CARTA DE PORTO SEGURO 5º CONGRESSO NORTE NORDESTE DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
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- Miguel Amaral Correia
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1 CARTA DE PORTO SEGURO 5º CONGRESSO NORTE NORDESTE DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE Os Secretários e Secretárias Municipais de Saúde das Regiões Norte e Nordeste estiveram reunidos no Centro de Convenções de Porto Seguro, em Porto Seguro, Bahia, para o 5 O Congresso Norte e Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, com o tema Governança Regional na Saúde: Desafios para a Gestão Municipal, nos dias 03 a 06 de maio de Tendo se consolidado como um dos maiores e mais importantes eventos da área da gestão pública municipal no âmbito da saúde, nas Regiões Norte e Nordeste brasileira, o Congresso teve como objetivo aprofundar o diálogo sobre os principais desafios enfrentados na gestão municipal, além de produzir reflexões e trocas de experiências entre gestores que atuam na saúde, trazendo contribuições para a construção do SUS nas Regiões. Os Conselhos das Secretarias Municipais de Saúde dos estados das regiões Norte e Nordeste, têm como missão representar e apoiar de forma propositiva os municípios a eles adscritos, na qualificação e fortalecimento da gestão compartilhada do SUS, tendo como meta principal apoiar as ações que implicam na melhoria da atenção à saúde do povo brasileiro. As Regiões Norte e Nordeste do Brasil têm especificidades que necessitam buscar novos mecanismos na estrutura organizativa e de gerenciamento do SUS, portanto, as diretrizes das políticas públicas de saúde devem ser adequadas a essas singularidades, na repactuação e distribuição dos recursos financeiros para operacionalização das ações e serviços públicos de saúde. Os Secretários e Secretárias Municipais de Saúde reafirmam o cumprimento dos dispositivos constitucionais do SUS, bem como apoiam e defendm a proposta de nova regulamentação de transferências federais em conta única para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde nas categorias econômicas de custeio e capital, pactuada na primeira reunião ordinária da Comissão intergestores Tripartite CIT DE Mais do que nunca, tem sido imprescindível o esforço dos gestores no sentido de articular a política de saúde pública, com vistas ao alcance de soluções para os graves problemas existentes, de forma a conquistar avanços para o SUS nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, assim, apresentamos as deliberações que nortearão a atuação dos 16 COSEMS e das Secretarias Municipais de Saúde das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, que juntas representam 36% da população brasileira, 40% dos municípios brasileiros e 64% do território nacional: 1
2 1. Fortalecer a participação da comunidade no SUS como importante forma de democratização da gestão, considerando a equidade nesta participação e a dificuldade de acesso das populações domiciliadas e residentes em áreas longínquas, as comunidades quilombolas, ribeirinhas, fluviais e indígenas, mobilizando a sociedade do Norte e Nordeste para a sustentabilidade econômica e política do SUS; 2. Estabelecer novos fluxos que obedeçam à responsabilidade solidária entre os entes federativos pela garantia do direito à saúde; 3. Fortalecer a Política Nacional de Promoção da Saúde com equidade, qualificando as ações intersetoriais que atuem nos determinantes sociais da saúde, na perspectiva de promover a melhoria da qualidade da atenção à saúde; 4. Priorizar os Determinantes Sociais e as Especificidades das Regiões Norte e Nordeste, conforme a Política de Promoção da Saúde, respeitando os aspectos econômicos, culturais, sociais e simbólicos de abrangência da saúde coletiva para a população; 5. Propor ao Ministério da Saúde o fortalecimento dos seus Núcleos Estaduais, concedendo-lhes maior resolutividade, estabelecendo parceria com os COSEMS e as SES acerca das estratégias de apoio às gestões regionais; 6. Fortalecer a gestão colegiada do SUS integrando os COSEMS do Norte e Nordeste através do projeto apoiadores para a consolidação das Regiões de Saúde; 7. Estimular e priorizar a Agenda da Regionalização e Planejamento Integrado, com vistas ao cumprimento da legislação vigente, garantindo financiamento tripartite; 8. Apoiar a implantação / implementação de sistema de planejamento com pessoas capacitadas, para assessoramento ao Gestor municipal; 9. Fomentar tecnologias alternativas sustentáveis para implementação do Sistema Único de Saúde nas diferentes regiões de saúde do país; 10. Institucionalizar um sistema integrado de gestão com foco no desenvolvimento de uma rede de cooperação técnica inter-regional; 11. Promover a atualização da PPI X PGASS como instrumento de organização do SUS; 12. Demandar ao Ministério da Saúde o aumento imediato do TETO MAC para o Norte e Nordeste de acordo com o critério de rateio; 13. Promover a revisão da política de financiamento da rede hospitalar pública do norte e nordeste estagnada há mais de 10 anos; 14. Ampliar o acesso assistencial às redes e linhas de cuidado (oncologia, cardiovascular, neurologia / neurocirurgia, nefrologia, e ortotraumatologia), contemplando o financiamento desses serviços com critérios regionais; 15. Promover a reestruturação da rede assistencial, visando à diminuição da taxa de mortalidade, bem como, sequelas relativas ao AVC e implantar o uso de trombolíticos recomendados pelo MS (Acteplase) em todos os SAMU 192; 2
3 16. Recomendamos implantação imediata de protocolos clínicos terapêuticos em toda a rede de saúde, com trabalho de divulgação e educação permanente multiprofissional desde a Atenção Básica; 17. Fortalecer a estratégia de Cirurgias Eletivas para atendimento das demandas dos municípios, garantindo recurso orçamentário/financeiro federal para sua execução; 18. Reafirmar a direção única sobre prestadores de serviço em cada esfera de governo como um princípio inegociável do SUS e pré-condição para a governança regional da rede de atenção à saúde; 19. Vincular os Protocolos de Cooperação entre Entes Públicos PCEP às regras de contratualização de serviços de saúde no SUS; Pactuar política de financiamento equitativo para garantia das ações e serviços de saúde no âmbito do SUS, observando o tratamento diferenciado que visa à redução das desigualdades regionais, como previsto na Constituição Cidadã; 22. Definir os critérios de rateio para repasse de recursos, como determina a Lei Complementar 141/2012; 23. Defender uma reforma tributária equânime que garanta justiça fiscal para os municípios brasileiros; 24. Definir estratégias para enfrentar o subfinanciamento da saúde; 25. Valorizar a utilização global dos recursos de acordo com o planejamento local, visando ao cumprimento de metas e alcance dos resultados previstos no plano de saúde local; 26. Revisar as estratégias de implantação do PEC Eletrônico ampliando a disponibilidade pelo MS de uma rede de internet, bem como a abertura pelo FNS de proposta para aquisição dos equipamentos e qualificação dos profissionais que utilizarão o sistema; 27. Definir estratégias nos processos de Educação Permanente que qualifiquem gestores, equipes gestoras e profissionais dos diversos níveis de complexidade do sistema, priorizando as necessidades pactuadas nas Comissões Intergestoras Regionais (CIR); 28. Garantir recursos financeiros para viabilização das estratégias de EPS, com vistas ao fortalecimento político e técnico dos COSEMS para atuação nos espaços das Comissões Intergestoras Bipartite e Regionais, com vistas à participação dos gestores nessas instâncias; 29. Estabelecer mecanismos de pactuação entre municípios de regiões fronteiriças internacionais, com garantia de financiamento dos países envolvidos, visando à inclusão e ampliação do acesso à saúde para a população; 30. Lutar pelo fortalecimento, continuidade e ampliação do Programa Mais Médicos para o Brasil, estratégico na ampliação e qualificação da atenção básica nos municípios em todo o território brasileiro especialmente nas regiões Norte e 3
4 Nordeste. Neste contexto rever os critérios de reposição para minimizar a descontinuidade na prestação dos serviços. 31. Fortalecer e legitimar as Comissões de Coordenação Estadual do Programa Mais Médicos, inclusive contemplando as questões de educação permanente em saúde EPS para os profissionais. Apoiar a elaboração de publicações que registrem o impacto do programa no cotidiano da saúde nos municípios, visando à gestão do conhecimento produzido pela experiência; 32. Ampliar a implantação de novas escolas médicas de acordo com as diretrizes do Programa Mais Médicos para o Brasil; 33. Fortalecer o modelo de atenção básica promovendo a integração entre vigilância em saúde e atenção básica e criar um perfil único de Agente de Saúde; 34. Solicitar ao MS a reabertura, pelo FNS, de propostas para aquisição de Unidades Móveis para a assistência, observando as especificidades de acesso em cada região; 35. Reivindicar ao Ministério da Saúde a garantia de investimentos em sistemas de transporte sanitário para: urgência, emergência, Tratamento Fora de Domicílio - TFD, e aeromédico nas regiões Norte e Nordeste; 36. Estabelecer mecanismos de flexibilização nos projetos arquitetônicos das unidades básicas de saúde para contemplar as especificidades regionais, em especial nas áreas indígenas, ribeirinhas e cidades históricas; 37. Reinvindicar o financiamneto de novas unidades de saúde fluviais; 38. Investimento do Ministério da Saúde na ampliação de estruturas físicas de unidades de saúde indígena nas aldeias do Norte e Nordeste,ampliando o acesso aos serviços de atenção básica nos povos indígenas; 39. Aperfeiçoar as análises e monitoramento das notificações epidemiológicas, objetivando as tomadas de decisões junto a Gestão, ampliando a oferta de capacitações dos profissionais para melhoria da qualidade dos indicadores; 40. Reivindicar a atuação e intervenção do Ministério da Saúde na regulação do mercado de medicamentos com vistas a garantir o provisionamento oportuno dos medicamentos no âmbito do SUS; assim como a revisão e correção imediata do per capta da assistência farmacêutica; 41. Universalizar o QUALIFARSUS, incluindo os Investimentos do Eixo Estrutura e do Cuidado, prioritariamente para os municípios das Regiões Norte e Nordeste; 42. Apoiar a realização de estudos sobre fitoterápicos para que comprovem sua qualidade, segurança e eficácia, levando benefícios do uso de plantas medicinais e fitoterápicas para o Sistema de Saúde Pública; 43. Manter agenda permanente de reuniões entre SESAI, SGEP e SAS/MS com o CONASS, CONASEMS, SES e os COSEMS, para aprofundar o tema da saúde indígena, de populações fluviais, ribeirinhas e quilombolas, garantindo a integralidade da atenção e a universalidade do acesso às ações e serviços de saúde dessas populações, conforme responsabilidades de cada ente federativo; 4
5 44. Reiterar o compromisso com a saúde indígena e das minorias, em especial com os povos da Região Norte e Nordeste e em defesa da integração do SASI (Subsistema Atenção à Saúde Indígena) com o SUS (Sistema Único de Saúde) e, desta forma, garantir a interoperacionalidade do E-SUS com o SIASI (Sistema de Informações em Saúde Indígena); 45. Dar visibilidade à Saúde Indígena nas Políticas Nacionais de Saúde, promovendo a participação das representações da população indígena nas instâncias de controle social nos municípios e estados; 46. Manter e melhorar o processo de trabalho das equipes de Atenção Básica nas aldeias, com investimentos emergenciais para a qualificação do atendimento aos povos indígenas, apoiando melhorias sanitárias domiciliares e monitorando a água para consumo humano respeitando cultura local; 47. Ampliar o diálogo entre os Ministérios da Saúde e da Educação na regulação dos currículos da formação em saúde e na integração ensino e serviços; 48. Ampliar o diálogo com as categorias profissionais de saúde e os gestores do SUS; 49. Promover a vinculação das Emendas Parlamentares aos Planos Municipais de Saúde, como estratégia para atender às deliberações do controle social do território municipal. E VIVA O SUS!!!!!! Porto Seguro, 06 de maio de 2017 Stela Souza Presidente do 5º Congresso Norte e Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde 5
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