O CONHECIMENTO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DAS HABILIDADES MOTORAS
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- Maria da Assunção de Escobar Amaral
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1 O CONHECIMENTO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DAS HABILIDADES MOTORAS MORO *, Luciana Rodrigues AFONSO **, Carlos Alberto- PUCPR Resumo O conhecimento do professor de Educação Física, no processo de ensino-aprendizagem das habilidades motoras com crianças de a anos de idade, pode acarretar num baixo ou alto desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo. Fatores como estruturação das tarefas motoras, planejamento e concepção sobre ensino-aprendizagem são fundamentais, nas aulas de Educação Física, para que haja o desenvolvimento integral dos alunos. Esta pesquisa teve por objetivo identificar como o conhecimento do professor de Educação Física interfere no processo de ensino-aprendizagem das habilidades motoras. A metodologia foi de natureza qualitativa e a amostra foi composta por professores, formados em Educação Física e atuantes na educação fundamental, 1º e º ciclos da rede de ensino, da cidade de Curitiba. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário, com perguntas abertas e fechadas, que foram tabuladas e geraram gráficos, estes foram analisados e discutidos com a literatura. Após a análise e discussão, chegou-se à conclusão de que os professores que trabalham nas instituições privadas estão mais bem preparados para trabalhar com a faixa etária de a anos de idade. Os professores das instituições públicas demonstram falta de interesse e competência para trabalhar com esta faixa etária. Palavras-Chave: Conhecimento; Habilidades Motoras; Comportamento; Ensino; Tarefas. Introdução As dificuldades que algumas crianças apresentam em realizar algumas tarefas motoras estão diretamente ligadas ao conhecimento do professor de Educação Física, no ensino das mesmas. O conhecimento, a utilização de planejamento e atividades adequadas à idade são fatores relevantes, no processo de ensino. Com estes cuidados, torna-se possível a efetivação do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, sem que, nas próximas séries, ocorram perdas no processo de ensino das habilidades motoras. A utilização do planejamento facilita a progressão * Endereço: Rua Francisco Maravalhas, 15 Jardim das Américas Curitiba/PR ** Professor do Curso de Educação Física da PUCPR
2 11 da metodologia de ensino-aprendizagem do conteúdo a ser trabalhado, contribuindo, de maneira positiva, para a compreensão e efetiva aprendizagem do aluno. O professor deve possuir conhecimento acerca do conteúdo a ser trabalhado e da faixa etária, conhecendo cada aluno e respeitando as suas características individuais. A base do conhecimento declarativo, processual e estratégico deve estar bem sólida, para que seja possível transmitir e receber informações. É fundamental que o professor esteja, constantemente, em busca de novos conhecimentos e atualizações, podendo, desta forma, trabalhar junto ao que o aluno traz do mundo lá fora. O professor deve ser visto como um modelo construtor e facilitador do processo de ensino-aprendizagem e do conhecimento. Referencial Teórico A aprendizagem motora procura explicar o que acontece internamente com o indivíduo, quando passa, por exemplo, de um estado em que não sabia andar de bicicleta para um estado em que o faz com proficiência. É, portanto, uma área de estudo, preocupada com a investigação dos mecanismos e variáveis, responsáveis pela mudança no comportamento motor do indivíduo. O processo de aprendizagem motora é uma ação considerada contínua, no desenrolar da vida dos seres humanos. Para que isso ocorra de forma integral, é necessária a intervenção de um profissional de Educação Física, sendo este competente e responsável no processo de ensino-aprendizagem das habilidades motoras. A aprendizagem motora refere-se a ganhos relativamente permanentes em habilidades motoras, associados à prática ou experiência (SCHIMIDT & LEE, 1999, apud HAYWOOD & GETCHELL, 1, p. 19). Portanto, todas as pessoas são capazes de realizar um gesto motor. Porém, cada uma possui diferenças, características e comportamentos que poderão acarretar num alto ou baixo nível. Cabe ao educador, planejar, adequar, criar e adaptar novas situações para melhorar a qualidade das tarefas de aprendizagem. Para que haja um retorno no processo de ensino aprendizagem das habilidades motoras, é fundamental que o professor colabore e incentive a aquisição de qualidade de movimento, a fim de obter sucesso nas tarefas motoras. As relações humanas são fundamentais, na realização comportamental e profissional de um indivíduo. A educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e de valores para os seres humanos. Neste sentido, a interação professor/aluno caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização e didática para facilitar o aprendizado dos
3 1 alunos e a demonstração dos mesmos. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge naturalmente, nos alunos, pois não é uma tarefa que cause satisfação. Ao contrário, muitas vezes, torna-se obrigação. É necessário que o professor tenha conscientização de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto a novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização. É considerado desenvolvimento motor o período que vai da concepção até a morte, junto a mudanças na organização e ao comportamento motor, dividido por faixas etárias. Segundo Piaget (3) apud Neira (3, p.79), é primordial estar atento às quatro fases de desenvolvimento, tais como: -Sensório-motor: estágio de reflexos inatos, manipulação dos objetos (/ anos). -Pré-operatório: desenvolvimento da linguagem, interação com outras crianças, por meio de brinquedos, desenvolvimento afetivo e moral, pensamento social (/7 anos). -Operatório-concreto: capacidade para refletir, discutir e conversar, passagem do egocentrismo à cooperação social (7/1 anos). -Operatório-formal: capacidade para entender teorias abstratas e para construir teorias abstratas, estender seu pensamento até o infinito (1 anos...). Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia. De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas quatro fases na mesma seqüência. Porém, o início e o término de cada uma delas pode sofrer variações, em função da característica da estrutura biológica. O conhecimento é uma busca diária, não só encontrado em meios acadêmicos, como também em livros, conversas, jornais, sites e, especialmente, vivenciado na rotina que sempre está à procura de novas experiências e perspectivas. Além de apresentar conhecimento, o educador deve reconhecer que as suas referências devem ser ampliadas e analisadas, ou até mesmo substituídas por novas fontes.
4 13 Quando se refere a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos, o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens. Porém, como todo produto é indissociável de um processo, podem-se então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual. Existe uma classificação para a base do conhecimento que está dividida em três partes: declarativo que é conhecer a informação; processual que é saber como fazer algo de acordo com as regras específicas; estratégica que é o conhecimento de regras em geral, que podem ser generalizadas para outros domínios do conhecimento. Chi (191, apud HAYWOOD & GETCHELL,, p.5) diz que, uma base de conhecimento é a quantidade de informação que uma pessoa possui sobre um tópico específico. Nas décadas de 7 e, a formação do profissional de Educação Física estava diretamente ligada ao esporte, visando um único objetivo, o de ensinar as habilidades motoras fundamentais, a fim de selecionar os alunos com maior rendimento para participar da equipe da instituição. A partir dos anos 9, surgiu uma enorme mudança no currículo da Educação Física. Esta fase estava intimamente voltada ao aprender e ensinar. Nesse contexto, o conhecimento teórico é fundamental, à medida que transmite o processo de ensino-aprendizagem. Após esta fase, o perfil do profissional de Educação Física passou a ter maior importância e valor, no que diz respeito ao currículo e representação, perante à sociedade. A partir de 199, a Educação Física passou a ser um componente obrigatório no currículo da educação básica, sendo integrada à proposta pedagógica da escola. Dessa forma, as aulas de Educação Física passaram a ser elaboradas, de acordo com o desenvolvimento psicomotor e com a faixa etária a ser trabalhada. Os PCN s (Parâmetros Curriculares Nacionais), estabelecidos pelo MEC, estão classificados, segundo a fase escolar do aluno. Tal documento serve de orientação para o planejamento das aulas de Educação Física. Metodologia Para este estudo, optou-se por uma metodologia de natureza qualitativa que, conforme Thomas & Nelson (, p. 35), envolve: observação longa e intensiva em um ambiente
5 1 natural; registro preciso e detalhado do que acontece em um ambiente; interpretação e análise de dados, utilizando descrição, narrativas, citações, gráficos e tabelas. A amostra foi composta por 3 professores, formados e licenciados em Educação Física, de ambos os gêneros, todos trabalhando com a Educação Fundamental, 1º e º ciclos da rede estadual, municipal e privada, da região leste, da cidade de Curitiba, com idade compreendida entre 5 e 5 anos. As instituições foram escolhidas, de maneira aleatória. Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas. Durante um mês, foram observadas as aulas de Educação Física, o comportamento dos alunos e o planejamento do professor. Resultados Alcançados Por meio dessa pesquisa, foi possível perceber que os professores de Educação Física escolar pesquisados -, não estão preparados ou estimulados a trabalhar com crianças na faixa etária de a anos. Percebe-se a diferença entre os professores da rede pública e privada. Os professores da rede pública apresentaram um perfil inadequado para atuar com a Educação Física, no ensino fundamental. Foram detectadas as seguintes características: desinteresse, falta de compromisso, desmotivação e incentivo à docência, acarretando prejuízo aos alunos. Por outro lado, os professores da rede privada apresentam um perfil mais adequado, ou seja, encontram se mais bem preparados para desenvolver os objetivos da Educação Física e proporcionar uma formação mais completa. Questão 1 Há quanto tempo você é formado? Questão Qual é a sua formação? Número de pessoas 1 a 3 anos a 5 anos a 9 anos + de anos 15 5 Número de pessoas Liceciatura Plena antiga Bacharelado Licenciatura
6 Questão3 Questão Você possui titulação de especialização? Qual a sua área de maior interesse? Se sim, especifique. 1 1 Sim Não 15 5 Na Ed. Fís Escolar Lazer Qual. de Vida Trein. Desportivo Outros Questão 5 Questão O conhecimento que você possui é Você utiliza os PCN s para a elaboração proveniente de quais fontes? de suas aulas? Justifique. 1 1 Livros Pesquisa Artigos Outros Obs: esta questão possui mais de uma resposta 1 1 Sim Não Questão 7 Você segue algum planejamento semanal, mensal ou bimestral? Se sim, o que você leva em consideração, na elaboração do planejamento? 15 5 Sim Não
7 11 Considerações Finais Conclui se, com esta pesquisa, que a falta de materiais e condições dos espaços físicos das instituições acabou por desmotivar e acomodar os professores que trabalham, na rede municipal e estadual. As aulas acabam sendo livres, nas quais o professor só tem o trabalho de soltar a bola. Sendo assim, os objetivos e a finalidade da Educação Física deixam de ser cumpridos, acarretando, futuramente, numa dificuldade motora, afetiva e cognitiva. Ficou evidente que estes profissionais ocupam este espaço, a fim de garantir uma estabilidade financeira. Por outro lado, os professores que trabalham em instituições privadas demonstram maior cuidado e preparo ao trabalhar com a faixa-etária de a anos de idade. O desenvolvimento integral dos alunos é prioritário e a Educação Física tem um valor cultural e social fundamental na vida das crianças das escolas particulares. REFERÊNCIAS AFONSO, Carlos Alberto; GRAÇA, AMÂNDIO; KREBS, RUY JORNADA; UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. O conhecimento do treinador a respeito das metodologias de ensino e treino do voleibol na formação p. Tese - Universidade do Porto, 1. BRASIL; Ministério da Educação e do Desporto; Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais.. ed. Brasília: SEF,. v.. GALLAHUE, David L. Compreendendo o Desenvolvimento Motor.. ed. São Paulo: Phorte Editora Ltda, 3. 1 p. HAYWOOD, Kathleen M., GETCHELL, Nancy. Desenvolvimento Motor ao Longo da Vida. 3. ed. São Paulo: Artmed,. 3 p. MAGILL, Richard A. Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. 5ª ed. São Paulo: Editora Edgar Blücher Ltda,. 39 p. Revista Espaço Acadêmico N o 5, Setembro, 5 mensal, disponível em acessado em 1//. A relação professor/aluno no processo de ensino aprendizagem. RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas,. 11 p. THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed,. 19 p.
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