DOURO - Uso seguro para os Viticultores
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- Júlio César Castelhano Cordeiro
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1 DOURO - Uso seguro para os Viticultores O que queremos dizer quando falamos em Uso Seguro de um produto fitofarmacêutico? Há várias perspetivas segundo as quais podemos abordar este tema, mas do ponto de vista do Viticultor, os critérios mais importantes para avaliar a segurança são: Segurança para o aplicador - entende-se aqui que o Viticultor espera que o produto não provoque nenhum efeito inaceitável sobre a saúde de quem aplica os produtos fitofarmacêuticos, quer após a aplicação mas também a longo prazo. Este aspecto de segurança para o aplicador é salvaguardado em todo o processo de registo do produto junto das entidades oficiais (DGAV). Para obter o registo do produto, foi necessário a SAPEC Agro demonstrar que a aplicação do produto de acordo com as condições do rótulo não tem efeitos a curto e longo prazo sobre os aplicadores. Eficácia do produto - pode parecer estranho falar da eficácia no contexto do Uso Seguro. Mas entendemos que num sentido mais lato, o Viticultor tem que ter a segurança de que o DOURO vai de facto exercer o efeito que se pretende sobre o oídio. Ou seja, o produto tem que ser eficaz quando é aplicado. Segurança no pós-colheita - atualmente é fundamental para a maioria dos agricultores a garantia que podem comercializar os alimentos que produzem, sem qualquer tipo de entraves ou limitações resultante do resíduos dos produtos fitofarmacêuticos aplicados. Mas, de um ponto de vista mais abrangente, podemos também dizer que é importante que o produto seja seguro para os trabalhadores que entram na vinha após o tratamento, para as pessoas que podem estar na vizinhança dos campos durante a aplicação, para os consumidores dos produtos agrícolas tratados e para o ambiente considerando sobretudo as águas subterrâneas e todos os organismos não visados. Em todos estes pontos o DOURO (penconazol) é seguro para o Viticultor. No processo de registo do DOURO, a Sapec Agro apresentou informação junto das autoridades competentes que permitiu avaliar as condições de uso. A autorização emitida pela DGAV para comercialização de um produto só é atribuída após uma cuidada avaliação de risco, concluindo-se que é seguro aplicar o produto desde que se respeite todas as indicações expressas no rótulo.
2 Segurança na pós-colheita Considerando algumas questões que surgiram na campanha passada sobre resíduos em vinhos para exportação, entendemos ser conveniente prestar alguns esclarecimentos sobre o tema. Os Limites Máximos de Resíduos ou LMR (conhecidos nos USA como Import Tolerance ) são valores definidos pelas autoridades competentes para garantir a segurança dos consumidores. Mas é importante salientar que o principal motivo pelo qual são estabelecidos, é para verificar o uso correto do produto em cada uma das culturas. Ou seja quando um produto é aplicado de acordo com as indicações do rótulo, os resíduos á colheita são sempre abaixo do LMR fixado. O uso incorreto do produto, com doses mais altas, maior número de aplicações ou desrespeito pelo Intervalo de Segurança, podem originar resíduos acima do LMR. Na União Europeia, os LMR são propostos pela EFSA (Agência Europeia para a Segurança Alimentar) e depois publicados em Regulamento pela Comissão Europeia. A nível mundial há 3 organismos que estabelecem LMR: Europa - EFSA USA - FDA FAO/OMS - Codex Os valores estabelecidos no Codex, são geralmente aceites em todo o mundo. A única excepção a esta regra são os USA, que participam nas reuniões do Codex com os seus peritos, mas depois não aceitam oficialmente os valores estabelecidos. No caso concreto do penconazol, está estabelecido um LMR em uvas pela EFSA e pelo Codex, que é em ambos os casos 0,2 mg/kg. Para os USA não está fixado um LMR para penconazol, pelo simples facto de o penconazol nunca ter sido registado neste país. Na ausência de valor fixado, para a importação de alimentos, as autoridades dos USA (FDA) aceitam o valor do limite de determinação analítica, normalmente de 0,01 mg/kg, como o valor de referência: valores abaixo deste são considerados como não tendo resíduos. É assumido pelos toxicologistas que o valor de 0,01 mg/kg para a maioria dos produtos (excepto produtos extraordinariamente tóxicos) é tão baixo que há a garantia de não produzirem nenhum efeito negativo sobre os consumidores. No entanto, atualmente existe equipamento de análise e métodos analíticos que podem determinar valores mais baixos da ordem de 0,003 mg/kg.
3 penconazol - resíduos em uvas e vinho Dada a incerteza existente quanto aos níveis de resíduos em vinhos, na perspetiva da exportação para os USA, procurámos estabelecer um programa de estudos para avaliar a situação e contribuir para esclarecer esta questão no curto prazo. Efeito da Vinificação sobre os resíduos de penconazol No processo de registo do DOURO (penconazol), estão disponíveis estudos que permitem esclarecer o que sucede com os seus resíduos após a vindima durante o processo de vinificação. Dada a elevada lipofilidade desta substância ativa (penconazol), a maioria dos resíduos encontra-se fixado nas ceras e gorduras dos tecidos vegetais. Por isso, quando na transformação das uvas em mosto, verifica-se uma redução de cerca de 3 vezes nos níveis de resíduos. A maioria dos resíduos fica na pele dos bagos e engaço, não transitando para o mosto. Quando se dá a fermentação e clarificação do vinho, há novamente uma redução de cerca de 3 vezes nos níveis de resíduos. Assim, quando passamos das uvas à colheita para o vinho, há uma redução de pelo menos oito vezes nos valores de resíduos de penconazol, apresentando o vinho valores oito vezes menores de resíduo do que as uvas tinham na colheita.
4 Curvas de degradação de resíduos Para saber qual a curva de degradação do penconazol em uvas, realizou-se um programa de estudos de resíduos em Portugal, nas principais áreas de produção nacional. Foram concretizados diversos ensaios (8 locais), sendo as aplicações efetuadas com as condições mais favoráveis para a deteção de resíduos: - 2 a 3 aplicações na dose de 350 ml de DOURO /ha - Intervalo de 7 dias entre aplicações - Última aplicação ao fecho dos cachos Para a determinação do resíduo nas uvas foram recolhidas amostras de cachos com diferentes intervalos até 45 e 60 dias após a última aplicação. Os resultados dos ensaios podem ser resumidos na curva que apresentamos de seguida. mg/kg 0,160 0,140 0,120 0,100 0,080 0,060 0,040 0,020 0,000 Resíduos de penconazol em uvas Dias após a última aplicação Limite para resíduos detectáveis em vinho (< 0,003 mg/kg) No gráfico, a linha azul representa a média do valor do resíduo e as linhas verticais o desvio padrão. A linha vermelha representa o nível abaixo do qual os resíduos em uva (0,024 mg/kg) vão originar vinhos com resíduos abaixo dos 0,003 mg/kg, como resultado do processo de vinificação que permite uma redução de pelo menos 8 vezes do nível de resíduos no vinho. Como se pode comprovar pela avaliação da degradação do penconzaol na uva, assegurando um intervalo de 45 ou 60 dias entre a última aplicação e a colheita, os resíduos nas uvas vão ser muito baixos, sempre abaixo de 0,006 mg/kg.
5 Conclusões Após a última aplicação, o penconazol degrada-se de forma relativamente rápida nas uvas, verificando-se a presença de resíduos muito baixos ou não detetáveis: - 45 dias após a última aplicação os resíduos em uvas são inferiores a 0,006 mg/kg dias após a última aplicação os resíduos em uvas são inferiores a 0,003 mg/kg (limite de deteção analítica). Por outro lado, tendo em conta que durante o processo de vinificação os resíduos de penconazol se reduzem pelo menos oito vezes no vinho, podemos afirmar que ao aplicar o DOURO de acordo com as boas práticas recomendadas no rótulo, ou seja, o máximo de 3 aplicações com 14 dias de intervalo e a dose máxima de 350 ml de fungicida ha, assegurando a última aplicação ao fecho dos cachos (pelo menos 45 dias antes da colheita), não há qualquer risco de deteção de resíduos de penconazol em vinhos. Quando usado correctamente, o penconazol é seguro para o Viticultor.
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