% ARAGUARI - M G COCALINHO - M T 64% ALIANÇA DO TOCANTINS TO SANTA TEREZINHA DO TOCANTINS - TO 8 Custo de Produção Os parâmetros como os preços e os custos de produção foram levantados por técnicos da Conab, nos municípios de Jardim e Crato (Estado do Ceará), de Poconé e de Nossa Senhora do Livramento (Estado de Mato Grosso), no município de Iporá (Estado de Goiás) e de Japonvar (Estado de Minas Gerais). Os respectivos custos variáveis de produção dessas regiões, de significativa produção e comercialização do produto, podem ser verificados nos anexos I a IV. 9 Proposta de Preço Mínimo O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e 130

131 consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. Nas Regiões Norte e Nordeste, o preço mínimo atual é de R$ 0,36/kg, sendo o preço médio pago aos extrativistas, em 2012, nos Estados do Ceará e Tocantins, de R$ 0,57/kg. Desta forma, a proposta do Preço Mínimo para o fruto do pequi é de R$ 0,43/kg, considerando o custo variável e acréscimo de 10%, garantindo renda aos extrativistas nas respectivas regiões. Já nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste o preço mínimo atual é de R$ 0,40/kg, sendo o preço médio pago aos extrativistas, em 2012, nos Estados de Goiás e Minas Gerais de R$ 0,53/kg. Nesse contexto, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista, sugere-se a adoção da média dos custos variáveis de produção, apresentada nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás, obtidas no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como valor de referência para a proposição. Desta forma, a proposta do Preço Mínimo para o fruto do pequi é de R$ 0,48/kg, considerando o custo variável médio e acréscimo de 10%, garantindo renda aos extrativistas nas respectivas regiões. 10 Resultados Esperados Que a partir desta proposta, seja conferida à cadeia produtiva do pequi a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, a regularização da oferta e a melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas no extrativismo, a partir das minimizações das oscilações de preços. E por fim, inserção no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Todavia, para isso ser alcançado há de se adotar outros instrumentos de identificação das populações tradicionais do cerrado porque muitas pessoas que exploram o pequi moram em localidades, distritos e periferias das sedes dos municípios, não se enquadrando, portanto, como agricultores familiares. Para essas comunidades, o acesso à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), cadastro utilizado pelo MDA como instrumento de identificação do agricultor familiar para acessar políticas públicas, fica inviabilizado. 11 Referência Bibliográfica Brasileiro, R. S. et al (2010). Da Territorialidade Piquizeira as Experiências Agroecológicas no Cariri Cearense: Conhecendo um pouco da Dinâmica Rural no Sul do Ceará. Porto Alegre: Anais do XVI Encontro Nacional dos Geógrafos: Crise, Práxis e Autonomia: Espaços de Resistência. 131

132 Embrapa Agroindústria Tropical (2008). Aspectos Agronômicos e de Qualidade do Pequi. Fortaleza: Documentos 113. Fevereiro. 33 p. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (2010). Boas Práticas de Manejo para o Extrativismo Sustentável do Pequi. Brasília. 84 p. Giulietti, A. M., et al. (2004). Diagnóstico da Vegetação Nativa do Bioma Caatinga. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. p Sant Anna, A. C. (2011). O Uso Econômico da Reserva Legal no Cerrado: A Simulação do Extrativismo Sustentável do Pequi em Iporá. IX Encontro Nacional da Ecoeco. Brasília DF. 132

133 Piaçava (Fibra) Martha Helena Gama de Macêdo 1- Introdução O estudo em análise é uma proposta a ser apresentada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento - Mapa com vistas à fixação do preço mínimo da fibra de piaçava, relativo à safra 2013/14.Tal proposição se insere no contexto da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, na qual o principal objetivo é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais8, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. 2 Características da Cultura A palmeira Attalea funifera Martius, conhecida por piaçava-da-baía ou piaçaba é uma espécie nativa do sul do Estado da Bahia. Já a Leopoedina piassaba ou piaçava-do-pará é característica da região do Alto Rio Negro, no Amazonas, e norte do Pará. A palmeira possui o caule cilíndrico e liso, com 6-10m de altura e 20-30cm de diâmetro. As folhas são ereto-abertas, com fibras longas, lisas, impermeáveis e de alta flexibilidade e resistência, configurando-se como principal objeto de exploração comercial (fibras do pecíolo foliar). A piaçava é uma planta de clima quente e sempre úmido, se desenvolvendo bem em solos de baixa fertilidade e com características físicas inadequadas para a exploração econômica de muitos cultivos. Figura 1: Palmeira piaçava-da-bahia 8 De acordo como o Decreto nº 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. 133

134 3 - Aspectos Socioeconômicos Nas cadeias produtivas da sociobiodiversidade as famílias produtoras normalmente não detêm a posse da terra onde é realizada a coleta dos produtos. Na atividade relacionada à Piaçava não é diferente. A organização social no setor de extração de fibra da piaçava ainda é muito incipiente. A realidade de produção no Amazonas é bem diferenciada da realidade do Estado da Bahia. Os grandes proprietários de terras na região sul da Bahia costumam contratar trabalhadores para a extração da fibra de piaçava, já outros trabalham com o sistema de meia, recebendo dos extrativistas, parte da produção coletada na sua propriedade. Porém, em algumas localidades existem famílias assentadas, ocupando aproximadamente 2 ha com a plantação de piaçava em consórcio com mandioca, guaraná e dendê, bem como regiões de quilombolas que também utilizam a piaçava como fonte de renda. Nas áreas produtoras da Bahia existem os depósitos ou armazéns locais que beneficiam a fibra da piaçava. Os trabalhadores desses armazéns que se ocupam das atividades de limpeza, beneficiamento e amarrio das fibras não têm seus direitos trabalhistas reconhecidos, ou seja, não possuem registro em carteira de trabalho e a remuneração é feita por produtividade. Na região do amazonas, no médio e alto rio Negro, se concentra grande parte da população envolvida com a extração da fibra de piaçava; a diversidade socioambiental é uma das mais importantes daquela região. A população total dessa área da bacia do rio Negro é de cerca de 40 mil pessoas, distribuídas por 750 comunidades e sítios ao longo dos principais rios. Aproximadamente 90% dessa população são indígenas. A produção e o pré-beneficiamento da fibra de piaçava no amazonas são feitos da seguinte maneira: O grupo de extrativistas (coletadores) viaja para as cabeceiras dos igarapés, normalmente financiados pelo patrão aviador ou aviador (intermediário). Nas áreas encharcadas conhecidas como "chavascais" montam acampamentos para cortar a fibra. Os piaçavais são locais de endemismo de malária e doença de chagas, por isso muitos trabalhadores sofrem de malária (vivax e falciparum), passando muitos meses acampados na floresta, longe da família, carregando feixes de até 60kg por grandes distâncias, em áreas encharcadas. 134

135 A atividade piaçaveícola é basicamente artesanal existindo pouca forma de organização social e empresarial. Embora tradicional, mas em conformidade com a realidade regional, detém grande importância sócio-econômica, pois se constitui num fator de geração de renda para as regiões. 4 - Cadeia de Suprimento 135

136 Figura 2: Cadeia de suprimento da fibra de piaçava. Fonte: MMA. 5 Estruturação do Mercado Atualmente a principal importância econômica da piaçaveira está pautada na extração das suas fibras industriais, destacando-se a fabricação de vassouras, produção de artesanatos, objetos de decoração, cordoaria e escovões. O resíduo obtido de sua limpeza, conhecido como bagaço, fita ou borra, serve para cobertura de casas nos meios rural e urbano. Este produto é muito utilizado na cobertura de quiosques em áreas de lazer como sítios, clubes e praças; outro emprego significante é como isolante térmico. 136

137 A amêndoa do fruto (coco) é utilizada para fazer mingau (satin), farinha, canjica e até mesmo leite, pois facilmente substitui o leite de vaca ou de soja. Além disso, o coco presta-se à fabricação de botões, boquilhas de cachimbo, piteiras, punhos de bengala, e objetos de adorno feitos com osso, madrepérola e marfim. O maior emprego do coco atualmente é na fabricação de bois jois, na exportação para a fabricação de rosários e também como uma fonte alternativa de energia, quando empregado como carvão ou mesmo na queima direta em forno industrial, tendo efeito similar ao carvão de pedra. Figura 3: Fruto da palmeira de piaçava. O manejo adequado da piaçaveira proporciona um aumento da produtividade, que somado à construção de um modelo produtivo social, ambiental e economicamente mais justo, apresentam boas potencialidades para a indústria de manufaturados e artesanato. 6 Aspectos da Produção e do Consumo Segundo o IBGE o total de fibra coletado no País em 2011 foi de toneladas, desse total 88,7% provêm da Bahia e 11,3% do Amazonas. Os principais municípios baianos produtores são Cairu, Ilhéus e Nilo Peçanha que, juntos, respondem por cerca de 73,4% da produção nacional. O Estado do Amazonas também se destaca, sendo responsável por 3,3% da produção nacional de piaçava. 137

138 Figura 4: Mapa das regiões produtoras de fibra de piaçava-da-bahia. Figura 5: Mapa das regiões produtoras no Amazonas Fonte: Conab. As palmeiras normalmente começam a produzir economicamente a partir do sétimo ano. Em um campo natural a produção apresenta variação de 10 a 40 arrobas por hectare, no entanto, em um hectare de piaçaveira, com um espaçamento racional, conduzida tecnicamente com tratos culturais, produz, em média, 500 arrobas por ano. A fase considerada como mais apropriada para a colheita é de março a setembro, uma vez que nos meses mais quentes a fibra colhida fica menos flexível. Nas áreas produtoras observa-se colheita em todas as épocas do ano. 7 Aspectos do Mercado Atualmente a fibra da piaçava possui um mercado ameaçado por produtos sintéticos que apresentam menores custos de produção, porém apresentam qualidade muito inferior à fibra natural. No mercado internacional a fibra da piaçava possui espaço nas industrias que produzem equipamentos para limpeza de ruas e equipamentos para varrer neve, entre outros. O produto é apresentado em fardo com pesos variáveis. Os fardos com fibras longas são comercializados para o mercado externo, com preços mais atrativos, enquanto as fibras curtas, denominadas tocos, são utilizadas na indústria de vassouras. A capa, ou bagaço, é utilizada praticamente na cobertura de quiosques e choupanas, o que eleva seu valor em algumas épocas, quando chega ser vendida ao preço igual ao da fibra longa. A comercialização é realizada mediante a entrega do produto na balança, com o pagamento após a pesagem. O preço pago ao agricultor não apresenta grandes variações ao longo dos meses. Em alguns casos o produto é 138

139 vendido no pé, ficando as despesas de colheita e beneficiamento por conta do adquirente. Existe uma característica de oligopsônio no mercado da piaçava que é fortemente influenciada por grandes atacadistas que também assumem a função de exportadores. São poucos os envolvidos no negócio, estima-se que seis grandes atacadistas operem no Brasil. 8 Preços e Custos Os parâmetros como os preços e os custos de produção foram levantados por técnicos da Conab e do Ministério do Meio Ambiente, na região Sul da Bahia, em Cairu/BA que, segundo o IBGE, é o maior município produtor do Brasil, participando, sozinho com 27,9% da produção nacional de fibra de piaçava, bem como no Estado do Amazonas na região de Barcelos/AM, que apresenta 9% da produção nacional Os preços e formas de comercialização variam de acordo com a região. Na Bahia a produção é realizada por diferentes atores. Os grandes proprietários de terras contratam pessoas de comunidades próximas para efetuar o trabalho de coleta e extração da fibra em suas propriedades. Existem relações de meia, aonde o proprietário recebe do extrativista parte de sua produção como forma de pagamento pelo uso da terra. Na região há também a presença de áreas de remanescentes de quilombo e assentamentos rurais aonde são realizados a coleta da piaçava. Atualmente o preço pago pela fibra de piaçava no Sul da Bahia está em R$ 1,26/kg, já no Estado do Amazonas o preço pago está em R$ 1,13/kg. (Jan 2013). Ainda, e para exemplificar a movimentação dos preços, na Tabela 1 traduz-se essa relação das médias de preços e de produção no Brasil, coletados pelo IBGE nos principais Estados produtores onde a atividade extrativista se desenvolve. Tabela 1: 139

140 Extração de Piaçava - BRASIL Produção (ton) Valor (mil reais) Preço Médio R$/Kg Preço ,84 12, ,87 13, ,97 14, ,05 15, ,04 15, ,15 17, ,32 19, ,26 18, ,34 20, ,03 15, ,10 16, ,19 17, ,33 19, ,53 22, ,85 27, ,01 30,15 Fonte: IBGE - Elaboração: CONAB Ressalta-se que no Amazonas a realidade de produção e comercialização é bem diferenciada. A cadeia produtiva nessa região é composta pelos piaçaveiros coletadores, aviador ou patrão aviador (extrativistas) que na época de colheita deslocam-se para a floresta (financiados pelo comerciante intermediário), lá permanecendo por meses, podendo chegar a um ano. Ali abrem clareiras onde instalam as suas cabanas chamadas de colocação, para cortar a fibra (o corte é feito na base das folhas). A fibra cortada é embrulhada em formato de cone denominado piraíba ou cabeça, que pesa de 25 a 60/kg. O produto é carregado até a beira dos igarapés e após, de canoa, no período de cheia, até o ponto em que chega o barco do Aviador ou Patrão Aviador. E neste cenário aparece uma outra figura, o regatão (intermediário) que não avia de ninguém e compra de quem aparece. Os extrativistas (coletadores) vendem a produção ao regatão, que tem duas formas de lucro: o primeiro na compra da piaçaba e o segundo, e o principal, é a venda das mercadorias (aviamento) normalmente superfaturada. Quem proporciona o capital aos patrões para a compra de barcos e mercadorias para aviar aos piaçaveiros são os exportadores, que normalmente moram em Manaus. O exportador é o comerciante mais abastado financeiramente da cadeia; compra do patrão e comercializa o produto para a região sudeste do país (RJ e SP). No Amazonas a comercialização é feita em cabeças e toras. A unidade de medida da região é em kg. Em média o valor pago ao extrativista (coletador) é de R$1,13/kg e R$ 1,22/kg cabeça e tora, respectivamente. No Estado da Bahia a comercialização é feita em fibras sujas e fibras beneficiadas. A unidade de medida da região também é em kg. O valor pago ao 140

141 extrativista (coletador) em média é de R$1,27/kg e R$1,98/kg a fibra suja e fibra beneficiada, respectivamente. Valores coletados no Sistema Siagro/Conab, de 01 a 28 de fevereiro de (vide tabela abaixo). Preços - Fibra de Piaçava Amazonas Preços - Fibra de Piaçava Bahia R$ 1,80 R$ 1,80 R$ 1,60 R$ 1,60 R$ 1,40 R$ 1,40 R$ 1,20 R$ 1,20 R$ 1,00 R$ 1,00 R$ 0,80 R$ 0,80 R$ 0,60 R$ 0,20 R$ 0,40 R$ 0,00 R$ 0,20 Amazonas Fibra de Piaçava (Cabeça) Amazonas Fibra de Piaçava (Tora-Beneficiada) R$ 0,00 ja n/ 09 m ar /0 9 m ai /0 9 ja n/ 09 m ar /0 9 m ai /0 9 ju l /0 9 se t/ 0 9 no v/ 09 ja n/ 10 m ar /1 0 m ai /1 0 ju l/1 0 se t/ 1 0 no v/ 10 ja n/ 11 m ar /1 1 m ai /1 1 ju l/1 1 se t/ 1 1 no v/ 11 R$ 0,40 ju l/0 9 se t/ 0 9 no v/ 09 ja n/ 10 m ar /1 0 m ai /1 0 ju l/ 1 0 se t/ 1 0 no v/ 10 ja n/ 11 m ar /1 1 m ai /1 1 ju l/1 1 se t/1 1 no v/ 11 R$ 0,60 Bahia Fibra de Piaçava Beneficiada Bahia Fibra de Piaçava Bruta Fonte: Geint/Conab 9 Proposta do Preço Mínimo O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. Diante dos fatos elencados, e visando manter os objetivos do programa em questão, sugere-se que sejam corrigidos os valores inicialmente pactuados, o que resultaria, em termos de quantidade sendo supracitado no último Custo de Produção estimado pela área da GECUP - Gerência de Custo de Produção/Conab voltado para sociobiodiversidade com a piaçava nativa fibra bruta. Neste contexto, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista, sugere-se a adoção de preços distintos para as regiões norte e nordeste. Desta forma, a proposta e de elevar o valor de R$ 1,31/kg, para R$ 1,45/kg, para a Região Norte. 141

142 Para a região Nordeste a proposta também é de elevar o valor de R$ 1,67/kg, para R$ 1,70/kg, garantindo remuneração ao trabalhador, fator principal para elaboração do custo de produção. 10 Considerações Finais Os produtos da Sociobiodiversidade possuem diferenciação na forma de comercialização, conforme sua localidade. Não há um padrão definido de comercialização para esses produtos. A respeito das análises realizadas sobre o meio ambiente aonde se encontram os produtos, estas demonstram que serão diferentes as formas de subvenção a serem transferidas aos produtores. Os sistemas de comercialização são diferentes de município para município dentro do mesmo Estado, levando a um processo diferenciado do modus operandi da comercialização/subvenção dos produtos. 11- Resultados Esperados Espera-se, a partir desta proposta, contribuir para a manutenção da Sociobiodiversidade, uma vez que o Brasil é um país megabiodiverso e essa riqueza biológica está traduzida na diversidade sociocultural dos Povos e Comunidades Tradicionais, detentores de considerável conhecimento e habilidades sobre sistemas de manejo da biodiversidade. Também é esperada a possibilidade de conferir à cadeia produtiva da piaçava a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, proporcionar regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, melhorias da garantia financeira para o setor produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados, e por fim, maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos levado a efeito pelo Governo Federal, com o Satin, farinha extraída do fruto (coco) da piaçava é utilizada para fazer mingau, canjica e até mesmo leite, que serve de alimento. 142

143 Umbu (fruto) Martha Helena Gama de Macêdo 1 Introdução O estudo em análise é uma proposta a ser apresentada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento - Mapa, com vistas à fixação do preço mínimo do fruto do umbu, relativo à safra 2013/14. Tal proposição se insere no contexto da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, na qual o principal objetivo é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais9, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, 9 De acordo como o Decreto nº 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição. 143

144 com respeito e valorização a sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. A demanda do estudo é proveniente do Ministério do Meio Ambiente que desenvolve apoio aos mercados de produtos da sociobiodiversidade. Em que pese sua importância social e econômica, na maioria das vezes essas cadeias são pouco estruturadas, sendo influenciadas por fatores como, sazonalidade da oferta, pequena escala de produção, baixa rentabilidade e fluxos pouco definidos ou processos de escoamento de baixa transparência. 2 Características da Cultura O umbuzeiro ou imbuzeiro (Brazilian plum para povos de língua inglesa) - Spondias tuberosa, L., é originário dos chapadões semi-áridos do Nordeste brasileiro, inserido no bioma caatinga. Árvore de pequeno porte em torno de 6 m. de altura, de tronco curto, esparramada, copa em forma de guarda-chuva, com diâmetro de 10 m. a 15 m., projetando sombra densa sobre o solo, com vida longa (100 anos), sendo uma planta xerófila. Suas raízes superficiais (exploram 1 m. de profundidade) possuem um órgão (estrutura) - túbera ou batata - conhecida como xilopódio que é constituído de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido, ácidos, entre outras. Um único umbuzeiro pode produzir até kg de xilopódios; no entanto, em média, essa produção é de 700 Kg por planta e de 1,93 kg por xilopódio. As substâncias nutritivas acumuladas nas túberas são utilizadas pelas plantas nos perí odos de estiagem e pelos sertanejos para saciar a sede e a fome. O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos velhos com ritidomas (casca externa morta que se destaca); as folhas são verdes, alternas, compostas, imparipenadas, as flores são brancas, perfumadas, melíficas, agrupadas em panícula de cm de comprimento. O fruto (umbu ou imbu) é uma drupa, com diâmetro médio 3,0 cm, peso entre gramas, forma arredondada a ovalada, é constituído por casca (22%), polpa (68%) e caroço (10%). Sua polpa é quase aquosa quando madura. As sementes são arredondadas a ovaladas, seu peso vai de 1 a 2,0 gramas e 1,2 a 2,4 cm de diâmetro, quando despolpadas. Em 100 gramas de polpa do fruto são 44 calorias, 0,6 g. de proteína, 20 mg de cálcio,14 mg de fósforo, 2 mg de ferro, 30 mmg de vitamina A, 33 mg de vitamina C, 0,04 mg de vitamina B1 e 0,04 mg de vitamina B1. O fruto é muito perecível. 144

145 O umbuzeiro perde totalmente as folhas durante a época seca e reveste-se de folhas após as primeiras chuvas. A floração pode iniciar-se após as primeiras chuvas independentemente da planta estar ou não enfolhada; a abertura das flores dá-se entre meia noite e quatro horas. 60 dias após a abertura da flor o fruto es tará maduro. A frutificação inicia-se em período chuvoso e permanece por até 90 dias. Raiz Xilopódio Figura 1: Umbuzeiro; Raiz e Xilopódio 2005 Fonte: Orlando S. C Aspectos Socioeconômicos Figura 2 Casa de vendedores de umbu na Rio-Bahia (BR 116) Manoel Vitorino/BA, Fonte: Duque, J. G, Na região semi-árida do Nordeste brasileiro a agricultura familiar possui sua sustentabilidade na exploração de culturas tradicionais como o milho, feijão, mandioca e, principalmente, na criação de caprinos e de ovinos. Outra fonte de renda e de absorção de mão-de-obra, bastante significativa, é o extrativismo vegetal, de modo especial o do fruto do umbuzeiro. Essa atividade assegura em maior parte a sobrevivência dos pequenos agricultores. 145

146 O processo da retirada do umbu é uma atividade econômica, mas também cultural, uma vez que esta tradição é repassada de geração em geração. Foi detectado nas pesquisas de campo que esta atividade já é praticada há cerca de quatro gerações. Quanto à geração de renda, a venda do fruto do umbuzeiro proporciona aos extrativistas uma média de 2,22 salários mínimos por safra. Em termos de produtividade, considerando a média de frutos colhidos por grupo de produtores, a comunidade de Fazendinha destacou-se, com uma produção média de 3.419,36 kg de frutos colhidos por agricultor. Fica claro, portanto, a importância dessa atividade para os pequenos agricultores dessa região, principalmente pelo fato de que no período da safra do umbu não há outras alternativas para absorção da mão-de-obra disponíveis na região. 4 Aspectos da Produção e do Consumo O umbu é um fruto nativo da região semi-árida nordestina, cresce espontaneamente nas regiões do Cariri paraibano, no Planalto, sobre a Serra da Borborema, nas Serras do Seridó norte-rio-grandense, no agreste piauiense, no norte do Estado de Minas Gerais e nas caatingas, baiana, alagoana e pernambucana, onde ocorre a maior concentração dessa planta (Mendes, 1990; Lorenzi, 1992). Na extração vegetal em 2011 foram coletadas no país, 9.32 toneladas de umbu, sendo que a participação da produção baiana, no total nacional foi de 89% (IBGE, 2011). Na época da safra, (dezembro a março), há grande fartura de umbu. 146

147 Valor (R$) Quantidade (t) Gráfico I - Produção Nacional de Fruto do Umbu de 1996 a Fonte: IBGE Quantidade Valor da produção Fonte: IBGE Elaboração: CONAB. Gráfico II: Produção Estadual de Fruto do Umbu Fonte: IBGE Elaboração: CONAB. 5 Estruturação do Mercado A industrialização do fruto nas formas de doce, geleia, compotas, concentrado para sorvete, polpa, suco e passas, pode garantir uma maior expansão 147

148 dessa cultura (Mendes, 1990). O sabor agridoce e a excelente característica de aroma são fatores fundamentais para a industrialização da polpa e para compor misturas de sucos tropicais, objetivando a expansão do mercado interno e abertura do mercado externo. O processamento do umbu para a produção de polpa é a principal forma de industrialização dessa fruta, exceto o consumo in natura. É consumida a maior parte dos frutos colhidos. Diversas empresas já comercializam sua polpa regularmente, entretanto há dificuldades na regularidade de fornecimento da matéria-prima pela falta de escala de produção. As etapas para o processamento industrial da polpa de umbu acompanham o seguinte cronograma: inicia-se com a recepção da matéria-prima; a seguir os frutos são conduzidos para a seção de lavagem e desinfestação externa, e posteriormente, para a área de seleção e remoção das sementes. O próximo passo é a desintegração, que é feita em despolpador. As etapas finais são: a desaeração a vácuo, necessária para a manutenção da cor, aroma, sabor e do teor de ácido ascórbico do produto final; após a desaeração, procede-se à pasteurização e, finalizando com o produto acondicionado em embalagens que serão comercializadas. O armazenamento se dá sob resfriamento. A industrialização caseira é uma excelente alternativa de renda para os sertanejos. O potencial de aproveitamento do umbu é pouco explorado, haja vista que simples tecnologias não chegam aos agricultores. Buscando dar uma nova perspectiva para as famílias que vivem próximas às áreas de coleta do umbu. A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EBDA, catalogou e divulgou receitas caseiras de subprodutos dessa fruta (Campos, 1994). Algumas dessas receitas são apresentadas aqui: Umbuzada rústica, Umbuzada Moderna, Doce de Umbu, Compota de Umbu, Suco Integral de Umbu, Suco de Umbu, Pasta Concentrada de Umbu, Xarope de Umbu, Umbuzeitona, Salada de Folhas Verdes de Umbu e Licor de Umbu A produção de picles do xilopódio de mudas de umbu, com até 120 dias de idade, pode ser uma alternativa a mais de renda para os extrativistas, pois, em uma avaliação sensorial realizada por Cavalcanti et al. (1998), esse produto, preparado à base de 2,5% de salmoura e 0,5 de ácido ascórbico, teve uma boa aceitação. A produção de mudas de umbu pode ser realizada durante todo o ano; assim, o picles pode ser uma fonte de renda para os produtores, sem a distinção de época. 6 Aspectos do Mercado Segundo Araújo (2000), os negócios com o umbu na região semiárida do Nordeste, compreendendo-se a colheita, comercialização, processamento de doces e polpas, chegam a render cerca de R$ 6 milhões ao ano para a economia 148

149 regional. Talvez essa estimativa esteja subvalorizada, pois aí não se conta, por exemplo, os frutos que são consumidos pelas famílias nas áreas de coleta. Os extrativistas deslocam-se em média de 10 a 20 Km para catar o umbu, trazendo-o para casa. Posteriormente, o produto coletado é divido em sacos de 60kg ou latas que são destinadas às fábricas de polpa da região e em barracas situadas nos acostamentos das BRs, como também em quantidades de um litro onde são colocados em pequenas redes e vendidas ao preço de R$ 1,00 no meio da pista. Atualmente uma experiência exitosa na comercialização do fruto do umbu no sertão Baiano é o exemplo da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá, que contempla 300 pessoas, a maioria mulheres, atuando em 16 comunidades e possuindo uma produção de 200 toneladas de produtos com valor agregado, exportando 25%, vendendo em feiras e supermercados 25% e entregando na alimentação escolar 50% da produção da cooperativa. Os preços médios recebidos pelos extrativistas, segundo dados da Superintendência Regional da Conab na Bahia, estão demonstrados no gráfico abaixo: Gráfico III: Preços do Fruto do Umbu R$/kg Preços ao produtor -Um bu(fruto) 0,8 0,7 0,67 0,67 0,67 0,67 0,70 0,6 0,50 0,5 0,44 NE 0,4 SE 0,3 0,27 0,2 0,1 0 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11 Fonte: Conab 7 Preço e Custo 149

150 Em janeiro de 2013 foi revisto o custo de produção do Umbu nos Municípios de Uauá/BA e Porteirinha/MG, visando a atualização do Levantamento dos Custos de Produção realizado em janeiro de De acordo com os coeficientes técnicos apurados, constatou-se que o custo de produção do fruto do umbu é de R$ 0,47kg, em Uauá/BA. 8 Proposta do Preço Mínimo O procedimento de elaboração da proposta de Preço Mínimo desenvolvido pela Conab visa auxiliar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com a perspectiva de agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis, por meio de uma política pública que reconheça o potencial econômico e a importância do extrativismo para os Povos e Comunidades Tradicionais, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. O custo variável de produção de R$ 0,47/Kg para o fruto do umbú, em Uauá, possui 63,14% de mão-de-obra. O atual preço de venda às Associações e Cooperativas neste Município é de R$ 0,60/Kg, ou seja, superior ao custo variável de produção elaborado pela Conab. Ao Norte de Minas Gerais, Município de Porteirinha/MG, o valor pago aos extrativistas é de R$ 0,40 Kg do fruto, ou seja, inferior ao custo variável de produção elaborado pela Conab. Desta forma, para subsidiar o processo decisório da presente proposta, sugere-se atualizar os preços mínimos vigentes para as regiões amparadas, com base no Custo Variável de Produção efetuado pela Conab, e mais 10% de bônus em cima deste custo, uma vez que, dentre estes coletadores, 90% são mulheres que trabalham de sol a sol em regiões inóspitas do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, sem nenhum tipo de benefício Há de se ressaltar que tais mulheres, na maioria, são arrimos de famílias, com baixa ou nenhuma instrução, e com 5 a 6 filhos, em média, sós, negras; o que dificulta, sobremaneira, sua inserção no mercado de trabalho normal. Partindo deste pressuposto, a sugestão é assim descrita: atualizar para todo o Brasil o valor de R$ 0,40 para R$ 0,52/Kg, por entender que tal preço atende os extrativistas, garantindo sua renda. (conforme tabela abaixo). 150

151 9 Considerações Finais Os produtos da Sociobiodiversidade possuem diferenciação na forma de comercialização conforme sua localidade. Não há um padrão definido de comercialização para esses produtos, pois em alguns municípios existe a prática de venda da produção a agentes da cadeia que possuem condições de transportá-los até as indústrias fabricantes de polpas, em outras os produtos são vendidos nas BRs, ou entregues às associações e cooperativas que buscam pagar um preço melhor aos extrativistas, entre outras formas. As comunidades que possuem maior organização social com a presença de associações e as cooperativas possuem melhores perspectivas de retorno financeiro, pois, além do produto principal, têm a faculdade de comercializar produtos beneficiados com maior valor agregado. No que se refere a sustentabilidade do extrativismo do umbu no semiárido baiano, constata-se que as comunidades têm-se mobilizado para explorar as potencialidades locais. Em algumas localidades o extrativismo do umbu tem contribuindo para elevar o bem-estar social, viabilizando a economia local e, também, assegurando a conservação dos recursos naturais. A proteção do umbuzeiro tem sido uma constante, revertendo, assim, o estágio de extinção da espécie na região da caatinga que vinha sendo provocada pelas ações predatórias, como pastoreio excessivo, queimadas e superexploração de madeireira (Duque, 2004). 10- Resultados Esperados Espera-se, a partir desta proposta, contribuir para a manutenção da Sociobiodiversidade. Também é esperada a possibilidade de conferir à cadeia produtiva do umbu, a competitividade necessária para acessar mercados estratégicos, proporcionar regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações envolvidas na produção, a partir das minimizações das oscilações de preços, melhorias da garantia de renda para o setor 151

152 produtivo, via acesso ao crédito rural a juros controlados, e por fim maior inserção no Programa de Aquisição de Alimentos, levado a efeito pelo Governo Federal. 11 Referência Bibliográfica DUQUE, J. G. Sazonalidade e Sustentabilidade: O Caso dos Catadores de Umbu no Semi-Árido do Sudeste da Bahia. Brasília, UnB - CDS, NEVES, O. S. C, CARVALHO J. G.: Tecnologia da Produção do Umbuzeiro. Lavras, Universidade Federal de Lavras,

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