ATIVIDADE: NOSSA HERANÇA NEGRA
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- Rodrigo da Mota Prada
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1 ATIVIDADE: NOSSA HERANÇA NEGRA 1. PASSO-A-PASSO DA AÇÃO 1.1 PROPOSTA Pesquisar as diversas contribuições africanas para a cultura brasileira, como culinária, música, religião, costumes, língua, etc. As descobertas serão compartilhadas entre os alunos e apresentadas em painéis, em uma exposição para a escola. 1.2 CRONOGRAMA Ajuste esta tabela conforme sua necessidade e indique as datas de cada passo nas colunas das semanas. Passos 1. Apresentação e planejamento da ação Contato com direção Articulação com professores 2. Organização da ação com o grupo de professores 3. Realização da ação Encontro 1: Apresentação da proposta aos alunos Encontro 2: Compartilhamento da pesquisa e montagem da exposição 4. Divulgação da ação O PAPEL DE CADA UM O voluntário: propõe, articula, organiza e executa a atividade na escola. A escola: garante o envolvimento dos professores na elaboração da exposição. A família/comunidade: poderá se convidada para visitar a exposição. 1
2 1.4 OBJETIVOS Resgatar as diversas contribuições africanas para a cultura brasileira, por meio da culinária, música, religião, costumes, língua etc. 1.5 PÚBLICO RECOMENDADO Esta atividade pode ser realizada com todos os estudantes do Fundamental I e II, com adolescentes do Ensino Médio e alunos do EJA. 1.6 COMO IMPLEMENTAR PASSO 1: Apresentação e planejamento da ação Entre em contato com a escola e agende uma conversa para a apresentação e planejamento da proposta. Possivelmente, a articulação será encaminhada com a coordenação pedagógica, que poderá indicar as turmas mais adequadas para a atividade. No dia da primeira reunião de articulação é importante estar preparado. Para isso, é fundamental: Levar a proposta por escrito para a instituição; Definir o período e o espaço para as ações; Pedir autorização para filmar e/ou fotografar a atividade. Nesta atividade é desejável a participação de professores que se identifiquem com a iniciativa. Após a adesão dos docentes, envolva-os em todos os passos previstos na atividade. PASSO 2: Organização da ação Agende um bate papo com os professores para discutir a proposta e o cronograma. Aproveite também para levantar possíveis contribuições deles para a atividade. Explique que o objetivo é organizar uma exposição sobre as diversas contribuições africanas para a cultura brasileira, por meio da culinária, música, religião, costumes, língua, etc. Saliente que o levantamento poderá contar com a consulta a grupos negros locais, caso eles existam. Referências para a pesquisa Junto com os professores, faça uma lista das pessoas e locais que poderão ser contatados, além de sites e livros recomendados para a pesquisa bibliográfica. Para garantir, é importante que você indique algumas fontes. Veja abaixo algumas referências que podem ser somadas ao seu levantamento: Coleção A Cor da Cultura: Modos de ver, sentir, interagir, fazer e brincar: Alimentação afro-brasileira: Materiais para a montagem da exposição Descubra se existe a possibilidade dos alunos realizarem impressões coloridas do material que será pesquisado. Se for difícil para a escola e/ou alunos a realização das 2
3 impressões, veja se existe a possibilidade de fazê-las em seu trabalho ou com o apoio de outros voluntários. Materiais de baixo custo, como cartolina e cola, poderão ser fornecidos pela escola, bem como o material de fixação da exposição (fitas dupla face ou outra), conforme preferência e rotina da instituição. Não se esqueça de solicitá-los. Local, período da mostra e convidados Defina com a coordenação onde a mostra ficará e por quanto tempo. Dependendo do local e do período, a família e a comunidade poderão ser convidadas para visitar a exposição. Sugira à coordenação que os convide. Cronograma A ação ocorrerá em dois encontros, conforme orientação abaixo. Defina com os professores como as turmas serão divididas e as datas para a realização da atividade. PASSO 3: Realização da ação Encontro 1 Apresentação da proposta aos alunos No encontro com os alunos, conte que será realizada uma investigação sobre a influência dos negros em nossos costumes, motivada pela comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra. Compartilhe a origem da data, utilizando as informações do documento Informações e Reflexões, disponíveis no site do PEB. Após a apresentação, conforme combinado com o professor, realize a divisão dos grupos. Explique aos alunos que é uma pesquisa a ser feita entre as pessoas que eles conhecem, mas também na internet e em livros da biblioteca da escola ou da cidade. Oriente os alunos a trazerem suas pesquisas no segundo encontro e deixe claro que o material se transformará em painéis. Portanto, é importante ter definidas as estratégias para impressão ou desenho das imagens. Alunos do Ensino Fundamental I e dos primeiros anos do Fundamental II não apresentarão resistência quanto à produção de desenhos, mas talvez os mais velhos apresentem. Mesmo assim, investigue se existem alunos que sabem/gostam de desenhar. Nesses casos, combine com o professor para que oriente os alunos a fazerem os desenhos em casa, antes do segundo encontro. No caso dos materiais que serão impressos, explique se as imagens poderão ser impressas na sala de informática e/ou se deverão ser trazidas pelos próprios alunos. Se a única possibilidade for a impressão no seu trabalho ou com a ajuda de voluntários, articule com os professores e alunos a entrega dos materiais para você, valorizando, desta forma, a pesquisa deles. Dê as orientações necessárias para isso. Combine a data do segundo encontro (previamente acordada com o professor) e explique que será fundamental que cada grupo traga, impresso ou desenhado, o material que descobriu e selecionou; ou que o enviem em tempo hábil para que você o imprima. 3
4 Caso as famílias dos alunos tenham possibilidade, também poderão ser trazidas peças de artesanato ou, até mesmo, quitutes de influência africana para degustação em sala. Entre o primeiro e o segundo encontro é desejável que o professor oriente e acompanhe os alunos na pesquisa e elaboração do material. Encontro 2 Compartilhamento da pesquisa e montagem da exposição No segundo encontro, pelo menos um representante de cada grupo deverá apresentar o que pesquisou. A dupla voluntário/professor deve incentivar o compartilhamento das informações e estabelecer relações entre o que os grupos pesquisaram e apresentaram. A exposição poderá ser fixada no final da atividade ou posteriormente, se o tempo não permitir. Neste momento, o mais importante é garantir que todos compartilhem a pesquisa e produzam o material a ser exposto. PASSO 4: Divulgação da atividade Posteriormente, a iniciativa poderá ser matéria no jornal interno, informativo ou blog da instituição. Não se esqueça de publicar a atividade no site do PEB ( registrando inclusive os resultados da experiência. Para isso, basta criar uma Ação Voluntária dentro da Ação Mãe. 1.7 ATIVIDADE COMPLEMENTAR EXPOSIÇÃO DE OBJETOS A escola poderá incentivar todas as turmas a pesquisarem as influências da cultura africana em objetos do nosso cotidiano. Os objetos que forem encontrados em casa ou nas casas de amigos poderão ser exibidos para complementar a exposição realizada pelas turmas envolvidas nesta atividade. Mesmo que sejam poucos objetos, essa é uma forma de engajar a escola inteira no debate da data comemorativa. 4
5 2. PREPARE-SE PARA ESTA AÇÃO A cada novo 20 de novembro, Zumbi se espraia, amplia o seu território na consciência nacional, empurra para os subterrâneos da história seus algozes, que foram travestidos de heróis. (Sueli Carneiro 1 ) O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado dia 20 de novembro, surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. No dia 10 de novembro de 2011, a presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei , que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência antiescravagista no Brasil, nascido em Alagoas e morto pelas tropas do governo em uma emboscada no dia 20 de novembro de O feriado é considerado facultativo, ou seja, os municípios decidem de forma autônoma seu decreto. A resolução coroou a luta dos movimentos sociais negros por liberdade e pela afirmação da dignidade humana de africanos e seus descendentes. Além disso, sua comemoração anual fortalece a discussão sobre a inserção e participação da pessoa negra na sociedade em diferentes áreas: trabalho, educação, segurança e saúde, entre outros. A importância da data é expressa pela ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro: A luta pela liberdade dos negros brasileiros jamais cessou. Em 1971, um significativo capítulo de nossa história vinha à tona pela ação de homens e mulheres do Grupo Palmares. Lá do Rio Grande do Sul era revelada a data do assassinato de Zumbi, um dos ícones da República de Palmares. Passados sete anos, ativistas negros reunidos em congresso do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial cunharam o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra. Em 1978, era dado o passo que tornaria Zumbi dos Palmares um herói nacional, vinculado diretamente à resistência do povo negro. A história desta data começou em 1600, quando escravos negros fugiram do trabalho forçado nos engenhos de açúcar de Pernambuco e fundaram o quilombo de Palmares. Durante a época em que existiu, o quilombo chegou a ter mais de 20 mil habitantes e sobreviveu às tentativas de aniquilamento feitas por portugueses e holandeses (que haviam invadido o nordeste brasileiro em 1930). Zumbi, embora tenha nascido livre em Palmares, foi aprisionado ainda criança e dado ao padre Antonio Melo, que o batizou como Francisco e lhe ensinou português, latim e a religião católica. Em 1670, Zumbi conseguiu fugir e regressar a Palmares. Durante as lutas de resistência, ele revelou-se grande guerreiro e organizador militar. Pedro de Almeida, governador da capitania de Pernambuco, com o intuito de submeter Palmares, propôs então a paz ao chefe do grupo, Ganga Zumba, e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceitou, mas Zumbi se opôs. 1 Diretora do Geledés Instituto da Mulher Negra: 5
6 Em 1680, Zumbi imperava em Palmares e comandava a resistência contra as tropas portuguesas. Sua liderança durou até 1694, quando Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandou o ataque final ao quilombo. Ferido, Zumbi conseguiu fugir. Em 20 de novembro de 1695, traído por um companheiro, Zumbi foi preso e degolado. REFLEXÃO COMPLEMENTAR: A NECESSIDADE DE UMA SECRETARIA... Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada em 07 de novembro de 2011, as cidades com população maior de negros apresentam uma taxa maior de desemprego. O Censo de 2010 Educação e Deslocamento, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 18 de dezembro de 2012, revelou que os percentuais de pessoas com 10 ou mais anos de idade sem instrução ou com ensino fundamental incompleto diminuíram em todas as etnias. De 2000 para 2010, a proporção caiu de 56,6% para 42,8% entre os brancos; de 74,4% para 56,8% entre os pretos; e de 73,2% para 57,3% para os pardos. Mas, como se observa, o número continua maior entre os dois últimos grupos. Essa diferença, encontrada também em outros indicadores, é fruto da relativamente recente abolição da escravidão e de uma história de desigualdade que, embora combatida, ainda permanece no Brasil. Para reverter esse panorama, foi criada, em 21 de março de 2003, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. A data coincide com o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao Massacre de Shaperville, quando 69 pessoas foram mortas e 186 feridas pelo exército na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, durante uma passeata pacífica de 20 mil negros que protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação especificando os locais por onde eles podiam circular. Segundo o site da Secretaria, esta tem por finalidades: Formulação, coordenação e articulação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial; Formulação, coordenação e avaliação das políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos étnicos, com ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância; Articulação, promoção e acompanhamento da execução dos programas de cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados, voltados à implementação da promoção da igualdade racial; Coordenação e acompanhamento das políticas transversais de governo para a promoção da igualdade racial; Planejamento, coordenação da execução e avaliação do Programa Nacional de Ações Afirmativas; Acompanhamento da implementação de legislação de ação afirmativa e definição de ações públicas que visem o cumprimento de acordos, convenções e outros instrumentos congêneres assinados pelo Brasil, nos aspectos relativos à promoção da igualdade e combate à discriminação racial ou étnica. 6
7 Infelizmente, ainda precisamos de políticas que combatam a desigualdade racial. Mesmo em meio a polêmicas, a sociedade vem avançando no sentido de reparar a dívida histórica com os negros. A meta é que um dia essas políticas não sejam mais necessárias. PARA SABER MAIS Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial: História Geral da África: Parque memorial Quilombo dos Palmares: 7
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