PSICOTERAPIA, PSICANÁLISE PURA E PSICANÁLISE APLICADA À TERAPÊUTICA 1

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1 PSICOTERAPIA, PSICANÁLISE PURA E PSICANÁLISE APLICADA À TERAPÊUTICA 1 Douglas Nunes Abreu 2 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo discutir a inserção da Psicanálise nas instituições em sua vertente aplicada. Desenvolvemos, primeiramente, a oposição da Psicanálise às Psicoterapias, elevando o dever ético que é próprio de sua intervenção. Em segundo lugar, desenvolvemos os conceitos de Psicanálise pura e Psicanálise aplicada, trabalhando as funções da Psicanálise e sua relação com a terapêutica. Para tal tarefa, tomamos o sintoma, e, posteriormente, o sinthome, como referência central do analista em sua prática. Palavras-chave: Psicanálise pura e aplicada. Psicoterapia. Instituição. Sintoma. Sinthome. ABSTRACT This work has as objective to discuss the insertion of psychoanalysis in institutions um its applied source. We develop at first the opposition of psychoanalyses to the psychotherapies raising the ethical duty that is proper of its intervention. At second we develop the concepts of pure psychoanalysis and applied psychoanalysis, working the functions of psychoanalysis and its relation with therapeutical. For such task we take the symptom, and, later, the sinthoma, as central reference of the analyst in its practice. Keywords: Pure and applied psychoanalysis. Psycotherapy. Institution. Symptom. Sinthome. INTRODUÇÃO A clínica tem muito a apreender com a psicose. Ela ensina, pois traz 1 Artigo adaptado a partir de: ABREU. Douglas Nunes. A prática feita por muitos: a psicanálise na instituição de saúde mental f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora. 2 Psicanalista, Mestre em Psicanálise e Mestre em Letras pelo CES-JF, Professor de Pós-Graduação UFJF, Coordenador de Saúde Mental e do CAPS de Santos Dumont, Presidente do CAIA Centro de Acolhimento a Infância e a Adolescência. 211 Juiz de Fora, 2007

2 Douglas Nunes Abreu um saber próprio de sua formação e estruturação. As psicoses demonstram o inconsciente, neste lugar, à flor da pele. Mais ainda, as psicoses nos convocam a um lugar outro de nossa intervenção habitual: as instituições. Este artigo visa a discutir o campo de atuação do analista quando falamos desta clínica particular que, muitas vezes, exige uma atenção para além dos consultórios. Uma clínica que se insere em dispositivos públicos, comunitários, coletivos, colocando à prova os aspectos transferenciais e as ferramentas tradicionais de nossa prática, a interpretação, o pagamento, o tempo, o divã, dentre outros. Buscamos pensar a Psicanálise numa perspectiva oposta às Psicoterapias, discutindo sua vertente pura e aplicada, bem como seus efeitos na terapêutica. O saber da Psicanálise inaugura um novo campo de reflexões, um lugar que não se insere ao lado das técnicas psicoterápicas já existentes. Marca, a partir do inconsciente, um destino que esta acompanhará em toda sua existência, trazendo sempre questionamentos sobre sua prática e sua eficácia. A aplicação da Psicanálise em novos espaços de demandas avança a partir da inserção de analistas nas mais diversas instituições de tratamento. Como Freud apontou em Linhas de Progresso na terapia psicanalítica (1918), é preciso debruçar na tarefa de adaptar a nossa técnica às novas condições (1996, p.181). Não significa, portanto, perder seu ouro, transformá-la em cobre, mas, sim, preservar seu lugar ético. Estamos muito mais diante de uma questão de ética... em relação ao seu ato, já que o analista é sempre responsável pelos efeitos que ele produz. (DRUMMOND, 2004, p. 64) PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA Num texto denso e desafiador, Jacques-Alain Miller conduz o leitor pelos ensinamentos de Lacan, procurando delinear o que seria a Psicanálise pura e a Psicanálise aplicada à terapêutica. Segundo Miller, o primeiro problema que se coloca não é em relação a esses dois termos, mas, sim, quanto à relação da Psicanálise com a terapêutica, entre a Psicanálise e a Psicoterapia. A confusão que importa verdadeiramente é aquela que mistura, em nome da terapêutica, o que é Psicanálise e o que não é (MILLER, 2001, p. 10). Pensar a Psicanálise aplicada à terapêutica implica prudência. Tratar pela via analítica não significa deixar de ser Psicanálise, em toda sua conceituação que delimita seu campo de saber. Devemos 212 exigir muito da Psicanálise aplicada à terapêutica, ou seja, exigir que ela não ceda diante de ser Psicanálise - sob o pretexto de terapêutica, se deixar levar a ultrapassar esse limite, essa CES Revista, v.21

3 Psicoterapia, psicanálise pura e psicanálise aplicada à terapêutica, p p.222 diferença. (MILLER, 2001, p. 11) Quanto à Psicoterapia, Lacan nos brinda com sua resposta em Televisão, onde para ele a Psicoterapia se encontra no campo do sentido, do bom-senso, onde a fala escamoteia o inconsciente, o gozo, a fantasia. Situa-se na dimensão da compreensão, do enunciado e não da enunciação. Não toca as pulsões e se fixa no jogo das relações imaginárias, não apontando a falta do grande Outro. A Psicoterapia... conduz ao pior. (LACAN, 1993, p. 21) A Psicanálise não visa à identificação, tende, sim, à desidentificação que conduz o sujeito a se haver com sua divisão. A orientação da Psicanálise é, por conseqüência, uma orientação não em direção ao sentido e em direção ao ideal ou norma que visa à sugestão, mas em direção ao gozo e à consideração do sintoma naquilo que satisfaz alguma coisa. (NAVEAU, 2003, p. 15) O caminho da Psicanálise é para o gozo e o real, enquanto que a Psicoterapia se direciona para o sentido e o imaginário. Miller busca no texto A subversão do sujeito e a dialética do desejo, dos Escritos de Jacques Lacan, essa diferenciação pela via do Grafo do desejo. Ela consiste em repartir Psicanálise e Psicoterapia sobre esses dois andares, colocando o papel crucial daquilo que, em A, abre a via ao andar superior, e onde nós podemos considerar que o operador é o desejo do analista, enquanto que ele não estaria em função da parte inferior (MILLER, 2001, p. 15). ILUSTRAÇÃO 1 Grafo do Desejo Fonte: LACAN, 1998, p Juiz de Fora, 2007

4 Douglas Nunes Abreu No primeiro andar, temos o eixo da cadeia significante, de s a s', recortado pelo eixo do discurso, que vai do $ a I(A), do sujeito barrado ao Ideal-do-Eu. Este último corta o eixo significante em dois pontos: o código, A, e a mensagem, s(a). O código é aqui marcado como A, grande Outro, na medida em que representa o campo da linguagem. É o que Lacan chamou de point-de-capiton (ponto de estofo ou ponto de basta), que corta a cadeia significante, que metaforiza. O segundo encontro, que fecha o circuito [...] como suporte criador do sentido, é a mensagem. Na mensagem vem à luz, o sentido (LACAN, 1999, p. 20). É o significante do grande Outro que fala ao sujeito. Esse circuito concerne ao ser falante, ao ser da linguagem. Através das operações metonímicas, s-s', e metafóricas, A-s(A), o discurso faz sentido, é da ordem do senso. Na parte inferior dessa equação, encontra-se o curto-circuito eu-ideal, i(a), e moi, m, (Eu), operando a linha das identificações imaginárias. A palavra terá o primeiro andar, a pulsão terá o segundo (LACAN, 1999, p. 20). O andar superior, que se inaugura a partir do grande Outro, é sustentado pelo desejo do analista, d, quando o sujeito se vê diante de sua fantasia, ( $ a). Esse encontro remete o sujeito à dimensão da falta no grande Outro, S(A), abrindo o eixo que vai da dimensão do gozo à pulsão, ( $ D), fazendo surgir o dilema da castração. O psicanalista recusa assumir o lugar do grande Outro completo, como faz a Psicoterapia. / Se escamoteia, então, na Psicoterapia, o que colocaria em causa o Outro todo poderoso. Se preservaria na Psicoterapia a consistência do Outro, enquanto que o que seria o próprio da posição analítica que abre a porta à Psicanálise propriamente dita, seria já, admitindo a questão do gozo, inconsistir o Outro. (MILLER, 2001, p.17) Para Alexander Stevens as Psicoterapias são: 214 fundadas sobre uma relação de dominação que se exerce da imagem do outro, i(a) como escreve Lacan, sobre o Eu do sujeito, marcado por um 'm'. Seu campo de ação pode assim ser definido, a partir da Psicanálise, como operando sobre o que nós chamamos dialética intersubjetiva imaginária enquadrada por elementos simbólicos. O grafo do desejo de J. Lacan escreve estas coordenadas em seu andar inferior. (STEVENS, 1999, p. 16) CES Revista, v.21

5 Psicoterapia, psicanálise pura e psicanálise aplicada à terapêutica, p p.222 Observamos a insistente tentativa da ciência moderna em reduzir a Psicanálise ao andar inferior do grafo do desejo pela via da exigência de uma verdade. A terapêutica da Psicanálise se deve ao fato de o analista recusar o lugar de terapeuta, esse lugar deve ser apenas suposto, um lugar de semblante, pois esse ato inaugura uma terapêutica. Uma psicoterapia que se contenta em trabalhar no nível das identificações (nível inferior do grafo) e a Psicanálise, cuja meta é o atravessamento do plano das identificações (passagem ao nível superior do grafo). Portanto a Psicanálise, mesmo que ela inclua em si um poder terapêutico, é fundamentalmente o contrário de uma Psicoterapia... é preciso que o psicanalista se desprenda da posição de psicoterapeuta para ser psicanalista. Isto é necessário, no entanto, desde o início do tratamento. (MILLER, 2001, p. 18) Miller aponta esta outra resposta de Lacan à diferença entre Psicoterapia e Psicanálise: a localização da Psicoterapia no discurso do mestre. O discurso do mestre é conforme ao inconsciente. É o seu discurso. Em termos de Psicoterapia, se diria: o sujeito reclama uma identificação que se sustente, e ele sofre quando essa identificação vacila, quando ela lhe falta. A urgência é então de lhe restituir essa identificação. (MILLER, 2001, p. 17) O psicoterapeuta responde do lugar do mestre, do lugar do saber, de uma verdade. O discurso do mestre cria uma dupla barra entre o sujeito barrado e o objeto a, é precisamente um discurso que acaba com o fantasma, que o torna impossível... A Psicoterapia privilegia a identificação ao preço de se desembaraçar do fantasma (MILLER, 2001, p. 18). Quanto ao psicanalista, seu discurso é de outra ordem: No discurso do analista no lugar de agente o que domina é o objeto do qual o analista faz semblante, situando a castração na causa do desejo. A causa tem a ver com a castração e não com o objeto do gozo que está proibido. Lacan nomeia isto de 'desejo do analista'. A castração indica seu não-domínio, é o avesso do pai morto ou do mestre. Torna possível ao analisante que responda com seu desejo ao desejo enigmático do Outro. (WAINSZTEIN, 2001, p. 33) 215 Juiz de Fora, 2007

6 Douglas Nunes Abreu Nesse lugar de semblante o analista, deixa com que caiam, ao contrário da Psicoterapia, as identificações do sujeito, permitindo-lhe a construção da fantasia. O que define o analista é seu ato (GUÉGUEN, 2003, p. 24). PSICANÁLISE PURA X PSICANÁLISE APLICADA Freud discorre de forma mais clara sobre as aplicações da Psicanálise na Lição XXXIV das Conferências introdutórias à Psicanálise, intitulada Explicações, aplicações e orientações. Expõe que a Psicanálise começou como um método de tratamento e, como tal, tem sua eficácia comprovada nos casos clínicos, no tratamento do gozo e do real dos quais todos somos investidos, entretanto Freud marca a função da Psicanálise como uma verdade sobre o sujeito, ou, pelo menos, como diria Jacques Lacan, um semblante de verdade. A Psicanálise implica o sujeito em suas relações com a realidade e com o social. Dessa forma, a aplicação dela se desdobra em duas vias: uma concerne diretamente ao próprio analista, o reconhecimento do real do gozo, e a outra implica a utilização do saber analítico em outras práticas que concernem à subjetividade (VIGANÒ, 2000). Jacques-Alain Miller, num texto que propõe discutir as contraindicações ao tratamento psicanalítico, aponta que o pressuposto usual e bem difundido é de que a Psicanálise tem suas restrições e, até mesmo, recomendações em casos muito específicos, sendo para outros, ineficaz e, até mesmo, nefasta (MILLER, 2001, p. 52), como nos casos de psicoses puras, nos tipos de caráter psicótico ou nas psicopatias severas. Miller aponta de forma precisa que esse equívoco acontece na medida em que se atém à concepção do tratamento psicanalítico em sua vertente chamada de Psicanálise pura. Lacan, no Ato de fundação da Escola, em 1964, divide-a em duas 3 seções : Psicanálise pura e aplicada. A Seção de Psicanálise pura se direciona à Psicanálise didática (LACAN, 2003a, p. 236), ao estudo e pesquisa dos conceitos psicanalíticos, não sendo a Psicanálise pura, em si mesma, uma técnica terapêutica. (LACAN, 2003a) A seção de Psicanálise aplicada se relaciona diretamente com a clínica e a terapêutica. Podemos, com base na Proposição de 9 de outubro de 1967, trabalhar também com as nomenclaturas intensão e extensão. A Psicanálise em extensão se refere Lacan a divide em três seções, sendo a terceira chamada de Recenseamento do Campo Freudiano. Para nosso estudo, interessa apenas as duas primeiras divisões visto sua relação com a prática clínica. CES Revista, v.21

7 Psicoterapia, psicanálise pura e psicanálise aplicada à terapêutica, p p.222 como presentificadora da Psicanálise no mundo (LACAN, 2003b, p. 251), e a Psicanálise em intensão que, segundo Lacan, não fazendo mais que preparar operadores para ela (LACAN, 2003b). Preparar analistas parece desde já função de uma Psicanálise pura. Entretanto fazem-se necessárias duas considerações: segundo a escola deixada a nós por Lacan, a formação do analista se daria, prioritariamente, por nossa análise pessoal, por nos termos submetido à experiência analítica, ou em outras palavras, pela via de uma prática terapêutica? Para se operar uma prática terapêutica o referencial teórico e conceitual baliza nossa direção? Dessa forma, que tipo de Psicanálise realizamos em nossos consultórios? Estaria Lacan anunciando que a pura é a Psicanálise em consultório e a aplicada é a Psicanálise aplicada fora do consultório, na instituição, por exemplo? De certo que não. Pierre Naveau aponta este mal-entendido: Não significa... que a prática em consultório é o lugar privilegiado da Psicanálise pura e a que a prática em instituição é consagrada à Psicanálise impura, ou seja, à Psicanálise aplicada à terapêutica. A prática em consultório é, com efeito, consagrada em grande parte à Psicanálise aplicada. (2003, p.15) Temos então que a Psicanálise, tanto na sua vertente de consultório, quanto na sua aplicação no campo institucional, encontra-se no nível da terapêutica e essa extensão é uma condição de sobrevivência. (BROUSSE, 2003, p. 30) Tomar a Psicanálise em sua vertente ampliada é colocá-la a serviço do mundo moderno visto que a demanda inicial a Freud em relação às histéricas e seus problemas familiares e sexuais já se modificam desde o texto O Mal-estar na civilização (1930). A demanda que se apresenta a nós, analistas, pauta-se nos chamados novos sintomas da modernidade, sendo chamados a confrontar com a eficácia científica. O saber científico contribui para o desenvolvimento do gozo dos sujeitos, mas não para o tratamento. (BROUSSE, 2003, p. 30) A Psicanálise deve ser terapêutica, deve incidir sobre o sintoma. O sintoma não é social, mesmo se é exato que seja um modo de socialização. Ela é do sujeito, ou seja, do Outro. (BROUSSE, 2003, p. 30) É aí que devemos intervir. Jacques-Alain Miller propõe uma reflexão: seria a psicanálise pura... a psicanálise na medida em que ela conduz ao passe do sujeito [...] na medida em que ela se conclui pelo passe (MILLER, 2001, p. 29), e a psicanálise aplicada, a psicanálise que concerne ao sintoma, a Psicanálise aplicada ao sintoma? (MILLER, 2001, p. 29). 217 Juiz de Fora, 2007

8 Douglas Nunes Abreu Obtemos então duas questões: ao tratar o sintoma, não esperaríamos uma direção para a cura? Seria o passe, como tal, definido na escola de Lacan como a travessia do fantasma, uma radicalização da cura? A cisão das duas Psicanálises, a pura e a aplicada, repousa sobre a diferença do sintoma e do fantasma. Ela repousa sobre a noção de um mais além do sintoma, sobre a noção que para mais além do sintoma há o fantasma. O que é a cura do sintoma, melhora, alívio, bem estar, deixa ainda lugar para uma operação sobre o termo ulterior. (MILLER, 2001, p. 29) Essa noção de mais além coloca o sintoma com um passo aquém do fantasma, traduzindo como Psicanálise terapêutica apenas Psicanálise pura visto que, só através dela, o sujeito pode se livrar verdadeiramente da dor que o assola. Nos últimos anos de ensino de Lacan, encontramos uma subversão dessa lógica, sobre a relação entre sintoma e fantasma. Com uma grafia antiga, ele produz uma nova conceituação: o Sinthome, incluindo no mesmo lugar sintoma e fantasia. SINTHOME = SINTOMA + FANTASIA Nessa ótica, diz Miller, a diferença entre os dois tipos de Psicanálise não se torna essencial. Salvo de minha parte, a diferença das duas Psicanálises está ausente daquilo que ensina o último Lacan (MILLER, 2001, p. 31). Esse, nos seus textos finais, recoloca a questão do final da análise como a partir do processo de construção. Finalmente o passe, quando o passamos, é uma pequena história que se conta (LACAN, apud MILLER, 2001, p. 23). A experiência do passe deslocada do sentido aponta para a construção de um saber com efeitos de verdade, porque não, de um sintoma, seguindo a vertente de fazer do sintoma sua referência principal, senão a única (MILLER, 2001, p. 24). Extraímos daí, então, que a finalidade da análise é tratar o sintoma, em busca, quem sabe, da felicidade de viver. Miller explicita essa construção do último Lacan nesta passagem: 218 O valor que nós damos à representação da análise como uma trajetória tendo etapas e um fim mostra bem que, para nós, é um valor que a experiência analítica seja regida por uma lógica do mais além. Isso está,aliás, na Psicanálise: para mais além do princípio do CES Revista, v.21

9 Psicoterapia, psicanálise pura e psicanálise aplicada à terapêutica, p p.222 prazer, para mais além do Outro rumo a S(A), para mais além da demanda e da identificação, rumo ao desejo... O acesso ao gozo é protegido e barrado pelo princípio do prazer, e em troca, para o analisante, é preciso ir mais além do sintoma rumo ao fantasma onde jaz o que move no seu desejo. Nós vemos bem aqui como se correspondem e são homólogas a transgressão do gozo e a travessia do fantasma. É a mesma concepção que sustenta a noção de que é preciso ultrapassar uma barreira para ter acesso ao gozo e que, na análise, é preciso ir além do sintoma para tocar e atravessar o fantasma. São termos que se correspondem, e com a noção de um: até o final. Há aqui, com efeito, uma transmutação, essa transmutação, que se apóia sobre a rejeição do sentido. Não é para se mostrar erudito que Lacan trazia o sinthome, mas para instalar como central na clínica uma instância na qual não se faz mais diferença entre o sintoma e o fantasma (MILLER, 2001, p ). / Operar a Psicanálise no mundo é colocá-la a serviço da clínica. Uma prática que conduz ao inconsciente e à terapêutica é, pois, o que se pode esperar de um psicanalista. Mesmo quando elas [as análises ou intervenções psicanalíticas] não chegam à sua conclusão lógica, desejável, no entanto, os tratamentos obtêm efeitos terapêuticos. Quais são estes efeitos? Seja o apaziguamento do gozo ao qual o sujeito é confrontado, seja o relançamento do desejo quando a libido aparece muito deprimida ou sejam ligados à descoberta de novas identificações, eles derivam sempre da incidência para o sujeito do reconhecimento da fala do Outro. Isto é demonstrável tanto na neurose quanto na psicose. (STEVENS, 1999, p. 17) Assim, não existem contra-indicações para o encontro com um analista que no geral, faz bem (MILLER, 2001, p. 54). Em nome dessa terapêutica do sinthome, não é preciso abandonar seus princípios, deformando seus conceitos (COTTET, 2003, p. 30), mas, sim, inventar, a cada dia, novas táticas visto que a política e a estratégia já estão desde sempre colocadas. O ato do analista se define pela tentativa de fazer existir o inconsciente, de apostar no sujeito frente ao real do gozo, rumo a uma clínica do possível. Lacan já nos apontava que quando o analisante pensa que ele é feliz em viver, é suficiente (LACAN, apud MILLER, 2001, p. 23), e que sabemos que a análise tem bons efeitos, que só duram um certo tempo. Isso 219 Juiz de Fora, 2007

10 Douglas Nunes Abreu não impede que seja uma trégua, e que é melhor do que não fazer nada (LACAN, apud MILLER, 2001, p. 29). Essa terapêutica possibilita pensar a Psicanálise na instituição de saúde mental, já prevista por Freud em 1918, e colocar a Psicanálise ao uso da cidade, sempre a partir de sua condição ética. 220 CES Revista, v.21

11 Psicoterapia, psicanálise pura e psicanálise aplicada à terapêutica, p p.222 REFERÊNCIAS BROUSSE, Marie-Helene. Três pontos de ancoragem. In: MILLER. J.A.; MILLER. J. Pertinências da psicanálise aplicada. 1. ed. Paris: Seuil, (Campo Freudiano) COTTET, Serge. O psicanalista aplicado. In: MILLER. J.A.; MILLER. J. Pertinências da psicanálise aplicada. 1. ed. Paris: Seuil, (Campo Freudiano) DRUMMOND, Cristina. Ética e contra-indicações ao tratamento psicanalítico. In: BARRETO, C.; SANTIAGO, A. L. Agenda. Belo Horizonte: EBP/Minas, 1º semestre de FREUD, Sigmund. Linhas de progresso na terapia psicanalítica. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas, v. XII).. O mal-estar na civilização. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, (Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas, v. XXI). GUÉGUEN, Pierre-Gilles. Quatro destaques sobre a Psicanálise aplicada. In: MILLER. J.A.; MILLER. J. Pertinências da psicanálise aplicada. 1. ed. Paris: Seuil, (Campo Freudiano) LACAN, J. O seminário: livro 5: as formações do inconsciente. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Televisão. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Ato de fundação. In: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003a.. Proposição sobre o psicanalista da escola. In: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003b. MILLER, Jacques-Alain. Psicanálise pura, psicanálise aplicada & psicoterapia. Revista Phoenix, Curitiba, n. 3, NAVEAU, P. A psicanálise aplicada ao sintoma: contexto e problemas. In: 221 Juiz de Fora, 2007

12 MILLER. J.A.; MILLER. J. Pertinências da psicanálise aplicada. 1. ed. Paris: Seuil, (Campo Freudiano) STEVENS, Alexandre. A psicanálise é o contrário de uma psicoterapia. In: JORNADA DA ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE, VI., Textos preparatórios... Salvador: [S.l.], Mimeografado. VIGANÒ, Carlo. A psicanálise aplicada. [S.l.: s.n.], WAINSZTEIN, S. O discurso do mestre. In: VEGH, I. Os discursos e a cura. 1. ed. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, CES Revista, v.21

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