AMBIENTAÇÃO DO ESPAÇO PARA A CRIANÇA PEQUENA: UMA VIVÊNCIA NO CMEI WATER OKANO
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- Manuel Freire de Miranda
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1 AMBIENTAÇÃO DO ESPAÇO PARA A CRIANÇA PEQUENA: UMA VIVÊNCIA NO CMEI WATER OKANO Resumo Luana Carolina da Cruz Cristiane Farias dos Santos Cassiana Magalhaes O ambiente é um grande aliado no processo educativo de crianças pequenas. Nele se constitui interações e brincadeiras propícias para o desenvolvimento saudável da criança. O professor que alicerça sua prática compreendendo o ambiente desta forma traz inúmeros desafios a partir dele, sendo o espaço pensado e transformado constantemente. Em um CMEI de Londrina esta prática vem sendo desenvolvida por educadores e através do PIBID, alicerçado pelo Projeto Piloto de Ambientação do Espaço Pedagógico (PPAEP) que está acontecendo na escola, propiciando um benefício para a criança pequena, concluindo que as mudanças sofridas constantemente pelo ambiente trazem benefícios para o desenvolvimento infantil. Palavras- chave: Ambientação, Espaço, Criança pequena, PIBID. INTRODUÇÃO O Projeto Piloto de Ambientação do Espaço Pedagógico (PPAEP) do MEC desenvolvido no CMEI Professor Water Okano na cidade de Londrina-PR, traz consigo uma proposta de um ambiente acolhedor e facilitador, construído com a participação das próprias crianças. São várias as ações que aproximam a comunidade nas atividades e ações pedagógicas da instituição. No mesmo CMEI, no ano de 2014, iniciou-se um projeto de iniciação à docência da UEL (Universidade Estadual de Londrina), o PIBID (Projeto Institucional com Bolsa de Iniciação à Docência), que participa com atividades e planejamentos em sala e no ateliê. As atividades da escola são voltadas para o desenvolvimento e interação da criança, que ela possa viver em um ambiente alegre, de provocação, estimulação e brincadeiras. Ao pensar em espaço para crianças pequenas onde possam interagir com outras crianças, com vários objetos e com o próprio espaço é preciso uma organização no ambiente proposto, que seja prazeroso e rico em estímulo a fim de desenvolver de maneira sadia ao aprender, interagir, conhecer e brincar. 42
2 A geração de dados aconteceu a partir da observação, a fim de documentar a importância da ambientação para o desenvolvimento das crianças pequenas e disseminar esta prática. No espaço da creche e pré-escola é fundamental que a estimulação provinda da mediação do educador promova o desenvolvimento integral da criança, pois é ele quem organiza intencionalmente o ambiente conforme suas expectativas, concepções de crianças e meios para o seu desenvolvimento. 2 DESENVOLVIMENTO Quando organizamos o ambiente para as crianças, diversos arranjos espaciais são possíveis, assim o adulto fica mais atento as necessidades de cada criança, bem como do interesse coletivo. Estes espaços permitem variadas atividades que são preferidas pelas crianças e também podem ser organizadas usando a criatividade. A valoração ocorre num ambiente criativo, limpo, arejado, sem objetos que coloquem as crianças em risco, que auxiliem em diferentes funções e principalmente para que as crianças entendam o seu mundo e cultura. É preciso que o adulto deixe que as crianças também participem e organizem o espaço, brinquem e criem ambientações propícias ao brincar de modo que seja mais produtivo e confortável para a realização de suas vivências. Wallon (1979) ao descrever o processo de desenvolvimento infantil, enfatiza a ideia de que desde o início do seu desenvolvimento, a criança estabelece uma comunicação com o meio, através da seleção de movimentos do corpo que garantem a sua aproximação do outro e a satisfação de suas necessidades. Uma primeira ideia fundamental para a concepção histórico-cultural é que o desenvolvimento psíquico é um processo que se caracteriza por mudanças qualitativas. Não se trata, portanto, de uma mudança de grau, do menos para o mais, mas de uma mudança de tipo, isto é, mudança na qualidade da relação entre a criança e o mundo. A cada novo período do desenvolvimento infantil, muda a lógica de funcionamento do psiquismo (PASQUALINI, 2009, p.3.). Em relação ao espaço, Zabalza (1987), afirma que na educação é formado por uma estrutura de oportunidades, um fator externo que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento pessoal e o desenvolvimento das atividades de 43
3 ensino. É neste espaço que as interações irão ocorrer, num contexto natural de aprendizagens. O espaço em seu modo de organização estabelecerá entre a criança, o educador e também com os objetos uma relação de reciprocidade, de cumplicidade e de possibilidades do desenvolvimento das potencialidades e habilidades do sujeito. O espaço ambientado também permite interação com a comunidade, podendo resgatar valores das famílias, sua própria identidade e inserindo a creche ou pré-escola em um contexto maior. Os espaços destinados a crianças pequenas deverão ser desafiadores e acolhedores, pois consequentemente, proporcionarão interações entre elas e delas com os adultos. Isso resultará da disposição dos móveis e materiais, das cores, dos odores, dos desafios que, sendo assim, esse meio proporcionará às crianças (HORN, 2004, p. 16). Destaca-se uma diferença entre ambiente e espaço, pois o espaço é algo físico, onde encontramos os brinquedos e equipamentos, já o ambiente é algo mais amplo e inclui o que aquele espaço sugere, onde ocorrem as ações. O ambiente de educação da criança pequena varia muito de cultura para cultura e é através de planejamento adequado, estruturado em uma linha teórica que o trabalho docente reflete resultados positivos. 2.1 Vivências de ambientação no CMEI Este ambiente prazeroso se constrói conforme as crianças interagem uma com as outras neste espaço. A medida que a criança avança em seu desenvolvimento, a relação dela com o meio facilita as formas de discriminação de se comunicar, sendo que o andar e a fala desencadeiam um salto qualitativo, gerando maior autonomia e independência na investigação do espaço e dos objetos que nele se encontram. Os objetos e a organização do espaço constituem, nesse momento, uma oportunidade ou ocasião de movimentação e exploração do corpo e, essa constatação, propicia estudos e discussões pedagógicas sobre o material educativo no processo do desenvolvimento da criança pequena (GARANHANI, 2012, p.65). 44
4 A construção do ambiente advém dos projetos que são desencadeados pela própria criança, ao demostrar interesse e curiosidade por um determinado tema. A educadora atenta, entende isto como uma excelente oportunidade de desenvolvimento infantil. O papel do professor centraliza-se na provocação de oportunidades de descobertas, através de uma espécie de facilitação alerta e inspirada e de estimulação do diálogo, de ação conjunta e da coconstrução do conhecimento pela criança. Uma vez que a descoberta intelectual e supostamente um processo essencialmente social, o professor auxilia mesmo quando as crianças menores aprendem a ouvir outros, a levar em consideração seus objetivos e ideias e a se comunicar com sucesso (EDWARDS, 1999, p.162). Neste espaço, a ambientação é mutável, pois adapta-se ao desenvolvimento do projeto e consequentemente as intervenções das crianças. Destaca-se aqui não a ausência do adulto, professor e sim um adulto dando uma liberdade para as crianças em construção de seu conhecimento, sendo um mediador nas atividades, onde as crianças sejam ativas e participativas. A liberdade para as crianças é algo muito importante, pois elas organizam, pensam, participam com o meio onde estão, se comunicam, aprendem a compreender e conhecer. A autora enfatiza: A sequência e o conteúdo dos estágios do desenvolvimento não só se alteram mas se produzem historicamente, com a mudança do lugar ocupado pela criança no sistema de relações sociais. Não é, portanto, a idade cronológica da criança que determina o período do desenvolvimento psíquico em que ela se encontra, razão pela qual todas as referências que fazemos a idades ao discutir a periodização são relativas e historicamente determinadas (PASQUALINI, 2009, p.6). Deste entendimento, o professor faz a mediação da criança com as relações que estabelece, seja com o objeto, com as pessoas e com o meio. Uma vivência que podemos relatar, foi quando um bebê (12 meses) ao explorar o cesto do tesouro (que faz parte da ambientação da sala), pegou um carrinho de massagem e o observou, levou ao chão e o deslizou. A professora delicadamente retirou o carrinho e passou sobre as costas do bebê, causando sensações que a fizeram encolher-se. Em seguida, a professora entregou o objeto a ela novamente, que repetiu o gesto da professora em seu corpo e também no da professora. Constatamos que a ação da 45
5 professora causou uma mudança de atitude frente ao objeto, sendo assim a mediação responsável pela apropriação do aprendizado. CONCLUSÃO Ao analisar o contexto de ambientação do espaço pedagógico do CMEI, é possível perceber que tem se tornado forte aliado educativo. De fato, não são em todas as salas que a ambientação é percebida, mas na maioria delas. A autonomia das crianças é favorecida por ela, já que podem optar por brincar de algo de seu interesse, pois está ao seu alcance os objetos. A ambientação faz a diferença para as crianças, pois elas se tornam curiosas gostam de explorar, não importando se o trabalho foi grande ou pequeno, a alegria é sempre a mesma, elas mostram um interesse em estar junto ajudando, colaborando de alguma forma, mesmo que seja somente para segurar algum objeto quando solicitada ou para dar sugestões para os educadores e participar da construção de algo. Concluímos desta forma, que a ambientação auxilia grandemente no desenvolvimento das crianças pequenas, sendo o professor o adulto mais experiente que através da intencionalidade faz a mediação entre a crianças, adultos, os objetos e o meio potencializando o desenvolvimento das crianças pequenas. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS EDWARDS, Carolyn. Parceiro, promotor de crescimento e guia os papéis dos professores de Reggio em ação. In: EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem linguagens da criança. A abordagem de ReggioEmilia na Educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, [p ] HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores e aromas: a organização do espaço na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, GARANHANI, Marynelma Camargo. O movimento do Corpo na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: uma linguagem da criança. In: MORO, Catarina de Souza, [et.al] (orgs.) Educação Infantil e anos iniciais do ensino fundamental: saberes e práticas. Curitiba, SEED-PR, PASQUALINI, J. Periodização do desenvolvimento psíquico à luz da Escola de Vigotski: a teoria histórico-cultural do desenvolvimento infantil e suas implicações pedagógicas. Disponível em: 46
6 ZABALZA, M.A. Qualidade em educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, WALLON, H. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Lisboa, Portugal: Moraes,
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