COMÉRCIO JUSTO: Princípios e prática. Oficina do Grupo Geração de Trabalho e Renda
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- Lucas Gabriel Esteves Escobar
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1 Oficina do Grupo Geração de Trabalho e Renda Setembro 2010
2 O que é O Comércio Justo busca o desenvolvimento sustentável, especialmente de comunidades empobrecidas, e abre oportunidades para que pequenos produtores e artesãos comercializem seus produtos no mercado de uma maneira justa. Isso significa uma troca comercial onde prevalece o diálogo, a transparência, o respeito e, sobretudo, a justiça social. O respeito ao meio ambiente, a participação das mulheres e o combate à exploração do trabalho infantil também são premissas básicas. 2
3 Princípios Para que o Comércio Justo aconteça, é preciso que o produtor atenda a alguns princípios: 1 - Fortalecimento da democracia, respeito à liberdade de opinião, de organização e de identidade cultural, na constituição, na gestão e no desenvolvimento de grupos produtores e prestadores de serviços ligados ao Comércio Ético e Solidário (CES). 2 Condições justas de produção, agregação de valor e comercialização, visando à sustentabilidade socioambiental da cadeia produtiva. 3 - Apoio ao desenvolvimento local e sustentável, de forma comprometida com o bem-estar socioeconômico da comunidade e com sua sustentabilidade. 3
4 Princípios (cont.) 4 - Respeito ao meio ambiente, por meio do fomento a práticas mais responsáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente. 5 - Respeito aos direitos das mulheres, das crianças, dos grupos étnicos e dos trabalhadores, promovendo equidade de gênero e de etnias. 6 - Informação ao consumidor, para garantir transparência na cadeia comercial e educação para o consumo responsável, além de estimular uma aproximação maior entre produtores e consumidores, artesãos e pequenos empreendedores urbanos e rurais. 4
5 Compromissos Para consolidar e fortalecer o Comercio Justo e Solidário é preciso que produtores e consumidores assumam alguns compromissos: Produtor - organizar-se democraticamente; - praticar o preço justo; - contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade; - desenvolver atividades sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental e respeitar a legislação; - aprimorar as condições de trabalho, orientando-se pelos padrões mínimos da Organização Internacional de Trabalho; - não envolver crianças na produção; - valorizar igualmente o trabalho de mulheres e homens; - não permitir discriminação por raça, religião, posição política ou qualquer outra. 5
6 Compromissos (cont.) Consumidor - comprar de pequenos produtores, evitando ao máximo os intermediários; - pagar preço justo, que cubra os custos de produção e uma margem para investimentos; -fazer adiantamentos para evitar que os produtores tenham que pedir empréstimos; - privilegiar os produtos orgânicos e artesanais; - estabelecer relações comerciais de longo prazo.
7 Desafios Além dos compromissos básicos, o produtor deve buscar: - formalizar seus empreendimentos; - buscar assessoria técnico-profissional e cursos para melhorar o processo produtivo; - buscar linhas de crédito que permitam acesso à tecnologia e equipamentos; - desenvolver a cultura cooperativa e associativa; - criar canais de aproximação com os consumidores finais; - produzir também para mercado local. 7
8 Desafios (cont.) Como vimos, é muito importante desenvolver a cultura cooperativa e associativa para atuar no Comércio Justo. Assim, você se fortalece e ajuda sua comunidade a crescer. Depois de criar sua cooperativa ou associação, procure: - ter uma administração transparente e democrática; - cumprir seu estatuto e/ou regimento interno na tomada de decisões, no gerenciamento de recursos e na definição de ações; - fazer com que todos os integrantes de sua organização participem da gestão das atividades econômicas e de seus resultados; - cuidar da limpeza e segurança dos locais de produção e atender a todas as normas de segurança. 8
9 Desafios (cont.) Outro cuidado importante é com o meio ambiente: - reduzir o uso de insumos não renováveis; - estimular práticas de reutilização e reciclagem; - não utilizar material que contenha Organismos Geneticamente Modificados, os chamados transgênicos, na sua produção; - estimular a produção de base agroecológica e orgânica; -utilizar materiais biodegradáveis em seu processo produtivo. 9
10 Preço O preço é algo muito importante quando falamos de Comércio Justo e Solidário. Ele deve ser capaz de remunerar com justiça o produtor, e sua composição deve ser transparente para o consumidor, ou seja, ao comprar um produto, o consumidor deve saber qual o percentual que ficará com o produtor e quanto caberá ao revendedor ou ao lojista, se for o caso. É importante também que o produtor tenha condições de pagar o preço final de seus produtos. O Preço Justo é definido através do diálogo e da participação dos envolvidos e deve incorporar o custo real do produto ou serviço e os impactos socioambientais. 10
11 Preço (cont.) O ideal é que na definição do preço do produto seja assegurada uma relativa igualdade de ganhos aos vários agentes que participam da cadeia produtiva. Na economia capitalista, o produtor recebe muito pouco pelo que produz, e o consumidor paga um preço muito caro: Produtor - Comerciante Especulador - Consumidor $ $$$ $$$$ $$$$$ No Comércio Justo e Solidário, todos devem ser contemplados com justiça: Produtor - Comerciante Consumidor $$ $$ $$ 11
12 Preço (cont.) Para formar o preço dos seus produtos, procure responder as perguntas abaixo: - Você e seus companheiros conhecem a composição de custos de cada etapa do seu processo produtivo? - Como é definido o preço final do seu produto? O processo é transparente, ou seja, todos sabem o que está embutido naquele preço? - A renda obtida com a venda de seus produtos é capaz de satisfazer as necessidades básicas de todos os envolvidos no processo produtivo? - Você e seus companheiros têm condições de pagar o preço final de seus produtos? - Se vocês têm empregados, todos são pagos de forma justa? - Você embute no preço um valor para alimentar um fundo que possa ser usado em benefício da comunidade? Estas são algumas questões nas quais você deve pensar antes de definir o preço final de seus produtos.
13 Consumidor Consciente Um dos entraves para o crescimento do Comércio Justo e Solidário é a divulgação das vantagens e benefícios desta forma de comercialização para toda a sociedade. É importante estimular o consumo ético e responsável para atrair novos consumidores. O consumidor ético costuma: - dar preferência aos produtos feitos por associações e cooperativas que integram o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário; - não consumir produtos que agridam o meio ambiente, dando preferência aos produtos orgânicos; - pesquisar as empresas que produzem os produtos que mais consome para saber se utilizam trabalho infantil; se têm práticas trabalhistas adequadas e se atuam de forma socialmente responsável; 13
14 Comercialização A agricultura familiar e a economia solidária são potenciais produtores do Comércio Justo. Mas, em geral, ambos têm dificuldades de encontrar formas de comercialização que garantam sua sustentabilidade financeira. Assim, está sendo consolidado no Brasil o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS), que visa, entre outras coisas, criar canais alternativos de comercialização e melhorar a capacidade organizacional desses grupos, fomentando o projeto político de re-distribuição de renda e quebra do ciclo de exploração do trabalho e dos recursos naturais, que permeia os padrões de produção e consumo atuais. No entanto, é preciso entender que vender não significa apenas levar seu produto ou serviço ao consumidor. 14
15 Comercialização (Cont.) Vender bem requer uma ação planejada e consciente que demonstre na prática a atenção à qualidade, às embalagens e rótulos, ao desenvolvimento e execução de estratégias de marketing, ao respeito aos direitos do consumidor etc. Com produtos ou serviços que cumpram esses requisitos, você pode buscar os vários canais de comercialização utilizados pelo Comércio Justo e Solidário tais como: Feiras Pontos fixos de comercialização solidária Grupos ou cooperativas Compras públicas E-commerce
16 Certificações O Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS) está na Casa Civil aguardando aprovação como Decreto Presidencial. Criado para viabilizar o Comércio Justo no país, ele já está concedendo dois tipos de selos: Selo Organizacional pode ser utilizado em materiais de comunicação e divulgação, como folders, panfletos, websitios, catálogos. É um atestado de que o empreendimento atende aos princípios e critérios organizacionais do Comércio Justo e que tem intenção de praticar uma nova economia. Para obtê-lo é preciso procurar a Comissão Gestora Nacional do SNCJS. Selo de Produto / Serviço - pode ser utilizado no rótulo ou embalagem dos produtos ou serviços, atestando que foram produzidos segundo os princípios do Comércio Justo. Para obtê-lo é preciso submeter os produtos/serviços à avaliação da conformidade feita por uma entidade credenciada. 16
17 Certificações (cont.) FLO (Fairtrade Labelling Organizations) é uma organização guardachuva que foi criada em 1997 por 17 Associações do Comércio Justo da Europa. Hoje a FLO conta com 20 Associações na Europa, EUA, Japão, Austrália e Nova Zelândia, sendo que o Brasil será a numero 21. O conceito de Comércio Justo divulgado pela FLO, baseia-se na Certificação por um terceiro independente, chamado FLO-CERT. A FLO-CERT certifica toda a cadeia produtiva, desde as associações de pequenos produtores até o atacadista. Os produtos certificados podem ser reconhecidos pelo consumidor através do selo Fairtrade. 17
18 Certificações (cont.) A marca Fairtrade é um selo independente que aparece nos produtos finais, sendo a única garantia para os consumidores de que os produtores receberam um preço que cobre os seus custos de produção e foram orientados a utilizar o Prêmio Fairtrade na melhoria de suas condições socioeconômicas, sempre com respeito ao meio ambiente. Para que um produto apresente o selo Fairtrade é obrigatório que todos os elos da cadeia de produção sejam conformes às normas internacionais de certificação do comércio justo, as quais são determinadas por especialistas em certificação internacional da FLO. As partes envolvidas na produção e comercialização recebem inspeções anuais para garantir a transparência das transações comerciais Fairtrade, assim como para monitorar o impacto efetivo no desenvolvimento socioeconômico das comunidades beneficiadas.
19 Certificações (cont.) A Certificação Fairtrade tem se consolidado como um dos instrumentos mais bem-sucedidos para a luta contra a pobreza e o acesso aos mercados. Ao mesmo tempo, consumidores de todo o mundo reconhecem no Selo Fairtrade a garantia de um sistema crível e transparente de promoção do desenvolvimento sustentável. A Fairtrade-Brasil utiliza o Selo internacional que é reconhecido na Europa, Japão, Austrália e Nova Zelândia, porém, o mercado brasileiro, também aceitará o selo Fair Trade Certified utilizado nos EUA, que se baseia na mesma certificação da FLO-CERT.
20 Para saber mais sobre o assunto, consulte: Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário Faces do Brasil Associação Mundaréu Ética Comércio Solidário Observatório do comércio justo e solidário ttp://
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