Publicar: que e onde?

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1 Publicar: que e onde? Dr. Ivan Izquierdo Centro de Memória INSCER e IPB, PUCRS INNT, MCT Alguns conceitos prévios Na presença de um dado científico, vale a pena publicálo? Se a resposta for sim, onde e em que forma? A publicação implica na responsabilidade de cada um dos autores pelo material publicado. Deve-se evitar incluir autores como favor, ou como pagamento por um favor, ou por motivos alheios ao trabalho em si. Tem sentido publicar hipóteses isoladas sem uma análise de sua fundamentação, de preferência com dados próprios do(s) autor(es)? Duplicar ou triplicar os trabalhos é ilegítimo. 1

2 Publicação científica ou acadêmica A maior parte do trabalho científico ou acadêmico é publicado como artigos de revistas especializadas, ou no formato de livros ou capítulos de livro, ou no formato de teses ou dissertações. Os artigos tem difusão muito mais ampla que os livros e capítulos: são 10 a 500 vezes mais citados. A circulação das teses e dissertações é restrita à instituição acadêmica em que foi produzida. As comunicações a congressos não são consideradas como publicações. Revisão pelos pares ( peer review ) Nas revistas especializadas e nos bons livros científicos e técnicos o texto a ser impresso passa previamente pela análise pelos pares (peer review), em que o mesmo é revisado por colegas do autor que indicam ao Editor se o artigo merece ser aceito, e sugerem ao autor que correções são necessárias, se for o caso. Os revisores costumam manter o anonimato. Ocasionalmente, a função de revisão é desempenhada pelo próprio Editor. 2

3 O processo editorial O sistema de revisão só se completa quando o conteúdo total do artigo, com ilustrações, bibliografia, etc., foi aceito. Isto implica que os revisores aprovam o artigo, e o autor aceita as revisões que lhe foram indicadas. Começa então o processo editorial propriamente dito, que inclui correção de provas por parte do autor ou autores, e leva entre 30 e 300 dias para se realizar dependendo da revista ou livro. Os textos são produzidos normalmente em Word, e uma vez terminada a fase de correções e modificações, são processados em Adobe. Mudanças no sistema? Está havendo uma transição entre a publicação impressa e a publicação eletrônica. As principais revistas científicas publicam eletronicamente os artigos antes de fazê-lo de maneira impressa. Algumas tem substituído completamente esta última forma pela primeira, e só se publicam de maneira eletrônica e são acessíveis pela Internet; denominam-se revistas de acesso aberto (open access). A publicação pela Internet por conta própria do autor, ou fora do canal representado pelas revistas científicas, não conta como publicação séria ou válida, normalmente não é levada em consideração pelos órgãos avaliadores nem pelas instituições acadêmicas. 3

4 Publicar que? Pesquisa (se há algo novo ou inovador para relatar; trabalhos de repetição não tem valor) Revisões * Artigos de opinião * Comentários * *Recomenda-se experiência para estes tipos de artigo, para não correr o risco de ridicularizado e se desanimar. Publicar como? Seguir a ordem das seções que indica cada revista (Introdução, Métodos, Resultados, Discussão), e consultar outros artigos do gênero para usar as normas habituais. Inovar no referente a normas, melhor para aqueles que tem experiência. Também para não ficar ridículo, receber uma crítica devastadora, e depois se desanimar. 4

5 Onde publicar? Revistas internacionais (para difusão universal), revistas nacionais (para difusão local). A difusão dentro do país em geral é através das revistas internacionais; as revistas nacionais são comparativamente muito menos lidas. A escolha implica na decisão de que carreira se deseja fazer. Publicar exclusivamente em revistas nacionais equivale a escolher uma carreira com projeção só local. Observação: Importância das revistas nacionais Porém, as revistas nacionais tem importância específica, por duas razões: 1. Há muitos profissionais meritórios não necessariamente dedicados à ciência, senão à prática de sua profissão. Muitos deles não sabem inglês, e precisam ficar em dia com seus conhecimentos científicos. 2. Às vezes é preciso destacar a atividade de determinada faculdade ou universidade no meio, por razões institucionais; a maioria dos políticos brasileiros também não sabe inglês. 5

6 Divulgação científica Nos países desenvolvidos, a população tem consciência do papel da ciência no desenvolvimento de tecnologia, e por tanto na economia. No Brasil não existe essa consciência coletiva, e é necessário divulgar o que de bom se faz em ciência e tecnologia no país para a população em geral. Isto é função principalmente dos pesquisadores mais gabaritados e experientes, através de artigos de divulgação em jornais e revistas, ou de reportagens. Nestas últimas, é preciso distinguir aquilo que o cientista diz e pensa, daquilo que é fruto da imaginação ou interpretação leiga do jornalista. Escolher a revista ou o livro Pela importância e pela difusão. Há índices que medem isto: índices de impacto, baseados no número de citações dos artigos publicados em cada revista. Nas revistas mais gerais : Science: 34; Nature: 33; Physiol Revs: 29; Cell: 29; Neuron: 13; Trends: 10 a 13; PNAS: 10; Current Opinion > 8. Na área de memória: 3 a 5. Revistas latinoamericanas da área biomédica: só o Braz J Med Biol Res tem índice < 1; a maioria não tem índice conhecido. 6

7 Reflexos no curriculum Os órgãos de fomento (CNPq, CAPES, FINEP, FAPESP), avaliam não só o índice de impacto das revistas onde os pesquisadores publicam, senão também quantas vezes os trabalhos destes são citados. O número de citações em geral (mas nem sempre!) é maior para os trabalhos publicados nas revistas de maior impacto. 7